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domingo, 6 de março de 2016

Recoleta - Cementerio de la Recoleta

Cementerio de la Recoleta
No luxuoso e nobre Bairro da Recoleta, se localiza um cemitério diferente dos já conhecidos. Este bairro histórico é escolhido na atualidade por muitas pessoas como destino de lazer muito popular. Os jardins que rodeiam o cemitério representam um ponto de reunião para os portenhos. Pode parecer estranho para muita gente, mas o Cementerio de La Recoleta está entre os principais pontos turísticos da cidade. É claro que passear por lá é um pouco estranho, mas a visita guiada, que mostra monumentos tombados e mausoléus históricos, deixa o clima menos fúnebre. O ponto alto da visita é o Túmulo de Evita Perón, muito querida por seus conterrâneos. Passear pelo cemitério é legal conhecendo as histórias. Quando você for por lá, evidente que o corredor onde fica o Túmulo de Evita Perón estará lotado. Ela é a maior celebridade do lugar com certeza, mas para o bem da verdade é um dos túmulos mais simplesinhos. O Escritório de Turismo de Buenos Aires oferece visitas guiadas gratuitas pelo Cemitério. Acontecem todos os dias, com horários pela manhã e à tarde, e podem ser feitas em espanhol ou inglês. Na própria entrada do Cemitério há um quadro com os horários.

Painel na entrada do Cemitério 
identificando os principais monumentos
O Cementerio de La Recoleta, assim como o bairro, é bastante caro e reservado às pessoas que possuem condições financeiras, portanto, não se trata de um lugar simples, pelo contrário. O Cementerio de La Recoleta é considerado um museu a céu aberto por dois motivos. Um deles é o grande número de obras de arte encontradas lá. A outra razão é porque, no Cemitério estão os restos mortais de personalidades famosas da política, cultura, arte e ciência. As abóbadas são na maior parte das famílias aristocráticas do país. As sepulturas são de propriedade de cada família e cada proprietário deve pagar uma taxa mensal de administração. O metro quadrado mais caro da cidade está localizado dentro do Cementerio de La Recoleta.

Mapa do Cemitério com as principais sepulturas
A cidade toda já tem aquele ar arquitetônico europeu e o “último lar” dos portenhos não é diferente. A arquitetura e as esculturas foram realizadas por artistas internacionais famosos. As ruas deste cemitério simulam uma cidade pequena, e ocultam muitas curiosidades que mantém com vida este espaço. Foi inspirado no Cemitério Père Lachaise de Paris, com sepulturas e mausoléus gigantes e impressionantemente decorados com esculturas que são verdadeiras obras de arte. Alguns túmulos são considerados monumentos históricos nacionais e para se ter ideia um túmulo chega a custar 75 mil Dólares. Só tem uma coisinha que deixa mais horripilante que o de Paris: dentro dos mausoléus alguns caixões ficam expostos. Não são enterrados, e mesmo os mais antigos continuam lá e com toalhinhas de crochê em cima para decorar!

Uma multidão de turistas 
em uma das visitas guiadas
Buenos Aires já tinha séculos de vida quando o Cementerio de La Recoleta foi fundado. A “cidade de mortos dentro da cidade” projetada pelo arquiteto e engenheiro francês Prosper Catelin, foi construída em 1822, como o primeiro cemitério público da cidade e se chamava Cemitério do Norte. Implanta-se sobre o que costumava ser o jardim da Basílica de Nossa Senhora do Pilar - atualmente Monumento Histórico Nacional - construído pelos monges da Ordem dos Recoletos em 1732. Foi a partir do final do século XIX que as famílias mais abastadas começaram a mudar-se para a zona norte da cidade por conta da epidemia de febre amarela que acometia os bairros do sul de Montserrat e San Telmo. O bairro começou a tornar-se de "classe alta", e o Cemitério converteu-se no local preferido para enterros dessas famílias, em conjunto a cidadãos argentinos de grande prestígio.

