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sábado, 12 de março de 2016

Tour por Buenos Aires - San Telmo

San Telmo
Pense num bairro de Buenos Aires bem antigo e com casarões centenários. De calçadas estreitas e ruas de paralelepípedos. Com esse charme todo que o converte rapidamente num dos lugares favoritos dos turistas estrangeiros. Sim, estamos falando de San Telmo, aquele pequeno pedaço de Buenos Aires cuja tradição contagia e seduz. Logo ao sul de Montserrat, San Telmo ocupa uma posição central na história de Buenos Aires. Originalmente povoado por estivadores e oleiros no século XVII, o bairro mais antigo de Buenos Aires não deixa escapar seu charme colonial. Em suas origens, a área foi se povoando com trabalhadores portuários, e se encontrava fora da área urbana, limitada aos arredores da Plaza de Mayo. Além do mais, o Arroio Tercero Del Sur a separava fisicamente, especialmente quando transbordava com as chuvas. Como o lugar estava em um platô, era conhecido como El Alto. O principal local onde se assentaram os moradores era a Calle Real, atual Calle Defensa, que conectava diretamente a Plaza Mayor (hoje Plaza de Mayo) com a margem do rio.

Parroquia de San Pedro
González Telmo
Em 1748, em um terreno doado pelo vizinho Don Ignacio Bustillo y Zeballos, a Ordem dos Jesuítas começou a construção da Iglesia de Nuestra Señora de Belém, junto a qual se instalou a Casa de Ejercicios Espirituales. Por esta última, começou a ser conhecido como o Bairro da Residência. Quando em 1767 os jesuítas foram expulsos da América pelo Reino da Espanha, os bethlemitas assumiram a Igreja em 1785, e a "residência" começou a ser usada como uma prisão. Quando em 1806 se criou a Parroquia de San Pedro González Telmo, a Iglesia de Belém foi eleita como templo provisório, esperando a construção da Igreja consagrada a esse santo, que nunca seria executada. San Telmo tem três igrejas, todas bem diferentes uma da outra. A primeira da lista é a Parroquia de San Pedro González Telmo (o padroeiro dos marinheiros), que é hoje Monumento Histórico Nacional. A fachada é de estilo eclético, com elementos arquitetônicos neocoloniais. Na parte superior se encontra a imagem de San Pedro González Telmo. A que mais chama a atenção, no entanto, é mesmo a Igreja Ortodoxa Russa, em frente ao Parque Lezama. Foi inaugurada em 1904, de acordo com projeto original do arquiteto Mihail Preobrazensky. Seu estilo é moscovita do século XVII. Na fachada, em mosaico veneziano, há uma representação da Santíssima Trindade, realizado em São Petersburgo. Mais escondida, está a Igreja Dinamarquesa inaugurada em 1931 e de estilo neogótico, com traços da arquitetura nórdica.


Prédios tombados pelo 
Patrimônio Histórico Nacional
Assim, o bairro começou a ser chamado Alto de San Pedro. Em uma lacuna situada sobre a Calle Defensa, foi criado no fim do século XVIII um lugar de parada para veículos que vinham com mercadorias de Riachuelo, conhecido como o Hueco Del Alto ou o Alto de las Carretas. Ali, os portenhos juraram independência da Espanha, firmada em Tucumán em 1816. Apesar das dificuldades, depois da Independência da Argentina o bairro começou a melhorar com a instalação de gás, luz, água encanada, esgoto, entre outras coisas. A Plaza foi chamada Del Comercio em 1822, e na década de 1860 se estabeleceu o Mercado, que permaneceu até que em 1897 se inaugurou o atual Mercado San Telmo. O Mercado tinha barracas de açougue, peixe, legumes, floricultura, padaria e sapataria. Logo o Mercado se tornou um dos lugares favoritos para os moradores de San Telmo. Pouco depois, a Plaza foi chamada Coronel Dorrego.

