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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Milão - Igrejas de Milão

Basilica San Lorenzo Maggiore
O que mais tem em Milão é igreja. Em cada quarteirão você encontrará pelo menos duas igrejas. Segundo o historiador de arte Phillipe D”Averio, Milão só perde para Roma em número de igrejas. Infelizmente, elas não são os principais pontos turísticos de interesse dos milhares de visitantes que chegam a Milão todos os anos. Uma pena, já que conhecer igrejas, principalmente em um país como a Itália, é entender e contextualizar cada período e a sua história, já que por séculos a vida religiosa e civil da cidade era em simbiose permanente. A importância das igrejas milanesas vai além do seu famoso (e maravilhoso) Duomo, já que foi aqui, em 313 que o Imperador Constantino assinou o Édito de Milão, que legalizou o cristianismo. De origens paleocristãs, medievais, renascentistas e barrocas, as igrejas de Milão muitas vezes escondem “tesouros” que podem passar despercebidos aos turistas menos atentos.

Basilica San Lorenzo Maggiore
O Duomo, a Catedral de Milão, é indiscutivelmente uma das mais belas igrejas do mundo. Mas a capital da Lombardia tem outras igrejas, bem próximas umas das outras, com estilos e histórias bem diferentes e que valem muito a visita, seja por sua arte, por sua história ou pelo seu significado na vida da cidade. Só é sempre bom lembrar que esses são lugares sagrados e, por mais que você seja ateu ou não católico, é preciso respeitar as regras desses espaços (vale o mesmo para visitar sinagogas, mesquitas, templos xintoístas, etc.). No dia da visita, homens não devem estar de bermudas, mas sim de calças compridas; e mulheres devem estar com roupas que cubram os ombros e os joelhos. Se não for permitido tirar fotos, não tire, respeite.

Basilica San Lorenzo Maggiore
Precedida por uma série de colunas românicas da época imperial, a arquitetura da Basílica San Lorenzo Maggiore é realmente majestosa. O edifício de planta central, construído entre o final do século IV e o início do século V, é um dos mais relevantes na história da arquitetura ocidental. A Basílica provavelmente pertencia ao Palácio Imperial San Vitale a Ravenna. Os incêndios, colapsos e reformas não alteraram a planta original: uma sala quadrada aberta circundada por um corredor contínuo dominado por galerias. A San Lorenzo Maggiore foi reconstruída por duas vezes, uma em estilo românico entre o final do século XI e o começo do século XII e outra no século XVI, quando foi construída a cúpula octogonal. As principais atrações da Igreja, além da estrutura suntuosa, são um órgão restaurado em 1884 por Pietro Bernasconi, as Capelas San Sisto e Sant’Ippolito e os mosaicos da Capela de Sant’Aquilino (século IV).

Chiesa Santa Maria delle Grazie
O complexo que engloba a Igreja, o Claustro dos Mortos, o refeitório, a antiga sacristia e um pequeno pátio, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade da UNESCO desde 1980. A Chiesa Santa Maria delle Grazie começou a ser construída na segunda metade do século XV como nova sede milanesa dos Dominicanos. O projeto inicial da Igreja (1463) era em estilo gótico tardio, com três naves cobertas por um cruzeiro ogival com afrescos e capelas laterais, no entanto, quando as obras foram concluídas (1487), por vontade de Ludovico il Moro, que pretendia fazer da Igreja o seu mausoléu, foi renovada em estilo renascentista. Bramante, encarregado do projeto, cobriu as naves com uma cúpula hemisférica. A Bramante também são atribuídos o elegante corredor e a antiga sacristia. No refeitório, uma grande sala retangular no lado oeste do Claustro dos Mortos, encontra-se a célebre Última Ceia de Leonardo da Vinci (1495-1498), uma das obras-primas da história da pintura, expressão da vontade do artista de indagar acerca dos impulsos da alma. Na parede oposta, o afresco Crocifissione de Giovanni Donato Montorfano (1495).

