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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Vaticano - Basílica di San Pietro

Basílica di San Pietro
Ergueu-se no Vaticano, o menor Estado independente do mundo, uma das construções mais suntuosas e famosas da história: a belíssima Basílica di San Pietro, à frente da Piazza di San Pietro, onde São Pedro foi crucificado. O local, que possui o título de maior e mais importante templo da cristandade, foi fundado no ano 324, pelo Imperador Constantino, na Piazza batizada também em homenagem ao apóstolo. A Basílica tem uma área de 23 mil metros quadrados e comporta até 60 mil pessoas. A Basílica di San Pietro é uma igreja renascentista barroca localizada a oeste do Rio Tibre, perto da Colina Janículo e do Mausoléu de Adriano. Especificamente classificada pela UNESCO, catalogada e preservada como Patrimônio Mundial da Humanidade, a Basílica di San Pietro foi considerada o maior projeto arquitetônico da sua época e continua a ser um dos monumentos mais visitados e celebrados do mundo.

Basílica de San Pietro

Fachada da Basílica di San Pietro
É através da Piazza di San Pietro que a Basílica é abordada, onde se destacam duas estátuas de 5,55 metros de altura dos apóstolos do século I, Pedro e Paulo. Apesar dos primeiros projetos desenvolvidos repercutirem para uma estrutura de planta centralizada, o que é ainda evidenciado na sua arquitetura, a Basílica é cruciforme, com uma alongada nave de cruz latina. O espaço central é dominado tanto no interior como no exterior, por um dos maiores domos do mundo. A Basílica di San Pietro é uma das quatro basílicas patriarcais de Roma, sendo as outras a Basílica de São João Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros. Contrariamente à crença popular, San Pietro não é uma Catedral, uma vez que não é a sede de um Bispo. Embora a Basílica di San Pietro não seja a sede oficial do Papado (que fica na Basílica de São João de Latrão), certamente é a principal Igreja que conta com a participação do Papa, pois a maioria das cerimônias papais é realizada lá devido às suas dimensões, à proximidade com a residência do Papa, e a localização privilegiada no Vaticano.

Fachada da Basílica di San Pietro

Detalhe na fachada da Basílica di San Pietro
O Imperador Constantino entre 326 e 333 ordenou a construção da Antiga Basílica de São Pedro. Desta Basílica nada restou, porém, através de descobertas arqueológicas, descrições de peregrinos e desenhos antigos os especialistas obtiveram as noções básicas da sua estrutura. Como em quase todas as igrejas da antiguidade, seguiu-se o modelo da Basílica Cívica Romana: um salão retangular, dividido em nave central e naves laterais, que oferecia espaço bastante para a congregação dos fiéis. As cerimônias no altar eram realizadas na abside ao fim da nave central, bem visíveis a todos. Um afresco do século XVI na Chiesa di San Martino ai Monti dá-nos uma ideia aproximada da aparência interior, com a sua cobertura em madeira, porém é totalmente desconhecido quais estátuas ou pinturas que a ela pertenciam. A Basílica atual foi erguida sobre a antiga, o que exigiu que o edifício fosse orientado para oeste, mas também que a necrópole antiga fosse aterrada, sendo construídas muralhas de suporte para criar uma enorme base que servisse como alicerce. Na plataforma, construiu-se então a Basílica, com nave central e quatro naves laterais, ricamente adornadas com afrescos e mosaicos, e um grande átrio dianteiro, demarcado com colunas. Várias vezes alterado e restaurado, o edifício de Constantino, conhecido por Velha Igreja de São Pedro, sobreviveu até o início do século XVI.

Nave Central da Basílica di San Pietro

Nave Central da Basílica di San Pietro
Durante o exílio dos papas em Avignon, de 1309 a 1377, depois de resistir a saques e incêndios ocorridos na cidade após a queda do Império Romano do Ocidente, a Igreja ficou bastante deteriorada e perdeu-se grande parte de sua magnificência. O desejo de uma igreja de grandiosidade apropriada para servir à cristandade, assim como a transferência da Residência Papal para o Vaticano, fez nascer planos de uma igreja nova. O primeiro Papa a considerar uma reconstrução ou pelo menos realizar radicais alterações na estrutura, foi Nicolau V em 1452. Assim, o trabalho foi encomendado a Leon Battista Alberti e Bernardo Rossellino (ambos arquitetos), que se encarregaram de projetar as modificações mais importantes a cumprir. No seu projeto, Rossellino manteve o corpo longitudinal das cinco naves com cobertura abobadada e renovou o transepto, com a construção de uma abside mais ampla à qual acrescentou um coro. Esta nova intersecção entre o transepto e a abside seria coberta por uma cúpula sobre o cruzeiro. Tal configuração desenvolvida por Rossellino influenciou o projeto futuro de Donato Bramante que visava uma completa reconstrução do edifício. Este, por sua vez, veio a fazer uso de algumas partes do que já tinha sido construído para concepção do seu novo projeto. O trabalho foi interrompido três anos depois com a morte do Papa, quando as paredes apenas haviam alcançado um metro de altura. Entretanto, o Papa ordenou a demolição do Coliseu de Roma e, até ao momento da sua morte, 2.522 carradas de pedra tinham sido transportadas para uso do novo edifício.

Nave Central da Basílica di San Pietro

Detalhes do teto da 
Nave central da Basílica
Cinquenta anos depois, em 1505, sob a orientação do Papa Júlio II, as obras foram retomadas, com o propósito de que o novo edifício fosse um marco importante e apropriado para acomodar o seu túmulo. O Papa pretendia com a obra “engrandecer-se a si mesmo nos ideais do povo”. Foi então celebrado um concurso para o projeto, existindo atualmente, vários dos desenhos na época elaborados, na Galleria degli Uffizi, em Florença. O projeto foi incumbido ao arquiteto Donato Bramante, que acabava de chegar de Milão, depois de este ganhar a confiança do Papa que o escolheu em detrimento do Giuliano da Sangallo. No Pontificado de Júlio II (1503 a 1513) decidiu-se afinal derrubar a igreja velha em abril de 1506. Os seus planos eram de um edifício centralmente planificado, com um domo inscrito sobre o centro de cruz grega, inscrita num quadrado e coberta por cinco cúpulas – onde a central seria a de maior dimensão em relação às abóbadas das extremidades – e apoiada em quatro grandes pilares inspirados na Basílica de São Marcos, forma que correspondia aos ideais da Renascença pela semelhante relação com um mausoléu da Antiguidade.

