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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ouro Preto - História

Vista parcial de Ouro Preto
Uma fabulosa e linda cidade setecentista encravada em um vale profundo das montanhas mineiras. Anacrônica, espantosa, fascinante. Ouro Preto ressurge como uma visão, uma miragem em meio à densa névoa matutina. A sensação para os visitantes de primeira viagem é empolgante. De repente parece que a viagem no tempo é uma realidade. A cidade histórica de Ouro Preto situa-se em Minas Gerais, Brasil, tendo sido o primeiro sítio brasileiro considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, título que recebeu em 1980. Foi considerada Patrimônio Estadual em 1933 e Monumento Nacional em 1938. No município há 13 distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Salto, São Bartolomeu e Rodrigo Silva, além da sede.

Casario histórico com o Pico do Itacolomy ao fundo
Antes da chegada dos colonizadores de origem europeia no século XVI, toda a região atualmente ocupada pelo Estado de Minas Gerais era habitada por povos indígenas que falavam línguas do tronco linguístico macro-jê. A partir do século XVI, exploradores luso-tupis provenientes de São Paulo, os chamados “bandeirantes”, começaram a percorrer a região do atual Estado de Minas Gerais em busca de ouro, pedras preciosas e escravos indígenas. Nesse processo dizimaram muitas nações indígenas da região. No final do século XVII, finalmente foi descoberto ouro, aumentando ainda mais o afluxo de aventureiros para a região. Enquanto isso, as descobertas de ouro nos córregos continuavam no sertão, acendendo ambições de além-mar. As expedições procuravam ora o Rio das Velhas (principalmente os paulistas), ora o Tripuí, onde já se havia encontrado o afamado “ouro preto”. Orientados pelos picos que eriçam as Serras de Ouro Branco, Itatiaia, Ouro Preto, Itacolomy, Cachoeira, Casa Branca, Ribeirão do Carmo etc., os exploradores seguiam juntos ou separados.

Sobrados de Ouro Preto
O ouro mineiro começou a chegar a Portugal ainda no final do século XVII. Não era distribuição fácil nem equitativa, pois, às vezes, eram exploradas aluviões riquíssimas ao longo de um curso d’água estreito e, assim a riqueza mineral não era bem distribuída. Pelo Direito da época, o senhor do solo e do subsolo era o Rei, mas este não podia trabalhar a terra e a dava em quinhões a particulares para explorar mediante parte nos resultados. Para a arrecadação, em cada distrito havia um Guarda-Mor com escrivão, tesoureiro e oficiais. Vieram artífices de profissões diversas, no Arraial de Ouro Preto e no Arraial de Antônio Dias, no Caquende, Bom Sucesso, Passa-Dez, na Serra e Taquaral, construindo capelas, casas de morada e fabricando ferramentas. Em toda parte, foi revirada e pesquisada a areia dos ribeiros e a terra das montanhas, levantando-se barracas perto de terrenos auríferos, arraiais de paulistas começando a povoar o interior da terra que hoje é Minas Gerais. Organizaram-se depois os povoados em torno de capelas provisórias, até a "grande fome".

Casario histórico
Falava-se de fome desde meados de 1700, quando a escassez alarmante de víveres começou a se estender aos povoados do Ribeirão do Carmo. O ouro enchia as bruacas e como ninguém admitia a ideia de ali permanecer depois de rico, nada se plantava; e do Rio das Velhas vinham tropas de negociantes para vender carne e víveres. No Ouro Preto e no Carmo, a paisagem era rude, solo pedregoso, aspecto ameaçador, selvagem, abrindo-se em vales estreitos e profundos, nada alentador para a agricultura. Circulava ouro em pó como moeda e havia pouco a comprar. E, além do mais, uma epidemia de bexigas correu pelos arraiais. Existiria até hoje o Campo das Caveiras: centenas, sucumbidos no esforço de subir a serra fugindo de Ouro Preto. Salteavam os vivos e saqueavam os mortos negros escravos e ciganos armados. Os paulistas reuniram seus burros e retornaram a São Paulo ou partiram para o Rio das Velhas defendendo-se a tiro e espada. Os poucos no Arraial de Ouro Preto se salvaram pela ambição de mercadores sertanejos, correndo ao famoso vale com cargas, conseguindo fabulosos lucros. 