Chiesa Santa Maria delle Grazie
A Chiesa San Maurizio al Monastero Maggiore e o claustro (atual Museu Arqueológico) foram o que restou do maior e mais antigo convento feminino das famílias abastadas de Milão, construído entre os séculos VIII e IX nas proximidades das muralhas e do circo românico, e parcialmente destruído entre os anos de 1864 e 1872. A Igreja começou a ser edificada em 1503 e tem uma nave central única dividida em dois ambientes distintos: um com acesso pela rua destinado, antigamente, aos fiéis e outro reservado às freiras enclausuradas, com acesso exclusivo pelo convento. A San Maurizio é diferente, mas consegue provocar o mesmo fascínio que o Duomo. A fachada da Igreja é bem simples, mas no interior da Igreja, encontram-se um dos mais importantes ciclos de afrescos lombardos do século XVI, realizados, em grande parte, por Bernardino Luini e seus adeptos. É simplesmente deslumbrante e, embora não seja sede de eleição do Papa e não tenha afrescos assinados por pintores famosos como Michelangelo, faz jus ao título de Capela Sistina de Milão.

Basílica Sant’Eustorgio
A Basílica Sant’Eustorgio é uma das igrejas mais antigas e ilustres de Milão, fundada, provavelmente, por Sant’Eustorgio no século IV. O edifício paleocristão foi reconstruído em estilo românico nos séculos XI e XII. No século XII, recebeu as relíquias dos reis magos. Entre os séculos XIII e XIV, tornou-se sede dos Dominicanos, que construíram as três primeiras capelas e o campanário, assim como reformaram o cruzeiro e algumas partes da nave da Igreja. As reformas feitas nos séculos XVII e XVIII foram eliminadas pelas restaurações do século XIX, entre elas, a fachada, projetada por Giovanni Brocca em 1862. As últimas alterações, realizadas entre 1952 e 1966, recuperaram as formas originais da Basílica (estilo românico-lombardo). Na Basílica Sant’Eustorgio encontra-se a Capela Portinari, obra-prima do Renascimento milanês, decorada com tijolos e pedras que contrastam com os belos afrescos de Vincenzo Foppa e a Arca di San Pietro Martire, esculpida por Giovanni di Balduccio entre 1335 e 1339.

Basílica Sant'Ambrogio
A Basílica Sant’Ambrogio, antiga Basílica Martyrum foi fundada por Sant’Ambrogio em 379 na área cemiterial de Porta Vercelina. A estrutura original, com três naves, duas filas de colunas e uma única abside, sofreu profundas mudanças entre os séculos IX e XII, no entanto, o aspecto atual é fruto das restaurações ocorridas no século XIX. A Basílica, considerada uma das mais importantes expressões do estilo românico lombardo, abriga a sepultura dos Santos Gervasio, Protasio e Ambrogio. No interior da Igreja, encontram-se obras de arte excepcionais como o cibório (século IX), o altar de ouro – obra-prima da ourivesaria da época carolíngia (835) – e o Sacelo de San Vittore in Ciel d’Oro, com cúpula hemisférica revestida de mosaicos dourados e que representa o Redentor no trono (século V e XVIII).

Chiesa Santa Maria presso San Satiro
Mais um dos tesouros escondidos, dessa vez quase que literalmente, já que quem passa apressado descendo a Via Torino, não nota do lado esquerdo uma pequena igreja, de fachada anônima, atrás de um portão colocado em um nicho da calçada. Obra-prima do Renascimento milanês, a Chiesa Santa Maria presso San Satiro foi construída próxima a um santuário bizantino dedicado a San Satiro. Embora a Igreja seja pequena, composta de apenas três alas, o seu interior é monumental. No projeto da Igreja atual, realizado entre 1476 e 1488, o arquiteto e pintor Bramante, contemporâneo de Leonardo da Vinci, desempenhou o papel principal, criando uma perspectiva ilusória do coro, que simula a profundidade de uma quarta ala. O restante da Igreja também vale cada minuto passado dentro dela. A fachada, iniciada por Amadeo no final do século XV, foi inteiramente reconstruída em 1871.

Basilica San Carlo ao Corso


A Basílica San Carlo al Corso, importante obra do neoclassicismo tardio (1839-1847), foi projetada para valorizar a antiga Corso dei Servi, atual Rua Vittorio Emanuele II. Após a demolição da antiga Chiesa Santa Maria dei Servi, o arquiteto Carlo Amati concebeu uma pequena praça de três lados com um pórtico precedido por colunas de mármore. A nova Basílica, inspirada no Panteão de Roma, tem uma cúpula de 32 metros de diâmetro, obra de Felice Pizzagalli (1844), reconstruída em grande parte após o incêndio de 1895. No interior, os destaques são um crucifixo em madeira do século XIV, um altar barroco proveniente de Santa Maria dei Servi e as esculturas de P. Marchesi, San Carlo comunica San Luigi Gonzaga (1852). O campanário de 84 metros é o mais alto da cidade.