Prédios Históricos em San Telmo

Prédios Históricos em San Telmo
San Telmo foi habitada por famílias tradicionais de Buenos Aires como Domingo French e Esteban Echeverría, até que a epidemia de febre amarela de 1871 os fez mudar para o norte. Assim começaram a alugar suas casas antigas para imigrantes europeus que na mesma época começaram a chegar em grande número, por uma política do Governo Nacional. Buscando a sorte, eles se instalavam precariamente nos chamados conventillos. Nessas décadas, como a arquitetura moderna começou a se espalhar na Argentina, começou a demolição e alteração de vários edifícios no bairro, perdendo parte de seus principais patrimônios. Recentemente, em 1970, graças à iniciativa do arquiteto José María Peña, fundador do Museu da Cidade, foi criado na Plaza Coronel Dorrego a Feira de Coisas Velhas e Antiguidades de San Pedro Telmo, dedicada a antiguidades e objetivando que os portenhos valorizassem seu patrimônio histórico. Mercadorias artesanais e itens colecionáveis inusitados enchem as barraquinhas que formam a Feira. Com o passar dos anos, se formou um pequeno polo de antiquários pitorescos que começaram a atrair turistas e foi a semente da impressão atual que o bairro passa.

Plaza Dorrego

Plaza Dorrego
Há lojas que oferecem peças de arte, antiguidades, móveis de séculos passados, artesanatos de prata de América, e todo tipo de lembranças. Sem a magia da Feira, as ruas de San Telmo certamente ficariam mais sonolentas aos domingos. O local, além das muitas barraquinhas de antiguidades, abriga artistas locais de todos os gêneros: de dançarinos de tango a mímicos, sendo palco, também, de artistas anônimos, em busca de alguns trocados e diversão. Tem muita música ao vivo, gente dançando e performances ecléticas por ali, o que deixa o clima com jeito de carnaval. Em meio a toda essa energia, você fica com a impressão de que a cidade toda foi passar o domingo em San Telmo. San Telmo entrou no circuito turístico de Buenos Aires principalmente por sua Feira de Coisas Velhas e Antiguidades, que existe há mais de 40 anos e acontece todos os domingos. A Plaza Coronel Dorrego também é um atrativo em si. É a segunda Plaza mais antiga de Buenos Aires, depois da Plaza de Mayo, e é o coração de San Telmo. Aproveite para fazer um pit-stop, tomar uma cervejinha ou um café nos lugares ao redor da pracinha, vendo um show de tango ao ar livre. Sempre há bailarinos pela região. Mas não se esqueça de deixar uma boa gorjeta no chapéu, especialmente se fizer fotos – eles vivem da generosidade dos turistas. 

Plaza Dorrego

Prédios Históricos em San Telmo
Em 1978, o bairro sofreu uma drástica modificação quando Osvaldo Cacciatore finalizou o projeto de ampliação de velhas avenidas. Assim, as Calles Independência e San Juan de Garay foram expandidas e todos os seus edifícios de antes de 1910 foram demolidos, incluindo a Casa de Orange, a mais antiga de pé da cidade (século XVII). Em 1979, o arquiteto Peña liderou o projeto, onde uma área de 120 quarteirões do Bairro Sul, deveria manter intactos os prédios como patrimônios históricos, e os que fossem construídos no futuro deveriam ter estilo contemporâneo, para não serem confundidos com os autênticos. Essa lei controversa seria o primeiro passo para a preservação da arquitetura antiga da cidade. Sua área completa é considerada Monumento Histórico Nacional. San Telmo conserva todos os rasgos legítimos da autêntica Buenos Aires: as ruas empedradas, altas árvores e um estilo particular de lâmpadas que ainda estão em uso, brindando ao bairro uma atmosfera de recordações únicas.

Prédios Históricos em San Telmo

Feira de San Telmo
Moradores locais, viajantes, artistas e historiadores são seduzidos pelos prédios de San Telmo e sua atmosfera antiga. É bem verdade que o charme decadente de San Telmo pode levar um tempo para conquistar os viajantes. Num primeiro momento, quem passa com pressa pelas suas avenidas pode achar suas construções mal preservadas nada atraentes. Porém, basta parar alguns segundos que nos damos conta dos seus detalhes sedutores. As fachadas rústicas e o cenário romântico que se vê por ali garantem a posição do bairro como um dos preferidos e mais requisitados da cidade. Repleto de histórias e não menos cheio de vivacidade, San Telmo é mesmo um caso à parte. O brilho do bairro parece eterno. Hoje em dia, porém, não é mais a alta classe que vive na região. O bairro é ótimo para conhecer caminhando e observando as lojas de roupas, decoração e objetos antigos. Mas San Telmo tem um espírito bem mais jovem. O melhor dia para ir até o lugar é o domingo, quando acontece a Feira de San Telmo, o mercado de pulgas mais famoso de Buenos Aires, uma das mais legais de toda a cidade – suas ruas ficam cheias de gente.