Casario Histórico
Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por Dom Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então Província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. Em 1839, foi fundada a Escola de Farmácia, tida como a primeira Escola de Farmácia da América do Sul. Em 1876, a pedido de Dom Pedro II do Brasil, foi fundada a Escola de Minas em Ouro Preto. Esta foi a primeira escola de estudos mineralógicos, geológicos e metalúrgicos do Brasil e, hoje, é uma das principais instituições de engenharia do país. Foi a Capital da Província e, mais tarde, do Estado, até 1897. Entretanto, em 1897, a mudança da capital para Belo Horizonte provocou um esvaziamento da cidade e acabou inibindo seu crescimento urbano nas décadas seguintes, fato que contribuiu para preservação do Centro Histórico de Ouro Preto. 

Vista parcial do Ouro Preto
Apesar de atualmente a economia de Ouro Preto depender muito do turismo, há também importantes indústrias metalúrgicas e de mineração no município. As principais atividades econômicas são o turismo, a indústria de transformação e as reservas minerais do seu subsolo, tais como ferro, bauxita, manganês, talco e mármore. Os minerais de importância são o ouro, a hematita, a dolomita, turmalina, pirita, muscovita, topázio e topázio imperial, esta última apenas encontrada em Ouro Preto. Outra importante fonte de recursos para o município são os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto, oriundos principalmente da Região Sudeste do Brasil.

Casario Histórico
A cidade se tornou conhecida como um "museu a céu aberto", preservando um grande núcleo de casario colonial essencialmente intacto, prestigiado em todo o Brasil e mesmo no estrangeiro, tanto que a Cidade Histórica foi declarada pela UNESCO um Patrimônio da Humanidade, quando a organização enfatizou a autenticidade, integridade e originalidade de seu panorama urbano, qualificado como uma obra do gênio humano, sua importância histórica como sede da Inconfidência e de um florescente polo cultural, e o relevo de seus principais monumentos religiosos, onde atuaram mestres de importância superior como Aleijadinho e Ataíde, que deixaram obras que se colocam como os primeiros sinais de uma genuína brasilidade.

Chafariz do Museu da Inconfidência
Apesar de ter a maior parte do intenso fluxo turístico focado na arquitetura e importância histórica, o município possui um rico e variado ecossistema em seu entorno, com cachoeiras, trilhas seculares e uma enorme área de mata nativa, que teve a felicidade de ser protegida com a criação de Parques Estaduais. O mais recente destes situa-se próximo ao Distrito de São Bartolomeu. Para fugir do burburinho, as opções são embarcar na antiga “maria-fumaça” que leva à vizinha Mariana; ou seguir para o Pico do Itacolomy, protegido em um Parque Estadual com 75 quilômetros quadrados repletos de mirantes naturais.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Tour pela França - Arles

Place de la Republique e Hôtel de Ville
Principal cidade da região da Camargue (tão conhecida pelos ciganos), Arles fica às margens do Rio Rhône, que nasce na Suíça e chega à França passando pelo Lago de Genebra, desce por Lyon até desembocar no Mediterrâneo, por isso o Departamento leva o nome de Bouches-du-Rhône, literalmente “Desembocaduras do Ródano”, e essa localização geográfica da cidade entre a Espanha e a Itália, além da navegabilidade do Rhône fizeram de Arles um ponto estratégico durante o Império Romano. A cidade está localizada a 37 quilômetros de Avignon e 31 quilômetros de Nîmes, na foz do Rio Rhône. A cidade de Arles é uma das mais importantes do Sul da França, e uma das mais visitadas também, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO desde 1981.

Rio Rhône
Arles não é uma das cidades mais conhecidas da Provence Francesa. Ela não está na Rota das Lavandas de Aix-en-Provence, também não tem um porto tão movimentado e não é a segunda cidade da França como Marselha. A história de Arles começa na Idade do Bronze como um assentamento celto-lígure. Arles é conhecida principalmente pelo seu conjunto de construções galo-romanas, ou seja, da época em que o Império Romano dominava a região. Durante o Império Romano, a cidade era conhecida como Arelate (cidade dos pântanos), e teve grande importância na província de Gallia Narbonensis. Em 49 a.C., a cidade ficou do lado de Júlio César durante o cerco de Marselha. Em 46 a.C., foi recompensada por sua ajuda e se tornou uma colônia romana. Durante aquele tempo muitos veteranos da tropa de César estabeleceram-se em Arles, que se tornou um dos centros romanos mais importantes da área. O nome completo da colônia era Colônia Júlia Ancentral Arelatênsio dos Sextos (6ª Região). 