Basilica Sant’Eufemia
A Basilica Sant’Eufemia, antiga igreja paleocristã, fundada, provavelmente, pelo Bispo Senatore em 498 e reconstruída em estilo românico por volta do século XIII, sofreu diversas reformas ao longo dos séculos. O aspecto moderno da parte interna é fruto da reconstrução radical em estilo gótico lombardo realizada por Enrico Terzaghi em 1870. Poucos anos depois, a fachada maneirista tardia foi substituída pela atual. A Igreja abriga obras importantes de Marco d’Oggiono e Bernardino Bergognone. A Sant’Eufemia, famosa pela acústica perfeita, já serviu de estúdio de gravação para a soprano Maria Callas na década de 1950 e para a aclamada Mina na década de 1980, mas o que enche os olhos, é a cúpula azul e as belas pinturas, que fogem completamente do padrão das igrejas de Milão.

Complexo de Santa Maria dei Miracoli
O Complexo de Santa Maria dei Miracoli engloba a Chiesa San Celso e o Santuário Santa Maria presso San Celso. A Igreja foi reconstruída em 996 nas imediações de um mosteiro beneditino e reformada, em estilo românico, no século XI. O Santuário foi construído no final do século XV, em substituição a uma pequena capela gótica, com o objetivo de acolher o grande número de peregrinos que veneravam a milagrosa imagem da Virgem presente na capela. Giovanni Antonio Amadeo e Gian Giacomo Dolcebuono encarregaram-se da cúpula, decorada com belas estátuas de Agostino de Fondutis e do tibúrio. Em 1505, Cristoforo Solari começou a construção da fachada, toda revestida de mármore branco, o primeiro exemplo milanês de classicismo maduro.

Chiesa Santa Maria della Scala in San Fedele
A Chiesa Santa Maria della Scala in San Fedele, encomendada pelos jesuítas e projetada por Pellegrino Tibaldi, começou a ser construída em 1569 e é um dos exemplos mais importantes da arquitetura da Contrarreforma. O edifício, inspirado na Igreja de Jesus de Roma, tem uma única nave com duas arcadas, em formato de vela, sustentadas por colunas monumentais feitas em mármore de Baveno. Na abside, encontra-se um coro de madeira do século XVI proveniente da Chiesa Santa Maria alla Scala demolida durante a construção do célebre teatro. O altar principal e a finalização da fachada são obras de Pietro Pestagalli (século XIX). No meio da praça, há uma estátua de bronze de Alessandro Mazoni feita por Francesco Barzaghi (1883).

Chiesa San Bernardino alle Ossa
A igreja mais inusitada de Milão é a San Bernardino alle Ossa, que abriga uma capela decorada com crânios e ossos humanos, não é propriamente bela, mas causa uma sensação de estranheza danada. A pequena igreja localizada atrás do Duomo de Milão é de origem medieval, mas foi reconstruída em tempos sucessivos. As quatro paredes do pequeno ambiente são tapetadas de ossos provenientes de antigos cemitérios da área que formam a decoração com cruzes e lacinhos e podem impressionar aos mais sensíveis. Com a história que Dom João V ficou fascinado com o lugar, quando passou por Milão no século XVIII. Vale realmente a visita, porque não é toda cidade que tem uma igreja do gênero.

Chiesa Santa Maria Incoronata
Célebre pela fachada original, dupla, a Chiesa Santa Maria Incoronata, junto com o antigo convento agostiniano, é considerada como um dos testemunhos mais importantes da arquitetura do século XV em Milão. O edifício duplo teria sido construído em homenagem à união conjugal do Duque de Milão, Francesco Sforza com Bianca Maria Visconti. Na verdade, as duas partes foram construídas separadamente em épocas diferentes. A união ocorreu em 1484, ano em que a Igreja da esquerda ficou pronta. A parte interna apresenta-se em um único ambiente com duas naves. O claustro conserva traços de afrescos do século XV. O destaque também fica por conta da extraordinária biblioteca construída em 1487.

Chiesa San Nazaro Maggiore
A Chiesa San Nazaro Maggiore abriga a Capela Trivulzio (1512-1550), única obra arquitetônica documentada de Bramantino. A Chiesa San Sepolcro foi fundada no século IX e reconstruída logo depois da Primeira Cruzada (1096-1099), inspirada no Santo Sepulcro de Jerusalém. Da igreja românica de três naves com galerias e cripta, restaram apenas alguns célebres esboços de Leonardo. Entre as tênues colunas da cripta, encontra-se um piso de mármore, que provavelmente, fazia parte do antigo fórum românico. Em 1605, a parte interna da Igreja foi restaurada. A fachada, refeita no século XVIII, foi reconstruída em estilo românico-lombardo no final do século XIX.