As cores de San Telmo

Arquitetura típica de San Telmo
Um café clássico aqui, uma sacada fotogênica acolá e uma simpática pracinha no meio de tudo isso. Pronto. Você provavelmente já está disposto a aceitar o convite de San Telmo para passar mais algumas horas juntos. Mas não se preocupe, pois apesar de ser um bairro tradicional, este encontro não precisa ser tão conservador. Apesar de sua idade, a vivacidade das ruas do bairro não diminui, e seu charme imprevisível se mostra irresistível a cada esquina. O Bairro de San Telmo é conhecido como o bairro boêmio da cidade. Do mais refinado ao descontraído, San Telmo é conhecido por sua profusão de cafés e restaurantes. Como acontece na maioria da cidade, os comensais preferem as mesinhas na calçada aos espaços internos. Rico em tradições, mas sempre aberto às tendências contemporâneas, o bairro tem uma boa dose de restaurantes elegantes para complementar seus cafés informais. Eles misturam com maestria sabores argentinos com toques internacionais. A Avenida Caseros, em San Telmo, vem sendo considerada a “nova Palermo”, especialmente em função do polo gastronômico e dos novos investimentos imobiliários. Em San Telmo é sempre tempo para mais uma rodada de comes e bebes. 

Bares de San Telmo

Detalhes das sacadas dos prédios em San Telmo
Se a Recoleta conquista pelo charme e Palermo pelo astral descolado, San Telmo utiliza a via oposta para encantar os turistas. Quem reina no bairro é a atmosfera nostálgica de um passado que não se deixa no esquecimento. É aquele tipo de lugar que a gente demora em gostar, mas depois que somos seduzidos queremos estender ao máximo nossa relação. Espere encontrar casarões antigos, ruas tranquilas e ruas agitadas, lojas de antiguidades, além de cafeterias e restaurantes que estão ali há mais de décadas. Para quem está em busca de um lugar para se hospedar, San Telmo também possui boas acomodações a preços realistas. Suas calçadas servem de palco para demonstrações improvisadas e verdadeiras festas itinerantes. Suas igrejas, torres, parques e praças são exemplos vivos da história de San Telmo. Os prédios dali são a redefinição de certa elegância decadente.

Detalhes das sacadas dos prédios em San Telmo

Arquitetura típica de San Telmo
A história de San Telmo propicia um solo mais que fértil para a cena artística. Aqui, história e cultura de primeira se encontram. Inaugurado em setembro de 2012, o Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires (MACBA) tem o acervo composto pela coleção de Aldo Rubino, que data da década de 1980 e reúne itens da produção artística contemporânea local e internacional com tendências de abstração geométrica. Já o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires (MAMBA), criado em 1956, por iniciativa do crítico de arte Rafael Squirru, expõe a produção argentina de arte contemporânea com tendências vanguardistas das décadas de 1940 a 1960, além de obras nacionais e internacionais que datam de 1920 até os dias atuais. Com acervo de cerca de sete mil obras, o Museu apresenta exposições permanentes e itinerantes que contemplam artistas mundialmente reconhecidos, como Joan Miró e Pablo Picasso. Já as artes performáticas têm seu espaço próprio nas casas de tango e salões de baile do bairro. San Telmo não faz cerimônia na hora de revelar sua idade. A passagem do tempo permitiu aos donos de estabelecimentos dali acumularem montanhas e mais montanhas de antiguidades. Lojas que vendem itens curiosos e efemeridades prosperam por lá. Mesmo para quem não gosta de antiguidades ou do movimento tangueiro, San Telmo é uma opção charmosa para um passeio descompromissado. 