Uma linda ruazinha de Arles
Situada ao longo da Via Domitia – a estrada principal entre a Itália e a Espanha – a cidade prosperou e foi fortificada por muros e embelezada com edifícios notáveis e tornou-se a capital da Provence Romana. Neste período foram construídos importantes monumentos, incluindo um anfiteatro, um arco triunfal e um teatro, e a cidade foi cercada por muralhas. Como resultado, tornou-se, no século IV, a capital da província de Gália. Desde 254 foi um bispado e um importante centro religioso. Bem próxima ao mar, a cidade possuía um dos mais importantes portos da região e competia com Marselha. No século IX foi saqueada pelos bárbaros, que pararam seu desenvolvimento e minaram o papel do principal centro político da região a favor de Marselha. Apesar disso, Arles era ainda um importante centro de poder até o século XII. Na Idade Média, Arles foi uma paragem importante para os peregrinos no Caminho de Santiago de Compostela. No final do século XIX viveu em Arles o famoso pintor Vincent Van Gogh.

Arles
Mesmo tantos anos depois da chegada dos romanos, Arles continua trazendo milhões de visitantes todos os anos, seja por conta de seus monumentos históricos, seja por Van Gogh, ou até mesmo pela localização. Ao sair da Estação de Trem, não tem muito segredo para chegar ao centro da cidade: é só seguir o fluxo. A Estação é bem próxima ao Centro Histórico. Logo você irá perceber que assim como muitas cidades do Sul da França, Arles também é uma cidade murada. Ao atravessar o portão, é como entrar em outra dimensão. Arles é uma cidade pequena, dá para fazer praticamente tudo caminhando. É claro que uma cidade como Arles, com tantos séculos de história, tenha sofrido mudanças. Mas o interessante é que ela soube preservar o passado a cada urbanização, a cada transformação arquitetônica. Andar por lá sem rumo é um dos melhores privilégios que se pode ter. No Office de Tourisme pode-se comprar um folheto que tem os principais itinerários da cidade e esses itinerários estão marcados no chão, com cores e desenhos diferentes. Isso facilita e muito os passeios. Permita-se andar um pouco sem rumo. As ruas são bem estreitas e nem o mapa vai te mostrar todos os nomes.

Amphithéâtre d'Arles
Em pouco tempo é possível visitar o Amphithéâtre Romano no estilo do Coliseu de Roma, também conhecido como Les Arènes por serem palco das controversas "corridas" - o Sul da França, principalmente Nîmes, Saintes-Maries-de-la-Mer e Arles mantêm a tradição de corridas de touro - e logo ao lado fica o Teatro Antigo. O Amphithéâtre Romano continua inteirinho e a sua localização é tão central que ele até parece “o personagem principal”. Ele foi construído no ano 80, e naquela época podia receber até 20 mil espectadores (hoje em dia, depois da sua restauração, sua capacidade é de 12.500 pessoas). Les Arènes passou 400 anos sendo usado para lutas entre gladiadores e corridas romanas. A estrutura mede 136 metros de comprimento e 107 metros de largura e tem dois andares de arcadas, formadas por 120 arcos. Isso faz com que ele seja o 20º anfiteatro romano em tamanho. Ele já foi usado como um bairro, com 200 casinhas e duas igrejas dentro dele, na Idade Média. Hoje é usado principalmente para touradas. Para uma bela vista da cidade pode-se subir a torre acima da entrada para o Amphithéâtre.