Basílica San Simpliciano
Reza a lenda que a Basílica San Simpliciano foi fundada por Sant’Ambrogio e finalizada pelo seu sucessor, San Simpliciano, a quem foi dedicada. A San Simpliciano integra a lista dos mais importantes complexos paleocristãos de Milão. O edifício original, provavelmente inspirado na Aula Palatina di Treviri, tinha uma única nave central. A subdivisão em três naves foi feita no século VII. Pertencem à fase românica (séculos XI e XII), a abside, a divisão do transepto em duas naves, o pórtico e o campanário. A fachada neorromânica é obra de Maciachini (1870). Na abside encontra-se o belo afresco de Bergognone (1515), L’incoronazione della Vergine.

Basílica San Vittore al Corpo
A Basílica San Vittore al Corpo foi edificada por Porzio no século IV com o intuito de ampliar o Templo Imperial Ercole, divindade protetora do Imperador Massimiano. A história do mártir Vittore está entrelaçada com a do Imperador: Vittore era um soldado de Massimiano que, ao invés de abjurar da própria fé, preferiu enfrentar todo o tipo de tortura até à sua decapitação. Os ossos do santo foram entregues à antiga Basilica Porziana que, em sua homenagem, mudou o nome para Basilica San Vittore al Corpo. A Igreja foi reconstruída no século XVI, a fachada, extremamente simples, contrasta com o luxo do interior.

Chiesa Santa Maria della Passione
A Chiesa Santa Maria della Passione é a segunda maior igreja depois do Duomo. Ela tem seus encantos, como as capelas (escuras) decoradas com quadros de grandes pintores lombardos e o órgão imponente com as portas pintadas por Daniele Crespi. De forma retangular, é decorada com quadros e afrescos do grande artista renscentista Bergognone eu representam Jesus e os Apóstolos e santos e Doutores da Igreja. Um céu azul e estrelado completa o cenário, na abóbada da sala. A Chiesa San Babila foi construída no século XI e reestruturada entre os anos de 1598 e 1610 por A. Trezzi. O aspecto neorromânico deve-se a P. Cesa Bianchi, que interveio na arquitetura do edifício entre 1881 e 1906, seguindo os princípios da restauração estilística, ou seja, eliminando os excessos do final do século XVI, recuperando a puríssima forma lombarda.

A Chiesa San Marco é a segunda maior igreja de Milão. O estilo gótico que a caracterizava no ano de sua construção (1245), transformou-se em barroco no século XVII. Sua história está associada a diversas personalidades: o jovem Mozart viveu no Presbitério por três meses, Giovanni Battista Sammartini foi organista da Igreja e Giuseppe Verdi conduziu o réquiem (composto por ele) na missa celebrada em homenagem a Alessandro Manzoni no primeiro ano de sua morte. O Complexo Sant’Alessandro começou a ser projetado em 1590, quando os barnabitas adquiriram um amplo espaço no centro de Milão para construir uma igreja e uma escola. O projeto de Lorenzo Binago, inspirado na Basilica de San Pietro em Roma, teve início em 1602. A Igreja tem três naves e cinco cúpulas hemisféricas. A fachada, em estilo barroco lombardo, foi finalizada em 1710.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Milão - Castelo Sforzesco

Castelo Sforzesco
Milão, uma das cidades italianas mais requisitadas pelos turistas, é reduto de muitos passeios interessantes para você conhecer. O Castelo Sforzesco de Milão faz parte das metas clássicas dos turistas e se encontra na extremidade da grande área de pedestres do centro da cidade. Com sete séculos de história, o Castelo Sforzesco é um dos monumentos mais importantes de Milão. A antiga fortaleza começou a ser construída ao longo da muralha medieval de Milão, que englobava uma das portas de entrada da cidade, a Porta Giovia, entre os anos 1360 e 1370 quando em Milão reinava a Família Visconti. Depois de acontecimentos alternados, entre eles uma destruição durante a República Ambrosiana, o Castelo foi ampliado e assumiu a forma atual durante os últimos 20 anos do século XV, quando Milão era já um ducado e governado por Ludovico Il Moro (membro da Família Sforza, de onde o Castelo pega o nome). Milão naquela época era cheia de obras: canalizações, plantações de arroz, seda e fortificações.