Uma das inúmeras 
alamedas do Cemitério
A entrada principal se dá através de um pórtico em estilo neoclássico, com colunas em estilo dórico grego e símbolos sobre o tema da morte, concluído durante uma de suas reformas, em 1881. As evidências das duas grandes reformas podem ser observadas nas datas gravadas sobre o piso: 1881 e 2003. Está em um terreno de mais de 50 mil metros quadrados com mais de 4.000 abóbadas e 90 mausoléus de mármore decorados com estátuas organizadas - assim como em Buenos Aires - em um traçado retangular de quadras e ruas. Entre os elementos decorativos que se apresentam, distinguem-se diversos estilos que vão desde o gótico ao movimento Art Deco. A Argentina, que acabara de se tornar independente, começava uma era de mudanças. Grande parte das tumbas faz parte dos Monumentos Históricos Nacionais de Buenos Aires. O criador do Cemitério, o Presidente Bernardino Rivadavia acabou não sendo enterrado lá, e está sepultado na Plaza Miserere.

Uma das inúmeras alamedas do Cemitério
Recentemente destacado como um dos cemitérios de arquitetura mais interessante do mundo, por Architectural Digest, o Cementerio de La Recoleta, localizado adjacente à Plaza Intendente Torcuato de Alvear, conserva uma grande trajetória histórica que se manifesta em todas as personalidades e intelectuais que descansam nele. Os mausoléus de mármore, as numerosas abóbadas e as estátuas realistas provocam uma atmosfera única que torna o Cemitério uma visita obrigatória em Buenos Aires. Atualmente é o Cemitério mais visitado da cidade e merece um passeio arquitetônico por sua quadrícula tradicional e decorada, que evidencia o auge econômico nesse contexto histórico argentino e é reflexo da competência das famílias por pertencer à memória do país.

Detalhe de uma das esculturas do Cemitério
O passeio não é visto com bons olhos por todos os turistas, claro, a ideia de passar algumas horas visitando túmulos e mausoléus em um cemitério pode parecer mórbida para alguns, mas muitas celebridades estão sepultadas no local. São líderes políticos, incluindo presidentes; escritores; Prêmios Nobel; esportistas e outros. Parte do sucesso do Cemitério se deve ao fato de grandes personalidades argentinas terem sido sepultadas ali. O Túmulo de Evita Perón, por exemplo, muito querida pelos argentinos, sempre tem flores deixadas por seus admiradores, é um dos mais procurados, mas não necessariamente o mais bonito. A cada novo passo é possível perceber a beleza e o cuidado com os detalhes em cada recanto do local. Ao contrário do que se possa esperar no Cementerio de La Recoleta a vida pulsa. Trata-se de um percurso histórico e cultural, que passa longe da morbidez.

Obra de arte em uma sepultura

Obra de arte em uma sepultura
Cheio de estátuas de anjos ou dos próprios personagens enterrados e de belas inscrições, o Cementerio de La Recoleta encerra muitas histórias de romances, fatalidades, infidelidades, homenagens, disputas, namorados sem sorte, famílias com histórias difíceis, promessas, inveja, ciúmes ou simplesmente curiosidades. Geralmente, cada uma das esculturas tem legendas que detalham o passado daquelas famílias, os problemas que viveram e os episódios dos últimos dias. Muitos jovens visitam o Cemitério para aprender história, arquitetura, poesia, desfrutar de sessões de fotos para casamentos (isso mesmo!!!), aproveitar o sol do inverno para dormir uma siesta ou simplesmente ler um livro aproveitando o silencio e ambiente tranquilo.

Decoração na tumba de um dos
presidentes da Argentina

Sepultura do ex-presidente argentino Raul Alfonsin
O Cementerio de La Recoleta encerra muitas histórias curiosas em seus mausoléus. Morta em uma avalanche durante sua lua de mel na Áustria, Liliana Crociati foi enterrada com seu vestido de noiva. Ganhou de seus pais uma sepultura que reproduz seu dormitório e tem na porta uma estátua sua junto a Sabú, seu fiel e inseparável cão. Sabú morreu no mesmo dia que sua dona, separado dela por milhares de quilômetros. É tradição encostar a mão no focinho do cachorro para voltar mais vezes a Buenos Aires. O grande túmulo verde de Elisa Brown, conhecida com A Noiva do Rio de La Plata também é um dos mais visitados. Ela se matou meses depois se saber da morte de seu noivo Francis, ele morreu na Batalha de Monte Santiago, inconsolada Elisa se jogou no Rio e morreu afogada usando o vestido que usaria em seu casamento.