Amphithéâtre d'Arles
Se algumas cidades têm uma igrejinha, Arles tem um Teatro Romano. O Teatro Romano de Arles foi construído sob Augusto, um século antes do seu vizinho, o Amphithéâtre. Embora fortemente saqueado durante os séculos passados testemunha ainda a importância da cidade em tempos imperiais. O destaque dele são as duas colunas de mármore que ficam em frente ao semicírculo restaurado. Os dois monumentos estão um ao lado do outro. O Teatro Romano também é um dos passeios que você deve considerar incluir em seu roteiro. O espaço não está tão completo quanto ao Amphithéâtre, mas dá para ter uma ideia bem bacana de como era o lugar. Suas pedras foram utilizadas na construção de outros prédios, como a Igreja de Saint-Trophime. O Teatro tem diâmetro de 102 metros e tem capacidade para 12 mil pessoas e ainda ocorrem eventos lá. Você também pode visitar um banho romano como o das Thermes de Costantin. A maioria das construções data da época do Alto Império, mas as Thermes é uma construção mais recente, do século IV. As paredes exteriores do edifício dessas Termas ainda estão de pé, mas por dentro, temos que usar a imaginação e ler os painéis informativos para ver como funcionavam. Era em seus banhos quentes ou frios, que a população costumava socializar. Lá também eram feitas sessões de massagem.

A delicadeza das flores nas janelas
Do Teatro podemos avançar para a Place de La Republique, o coração da cidade, onde fica o Hôtel de Ville, que tem uma particularidade: a torre do relógio não é como vemos nas demais cidades da França, sendo aqui uma referência ao Templo de Marte, o deus da guerra, que é representado no alto do monumento segurando uma bandeira francesa. O triunfo da arquitetura clássica acontece com a construção do Hôtel de Ville, em 1676, projeto de Jacques Peytret, com a ajuda de Jules Hardouin-Mansart, este último arquiteto do Rei Louis XIV. O Obelisco localizado no centro da Place, data do século IV e foi originalmente encontrado no Circo Romano de Arles. É um símbolo solar e imperial da Antiguidade. Um elemento decorativo, mas com a função de marcar o centro do Circo Romano para guiar os condutores das carruagens da época. Ao colocarem o Obelisco no local atual, também tinham a ideia de trazer harmonia ao conjunto arquitetônico das fachadas dos prédios da Place de La Republique. Na área fica a Cathédrale Saint-Trophime, o Musée Lapidaire d’Art Paien (Museu Lapidário de Arte Pagã), o Musée d’Art Chretien Lapidaire (Museu Lapidário de Arte Cristã) e Les Cryptoportiques. A Cathédrale Saint-Trophime é a primeira que você vai ver quando chegar à Place de La Republique.

Cathédrale Saint-Trophime
A Cathédrale Saint-Trophime é uma joia do estilo românico provençal, começou a ser construída nos anos 1100, embora a localização da sede episcopal pareça estar nesse lugar desde o século V. O esplêndido portal é a atração da Igreja. Ele foi construído antes de 1178 e as cenas esculpidas representam o Juízo Final, os Doze Apóstolos, a Anunciação e a Natividade. O interior da Igreja é impressionante e contém muitas obras de arte. Mas o Cloître de Saint-Trophime é a segunda obra mais admirada do complexo. Foi construído entre os séculos XII e XV no estilo românico-provençal com belas figuras esculpidas nos capitéis das colunas e pilares, representando a Ressurreição de Cristo, a Anunciação, a Adoração dos Magos, a Entrada em Jerusalém e a Glorificação dos Santos Padroeiros de Arles. Era a clausura dos monges. Hoje é um espaço que acolhe exposições temporárias. Muitas igrejas de Arles foram desativadas, principalmente durante a Revolução. Hoje, assim como o Cloître, também recebem exposições temporárias. Durante a Revolução Francesa virou templo da razão. Depois, no século XIX, foi restaurada e voltou a ser Igreja. É uma das mais bonitas da cidade. Uma coisa muito interessante é a capela das relíquias de santos. Tem de tudo ali: tíbias, mãos, pés e até um crânio. 