Castelo Sforzesco
A Corte Milanesa naqueles anos era esplêndida, no ápice do Renascimento, repleta de festas e banquetes, música e bailes. Frequentada por poetas e artistas, entre eles Donato Bramante e Leonardo da Vinci, que em Milão deixou uma marca incalculável, pintando a Santa Ceia, encomendada pelo próprio Ludovico Il Moro. A Família Sforza se esforçou por converter o Castelo em uma das cortes mais magníficas da Itália. Com a queda do Ducado Sforzesco e a invasão dos espanhóis, austríacos e franceses, decaiu também o Castelo, que foi utilizado nos séculos sucessivos e com várias transformações, só para funções essencialmente militares. Com o Decreto de junho de 1800, Napoleão ordenou a demolição do Castelo e, em 1801, foram derrubadas as torres laterais e os bastiões espanhóis.

Castelo Sforzesco
Na segunda metade do século XIX, o Castelo foi alvo de discussão entre os milaneses, já que muitos cidadãos queriam destruí-lo para construir um luxuoso bairro residencial. No entanto, prevaleceu a cultura histórica e o arquiteto Luca Beltrami executou uma importante restauração, devolvendo ao Castelo o aspecto que ele tinha na época dos Sforza. A restauração foi finalizada em 1905, com a inauguração da Torre Filarete e o Parco Sempione, construído onde estava a antiga Praça de Armas. No final do século XX, foi construída a Praça do Castelo com uma fonte inspirada na que ocupava o lugar anteriormente, antes de ser destruída nos anos 1960, pela construção do metrô. Em 2005 foram finalizados os últimos trabalhos de restauração da zona do curral e nas salas do Castelo.

Fonte em frente ao Castelo Sforzesco
O Castelo foi restituído à cidade e destinado a acolher museus e bibliotecas, assumindo a função cultural e pública que ainda hoje o caracterizam. Com isso, podemos dizer que o Castelo é um museu de museus: entre coleções, museus, bibliotecas e arquivos, hospeda 14 instituições que contém obras de peculiar preciosidade. Para visitar tudo, precisaria de dias. Por isso, segundo a vontade e o tempo, se pode decidir de não visitar nenhuma: o Castelo vale a visita só para se refrescar com os jatos da fonte que fica na entrada, admirar a sua estrutura externa, os pátios internos e depois ir descansar no Parco Sempione, que fica atrás da fortificação.

Parco Sempione
Mas os turistas interessados em arte não se deixem escapar a oportunidade de uma visita aos seus inúmeros museus. O mais famoso e frequentado é o Museu de Arte Antiga, situado na Corte Ducal. É ali, que se pode admirar uma das poucas obras que Leonardo da Vinci deixou em Milão, além da Santa Ceia: a Sala delle Asse. A escultura Pietà Rondanini de Michelangelo, que ficava exposta no Museu de Arte Antiga, agora está em um lugar só para ela, dentro da Enfermaria Espanhola da Praça das Armas (o bilhete para a visitação é separado). O Museu também vale como dica de programa para a criançada em Milão, já que abriga uma coleção de armaduras e armas de Milão dos séculos XIII e XIV.

Muralhas do Castelo Sforzesco
e ruínas dos antigos fossos
A parte superior da Corte hospeda o Museu do Móvel e a sua nova montagem apresenta uma interessante combinação entre design moderno e móveis de época. É ali também que fica a Pinacoteca do Castelo, composta por mais de 1500 obras, e que expõe quadros do século XIII ao século XVI, de artistas ativos em Milão e na região da Lombardia. Nos subterrâneos ficam os pequenos museus da Pré-História e Proto-História e do Egito, interessantes para quem quer visitar sarcófagos, máscaras funerárias e múmias. O Castelo abriga ainda o Museu das Artes Decorativas, que documenta o trabalho de ourives, entalhadores, ceramistas e tecelões entre os anos 1000 e 1700 e o Museu dos Instrumentos Musicais, uma das coleções mais importantes da Europa e que abriga peças únicas a nível mundial. Apesar da montagem das exposições em alguns museus sentirem o peso do tempo e precisarem de uma renovada, eu aconselho muito a visita a alguns deles, já que eles são uma das coisas que essa cidade tem de melhor como história e cultura. O custo do bilhete é baixo e vale para a visita a todos os museus do complexo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Tour pela Europa II - Milão