Altar-Mor da Basílica di San Pietro
Um método utilizado para financiar a construção da Basílica di San Pietro foi a concessão de indulgências em troca de contribuições daqueles que com esmolas ajudaram na reconstrução da Basílica. O grande promotor deste método de angariação de fundos foi Alberto de Mains que se viu forçado a liquidar as dívidas à Cúria Romana, contribuindo para o programa de reconstrução. Para facilitar, Alberto nomeou o alemão Johann Tetzel, pregador da Ordem dos Dominicanos, cuja arte de propaganda e venda de indulgências motivou um avultado escândalo. O agressivo marketing de Johann Tetzel em promover esta causa foi mal encarado por alguns eclesiásticos, até que um padre alemão agostiniano, Martinho Lutero, escreveu ao arcebispo Alberto, argumentando contra essa “venda de indulgências”, que veio a ser conhecido pelas “95 Teses” (Tetzel seria inclusive punido por Leão X pelos seus sermões, que iam muito além dos ensinamentos reais sobre as indulgências). Embora Lutero não negasse o direito do Papa ou da Igreja de conceder perdões e penitências, exigia, no entanto, a correção de abusos na prática. Isto se tornou um fator importante para o início da Reforma Protestante, com o nascimento do protestantismo.

Cúpula da Basílica di San Pietro
Um século mais tarde o edifício ainda não estava completado. A Bramante sucedeu como arquitetos, Rafael, Giovanni Giocondo, Giuliano da Sangallo, Baldassare Peruzzi, Antonio da Sangallo. O Papa Paulo III (pontificado de 1534-1549) em 1546 entregou a direção dos trabalhos a Michelangelo Buonarroti. Este, aos 72 anos, deixou-se fascinar pela cúpula, concentrando nela os seus valorosos esforços, apesar de não ter conseguido completá-la antes de sua morte em 1564. Michelangelo foi considerado o principal autor da Basílica tal qual a conhecemos e o principal arquiteto com o qual o projeto foi acabado. A cúpula tornou-se um marco no estudo de engenharia de estruturas. A cúpula situa-se acima do cruzeiro e é visível de toda a cidade de Roma, dominando seus céus, e tem diâmetro interno de 41,47 metros, um pouco menor que duas das três grandes cúpulas que a precederam: a do Pantheon de Agripa com 43,3 metros e a da Catedral de Florença com 44 metros, contudo é mais imponente por ser significativamente mais alta, com 132,5 metros. Graças aos seus planos e a um modelo de madeira, seu sucessor, Giacomo della Porta, foi capaz de terminar a cúpula com ligeiras modificações. O modelo segue o da famosa cúpula que Brunelleschi ergueu na Catedral de Florença, que cria impressão de grande imponência. A diferença é que, ao contrário do que Michelangelo havia planejado, não se trata de uma cúpula semicircular, mas afunilada o que cria um movimento de impulso para cima até culminar na lanterna cujas janelas, inseridas em fendas entre duas colunas, deixam a luz inundar o seu interior. Terminada em 1590, ainda é uma das maravilhas da arquitetura ocidental. Posteriormente, durante o Pontificado de Clemente VIII, foi completada a construção da lanterna (a abertura que leva luz ao interior da Igreja) e a cúpula foi coberta com folhas de chumbo. Em novembro de 1593 foi colocada na cúspide da lanterna a grande esfera encimada por uma cruz, a obra de Sebastiano Torrigiani. O panorama a partir da cúpula é magnífico, além de ver a Piazza di San Pietro do alto que é linda, avista-se o Castel Sant’Angelo e o Rio Tibre. Mas tem um problema, precisa subir 551 degraus. Tem também a possibilidade de chegar até certo ponto usando um elevador, mas a entrada da Basílica e a dica para não enfrentar filas é chegar cedo.

Cúpula da Basílica di San Pietro
As paredes exteriores da Basílica, com exceção da fachada principal são compostas por superfícies planas separadas por pilastras. A primeira seção apresenta enormes nichos onde esculturas de santos, encomendadas por João Paulo II foram colocadas, para homenagear os santos e fundadores do nosso tempo, sobre estas se encontram as grandes janelas que iluminam o interior do templo. Sobre o entablamento abrem-se outras janelas de menor tamanho. Algumas das esculturas presentes no exterior são as de Santa Teresa dos Andes da autoria de João Eduardo Fernandes Cox; Santa Teresa de Jesus Jornet, Santa Mariana de Jesus, São Josemaria Escrivá, trabalho de Romano Cosci, Genoveva Torres Morales, de Alessandro Romano, Santa Maria Soledad Torres Acosta, Santa Brígida da Suécia; Santa Catarina de Siena; São Josep Manyanet i Vives; São Gregório, o Iluminador; Santa Maria Josefa Sancho de Guerra; São Marcelino Champagnat; Santa Rafaela Maria do Sagrado Coração, desenhada por Marco Augusto Dueñas; e São Maron, do mesmo autor, que ocupou em 2011 o último nicho deixado livre na Basílica.

Cúpula da Basílica di San Pietro

Baldaquino da Basílica di San Pietro
A fachada principal da Basílica, foi construída pelo arquiteto Carlo Maderno entre 1607-1614, é precedida por uma escada com três lances realizada por Gian Lorenzo Bernini ladeado por estátuas colossais de São Pedro e São Paulo, esculpidas em 1847 por Giuseppe de Fabris e Adamo Tadolini, respectivamente, para substituir algumas anteriores feitas por Paolo Taccone e Mino Del Reame em 1461. Uma série de colunas de ordem colossal suporta a cornija sobre a qual está gravado o nome do Papa Paulo V, enquanto embaixo encontra-se o pórtico central com duas arcadas nas extremidades no qual tem nove balcões. A partir daquele central, o maior, chamado “Loggia das Benções”, o Papa aparece aos fiéis reunidos na Piazza. Em continuidade, existe um alto-relevo de Ambrogio Buonvicino feito em 1614, intitulado “A Entrega das Chaves a São Pedro”. Na parte superior da fachada encontra-se o ático, onde abrem oito janelas decoradas com pilastra. Coroando o ático localiza-se a balaustrada onde estão presentes estátuas de 5,7 metros: no centro está o Cristo Redentor, João Batista à direita, acompanhado por 11 dos 12 apóstolos, exceto São Pedro. As esculturas são (da esquerda para a direita): Judas Tadeu, Mateus, Filipe, Tomé, Santiago Maior, João Batista, Cristo Redentor, André, João Evangelista, Santiago Menor, Bartolomeu, Simão e Matias. Em cada lado existem dois relógios feitos em 1785 por Giuseppe Valadier. Sob os relógios encontram-se dois dos seis sinos da Basílica. A fachada foi restaurada por ocasião do Jubileu do ano 2.000. 