Tumba de Rufina Cambaceres
Em uma das esquinas do Cementerio de La Recoleta está uma das tumbas mais belas, a de Rufina Cambaceres, filha do escritor Eugenio Cambaceres. Diz a história que na noite que a menina fazia 19 anos, sua mãe faria uma grande comemoração e a levaria para o teatro, apresentando Rufina para a sociedade. Porém, antes de sair, a menina foi encontrada morta, toda rígida no chão. Um médico confirmou sua morte e no dia seguinte ela foi enterrada. Alguns dias depois, os empregados do Cemitério encontraram seu caixão aberto com a tampa quebrada. A versão oficial diz que foi um roubo, mas o provável é que a Rufina tenha sofrido um ataque de catalepsia e acordado dentro do sepulcro, já que foram encontrados vários arranhões na parte interior do caixão. Uma estátua mostra a menina segurando uma espécie de maçaneta da tumba, como se quisesse sair ou entrar do mundo dos mortos.

Vitral em um mausoléu



Na realidade, esta cidade de anjos e legendas convida a conhecer tesouros inéditos da história da cidade. A melhor forma de conhecer o Cemitério, não é contratar os serviços oferecidos na porta de entrada. A melhor forma é pegar o mapa e ficar caminhando em liberdade, olhando os milhões de detalhes escondidos nas infinitas representações artísticas e textos. Lembre-se que é um percurso cultural, poético, muito longe da angústia e nostalgia. Mas também é um espaço de profundo respeito pelas pessoas que lá descansam e a história do país.

sábado, 5 de março de 2016

Recoleta - El Ateneo Gran Splendid

Balcões de El Ateneo Gran Splendid
Livrarias são lugares mágicos. Em cada prateleira há vários volumes, cheios de ideias, sonhos e inspirações de pessoas de todo o mundo, só esperando para serem encontrados e poderem compartilhar os universos que guardam dentro de si. Sim, Buenos Aires tem muitas livrarias, dos mais diversos tipos. Segundo um relatório do Fórum Mundial de Cidades Culturais, a capital portenha tem ao redor de 730 livrarias. Mas tem uma em especial que leva maior destaque: a El Ateneo Gran Splendid, mais conhecida apenas como Livraria El Ateneo. É tão famosa que virou um ponto turístico tradicional da cidade. Olhando de fora nem parece que vamos entrar na mais linda livraria de Buenos Aires. Afinal, em 2012 a El Ateneo foi considerada pelo jornal inglês The Guardian a segunda livraria mais bonita do mundo, perdendo apenas para a holandesa Selexyz Dominicanen Boekhandel, na cidade de Maastricht. O Ateneo Gran Splendid é realmente uma joia, não só pelo seu passado, mas também pela sua beleza arquitetônica.

Prateleiras de El Ateneo Gran Splendid
Tal beleza se deve à construção, afinal a El Ateneo fica dentro de um antigo teatro, mantendo ainda a cúpula e as varandas originais. Mas não é só por ter sido palco de importantes concertos, ter recebido grandes nomes da música argentina ou por sua arquitetura centenária riquíssima. Nem tampouco o afresco estampado no teto é o único responsável por atrair cerca de três mil pessoas por dia interessadas em visitá-lo.  O que faz esse teatro desativado (que também já funcionou como cinema) ser tão visitado a ponto de ser parada obrigatória para quem vai à capital portenha é a sua nova utilidade. Basta olhar para as cortinas de veludo, para a cúpula, para a iluminação. Tudo permanece do mesmo jeito. Até os camarotes foram mantidos e hoje funcionam como salas de leitura. Imagina que chique poder ler algum livro em um ambiente como aquele!!!