Castello Sforzesco
A nona e última etapa deste Tour pela Europa II foi em Milão, Itália. A viagem de Veneza para Milão foi de trem, saindo da Stazione de Venezia Santa Lucia até Milano Centrale Railway Station, via Frecciarossa, numa viagem de duas horas e meia. Quem chega de trem normalmente desce na Stazione Centrale, mas há ainda outras duas: a Stazione Nord, que opera as linhas para o norte, e a Stazione Porta Garibaldi, que concentra as linhas regionais. A Estação Central de Trem que liga Milão às principais cidades italianas e europeias foi construída em 1925-31 durante o período fascista, sua imponência é de grande impacto. A hospedagem em Milão foi em casa alugada via site Airbnb. Milão está a 600 quilômetros de Roma, 320 quilômetros de Florença (Firenze) e a 280 quilômetros de Veneza.

Duomo di Milano
Milão é uma comuna italiana, capital da região da Lombardia, província de Milão. A cidade ocupa uma zona na parte ocidental da Lombardia, na Planície Padana. Geograficamente é limitada pelos rios Ticino, Adda e a oeste, leste e sul, respectivamente, e pelo Lago di Como e a fronteira suíça, a norte. A área urbana de Milão é a quinta maior da União Europeia e a maior e mais populosa da Itália. Em termos europeus, a área metropolitana de Milão cobre uma área territorial equivalente à de Paris com uma população de mais de sete milhões de habitantes. Pela população, Milão é a segunda maior cidade italiana. Seus habitantes são referidos como “milanesi” (milaneses), ou, informalmente, como meneghini ou ambrosiani. O nome da República Ambrosiana provém de Santo Ambrósio, santo padroeiro popular da cidade de Milão. Há poucos vestígios da antiga colônia romana, que mais tarde se tornou a capital do Império Romano do Ocidente. Durante a segunda metade do século IV, Ambrósio, como Bispo de Milão, teve uma forte influência sobre a disposição da cidade, redesenhando-a e construindo grandes basílicas, às portas da cidade: "Santo Ambrósio", em San Nazaro Brolos, "São Simpliciano" e "Sant’Eustorgio", ainda estão em bom estado, remodelados ao longo dos séculos, como algumas das igrejas mais importantes em Milão.

Clássica decoração de Natal da
         Loja de Departamentos La Rinascente
Estrategicamente assentado na porta de entrada da península italiana, Milão e os arredores da região da Lombardia foram objeto de disputas constantes ao longo dos séculos. Celtas, romanos, godos, lombardos, espanhóis e austríacos, todos governaram a cidade em alguma fase da sua história e, a cidade tem capitalizado sobre a sua posição e hoje surge como uma indiscutível potência econômica e cultural de uma Itália unida, não sem, ocasionalmente, ter lutado contra os dominadores estrangeiros. A cidade foi fundada pelos ínsubres, um povo celta, por volta de 400 a.C. Posteriormente, foi capturada pelos romanos em 222 a.C., tornando-se assim muito bem sucedida sob o Império Romano. Durante a Idade Média, Milão prosperou como um centro de comércio devido ao seu domínio da rica planície do  e das rotas da Itália através dos Alpes. Mais tarde, Milão foi governada por Visconti, Sforza, os espanhóis em 1500 e os austríacos em 1700. Em 1796, Milão foi conquistada por Napoleão I, que fez dela a capital do seu Reino de Itália em 1805 e foi coroado na Catedral de Milão (Duomo). Durante o período romântico, Milão foi um importante centro cultural na Europa, atraindo vários artistas, compositores e importantes figuras literárias. 

Clássica decoração de Natal da
         Loja de Departamentos La Rinascente
Durante a Segunda Guerra Mundial, Milão sofreu graves danos devido aos bombardeios britânicos e americanos. Apesar de a Itália ter saído, assinando um armistício com os Aliados, a Guerra ainda continuou até 1945, com as forças armadas alemãs ocupando a maior parte do norte do país. Em 1943, a resistência antialemã na Itália ocupada aumentou e houve muitas lutas em Milão. Alguns dos piores bombardeios dos Aliados na cidade ocorreram em 1944, e grande parte deles estava focado em torno da principal Estação Ferroviária de Milão.

