A fachada monumental tem
quatro andares de altura, sendo encimada por um frontão formado por duas
volutas, que são espirais que se unem no topo, onde há uma cruz. O contorno do
frontão é em formas curvas, as volutas inferiores se sobrepõem às torres, as
quais ficam em segundo plano. O acesso ao templo é feito por três portais no
primeiro piso, também decorados com volutas. As pilastras verticais da fachada
encontram-se decoradas com motivos maneiristas em alto-relevo, que criam
interessantes efeitos de luz e sombra. O corpo central da fachada é ladeado por
duas torres baixas que se encontram levemente recuadas, estando inclusive um
pouco escondidas detrás das enormes volutas do frontão. Os nichos do frontão
eram antes ocupados por estátuas de santos jesuítas, hoje não mais utilizados
por questão de restauração, e as imagens foram perdidas com o tempo. Somente
algumas foram recuperadas e colocadas no Museu ao lado da Igreja.
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Colégio de Santo Alexandre visto do Forte do Presépio |
Na entrada da Igreja tem a
presença de quadros da Via Sacra,
que representam toda a vida de Jesus, do seu nascimento até sua morte. Esses
quadros são feitos de ferro fundido e policromado, com várias cores. No interior, a Igreja revela também a influência da igreja de
Salvador: a planta da Igreja
possui uma nave central e tem a forma de uma cruz latina com quatro
capelas de cada lado, formando ao todo oito capelas comunicantes com a
sacristia. Uma grande sacristia encontra-se ao lado da Capela-Mor. Essas capelas são feitas
por arcos redondos que se apoiam em pilastras. São cobertas com abóbada de
madeira, sem cúpula e com transepto não pronunciado. Na
nave da Igreja há a presença de púlpitos que foram construídos em madeira em
forma de pirâmides e de decoração exacerbada característica do barroco. Estes
púlpitos foram feitos com a junção de conchas, volutas com anjos, atlantes e figuras
de olhos vendados.
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Colégio de Santo Alexandre e Catedral Metropolitana de Belém vistos do Forte do Presépio |
Destacam-se no interior as obras de arte
em talha do padre João Xavier Traer e sua oficina de escultores
indígenas, especialmente os dois magníficos púlpitos, profusamente
decorados com anjinhos em uma composição inspirada na arte barroca do Tirol, pátria de origem de Traer.
Também se destacam os retábulos de talha nas capelas laterais e na Capela-Mor, e apoiando-se nas pilastras
das grandiosas capelas, estão as tribunas, as quais eram utilizadas pelas
pessoas com maior poder aquisitivo na época para assistir as celebrações. A Igreja do Colégio de Santo Alexandre
influenciou outras na região como a do Colégio
de Vigia, ao norte da capital, construída na década de 1730. A fachada
da Igreja de Vigia também é dotada
de um original frontão e é ladeada por duas torres. O lampadário do local é um
dos dois únicos existentes no Estado, datando do século XVIII e produzido em
prata portuguesa com o brasão das carmelitas. Depois de muitas reformas, o
forro original desapareceu e, em 1963, foi encontrado. Com o passar dos anos e
com o abandono ela teve que passar por alguns processos de restauração, esse
realizado pela equipe da Secretaria de
Cultura do Estado do Pará. Muitas imagens e objetos da Igreja foram levados
pelas pessoas. Algumas com a intenção de furtar e outras somente com o intuito
de protegê-las da degradação.
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Fundos do Museu de Arte Sacra do Pará vistos pela rua de trás |
Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o Colégio foi reformado
e passou a ser usado como palácio dos bispos da cidade. Quando os jesuítas
foram embora de vez, em torno de 1970, o Colégio passou a comportar o estoque
de imagens e esculturas. E a Igreja passou a exercer sua atividade normal até a
década de 1950, a partir desse tempo a Igreja entrou em decadência e
precariedade, chegou a ser totalmente abandonada, não havendo reparos ou
qualquer serviço de preservação. No final do século XX, após esse longo
período de abandono, os edifícios do Colégio e Igreja foram transformados no Museu de Arte Sacra do Pará, que além
da arquitetura do local exibe um rico acervo de pintura e escultura dos séculos
XVII e XVIII da Região Amazônica.
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Nave da Igreja de Santo Alexandre |
No âmbito de um projeto de revitalização do Centro Histórico de Belém, os edifícios
do Colégio e Igreja dos Jesuítas -
tombados pelo IPHAN -
foram transformados em um museu dedicado à arte sacra da região. Os acréscimos
feitos aos edifícios em épocas posteriores ao século XVIII foram, na medida do
possível, retirados. Na parede principal do Museu não foram utilizados ferro e
cimento, esta foi construída toda em pedra, e provavelmente foi utilizado o
óleo de algum peixe regional. Acredita-se que foi empregado o óleo de Gurijuba,
o qual é um peixe abundante na região e contém muita gordura. Há a
possibilidade que esta gordura tenha sido usada como aglutinante do barro, da
concha do mar e da areia de pedra. Na restauração da Igreja foi decidido não
usar cópias e onde não conseguiram trazer de volta o original, foi deixado bem
claro isso. Estruturalmente não foi mexido em nada, foi inserido algum reboco
em algumas paredes, mas não foi levantada nenhuma coluna.
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Sacristia da Igreja de Santo Alexandre |
Os púlpitos da Igreja não são mais usados por questão de
preservação e segurança. O Altar-Mor
foi corroído por cupins. A umidade e o calor da região favorecem a ação deste
inseto. O telhado original foi todo perdido e assim houve a necessidade de ser
retirado e colocado outro tipo de cobertura. Um dos grandes problemas de
conservação da Igreja é a salinização que as paredes estão sofrendo, isso
ocorre pelo fato de ter sido usado muita areia do mar em sua construção. O Museu
conta com um acervo de quase 400 peças sacras de pintura, talha, gesso,
prataria e outros objetos litúrgicos, provenientes tanto do acervo jesuítico
como da Cúria Metropolitana da
cidade. O edifício do Colégio tem
áreas dedicadas ao restauro e biblioteca, além de loja e galeria de arte.
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Púlpitos da Igreja de Santo Alexandre |
Em 1980, quando o Papa João Paulo II visitava Belém, ficou hospedado no Convento da Igreja de Santo Alexandre, que na época era sede do Arcebispado de Belém. Nessa época
da visita do Papa, o edifício na Igreja não estava funcionando e somente no ano
de 1998 depois de várias reformas o templo da Igreja foi reaberto. A Igreja
ainda é palco de missas, também são apresentados concertos de música, teatro e
outros eventos. Aos sábados, a Igreja fica fechada. A visita guiada, grátis,
vale para quem quer conhecer mais sobre a história do local. O Museu fica
fechado às segundas-feiras para limpeza e o valor do ingresso para visitação é
simbólico, menos às terças-feiras quando a entrada é gratuita.