Les Cryptoportiques
Ainda na Place de La Republique fica o Musée Lapidaire d’Art Paien, localizado no interior da antiga Igreja de Sainte-Anne. Tem estátuas, esculturas, sarcófagos e mosaicos encontrados nas ruínas da cidade romana de Arelate. À curta distância da Place de La Republique ficam o Musée d’Art Chretien Lapidaire e Les Cryptoportiques. O Museu está instalado numa antiga capela jesuíta e é o lar de primeiros sarcófagos cristãos em mármore. Les Cryptoportiques são acessíveis a partir do Museu, foi construído no final do século I a.C. Foi construído para ser a fundação e os pilares do Fórum Romano e, no seu centro, havia uma praça pública que abrigava os edifícios administrativos, judiciais, econômicos e religiosos da cidade romana. Na época de sua construção, aquele ele o nível da rua. Hoje em dia fica, seis metros abaixo. Eles são nada menos que os “túneis” que sustentam a cidade. E ainda está tudo intacto! Leve um casaquinho, pois a temperatura lá é bem mais baixa do que o normal. A entrada fica dentro do Hôtel de Ville. Hoje ainda pode-se ver a fachada com dois pilares da Place Du Forum, rodeada de hotéis modernos, restaurantes e cafeterias.

Musée de Arles et de 
La Provence Antique
Perto fica outro museu. Trata-se do Museon Arlaten, um Museu dedicado à vida e à cultura provençal do século XIX. O edifício que abriga a antiguidade arlesiana é bem moderno e encontra-se à margem do Rio Rhône, de onde muitas das peças ali expostas foram retiradas - um hábito antigo, algo se quebrava, as pessoas jogavam no rio. Logo na parte externa em frente ao Museu podemos perceber a riqueza encontrada na região: o sítio arqueológico foi integrado à construção, onde podemos ver peças de uso doméstico como pratos, jarras, copos quebrados que tiveram como destino o fundo do rio e de lá foram resgatadas por mergulhadores, trabalho importante que foi representado em maquete. Vestígios da arquitetura antiga, como colunas e mosaicos também fazem parte do acervo e o trabalho de restauração é constante. Um novo pavilhão está sendo construído para abrigar o acervo de navegação, e o testemunho histórico de como funcionava a economia, a indústria e até a medicina da época chega até nós através das peças expostas no Museu. Uma parte interessante do ponto de vista do surgimento do cristianismo é comparar as representações presentes nos sarcófagos, indo de nenhuma representação aos símbolos cristãos, passando por representações que davam indícios somente aos cristãos da época, até chegar às representações claras de Jesus com os apóstolos. Como sabiamente apontou Victor Hugo, quando não podíamos imprimir nossa história para contar em larga escala, o fizemos através da arquitetura e escultura.

Musée Réattu
Entre os outros museus vale a pena mencionar o Musée de Arles et de La Provence Antique, onde são apresentadas as coleções arqueológicas da cidade e de sua região. O Musée Réattu foi aberto em 1868, ele deve seu nome ao pintor nascido na cidade, Jacques Réattu (1760 – 1833), que compra o lugar para fazer de residência e ateliê. O Museu possui várias obras de Picasso, a grande maioria doada por ele mesmo, pois, assim como Van Gogh, era outro apaixonado por Arles. Outra coisa interessante do Museu, é que a construção onde está abrigado, do século XIV, foi sede da Ordem de Malta ou Hospitaliers (Hospitaleiros). A outra construção, a Commanderie de Sainte-Luce, construída no século XIII e que fica em frente, era onde eles moravam, mas antes foi dos templários. Hoje a Sainte-Luce, infelizmente, não pode ser visitada, pois abriga a administração do Museu. Mas, no prédio do Réattu há uma parte com as explicações e alguns objetos que pertenceram a essas Ordens. O Museu alterna períodos em que a entrada é paga com períodos em que é gratuita. 

Teatro Romano de Arles
Para quem não sabe Vincent Van Gogh morou em Arles entre fevereiro de 1888 e maio de 1889. Vincent ficou fascinado pela luz da Provence e pela intensidade de cores que ele lá observava. E pintou mais de 300 telas quando ainda tinha sua residência lá. Van Gogh chegou em Arles e se instalou na famosa Casa Amarela, da Place Lamartine. A cor da fachada foi escolhida por ele mesmo. Sem nenhum dinheiro para se manter no local, o pintor decidiu criar uma série de quadros de girassóis que se tornariam incrivelmente famosos nos anos seguintes. Foi lá também que aconteceu o célebre evento onde ele corta uma de suas orelhas. Por toda a cidade, há reproduções dos quadros do artista exatamente nos lugares onde eles foram pintados e com a perspectiva que ele teve na hora de pintar. Tem no jardim público, na necrópole (Alyscamps), no Hôtel-Dieu, na beira do Rhône etc. O Hôtel-Dieu foi construído a partir de 1573. Foi o hospital da cidade desde essa época até os anos 1970. Foi nele que Van Gogh ficou internado. 