Baldaquino da Basílica di San Pietro
O pórtico (ou átrio) consiste em cinco grandes entradas da Piazza para o nártex, e cinco portas correspondentes que levam ao interior da Basílica. Entre elas estão quatro placas de pedra com inscrições antigas e modernas, e no chão um revestimento com brasões dos vários papas. Nas extremidades do pórtico existem dois vestíbulos, que abrigam oito estátuas em nichos, e por fim, a direita está a Estátua Equestre de Constantino, e a esquerda a Estátua Equestre de Carlos Magno. A famosa Porta Santa, no entanto, que é aberta apenas nos anos jubilares, é a última à direita e está decorada com cenas do Antigo e do Novo Testamento. A enorme fachada tem 114 metros de largura e 47 metros de altura. A Basílica di San Pietro foi consagrada em 1626. A maior parte de sua decoração interna foi criada por Bernini, que trabalhou na Igreja durante 20 anos, ajudando também na construção da linda Piazza di San Pietro (1656-1667) com sua fantástica colunata. O teto foi decorado com relevos em estuque de cenas da vida de São Pedro, e nas lunetas estão 38 relevos dos papas santificados. As cinco portas que compõem a entrada da Basílica são: Porta da Morte, Porta do Bem e do Mal, Porta de Filarete, Porta dos Sacramentos e Porta Santa.

Capela da Confissão
A Porta da Morte foi encomendada por João XXIII e adquire o seu nome por ser a porta de saída dos cortejos fúnebres dos papas. Esta apresenta quatro painéis: o primeiro é uma representação da Lamentação de Cristo e a Assunção de Maria. No segundo é representado os símbolos da Eucaristia, o pão e o vinho. No terceiro aparece o tema da morte, onde são representados o Assassinato de Abel, a Morte de José, o Martírio de São Pedro, a Morte de João XXIII, a Morte no Exílio de Gregório VII e seis animais no ato da morte. No interior da Porta foi marcada a mão do escultor e um momento do Vaticano II em que o primeiro cardeal africano, Laurean Rugambwa, presta homenagem ao Papa. A Porta do Bem e do Mal foi trabalho de Luciano Minguzzi, realizado entre 1970 e 1977. O artista doou o trabalho ao Papa Paulo VI (1963-1978) no seu 80º aniversário. A Porta Filarete ou Portão Central foi encomendado a Averulino Antonio Filarete pelo Papa Eugênio IV, e construída entre 1439 e 1445. Foi feita em bronze e dividida em duas folhas, cada uma das quais tem três quadros sobrepostos. Nas imagens no topo está representado à esquerda Cristo Entronizado e à direita a Virgem Entronizada. Nos painéis centrais estão representados São Pedro a entregar as chaves ao Papa Eugênio IV, e São Paulo com uma espada e um jarro de flores. Os painéis embaixo apresentam o martírio dos dois santos: à esquerda, a Decapitação de São Paulo, e no lado direito a Crucificação de São Pedro. Os painéis são emoldurados por medalhões com os perfis dos imperadores, e entre eles frisos com episódios do Pontificado de Eugênio IV. No interior existe uma incomum assinatura do autor. A Porta dos Sacramentos foi construída por Venanzo Crocetti e inaugurada pelo Papa Paulo VI em setembro de 1965. Nela surge um anjo anunciando os Sete Sacramentos. A Porta Santa foi feita em bronze por Vico Consorti em 1950 e foi doada ao Papa Pio XII por católicos suíços para o Jubileu daquele ano. Em duas placas existentes em ambos os lados da Porta encontram-se o Escudo de Pio XII e a Bula de Bonifácio VIII, que convocou o primeiro Jubileu em 1300. Esta Porta permanece fechada e tapada com cimento pelo lado de dentro. Somente o Papa tem permissão de abri-la e fechá-la nos Anos Santos, permanecendo aberta durante todo o ano para o acesso dos fiéis, que podem adquirir indulgências. Em novembro de 2015, o muro que a mantinha fechada foi derrubado cuidadosamente, e extraído do seu interior um cofre com as chaves da Porta e outros documentos, como preparativo para o início do Jubileu da Misericórdia.

Uma das esculturas do interior da
Basílica di San Pietro
O interior abarca dimensões descomunais quando comparado com outras igrejas. O espaço interior está dividido em três naves separadas por pilares. A Nave Central, com 187 metros de comprimento e 45 metros de altura, é coberta por abóbadas de berços. Entre 1962 e 1965 esta Nave sediou as sessões do Concílio Vaticano II. É de destacar o notável trabalho do chão de mármore que apresenta elementos da antiga Basílica, como o disco de pórfiro vermelho egípcio onde Carlos Magno se ajoelhou no dia da sua coroação. A Nave Central possui uma área de 10 mil metros quadrados de mosaico, resultado do trabalho de inúmeros artistas dos séculos XVII e XVIII, como Pietro de Cortona, Giovanni de Vecchi, Cavallier D’Arpino e Francesco Trevisani. Nos arcos encontram-se as Estátuas das Virtudes. Nos pilares da esquerda, começando pela porta, a autoridade eclesiástica, a justiça divina, a virgindade, a obediência, a humildade, a paciência, a justiça e a fortaleza. À direita, a partir do altar, a caridade, a , a inocência, a paz, a constância, a misericórdia e a força. Nos pilares os nichos albergam as 39 esculturas dos principais santos. Nos pilares à direita, estão as Estátuas de Santa Teresa de Jesus de 1754; Santa Madalena Sofia Barat de 1934; São Vicente de Paulo de 1754; São João Eudes de 1932; São Filipe Néri de 1737; São João Batista La Salle de 1904; a antiga Estátua de Bronze de São Pedro de 1300; e São João Bosco de 1936. Nos pilares à esquerda: São Pedro de Alcântara de 1713; Santa Lúcia Filipini de 1949; São Camilo de Lellis de 1753; São Luís Maria Grignion de Montfort de 1948; São Inácio de Loyola de 1733; Santo António Maria Zaccaria de 1909; São Francisco de Paula de 1732; São Pedro Fourier de 1899. 