Arquitetura típica de San Telmo

Prédios tombados pelo Patrimônio
Histórico Nacional
Instalado na Calle Defensa, está o Museu Histórico Nacional, no Parque Lezama. Na década de 1880, após meio século de guerras civis, o Museu Histórico Nacional foi criado para contribuir com a consolidação da Argentina como Estado Nação, desenvolvendo a memória coletiva e o sentimento de pertencimento do povo argentino a partir de uma iconografia patriótica. O Parque Lezama onde está situado ocupa uma grade área com fontes, esculturas, playground, amplas alamedas, bancos e muito verde. Em 1857, José Gregorio Lezama adquiriu a propriedade que atualmente abriga o Parque Lezama, exportou árvores e plantas exóticas de todo o mundo, contratou paisagistas belgas e a transformou em um dos jardins privados mais luxuosos da época. Após seu falecimento, em 1889, sua esposa, Ángela de Álzaga, decidiu vender o terreno para a municipalidade, com a condição de que se tornasse um espaço público batizado com o nome de seu marido. Em 1894, o Parque foi inaugurado. Seu conjunto de esculturas chama atenção pela diversidade. Entre as obras, monumentos representam Madre Tereza de Calcutá, La Loba Romana e Palas Atenas, além de Don Pedro Mendoza (fundador de Buenos Aires) e a Cordialidade Argentino-Uruguaia. O Parque Lezama se estabeleceu a partir do local onde Buenos Aires foi fundada no século XVI pelos colonizadores espanhóis. Dá para dizer tranquilamente que o que eles plantaram ali deu certo e se tornou uma cidade toda cultivada. Muitos séculos depois, o Parque continua refrescando os argentinos em tardes quentes e fins de semana de tranquilidade.

Ruas de San Telmo

Museu Histórico Nacional
Por aqui viveu Joaquín Salvador Lavado Tejón, Quino, o célebre cartunista argentino, criador da sapeca e boca-dura Mafalda. Mafalda ficou conhecida por seus questionamentos e sua preocupação com causas sociais entre os anos 1960 e 1970, mas continua muito popular até os dias de hoje. A Estátua da Mafalda, na esquina das Calles Chile e Defensa, em San Telmo, é outro hit do bairro. Nos finais de semana há fila para tirar uma foto com a personagem mais famosa e querida dos quadrinhos argentinos. A estátua mede 80 centímetros, a obra foi construída pelo escultor Pablo Irrgang e está lá desde agosto de 2009. Em 2014, ganhou a companhia de dois de seus melhores amigos: Susanita e Manolito, quando a personagem completou 50 anos. A Estátua da Mafalda é o ponto de partida do Paseo de La Historieta, uma homenagem aos quadrinhos argentinos, que termina no Museu do Humor, em Puerto Madero.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Cruzeiro Rumo ao Prata - Buenos Aires

Avenida 9 de Julio
Aproveitamos bem o único dia que ficamos em Montevidéu. Embarcamos novamente no final do dia rumo à Buenos Aires, na Argentina. Ficaríamos dois dias na cidade, então compramos um pacote turístico, daqueles oferecidos pelo navio, para o Grand Tour de Buenos Aires. Buenos Aires também tem um ônibus turístico que faz a city tour em 24 paradas, o Buenos Aires Bus. Voltaríamos no dia seguinte com mais tempo para as fotografias nos locais que mais nos agradasse e para conhecer as lojas do Galerias Pacífico Shopping Mall, um dos principais shoppings de Buenos Aires, e que ocupa um edifício histórico, construído em 1889,  num quarteirão inteiro, na Calle Florida, uma das principais ruas de comércio da cidade. Ao longo dela é possível encontrar muitas lojas de roupas, lojas de departamento e dezenas de centros comerciais e galerias. 

El Cabildo

Avenida 9 de Julio e o Obelisco
O pacote turístico era para o dia todo e dava direito ao almoço no Restaurante El Viejo Almacén no Bairro de San Telmo, onde todos os domingos se instala a famosa Feira de Antiguidades, junto, aliás, de vários estabelecimentos de antiquários. Os shows de tango são um dos principais atrativos da cidade, até porque constituem uma das características mais afamadas da cultura argentina. São muitas as casas de espetáculos que apresentam shows variados de dança e música, muito procurados por quem faz turismo na cidade, nós fomos ao show da Señor Tango, um dos lugares mais famosos de Buenos Aires.