As cores de Arles
É a partir dessa época que a aristocracia começa a morar no centro da cidade e constrói ali Hôtels Particuliers, palacetes, que terão as mais luxuosas decorações. Um exemplo é o Hôtel de Divone ou Hôtel du Roure. Construído no século XVIII pela Família Roure, uma das mais ricas da cidade, é o que conserva totalmente sua arquitetura original. Foi comprado no século XX pela Família Divone e hoje abriga vários apartamentos. Um programa interessante é passear por Arles fotografando todos esses palacetes. Um fato interessante sobre Arles (e que pode atrair ainda mais turistas) é que a cidade recebe anualmente o maior encontro de fotografia do país, o “Les Rencontres Photographiques d’Arles”, o que conferiu à cidade o título de capital francesa da fotografia.

Aos sábados, o Boulevards des Lices dá lugar a um mercado com os itens “normais” de qualquer feira, como cenoura, batatas etc. Mas também encontramos queijos, carnes, linguiças, doces, entre outros produtos próprios da região de Arles, além de coisas de outras cidades provençais. Mesmo que você não vá comprar nada, passe por lá só para apreciar e sentir o cheiro. O Marché de Arles é considerado o maior e um dos mais belos da Europa. Estende-se por mais de 2,5 quilômetros. Arles tem muita coisa interessante. Mas mesmo que não dê para ver e fazer tudo vale a pena ao menos passar um dia nela. E para quem se interessa pela peregrinação a San Tiago de Compostela, o caminho de Arles é um dos quatro que passam pela França. Podemos encontrar várias conchas marcando os lugares importantes do caminho na cidade.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Barcelona - Arquitetura

Casa Milà
Barcelona é a cidade mais cosmopolita da Espanha, e um dos mais movimentados portos do Mediterrâneo. Seus restaurantes, bares e clubes estão sempre cheios, assim como o seu litoral durante o verão. A arte está por toda a parte, fazendo com que a cidade seja um dos principais polos culturais do mundo. As feições de Barcelona são tão marcantes e únicas que encantam ao primeiro encontro, Barcelona é conhecida como “capital do modernismo catalão”. A cidade, na qual viveu e trabalhou o arquiteto Antoni Gaudí, conta com algumas de suas obras mais relevantes, que atraem a cada ano milhões de visitantes de todo o mundo. 

Casa Milà

Casa Milà

Teatro de Barcelona
Referida muitas vezes como lava derretida ou pulmão de pedra, a última obra secular projetada por Antoni Gaudí, a Casa Milá (popularmente conhecida como La Pedrera), não possui linhas retas. É uma arquitetura magnífica e ousada, e é o ponto culminante das experimentações do arquiteto em recriar formas naturais com tijolos e argamassa (sem falar na cerâmica e até garrafas de vidro). É um dos imaginativos projetos de casas na história da arquitetura, esta construção é mais do que uma escultura de um edifício. Esta obra-prima de Gaudí foi construída entre 1905 e 1910 para a Família Milá.






Arquitetura de Barcelona
Quando foi concluída em 1912, a construção estava tão à frente de seu tempo que a mulher que a financiou como sua casa dos sonhos, Roser Segimon, tornou-se o motivo de chacota da cidade – daí o nome ‘pedreira’. Sua fachada ondulada levou o pintor local Santiago Rusiñol a dizer, ironicamente, que uma cobra seria um animal de estimação mais adequado para os moradores do que um cão. Mas La Pedrera se tornou um dos edifícios mais queridos de Barcelona, ​​e é adorado pelos arquitetos pela sua extraordinária estrutura: ele é sustentado inteiramente por pilares, sem nenhuma parede principal, permitindo que a luz natural entre em cheio pelas janelas assimétricas da fachada. O ferro forjado também está presente nas formas de varandas imitando formas vegetais. 