Nave da Epístola com a Capela da Pietà ao fundo
A Nave da Epístola situa-se no lado direito. A primeira Capela abriga a Pietà de Michelangelo. Hoje a obra é protegida por uma parede de vidro à prova de balas, que se tornou necessária após o ataque de vandalismo de 1972. Ao longo da Nave encontram-se os Monumentos Funerários de Leão XII, obra de Giuseppe de Fabris; e a Rainha Cristina da Suécia, de Carlo Fontana. Abaixo se encontra a Capela de São Sebastião, presidido por um mosaico alusivo ao martírio do santo, obra de Pietro Paolo Cristofari que se baseou numa pintura de Domenico Zampieri; o teto é decorado com mosaicos de Pietro da Cortona. Sob o altar estão preservados desde maio de 2011, os restos mortais do Papa João Paulo II, atrás de uma laje de mármore. Na Capela foram também preservados Monumentos Funerários de Pio XI e Pio XII, feitos durante o século XX. Podem-se observar também as lembranças dirigidas a Inocêncio XII, de Filippo della Valle (1746), o Monumento Funerário da Condessa Matilde de Canossa, protetora do Papado na Idade Média, de Gian Lorenzo Bernini (1633). Em seguida encontra-se a Capela do Santíssimo Sacramento, protegida por uma porta projetada por Francesco Borromini. Nesta Capela está preservado o Santíssimo Sacramento. Ao lado do cibório de bronze e do lápis-lazúli onde preside o altar, existem duas estátuas de anjos, iluminados por enormes lâmpadas a óleo que ardem continuamente. A Capela foi projetada por Carlo Maderno para conectar a Basílica atual com o corpo da antiga. É caracterizada por um telhado mais baixo do que o corpo da Basílica, de modo a que se feche com uma plataforma que oculta a diferente elevação da cobertura. Nela estão presentes dois monumentos: Gregório XIII, de Camillo Rusconi em 1723, e o Gregório XIV. A partir daqui começa o Deambulatório que circunda o espaço ao redor da cúpula.

Nave do Evangelho
A Nave do Evangelho está localizada à esquerda. A primeira Capela é a Capela do Batismo, desenhada por Carlo Fontana e decorada com mosaicos de Baciccio realizados mais tarde por Francesco Trevisani. O mosaico atrás do altar é uma reprodução da pintura de Carlo Maratta presente na Basílica Santa Maria Degli Angeli e dei Martiri. Por trás desta Capela estão as tumbas funerárias que contêm os Túmulos de Maria Clementina Sobieski, obra de Pietro Bracci de 1742, e a obra da Família Stuart, de Antonio Canova em 1829, com os Túmulos do Rei Jaime Francisco Eduardo Stuart e dos seus filhos Carlos Eduardo Stuart e o Cardeal Henrique Benedito Stuart. Segue-se a Capela da Apresentação, em cujo altar se encontra o corpo de São Pio X. Nas paredes estão os Monumentos de João XXIII e Bento XV, realizados no século XX. A seguir o Túmulo de São Pio X, de 1923, e a Tumba de Inocêncio VIII, realizado por Antonio Pollaiuolo no século XV. Por último está a Capela do Coro, presidida pelo Altar da Imaculada Conceição. A Capela é idêntica à Capela do Santíssimo Sacramento, localizada ao lado da Epístola, tendo, portanto, a mesma configuração. Na última coluna antes de passar para o Deambulatório estão os Monumentos de Leão XI, e de Inocêncio XI, obra de Alessandro Algardi em 1644.

Pilares centrais da Basílica di San Pietro
O Deambulatório é o espaço em torno dos quatro pilares de sustentação da cúpula e é o coração da Igreja tal como Michelangelo tinha projetado. Na coluna correspondente à Nave da Epístola está o Altar de São Jerônimo, com o Túmulo do Papa João XXIII, sobre o qual se encontra um grande mosaico com pintura de Domenichino. O espaço entre a Capela do Santíssimo Sacramento e o cruzeiro abriga a Capela Gregoriana, coberta por uma abóbada que forma uma das duas cúpulas menores. Aqui está o Monumento de Gregório XVI, obra de Luis Amici em 1848-1857. Ao lado deste, na parede norte, situa-se o Altar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde se encontram as Relíquias de São Gregório de Nazianzo. Ao lado fica o Altar de São Basílio, decorado por um mosaico do século XVIII, onde repousam os restos mortais de Josafat Kuncewicz e, de frente para ele, a Tumba do Papa Bento XIV. Uma vez atravessado o transepto surge-nos o Altar de Navicella, e em frente o Monumento de Clemente XIII, obra de Antonio Canova em 1787-1792. Seguido dos Altares de São Miguel Arcanjo, da Santa Petronilha e de São Pedro e a Ressurreição de Tabitha. Na parede oeste o Monumento de Clemente X, obra de Mattia de Rossi, no final do século XVII. Ao sul do Deambulatório encontra-se, na coluna da cúpula, um altar presidido por um mosaico com o famoso quadro da Transfiguração de Rafael, cujo altar onde se encontra o corpo do Beato Inocêncio XI. A Capela adjacente, similar à Gregoriana, é a Capela Clementina; nela se encontram os Monumentos Funerários de São Gregório Magno e de Pio VII, obra de Bertel Thorvaldsen em 1831, o único artista não católico que trabalhou na Basílica. Em seguida localiza-se o Altar da Mentira decorado com um mosaico do século XVIII. De frente para o mesmo, a Estátua de Pio VIII, obra de Pietro Tenerani em 1866, com uma porta que leva à Sacristia Maior da Basílica. Do outro lado do transepto está o Monumento Funerário do Papa Alexandre VII, uma obra notável de Gian Lorenzo Bernini representando o Papa em profunda oração, onde a morte é representada por um esqueleto que segura uma ampulheta acima de uma porta que simboliza a entrada para a vida após a morte. Em frente está o Altar do Sagrado Coração de Jesus, com mosaicos de 1930. Posteriormente, a Capela de Nossa Senhora do Pilar, onde se encontram os altares dedicados à Virgem do Pilar e ao Papa Leão I (Leão Magno), com um magnífico altar em mármore por Alessandro Algardi depois da Expulsão de Átila feita entre 1645-53. Finalmente, antes do Presbitério, está o Altar de São Pedro curando um paralítico, do século XVIII, e o Túmulo do Papa Alexandre VIII.