Embaixada Brasileira em Buenos Aires

Avenida Roque Sáenz Peña
A capital argentina é, muitas vezes, a primeira viagem dos brasileiros ao exterior. A boa quantidade de voos e a frequência com que as companhias aéreas oferecem promoções são um incentivo a mais para que a cidade entre na lista de desejos de muitos viajantes. Buenos Aires se renova a cada dia e quem se apaixona pelo lugar faz questão de voltar outras vezes, fazer novos passeios e conhecer novos lugares. Como centro urbano que é Buenos Aires sofre das mazelas de uma cidade grande, mas também oferece tudo que se espera de uma metrópole. Buenos Aires é um dos mais importantes destinos turísticos do mundo, é conhecida por sua arquitetura de estilo europeu e por sua rica vida cultural, parques, variedade de restaurantes, opções de entretenimento noturno, muitas lojas e com a maior concentração de teatros do mundo. Nos últimos anos a cidade se converteu em um polo turístico, em especial pela baixa de custos que produziu para os visitantes estrangeiros e a constante desvalorização do Peso Argentino.

Embaixada Brasileira em Buenos Aires - Palacio Pereda

Avenida Roque Sáenz Peña e Obelisco ao fundo
Se não bastasse, a gastronomia local não deixa nada a desejar nem mesmo aos amantes mais ferrenhos da cozinha e, apesar de ser famosa por suas carnes, a cidade apresenta também muitas opções para os vegetarianos. Bares e restaurantes com mesinhas na rua são paradas quase obrigatórias durante os dias de verão, em que não será difícil encontrar casais dançando tango pelas praças de San Telmo ou La Boca. Mas não se espante se lhe servirem uma cerveja que pareça um pouco morna para o paladar brasileiro: assim como para os europeus, o conceito de cerveja gelada para os portenhos é alguns graus acima do que estamos acostumados. Apesar disso, não podemos esquecer que o país é reconhecido pela qualidade de seus vinhos, em especial o Malbec, que merece ser degustado como acompanhamento de um tradicional bife de chorizo.

Hotel Centro Naval na Calle Florida

Restaurante El Viejo Almacén 
em San Telmo
Um passeio pelas ruas do centro da cidade e, principalmente, pela famosa Calle Florida, pode parecer uma verdadeira viagem no tempo, com muitos edifícios datados dos séculos XIX e XX. Há quem ame e há quem não possa escutar o nome da Calle Florida. Agitada e barulhenta, a região central de Buenos Aires desperta sentimentos oito ou oitenta. São detalhes como esse que fazem com que Buenos Aires seja uma cidade atemporal e mereça uma visita mais atenta. Buenos Aires é a capital e a maior cidade da Argentina, além de ser a segunda maior área metropolitana da América do Sul, depois da Grande São Paulo. Está localizada na costa ocidental do estuário do Rio de La Plata, na costa sudeste do continente. A cidade de Buenos Aires não é parte da Província de Buenos Aires e nem é a sua capital, mas um Distrito autônomo. 

             Restaurante El Viejo Almacén 
        em San Telmo





Por algumas formas de comparação, Buenos Aires é uma das 20 maiores cidades do mundo. Ao lado da Cidade do México, do Rio de Janeiro e de São Paulo, é Buenos Aires uma das quatro únicas cidades latino-americanas consideradas uma cidade global alfa. A Argentina tem a terceira melhor qualidade de vida na América Latina. A qualidade de vida na cidade de Buenos Aires é classificada como sendo a 62ª melhor do mundo. A capital argentina é uma das mais importantes e mais populosas entre as capitais sul-americanas, muitas vezes referida como a “Paris da América do Sul”. As pessoas nascidas em Buenos Aires são referidas como portenhos (pessoas do porto). A cidade é a terra natal do atual Papa Francisco (ex-arcebispo de Buenos Aires), e de Máxima dos Países Baixos, a atual rainha-consorte da realeza neerlandesa.