Parco Sempione e o Castello Sforzesco ao fundo
Uma cidade internacional e cosmopolita, 13,9% da população de Milão é de origem estrangeira. O idioma oficial da cidade é o italiano, mas quem domina a língua inglesa não terá dificuldades de comunicação. A unificação política da Itália consolidou o domínio comercial de Milão sobre o norte da Itália. Isto também levou a uma grande construção de ferrovias que fez de Milão a central ferroviária do norte da Itália. A cidade continua sendo um dos principais centros transportacionais e industriais da Europa e é um dos mais importantes centros da União Europeia para negócios e finanças, com a sua economia sendo uma das mais ricas e poderosas do mundo. A área metropolitana de Milão tem o PIB mais elevado da Europa. Além disso, Milão é a 11ª cidade mais cara do mundo para funcionários expatriados.  Assim como no restante da Itália, a moeda local é o Euro e, embora muita gente a considere uma cidade extremamente cara (na verdade é, se o visitante optar pelo circuito do luxo), Milão pode surpreender aqueles que não estão dispostos a gastar tanto. 

Parco Sempione e o Castello Sforzesco ao fundo
Ser o centro financeiro e comercial de um país e, ao mesmo tempo, referência nos campos da história, arte, arquitetura, moda e design não é para qualquer cidade. E Milão, sabe ser multifacetada. Na opinião de alguns, a cidade chega a ser excessivamente urbana, porém inegavelmente charmosa, um local onde o novo e o antigo se misturam perfeitamente e as opções de entretenimento são numerosas. À primeira vista, Milão impressiona pelo ritmo frenético das ruas, com pessoas indo e vindo, tráfego de veículos intenso, prédios comerciais e lojas, mas a verdade é que em meio a esses locais citados também há museus importantíssimos (é lá que o visitante vai ver de perto A Última Ceia, de Leonardo da Vinci), sítios que preservam a história da cidade, teatros, restaurantes que servem delícias da culinária milanesa, cafés, parques e muito mais. 

Arco della Pace
Milão possui uma rica cozinha, um tanto distinta da que bem conhecemos e chamamos de “italiana”. Há vários pratos típicos da região, todos onipresentes nas principais casas da cidade. Alguns dos símbolos gastronômicos milaneses são o ossobuco, bollito misto, excelentes polentas (de milho e castanha), ricos e densos risotos feitos com arroz do Vale Ticino e queijos como Grana Padano, Mascarpone, Taleggio e, o mais conhecido de todos, o Gorgonzola. Boa parte dos restaurantes oferecerá uma entrada, um prato principal e café ou vinho da casa a um preço bem convidativo. Obviamente você também encontrará estabelecimentos mais luxuosos, trabalhando com ingredientes e leituras mais contemporâneos da cucina povera, a comida do povão.

Arco della Pace
Visitar Milão é uma experiência que todos deveriam ter, de entrada você encontrará uma cidade muito desenvolvida com edifícios grandes e muito movimentada, a capital da moda é também um dos grandes motores da economia europeia. Passear de carro numa cidade destas é um grande erro, estacionamentos são escassos e você não vai aproveitar como deveria. Quebre o paradigma, o transporte público é muito bom, barato e pontual na Itália. Os bilhetes devem ser comprados antecipadamente, não há cobrador no ônibus, tram ou metrô, sempre perto de cada parada você encontrará um local que vende, seja uma banca (conhecida “Tabacchi”), em qualquer lugar assim chamado se vendem revistas, cigarros e até café de primeira qualidade.

Arena Cívica
Caminhar pelos charmosos bairros da cidade é uma das sugestões de programas imperdíveis. Alguns pontos turísticos importantes e movimentadas áreas de compra, por exemplo, concentram-se na região central, em torno da Catedral (Duomo), mas é claro que se deslocar para outros pontos mais distantes não é nada complicado devido ao eficiente transporte público local. É na região do Duomo que está tudo o que o turista que possui pouco tempo, e está fazendo um giro pela Itália ou até pela Europa precisa ver. Prepare-se para caminhar, mas tudo pode ser feito a pé com um pouco de boa vontade e com algumas pausas. São tantos lugares, tanta arte, você não irá conhecer a história em Milão, estará pisando sobre ela e é isso que faz da Itália um lugar tão fascinante. Você não vê história, você vive a história em cada edifício, cada construção, cada cantinho particular que somente você encontrará. Não há uma fórmula de sucesso melhor do que caminhar pelas pequenas ruas e encruzilhadas de Milão.