Uma das esculturas do interior da 
Basílica di San Pietro
O transepto norte estende-se até o Palácio Apostólico e foi projetado e construído por Michelangelo, que ampliou o Deambulatório que os seus antecessores haviam projetado, acrescentando alguns altares constituídos por grandes janelas. No transepto a norte, existem três altares dedicados a São Venceslau, São Erasmo, e no centro o dos santos mártires Processo e Martiniano. O transepto sul é semelhante ao anterior, onde se encontram os altares dedicados a São José, no centro, e os da Crucificação de São Pedro e São Tomé. Ao longo do transepto, nos recantos das colunas são colocadas estátuas de santos e santas fundadores de ordens religiosas e congregações. No transepto direito: São Bonfiglio Monaldi; São José Calasanz; São Paulo da Cruz; São Bruno; Santa Luísa de Marillac; São Pedro Nolasco; Santa Maria Eufrásia Pelletier; e São João de Deus. No transepto esquerdo: São Guilherme de Vercelli; São Norberto de Xanten; Santa Ângela de Merici; Santa Juliana Falconieri; Santa Joana Antida Thouret; São Jerônimo Emiliano; Santa Francisca Cabrini; São Caetano de Thiene.

Túmulo de Alessandro VII
O Presbitério apresenta uma estrutura semelhante à das extremidades do transepto. No seu centro encontra-se a Cátedra de São Pedro. É uma obra monumental, um relicário concebido por Gian Lorenzo Bernini, contendo uma cadeira que remonta da época paleocristã, que segundo consta foi usada por São Pedro; a cadeira foi baseada nas esculturas dos Quatro Padres da Igreja. Este conjunto está iluminado por um vitral com uma pomba simbolizando o Espírito Santo. À esquerda da cadeira encontra-se a Estátua de Paulo III, projetada por Giacomo della Porta. Enquanto isso, no lado direito está o Túmulo de Urbano VIII, projetado por Benini em 1627, o monumento baseia-se numa representação de uma estátua do Papa no ato da bênção; a flanquear o sarcófago estão as figuras da Caridade e da Justiça e no centro, um esqueleto inscreve o epitáfio. Nas colunas encontram-se as Esculturas de São Domingos de Gusmão (1706); São Francisco Caracciolo (1834); São Francisco de Assis (1727); e São Afonso Marida de Ligório (1839). Por sua vez, nos pilares da cúpula encontram-se as Esculturas de São Bento de Núrsia (1735); Santa Francisca romana (1850); São Francisco de Sales (1845); e São Elias (1727). O órgão da Basílica está localizado entre o Deambulatório e o Presbitério que foi construído por Antonio Tamburini em 1962. Tem dois corpos que estão localizados nos braços do Deambulatório partindo do Presbitério

Monumento a Pio VII
O Altar Papal situa-se no cruzeiro sob a cúpula, enquadrado pelo monumental Baldaquino de São Pedro, trabalho de Gian Lorenzo Bernini, construído entre 1624 e 1633. O Altar foi feito de bronze retirado do Pantheon de Roma e possui uma altura de 30 metros. É suportado por quatro colunas salomônicas com imitação do Templo de Salomão e do Tabernáculo da antiga Basílica, cujas colunas foram recuperadas e colocadas como adornos nos pilares da cúpula de Michelangelo. No centro, sob o Baldaquino, encontra-se um bloco paralelepípedo de mármore branco, rodeado por um enorme espaço sob a cúpula (o Altar Papal), e sobre ele um crucifixo feito de bronze e um conjunto de sete castiçais, onde apenas o Papa pode celebrar a Eucaristia em ocasiões solenes. Ele foi colocado verticalmente sobre o Túmulo de São Pedro e consagrado em junho de 1594 pelo Papa Clemente VIII. Este Altar é conhecido por Altar da Confissão, estando situado no lugar conhecido como Confessio, o túmulo do apóstolo que com o seu martírio confessou sua fé. Nos pilares que sustentam a cúpula estão quatro esculturas que enfrentam o Altar, encomendadas por Urbano VIII, são elas: São Longino, de Gian Lorenzo Bernini em 1639; Santa Helena de Andrea Bolgi, em 1646; Santa Verônica, de Francesco Mochi em 1632; Santo André, de François Duquesnoy em 1640. Sobre cada uma das estátuas existe uma varanda fechada atrás da qual estão presentes relicários: na de São Longino, a Relíquia da Lança Sagrada; na de Santa Helena encontra-se parte da Vera Cruz; na de Santa Verônica é preservado o tecido com o rosto impresso de Cristo; em Santo André, irmão de São Pedro, foi preservado o crânio do apóstolo que, no entanto, Paulo VI ofereceu-o aos ortodoxos como um gesto de boa vontade. Na parte superior de cada pilar existem quatro mosaicos que representam os evangelistas com a sua respectiva representação iconográfica.

Relevo que retrata o Papa Leão I expulsando Átila
A Sacristia Maior refere-se a um edifício externo à Basílica, localizado na parte sul, que se conecta com o templo através de dois corredores sobre arcos que acedem a Basílica atravessando o Túmulo de Pio VIII e a Capela do Coro. Em 1715, foi realizado um concurso para a construção da Sacristia, onde o vencedor foi o projeto de Filippo Juvarra, cuja maquete de madeira está ainda preservada nas arrecadações da Basílica. Porém, devido ao seu elevado custo a execução desse complexo foi impossibilitada. Em 1776, o Papa Pio VI encomendou a Carlo Marchionni a realização do atual edifício, concluído em 1784. O trabalho final foi bastante criticado, especialmente pelo estudioso Francesco Milizia, que inclusive forçou Marchionni a deixar a cidade. A Sacristia apresenta uma planta octogonal e é coberta por uma cúpula. É ladeada por vários edifícios entre os quais a Sacristia dos Cânones e dos Beneficiários, a Casa do Capítulo e do Tesouro.

As Grutas do Vaticano foram criadas a partir da elevação entre a nova e a velha Basílica. Possui a forma de uma igreja subterrânea com três naves e têm sido usadas como local para sepultar vários papas. O acesso realiza-se através de uma escadaria dupla cercada por uma elegante balaustrada sobre a qual ardem 99 velas. A escada parte da frente do Altar Papal e termina atrás do Confessionário de São Pedro, obra de Carlo Maderno. Antes do Mosaico de Cristo Pantocrator encontra-se o cofre que reúne os pálios. Dentro do cofre estão restos da tumba de mármore de São Pedro construída pelo Imperador Constantino. Na parte inferior encontra-se a bola de bronze, com o nome “catarata” que era a entrada a partir da construção da primeira Basílica para o Túmulo de São Pedro. O Papa Pio XII, recém-eleito em 1939, concedeu a pesquisa arqueológica que em 10 anos trouxe à luz o primeiro andar da Basílica de Constantino e mais tarde, os restos de uma necrópole romana que ocupava a encosta da Colina do Vaticano, tendo sido enterrada pelos construtores da primeira Basílica. A existência desta área subterrânea confirma a crença de que o local do sepultamento de São Pedro está localizado no sítio onde foi erguido um monumento em memória do apóstolo, e em seguida a Basílica. Durante a escavação, entre 1953 e 1957, foi encontrado um nicho onde foi possível reconhecer uma gravação incompleta em grego com o nome de Pedro, dentro estavam alguns ossos embrulhados num pano roxo e fios de ouro. Esta descoberta foi anunciada por Pio XII convencido que os restos mortais eram do corpo de São Pedro. Estes restos mortais foram colocados no porão, na posição original, que se localizam exatamente sob o Altar Papal, o Baldaquino e a cúpula.