Avenida Corrientes e o Obelisco ao fundo


Bares de San Telmo
Oficialmente a cidade se encontra dividida em 48 bairros ou unidades territoriais que derivam das antigas paróquias estabelecidas no século XIX. Cada bairro tem sua própria história e características populacionais que lhe imprimem cor, estilo e costumes únicos; e é um reflexo da variedade cultural que atua na cidade. Algumas destas unidades territoriais existem desde décadas, no entanto existem outras que foram determinadas recentemente. Os bairros do norte e noroeste têm-se convertido no centro da riqueza, com lojas exclusivas e várias áreas residenciais da classe alta como Recoleta, Palermo, Belgrano assim como Puerto Madero, localizado no sul da cidade. Em outro bairro do sul como Barracas, emerge uma população de classe média e média alta graças ao auge imobiliário na zona. Com exceção de Puerto Madero e Barracas, a zona sul é a que ostenta os menores indicadores socioeconômicos da cidade. De acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo, o turismo vem crescendo na capital argentina desde 2002. Em uma pesquisa realizada pela revista de viagens e turismo Travel + Leisure em 2008, os viajantes votaram em Buenos Aires a segunda cidade mais desejável para visitar depois de Florença, na Itália.

Movimentação na Calle Florida
O marinheiro Juan Díaz de Solís, navegando em nome do Império Espanhol, foi o primeiro europeu a chegar ao Rio de La Plata em 1516. Sua expedição foi interrompida quando foi morto durante um ataque da tribo nativa dos Charruas, na região do atual Uruguai. A cidade de Buenos Aires foi estabelecida pela primeira vez como Ciudad de Nossa Senhora Santa Maria Del Buen Ayre (literalmente "Cidade de Nossa Senhora Santa Maria dos Bons Ventos") em homenagem a Nossa Senhora de Bonaria (Padroeira da Sardenha) em fevereiro 1536 por uma expedição espanhola liderada por Pedro de Mendoza. O assentamento fundado por Mendoza estava localizado no atual Bairro de San Telmo, ao sul do centro da cidade. Mais ataques indígenas derrubaram os colonos e, em 1542, o local foi abandonado e quase 50 anos depois foi rebatizada com o nome de Ciudad de La Santísima Trinidad y Puerto de Nuestra Señora Del Buen Ayre. O Rio de La Plata e o Riachuelo (um dos rios mais poluídos do mundo) são os limites naturais da Cidade Autônoma de Buenos Aires ao leste e ao sul.

Galerias Pacífico Shopping Mall na Calle Florida
Desde os primeiros dias, Buenos Aires dependia principalmente do comércio. Durante a maior parte do século XVI, os navios espanhóis eram ameaçados por piratas, por isso desenvolveram um sistema complexo onde navios com proteção militar eram despachados para a América Central em um comboio de Sevilha, o único Porto permitido para comercializa com as colônias, até Lima, no Peru, e para as outras cidades do Vice-Reino. Por isto, os produtos levavam muito tempo para chegar a Buenos Aires e os impostos gerados pelo transporte os tornaram proibitivos. Este esquema frustrou os comerciantes locais e uma próspera e informal indústria de contrabando, ainda que aceito pelas autoridades, se desenvolveu dentro das colônias e com os portugueses. Isto também inculcou um profundo ressentimento entre os porteños em relação às autoridades espanholas.

    Galerias Pacífico Shopping Mall na Calle Florida
Percebendo esses sentimentos, Carlos III da Espanha aliviou progressivamente as restrições comerciais e, finalmente, declarou Buenos Aires um porto aberto no final do século XVIII. A captura de Porto Bello pelas forças britânicas também alimentou a necessidade de promover o comércio através da rota atlântica, em detrimento do comércio baseado em Lima. Uma de suas decisões foi dividir uma região do Vice-Reino do Peru e criar, em vez disso, o Vice-Reino do Rio de La Plata, com Buenos Aires como a sua capital. No entanto, as ações de Carlos não tiveram o efeito desejado e os porteños, alguns impulsionados pela Revolução Francesa, ficaram ainda mais convencidos da necessidade de independência da Espanha.