Correios e Telégrafos de Barcelona




Há três espaços expositivos. A galeria de arte do primeiro andar abriga exposições grátis de artistas ilustres, enquanto o espaço do andar superior é dedicado a uma apreciação mais detalhada de Gaudí: acompanhado por um guia de áudio (incluso no preço de entrada), pode-se visitar um flat modernista no quarto andar, que tem uma suntuosa suíte projetada por Gaspar Homar, enquanto o sótão, emoldurado por arcos parabólicos dignos de uma catedral gótica, mantém um museu que oferece uma visão inspiradora da carreira de Gaudí. O melhor de tudo é a oportunidade de passear no telhado em meio aos seus tubos de ventilação cobertos de trencadís: seus topos têm a forma de capacetes de cavaleiros medievais, o que levou o poeta Pere Gimferrer a apelidá-lo de “jardim dos guerreiros”. O edifício foi reconhecido pela UNESCO como "Patrimônio Mundial", em 1984.

Aduana

Arquitetura de Barcelona
Não é mesmo muito fácil ir além de Gaudí. O pai da Sagrada Família está para Barcelona assim como Niemeyer está para Brasília. Você sempre vai topar com alguma obra dele por onde quer que vá. Estando em Barcelona, respirar Antoni Gaudí é atávico e viciante. Mas, além de Gaudí, Barcelona conta com outras joias do modernismo catalão, como o Hospital de La Santa Creu i Santa Pau e o Palau de La Música Catalana, de Lluís Domènech i Montaner, ou o Palau Macaya e muitas outras obras de Josep Puig i Cadafalch. Barcelona também conta com relevantes obras pertencentes a outros estilos e períodos históricos. Dentro do período medieval, destacam-se, especialmente, as obras góticas que proliferaram em seu Centro Histórico, precisamente denominado Barrí Gótic, como a Catedral de BarcelonaSanta Iglesia Catedral Basílica de Barcelona. É uma Catedral gótica com capela romântica e um belo claustro, foi construída sobre o que foi um templo romano. Seu interior possui 28 capelas. Uma das que mais é procurada é a San Benet (São Bento, Padroeiro da Europa). 

Palau Nou de La Rambla

Casa Terrades
Saindo do Mercat de La Boqueria, atravesse as Ramblas para entrar no Barrí Gótic. De noite pode ser um bocado perigoso devido aos traficantes de droga que lá fazem negócio. Mas, de dia, este bairro lindíssimo é perfeitamente seguro. O Barrí Gótic é um emaranhado de ruas medievais escuras que se encontram em praças cheias de sol. Aos palácios e igrejas espetaculares de antigamente juntaram-se as lojas especializadas. Tudo merece uma visita lenta e descontraída. Veículos não circulam por parte das ruas desse bairro. Por isso, caminhar por ali, sem destino definido e simplesmente entrando de uma ruela em outra, é uma das atividades favoritas na cidade. A região abriga a memória da fundação da cidade pelos romanos há mais de dois mil anos. São mais de 500 construções tombadas e diversas edificações dos séculos VIII ao XV. O Arco na Carrer Del Bisbe, a principal via da cidade na época romana é um bom exemplo disso.

Casa Terrades

Museo Picasso
Nem tudo é gótico no Barrí Gótic. Essa parte de Barcelona tem construções de várias épocas, incluindo algumas ruínas do Império Romano, como o Templo de Augusto. Ao passo que no amplo Eixample os padronizados quarteirões exalam charme e vanguarda cultural. Também possui distintas amostras de arquitetura contemporânea, destacando-se o Pavilhão Alemão de Ludwig Mies van der Rohe, que foi construído para a Exposição Universal de Barcelona de 1929, assim como a Fundação Joan Miró, do arquiteto catalão Josep Lluís Sert. O Museo Picasso apresenta inúmeras obras e é especialmente forte em sua Fase Azul com lindas telas e cerâmicas a partir de 1890. O segundo andar apresenta obras de Barcelona e de Paris a partir de 1900-1904, com muitas obras  de influência impressionista. A Casa Terrades é um bloco de apartamentos hexagonal, foi apelidado de Casa de lês Punxes (Casa das Pontas), pois possui agulhas em suas torres em formato de chapéu. 

Arquitetura de Barcelona