Capela de João Paulo II

Todo o esforço da espera na fila é recompensado assim que se entra na Basílica di San Pietro. A sensação é indescritível diante da beleza do lugar. Quem se interessar pode fazer um tour guiado ao local, com opções em inglês, espanhol e até português e que inclui o transporte até o Vaticano. Antes de entrar na Nave Central da Basílica é onde oferecem o áudio guia para explanação dos ambientes, das obras de arte e da história de tudo o que se vê. Um dos pontos mais visitados, no local, é o Túmulo do Papa João Paulo II (Capela de São Sebastião), além dos túmulos de vários outros papas - localizados nas grutas, abaixo da Catedral. Ao sair da Basílica é preciso entregar o áudio guia e tem a opção de ir para a direita, onde é a saída e está o Correio do Vaticano, ou seguir pela esquerda e ir para a entrada da cúpula. A Basílica di San Pietro abre diariamente, a entrada é gratuita, mas não são permitidos visitantes trajando saias acima do joelho, shorts, blusas sem manga e decotes (muita atenção com isso, pois a fiscalização na porta é bem rígida).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tour pela Europa I - Vaticano

Cidade do Vaticano e Basílica di San Pietro
O Vaticano ou Cidade do Vaticano, oficialmente Estado da Cidade do Vaticano é a sede da Igreja Católica e uma Cidade-Estado soberana sem costa marítima cujo território consiste em um enclave murado dentro da cidade de Roma, capital da Itália. Com aproximadamente 44 hectares e com uma população de pouco mais de 800 habitantes, é o menor país do mundo, por área. Para cruzar o Vaticano de um lado ao outro, para cima e para baixo, são só mil metros em uma direção e pouco mais de 800 metros na outra. Partilha 3,2 quilômetros de fronteira com a Itália, mais precisamente com Roma. É distinta da Santa Sé, que remonta ao cristianismo primitivo sendo a principal Sé Episcopal de católicos romanos (latinos e orientais) de todo o mundo. O termo Cidade do Vaticano é referente ao Estado, enquanto Santa Sé é referente ao Governo da Igreja Católica efetuado pelo Papa e pela Cúria Romana. A Cúria Romana é efetivamente o Governo do Estado e a gestão administrativa, pelo que o seu chefe, o Secretário de Estado, tem as incumbências equivalentes às de um primeiro-ministro.

Cidade do Vaticano e Basílica di San Pietro

Basílica di San Pietro e Obelisco do Vaticano


Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro
A maior parte dos funcionários públicos são todos os clérigos católicos de diferentes origens raciais, étnicas e nacionais. É o território soberano da Santa Sé (Sancta Sedes) e o local de residência do Papa, referido como Palácio Apostólico. Ordenanças da Cidade do Vaticano são publicadas em italiano; documentos oficiais da Santa Sé são emitidos principalmente em latim. As duas entidades ainda têm passaportes distintos: a Santa Sé, como não é país, apenas trata de questões de passaportes diplomáticos e de serviço; o Estado da Cidade do Vaticano cuida dos passaportes comuns. Em ambos os casos, os passaportes emitidos são muito poucos. A defesa do país é da responsabilidade da Itália, enquanto a segurança do Papa fica a cargo da Guarda Suíça. A Santa Sé estabelece com muitos Estados, tratados internacionais (concordatas), para assegurar direitos dos católicos ou da Igreja Católica naqueles Estados. Muitos foram assinados quando os Estados se laicizaram, como forma de garantir direitos para a Igreja e permitir sua existência em tais países.

Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro

Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro

Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro

Piazza di San Pietro e Basílica di San Pietro
É fundamentalmente urbano e nenhuma das terras está reservada para agricultura ou outro tipo de exploração de recursos naturais. A Cidade-Estado exibe um impressionante grau de economia, nascida da necessidade extremamente limitada, devido ao seu território. Assim, o desenvolvimento urbano é otimizado para ocupar menos de 50% da área total, ao passo que o resto é reservado para espaço aberto, incluindo os Jardins do Vaticano. O território possui muitas estruturas que ajudam a fornecer autonomia ao Estado soberano, estes incluem: linhas ferroviárias (utilizadas principalmente para transporte de mercadorias), heliporto, correios (Gabinete Filatélico e Numismático da Cidade do Vaticano), farmácia (Farmácia do Vaticano), jornais (Acta Apostolicae Sedis e L’Osservatore Romano), estação de rádio (Rádio do Vaticano), televisão (Centro Televisivo do Vaticano), quartéis militares (Guarda Suíça e Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano), palácios e gabinetes governamentais, instituições de ensino superior, cultural e de arte, e algumas embaixadas. 

Piazza Obliqua vista da Piazza Retta
O Tratado de Latrão, de 1929, que criou a Cidade Estado do Vaticano, a descreve como uma nova criação e não como um vestígio dos muito maiores Estados Pontifícios (756-1870), que anteriormente abrangiam a região central da Itália. A maior parte deste território foi absorvida pelo Reino de Itália em 1860 e a porção final, ou seja, a cidade de Roma, com uma pequena área perto dele, 10 anos depois, em 1870. Os papas residem na área, que em 1929 tornou-se a Cidade do Vaticano, desde o retorno de Avignon em 1377. Anteriormente, residiam no Palácio de Latrão na Colina Célio no lado oposto de Roma, local que Constantino deu ao Papa Milcíades em 313. A assinatura dos acordos que estabeleceram o novo Estado teve lugar neste último edifício, dando origem ao nome Tratado de Latrão, pelo qual é conhecido. 