Pintura no teto do Galerias Pacífico Shopping Mall

Pintura no teto do Galerias Pacífico
Shopping Mall
As condições de saúde em áreas pobres eram ruins, com altas taxas de tuberculose. Os médicos e os políticos de saúde pública geralmente culpavam os próprios pobres e as suas casas desoladoras (conventillos) pela disseminação da doença temida. As pessoas ignoraram as campanhas de saúde pública para limitar a propagação de doenças contagiosas, como a proibição de cuspir nas ruas, as diretrizes rígidas para cuidar de bebês e crianças pequenas e quarentenas que separaram famílias. A chegada de ideias liberais fomentou a criação de movimentos emancipadores, que desencadearam em 1810 a Revolução de Maio e a criação do primeiro governo pátrio. Logo depois das guerras civis e da reunificação do país, Buenos Aires foi eleita lugar de residência do Governo Nacional, ainda que este carecesse de autoridade administrativa sobre a cidade, que formava parte da Província de Buenos Aires. Além da riqueza gerada pela Alfândega de Buenos Aires e pelas terras férteis dos pampas, o desenvolvimento da ferrovia na segunda metade do século XIX aumentou o poder econômico de Buenos Aires à medida que as matérias-primas fluíam para suas fábricas. 



Obelisco na Avenida 9 de Julio


Avenida del Libertador
Durante a maior parte do século XIX, o estatuto político de Buenos Aires permaneceu um assunto sensível. A cidade já era a capital da Província de Buenos Aires e, entre 1853 e 1860, era a capital do Estado de Buenos Aires. A questão foi combatida mais de uma vez no campo de batalha, até que o assunto finalmente foi resolvido em 1880, quando a cidade foi federalizada e se tornou sede do governo do país, com o seu prefeito nomeado pelo presidente. A Casa Rosada tornou-se a residência oficial do presidente. Os limites da cidade foram ampliados para incluir as cidades de Belgrano e Flores, ambas agora bairros da cidade. Um dos principais destinos para imigrantes da Europa de 1880 a 1930, particularmente da Itália e da Espanha, Buenos Aires tornou-se uma cidade multicultural do mesmo nível das principais capitais europeias. As favelas (villas miseria) começaram a crescer em torno das áreas industriais da cidade durante a década de 1930, levando a problemas sociais disseminados e contrastes sociais. Um segundo boom da construção, de 1945 a 1980, remodelou o centro e grande parte da cidade. A Emenda Constitucional de 1994 concedeu a autonomia política à cidade, daí o seu nome formal: Ciudad Autónoma de Buenos Aires.

Avenida Corrientes e o Obelisco ao fundo
Buenos Aires também atraiu migrantes das províncias argentinas e países vizinhos. O setor mais importante para a economia da cidade é o de serviços, responsáveis por cerca de 78% do PIB de Buenos Aires (muito maior aos 56% em nível nacional). Os ramos mais importantes são os relacionados aos serviços comerciais, imobiliários, profissionais, empresariais e financeiros. Nos últimos anos, um dos setores que mais veem se destacando na economia da cidade é o relacionado à construção civil, já que a quantidade de permissões para construir concedidas pelo governo local aumentou cerca de 44% entre 2002 e 2008, principalmente na periferia e nas áreas mais valorizadas da cidade, como em Puerto Madero.

Famosa Casa de Tango de Buenos Aires
A Cidade de Buenos Aires evolucionou a partir de diversas correntes imigratórias pertencentes a diferentes culturas e, em consequência, tem criado um remarcado ecletismo que se evidência em sua arquitetura, na qual podem falar-se expressões que vão do frio academicismo ou art déco, até o alegre art nouveau; do neogótico moderno, passando pelo francês bourbônico, ao arranha-céu moderno realizado em vidro ou concreto. Os estilos muito pessoais, como por exemplo, o do colorido Bairro de La Boca. O traçado da cidade é muito regular. O Centro Histórico e financeiro da cidade possui quadras perfeitamente quadradas, estendidas de norte a sul e de leste a oeste, tal como seu fundador Garay as estabelecera. Este traçado de ruas perpendiculares (o chamado "damero") se estendeu em grande parte para o resto da cidade.

Señor Tango, casa sempre lotada