Monumento a Giuseppe Garibaldi
A cidade tem um musical particularmente famoso, principalmente operística, por tradição, é a casa de vários compositores importantes e teatros. Na década de 1770, Mozart estreou três óperas no Teatro Regio Ducal. Mais tarde, o Teatro alla Scala tornou-se um teatro de referência no mundo, com suas premieres de Bellini, Donizetti, Rossini e Verdi. O próprio Verdi está enterrado na "Casa di Riposo per Musicisti", um presente seu para Milão. No século XIX, outros teatros importantes foram La Cannobiana e o Teatro Carcano. Reserve ao menos três dias para conhecer essa cidade que, apesar de não ter uma quantidade grande de belezas naturais, encanta pela riqueza cultural e pelas opções de diversão para todos os públicos. Milão ou Milano (como se diz em italiano) pode não ser a capital da Itália, mas é sem dúvida alguma uma cidade muito importante na vida e na economia italiana. É conhecida por conter vários museus importantes, universidades, academias, palácios, igrejas e bibliotecas (tais como a Academia de Brera e o Castello Sforzesco). Milão tem uma rede de grandes (e desconhecidos pelo grande público) museus, mas se você tem tempo para visitar só um deles, que seja a Pinacoteca de Brera. Fundada como museu em era Napoleônica no século XIX, ainda hoje é a maior coleção de arte que vai do século XIII ao século XIX, da cidade. Caravaggio, Bramantino, Piero della Francesca, Raffaello, Bellini, Mantegna, são só alguns dos nomes dos grandes artistas da arte italiana, exposto nos espaços que foram um convento jesuíta no século XVI. Isso faz de Milão um dos mais populares destinos turísticos da Europa. A cidade sediou a Exposição Universal de 1906 e foi a sede da Exposição Universal de 2015.

Belíssima decoração da Galeria Vittorio Emanuele
Ainda que tenha a metade da população de Roma, é Milão quem faz o papel da metrópole moderna e cosmopolita na Itália. Com o bônus de que seu rico passado cultural e arquitetônico também faz bonito diante de quem a visita. Sim, você encontrará aqui o stress e o caos urbanos das grandes cidades. Mas não só. Milão é o reino encantado dos apaixonados por moda, que têm como templo sagrado o chamado Quadrilátero de Ouro, conjunto de ruas em que as grifes mais chiques e caras do mundo disputa a atenção dos transeuntes. E a elegância milanesa transcende as peças que Versace, Dior, Prada e outros craques da alta costura exibem nas vitrines, aparecendo também na grandiosidade do Duomo ou em outras igrejas mais singelas como a Santa Maria delle Grazie (onde repousa A Última Ceia, de Leonardo da Vinci). Experimente também a noite milanesa, farta em restaurantes e bares, como só um polo cosmopolita é capaz de oferecer.

Galeria Vittorio Emanuele
Corso di Porta Venezia, Via Manzoni, Via Montenapoleone e Via della Spiga. São essas as quatro ruas que formam um quadrado e fecham o que o mundo chama de Quadrilátero da Moda ou de Ouro, como chamam alguns. Dentro desse perímetro você encontra a maior concentração de grifes do mundo, com uma sucessão de lojas e vitrines que fazem cair os queixos, às vezes pela beleza das roupas, mas quase sempre pelos preços astronômicos. Mas comprar no Quadrilátero da Moda de Milão não é obrigatório e olhar não custa nada, então vale uma voltinha pelas ruas elegantes, com prédios e palácios de grande beleza e muitas vezes ignorada pelos turistas. Milão oferece inúmeras opções e zonas para fazer compras. Para procurar a região das compras em Milão (como em todas as cidades), aconselho antes de tudo pensar no próprio bolso. No Bairro de Brera é possível encontrar  lojas de alto nível com preços mais abordáveis. Para quem deseja coisas diferentes e mais alternativas, a Via Porta Ticinese é a mais adaptada. Para compras mais baratas as melhores ruas são:  Corso Vittorio Emanuelle, Via Torino e Corso Buenos Aires.



A vida noturna em Milão é dividida entre bares e discotecas. As áreas mais conhecidas de entretenimento onde esses lugares estão abertos até a madrugada são: As Colunas de San Lorenzo, Navigli e Garibaldi (Corso Como). Ao longo das Colunas de San Lorenzo, os jovens passeiam e batem papo nos bares e nos bancos que circundam a Igreja de San Lorenzo. No verão, uma parte da vida noturna mais animada se concentra no Idroscalo (mas passe repelente, porque é cheio de mosquitos) onde as discotecas a céu aberto lotam quase todas as noites.  Se quiser curtir uma noite menos agitada com bares que ficam abertos até tarde, pode optar por Via Tortona, Brera e também Navigli.