Piazza Obliqua vista da Piazza Retta

Piazza Obliqua com a colunata dórica e o
Obelisco Central
A Cidade do Vaticano é um Estado eclesiástico ou teocrático-monárquico, governado pelo Bispo de Roma, o Papa. Tecnicamente é uma monarquia eletiva, não hereditária (isto seria impossível, já que o Papa é celibatário). Pode-se considerar o Vaticano como uma autocracia, porque todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) estão concentrados na figura do Papa, que não possui qualquer órgão que fiscalize seus atos como governante, e, por ser considerado sucessor de São Pedro, não deve prestação de contas a ninguém, considerando-o um emissário de Deus na Terra. O Estado do Vaticano administra as propriedades situadas em Roma e arredores que pertencem à Santa Sé. Fora da Cidade do Vaticano, o Estado possui vários edifícios em Roma e Castel Gandolfo (a residência de verão do Papa) que gozam de direitos extraterritoriais. O Estado do Vaticano, com o estatuto de Observador nas Nações Unidas, é reconhecido internacionalmente e foi admitido membro de pleno direito das Nações Unidas, em julho de 2004, mas abdicou voluntariamente do direito de voto.



Obelisco Central
Vaticano é uma colina situada na região noroeste de Roma e não possui ligação com as Sete Colinas de Roma. Era o local dos oráculos muito antes da Roma pré-cristã. Nesta área originalmente desabitada (o Ager Vaticanus), do lado oposto do Rio Tibre na cidade de Roma, Agripina drenou o morro e arredores e construiu seus jardins no início do século I. Durante o Período do Império, o lugar atual do Vaticano estava ocupado por um circo mandado construir pelo Imperador Calígula e concluído pelo Imperador Nero, o Circus Vaticanus. O Obelisco do Vaticano foi originalmente tomado por Calígula a partir de Heliópolis, Egito, para decorar a coluna de seu circo e é, portanto, o seu último vestígio visível. Esta área tornou-se o local do martírio de muitos cristãos, depois do Grande Incêndio de Roma, em 64. A tradição antiga afirma que foi nesse Circo que São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. Era um lugar um pouco afastado da cidade, aonde se vinha para se divertir e ver as corridas de bigas, um divertimento que era na época, tão popular como os nossos jogos de futebol. 


Chafariz na Piazza di San Pietro
Em frente ao Circo havia um cemitério, sendo separados pela Via Cornélia. Monumentos funerários, mausoléus e túmulos, bem como pequenos altares a deuses pagãos de todos os tipos de religiões politeístas, eram construídos até a construção da Basílica de Constantino de São Pedro, na primeira metade do século IV. A partir de então a área começou a se tornar mais populosa, mas a maioria apenas por habitações ligadas à atividade de São Pedro. Os vestígios desta antiga necrópole foram trazidos à luz esporadicamente durante renovações por vários papas ao longo dos séculos, aumentando sua frequência durante o Renascimento, até que foram sistematicamente escavadas por ordem do Papa Pio XII entre 1939-1941. Um palácio foi construído próximo ao local da Basílica já no princípio do século VI durante o pontificado do Papa Símaco, que foi Papa no período de 498-514. Os papas gradualmente passaram a ter um papel secular como governadores de regiões próximas a Roma. Eles governaram os Estados Pontifícios. Durante um período de quase mil anos, que teve início no império de Carlos Magno no século IX, os papas reinavam sobre a maioria dos estados temporais do centro da Península Itálica, incluindo a cidade de Roma, e partes do sul da França. Pela maior parte deste tempo o Vaticano não foi a residência habitual dos papas, mas o Palácio de Latrão, e nos últimos séculos, o Palácio do Quirinal, enquanto a residência entre 1309-1377 foi em Avignon, na França. As terras tinham sido doadas em 756 por Pepino, o Breve, Rei dos Francos.

Chafariz na Piazza di San Pietro

Palazzo Apostolico
Durante o processo de unificação da Península, a Itália gradativamente absorveu os Estados Pontifícios. Em 1870, as tropas do Rei Vittorio Emanuele entram em Roma e incorporam a cidade ao novo Estado. Em março de 1871, Vittorio Emanuele II ofereceu como compensação ao Papa Pio IX uma indenização e o compromisso de mantê-lo como chefe do Estado do Vaticano, um bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja. O Papa, porém, recusou-se a reconhecer a nova situação e considerou-se prisioneiro do poder laico. Além disso, proibiu os católicos italianos de votar nas eleições do novo Reino. Essa incômoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja, a chamada Questão Romana, só terminou em fevereiro de 1929 quando o Cardeal Pietro Gasparri e o Primeiro-Ministro italiano Benito Mussolini assinaram o Tratado de Latrão, aceitando a proposta que anteriormente havia sido negada pelo Papa Pio IX, pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, declarado Estado soberano, neutro e inviolável.

Palazzo Apostolico

Guarda Suíça
O orçamento do Estado do Vaticano inclui os rendimentos dos Museus Vaticanos e dos correios e é apoiado financeiramente pela venda de selos, moedas, medalhas e lembranças turísticas; por taxas de admissão aos museus; e por publicações vendidas. Não há outro lugar no mundo com tanto valor artístico e intelectual concentrado como no Arquivo Secreto do Vaticano, na Biblioteca Apostólica Vaticana, e nos acervos de arte (pintura, escultura e arte sacra) das igrejas romanas. Os rendimentos e padrões de vida dos trabalhadores são comparáveis aos dos colegas que trabalham na cidade de Roma. Outras indústrias incluem a impressão, a produção de mosaicos e a fabricação de uniformes dos funcionários. O Instituto para as Obras de Religião, também conhecido como o Banco do Vaticano e pela sigla IOR, é um banco situado no Vaticano que realiza atividades financeiras em todo o mundo. Tem um caixa eletrônico com instruções em latim, possivelmente, o único do tipo no mundo. O país mantém um canal de donativos conhecido como Óbolo de São Pedro, no qual o doador remete os fundos diretamente ao Vaticano. Através de um acordo com a Itália, representando a União Europeia, a unidade monetária do Vaticano é o Euro. O Estado tem a sua própria concepção de moedas e notas de Euros, que têm aceitação na Itália e em outros países da Zona do Euro. O Vaticano não tem uma casa de emissão própria, de forma que a Itália faz a cunhagem das moedas para o país.