Palco e Café de El Ateneo Gran Splendid
O Teatro Gran Splendid foi construído pelos arquitetos Peró e Torres Armengol para o empresário austríaco Max Glücksmann, que na época era o dono da Gravadora Nacional-Odeón, responsável pelo sucesso do famoso cantor de tango Carlos Gardel e inaugurado em maio de 1919. Além de Gardel, o palco da casa recebeu Ignacio Corsini, Roberto Firpo e Paquita Bernardo. Neste mesmo palco agora funciona um café com um piano, que oferece inclusive um cardápio executivo de segunda a sexta, além de diversas opções salgadas e doces. O preço é um pouco alto, mas vale a pena sentar um pouquinho ali e tomar um café ou então comer uma deliciosa torta de chocolate com doce de leite. Imagina só, tomar um café no mesmo lugar em que o grande Carlos Gardel já se apresentou? 

A Cúpula de El Ateneo Gran Splendid
O edifício em estilo eclético apresenta uma cúpula interior pintada pelo italiano Nazareno Orlandi e representa a Paz do fim da Primeira Guerra Mundial. A Paz é representada por uma figura feminina sensual e pintada em uma escadaria cercada por flores. As cariátides foram esculpidas por Troiano Troiani, cujo trabalho também pode ser visto no Palacio de La Legislatura de La Ciudad de Buenos Aires. O teatro tinha quatro fileiras de palco e capacidade para 500 pessoas sentadas. Em 1924, Glücksmann criou uma rádio que também fazia suas transmissões no teatro e gravava discos de tango. No final dos anos 1920, o espaço foi transformado em um cinema e em 1929 mostrou os primeiros filmes sonoros apresentados na Argentina. Já no ano 2000, o prédio foi comprado pelo Grupo Ilhsa, que é dono da rede da Livraria El Ateneo, e todo revitalizado, mas mantendo sua arquitetura original.

Balcões de El Ateneo Gran Splendid
Sem perder o esplendor do teatro, os camarotes servem de espaços para leituras, as poltronas do teatro foram substituídas por estantes, e os visitantes podem assentar em confortáveis cadeiras para ler o que quiserem no interior da livraria. Além dos 120 mil títulos de livros em suas prateleiras e 10 mil títulos de CDs, no subsolo há um ótimo e moderno espaço infantil, que foge bastante do estilo de arte do restante do edifício. Tem até mesinhas para que as crianças também possam ler os livrinhos, enquanto os pais se perdem entre os milhares de títulos disponíveis na parte superior. Além disso, os pisos superiores abrigam uma galeria de arte e uma seção de música clássica. Mas o local é bom mesmo para quem gosta de se perder no interior de grandes livrarias e ficar muito tempo contemplando os mais diversos livros e a beleza da construção em harmonia com tanta sabedoria. A marca El Ateneo é uma rede tradicional de livrarias de Buenos Aires. A rede possui outras sucursais espalhadas pela cidade, como uma bem bonita na Calle Florida, em frente à Loja Falabella, porém nenhuma dessas livrarias consegue ser tão encantadora como a Grand Splendid.

A Fantástica El Ateneo Gran Splendid
Quem ama ler e mora aqui não tem o que reclamar, Buenos Aires foi considerada a Capital do Livro pela UNESCO. Dizem as “boas línguas” que a Avenida Corrientes tem mais livrarias que todo o Rio de Janeiro e não é difícil encontrar nas praças, metrôs e parques algum portenho lendo. Mesmo se você não estiver pensando em comprar um livro durante a viagem, vale a pena conhecer esse local! Pode ficar ali o dia todo, sentado, folheando e lendo os livros, tranquilamente e gratuitamente. Ninguém vai ficar te importunando ou fazendo cara feia porque você não vai levar nada. Detalhe importante, a Livraria fica aberta até meia noite na sexta e no sábado. A Livraria fica na famosa Avenida Santa Fé, na Recoleta.