Guarda Suíça

Guarda Suíça

Obelisco do Vaticano
A cultura do Vaticano é obviamente correspondente à cultura da Igreja Católica e o seu expoente são as obras de arquitetura como a Basílica di San Pietro, a Arquibasílica de São João de Latrão, a Piazza di San Pietro, a Capela Sistina e a coleção dos Museus do Vaticano. O Palácio onde reside o Papa tem 5.000 quartos, 200 salas de espera, 22 pátios, 100 gabinetes de leitura, 300 casas de banho e dezenas de outras dependências destinadas a recepções diplomáticas. Dos fogões do Vaticano saíram tentações como os ovos beneditinos (um capricho de Bento XI), a lagosta com trufa branca (habitual nas coroações do Renascimento), a mousse de faisão ao molho Chaudfroid (prato preferido de Pio V) ou o marsipan de água de rosas (uma iguaria da Idade Média). A arquitetura do Vaticano, o canto gregoriano cantado pelo Coro da Capela Sistina, além das vestimentas e símbolos utilizados pelo Papa, pelos Cardeais e pelos soldados da Guarda Suíça, são considerados como uns dos principais resquícios da cultura medieval na atualidade. Ir a Roma e não conhecer o Vaticano é um pecado. Não no sentido religioso da palavra, mas uma falta grave no âmbito turístico. Conhecer a menor nação do mundo, o Estado da Cidade do Vaticano, com aproximadamente meio quilômetro quadrado, é mais que uma experiência religiosa: é uma oportunidade de ver grandes tesouros culturais da Humanidade. 

Piazza de San Pietro e Colunata Dórica
A Biblioteca Apostólica Vaticana e as coleções dos Museus Vaticanos são da mais alta importância histórica, científica e cultural. Em 1984, o Vaticano foi adicionado pela UNESCO para a lista dos Patrimônios Mundiais; é o único que consiste em um Estado inteiro. Além disso, é o único local registrado na UNESCO como um centro monumental no “Registro Internacional dos Bens Culturais sob Proteção Especial” de acordo com a Convenção para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado de Haia, assinada em 1954. No território do Vaticano existem vários edifícios de origem muito antiga. Contudo, existem propriedades que não estão na Cidade do Vaticano, mas que, em virtude do Tratado de Latrão assinado entre a Santa Sé e a Itália, estão sujeitas à extraterritorialidade com isenção de impostos e expropriação.

Colunata Dórica
O acesso mais conhecido à Cidade do Vaticano, o menor Estado independente do mundo, é pela Piazza di San Pietro, cercada pelas colunas dispostas em elipse e encimadas por cerca de 140 santos. A Piazza di San Pietro é outro projeto de Gian Lorenzo Bernini e foi feita no século XVII. Foi desenhada em estilo clássico, mas com adições do barroco. O estilo clássico pode ser apreciado na colunata dórica que enquadra a entrada trapezoidal para a Basílica e a grande área oval que a precede. A parte oval da Piazza reflete o estilo barroco, próprio da época da Contrarreforma. Quase todos os visitantes que chegam ao Estado do Vaticano visitam primeiro a Piazza, uma das melhores criações de Bernini. Quando em 1656 Bernini recebeu o encargo do Papa Alexandre VII de aperfeiçoar a Piazza diante da Basílica di San Pietro, esta era enorme, retangular, com piso de terra. Levava ao bairro vizinho do Borgo e não tinha adornos. Por exigência do Papa, os peregrinos deveriam ser capazes de entrar e olhar o balcão central do qual o Papa dava, e ainda dá, sua bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo).

Colunata Dórica e ao fundo o Palazzo Apostolico
Bernini desenhou sua obra-prima imaginando dois espaços abertos conjuntos. O primeiro, a Piazza Obliqua, tem forma de uma elipse rodeada por colunatas (quatro enormes fileiras de altas colunas dóricas. As colunas são 284, no total, e as pilastras, 88) que se abrem como num grande abraço maternal e simbolizam a Igreja Mãe. Há um corredor largo, entre elas, pelas quais passam automóveis, e duas aberturas mais estreitas para pedestres. O pavimento tem pedras brancas que marcam o caminho até o Obelisco Central, montado sobre quatro leões de bronze. Tradicionalmente, o Obelisco representa o elo entre a antiguidade e a cristandade, pois se diz que as cinzas de César descansam em sua base e uma relíquia da Santa Cruz está escondida no topo. Dos dois lados, há duas fontes em bronze, com bases de granito. Os alinhamentos perfeitos da rua e dos prédios que levam à Piazza fazem um corredor enorme que desemboca no Obelisco Central.

Inscrição na base do Obelisco Central
O Obelisco do Vaticano que podemos ver na atualidade no centro da Piazza di San Pietro provém do antigo circo: ele foi trazido do Egito para decorar a parede central da pista, em redor da qual tinham lugar as corridas. O Obelisco não sairá do seu lugar durante mais de 1500 anos, até que o Papa Sisto V, conseguira onde os seus quatro predecessores falharam: em 1586, após um trabalho de titãs e um deslocamento de 300 metros, o Obelisco ocupa doravante a posição central da Piazza di San Pietro. Roma volta a descobrir a sua antiga glória perante um símbolo da cristandade triunfante. Nós, como simples turistas, olhamos para este Obelisco e esta Piazza com respeito e admiração. Basta imaginar que foi provavelmente na base do Obelisco do Vaticano que São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo no tempo de Nero. O Obelisco Central tem 40 metros de altura, incluindo a base e a cruz do topo. Bernini complementou a colocação do Obelisco com uma fonte em 1675. Foi preciso mais de 900 homens para erguê-lo. Um pormenor interessante, o Obelisco foi transformado em gnomon de relógio solar em 1817. Adicionaram-se algumas pedras no lugar da sombra da ponta do Obelisco ao meio-dia à entrada do sol em cada signo do zodíaco. São pequenos detalhes que fazem toda a diferença.

Piazza Retta
O segundo espaço, a Piazza Retta, imediatamente a seguir e bem frontal à Basílica di San Pietro, é um espaço trapezoidal que aumenta ao encostar-se à Piazza, diminuindo assim numa ilusão de ótica a amplidão da fachada. O edifício à direita abriga o Palazzo Apostólico, que leva à "Scala Regia", a escadaria cerimonial desenhada por Bernini. Na Piazza, o Papa celebra a Missa Pontifícia nas maiores festas da Igreja. Cento e quarenta estátuas (santos e mártires, papas e fundadores de ordens religiosas) saúdam os peregrinos da balaustrada das colunas, que tem 17 metros de largura. O brasão e as inscrições evocam o Papa Alexandre VII, que encomendou a obra. A Guarda Suíça é mais simpática do que a britânica, talvez por usar roupas bem mais coloridas que os comandados da Rainha.