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sábado, 26 de março de 2016

Rio Grande do Sul - Torres

Torres
Famoso pela Serra Gaúcha, pela região das Missões Jesuíticas e pelos Cânions Fortaleza e Itaimbezinho, o Rio Grande do Sul nunca foi muito aclamado por seu litoral. De fato, a concorrência com os oito mil quilômetros de costa do Brasil coloca o Estado numa razoável desvantagem. O gaúcho não precisa ir muito longe para encontrar praias incríveis em Santa Catarina. Mas o que pouca gente fora do Sul sabe é que Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, concentra algumas das mais belas praias do Estado – e fazem frente às mais belas do país. Acessível por uma ótima estrada, Torres fica a 197 quilômetros de Porto Alegre. Recebe anualmente milhares de turistas de todo o Brasil e países vizinhos. É um polo de veraneio de muitos gaúchos e o Rio Mampituba, que corta a cidade, marca a divisa com Santa Catarina. A cidade em si não tem nada de excepcional. Segue aquele aspecto de balneários brasileiros, com casas simples, sorveterias, lojas de boias e outras emergências litorâneas e aquele aspecto leve e descompromissado dos trópicos. É possível encontrar mar, ilhas, praias, dunas, rochedos, Mata Atlântica, rio, lagoas, cachoeira, fauna e flora variadas. O que tem de único no litoral de Torres são as suas praias – principalmente a da Guarita e a Prainha. De brinde, formações de falésias sem igual no Brasil, bons museus, visita aos lobos-marinhos na Ilha dos Lobos e o principal festival de balonismo da América do Sul.

Praia da Guarita
Cartão-postal principal de Torres, a Praia da Guarita é merecidamente considerada a mais bela do Estado, é um resumo perfeito dos encantos da região. Fica dentro do parque que recebe o mesmo nome, uma zona de proteção onde é cobrada entrada apenas para carros. Uma rede de trilhas fáceis, bem estruturadas e sinalizadas leva a um complexo único de enseadas e penhascos. É tudo muito verde e diferente do resto da costa brasileira. As águas ali são claras, em um tom raramente encontrado no litoral gaúcho, e podem receber ondulações fortes. Apesar de protegida pelas Torres do Meio e do Sul, o mar é agitado e somente os surfistas o enfrentam. Nas areias, porém, o clima é de tranquilidade, com pouquíssimas barracas. Você não terá visto tudo se não subir à Torre Sul, que oferece o melhor ângulo da Praia. Os cerca de 100 degraus podem desmotivar, mas a vista lá de cima compensará o sacrifício, onde se tem uma bela vista da Praia da Guarita, Praia de Itapeva, Torre do Meio, dunas e da cidade. A Torre do Meio, também conhecida como Morro das Furnas, fica entre a Praia da Guarita e a Praia da Cal, é enorme, tem 800 metros de extensão, e a trilha que atravessa o platô, é uma ótima opção de caminhada. Há alguns pontos onde é possível descer pelas escadarias e visualizar as furnas, onde o mar entra em cavernas por baixo dos penhascos. Cuidado! Algumas escadas são bastante íngremes e com a maré alta é perigoso ir a alguns locais, pois o mar é muito forte. 

Praia da Cal
Andando para o norte, uma trilha asfaltada e com boas escadas leva à Praia das Torres. Penhascos majestosos demandam cliques com muito cuidado para não chegar perto demais do limite de segurança. Uma paisagem dramática, que lembra as falésias da Irlanda. Você entenderá logo a razão do nome da cidade ao observar as lindas formações basálticas. Não tenha pressa: busque seu cantinho para admirar tanta beleza. Lá de cima também é possível avistar a Praia da Cal e, adiante, a Prainha. Na Prainha, a tranquilidade também impera. O que muda é a paisagem, formada por uma larga faixa de grama onde as famílias esticam cangas e toalhas. Pais e filhos marcam presença, ainda, na bonita Praia da Cal, contornada por casas de veraneio e calçadão. Depois da Guarita você terá dificuldade em escolher qual a segunda mais bonita de Torres. Os surfistas adoram a Cal, mas principalmente a Praia dos Molhes, onde estão algumas das melhores ondas do litoral gaúcho. A melhor época para surfe é de março a agosto, mas em julho os surfistas (e quem mais estiver na areia) podem ver bandos de golfinhos que passeiam por lá atrás das tainhas. É sempre importante tomar cuidado com as redes dos pescadores – eles, afinal, também estão em busca dos peixes.

Praia da Guarita
Já quem procura animação segue para a Praia Grande, que na alta temporada fica tomada de guarda-sóis. Os bares, restaurantes e pousadas nos arredores garantem o movimento constante. Próxima do centro reúne famílias e grupos de jovens e adolescentes. Outro cenário de paz absoluta é a Praia de Itapeva, sem quiosques ou ambulantes. O mar é calminho e as areias são perfeitas para praticar esportes como caminhada, corrida e frescobol. Para os preguiçosos, uma boa notícia: muita gente estaciona o carro na areia. Na hora de apreciar a boa mesa, todos os caminhos levam à margem do Rio Mampituba. Lá estão os melhores restaurantes de pescados da região, além de muitas churrascarias. Torres vive essencialmente em torno do turismo que sua bela paisagem natural e suas praias de banho favorecem.

Praia da Cal vista do Morro do Farol
Além das belas praias, Torres surpreende por outro título: o de “capital brasileira do balonismo”. Entre abril e maio, o céu fica supercolorido com o Festival Internacional de Balonismo de Torres, que ocorre anualmente, e agrada aos praticantes pelo seu clima e topografia ideais para o voo e por oferecer uma das melhores infraestruturas do Brasil para pilotos e equipes. As provas são diversas e incluem modalidades como velocidade e precisão. Vale a pena se programar para ir nessa época – é mágico vê-los voando ao mesmo tempo, emoldurados pelas formações rochosas da Praia da Guarita. O evento mobiliza a cidade não apenas com os balões, mas também com muitos shows. Na época do Festival é possível ainda embarcar em voos de balão, geralmente ao amanhecer e entardecer. Os preços variam e são negociados diretamente com os pilotos. O preço dá direito a brinde de espumante da Serra Gaúcha no fim – e a taça você pode levar para casa como recordação. A boa notícia é que, mesmo que não vá à época do Festival, os passeios operam o ano todo (embora dependam, logicamente, das condições climáticas). Outro jeito de ver Torres do alto é de parapente ou paramotor.

Torres vista dos Molhes do Rio Mampituba
A paisagem da cidade se destaca por ser a única praia do Rio Grande do Sul em que sobressaem paredões rochosos à beira-mar, e por ter à sua frente a única ilha marítima do Estado, a Ilha dos Lobos, uma reserva ecológica, a menos de dois quilômetros da costa. Durante o verão, as estrelas do litoral gaúcho são os lobos-marinhos. Não há praias e nem é permitido desembarcar, mas contornando as rochas é possível avistar vários grupos descansando por ali. Um barato para crianças e adultos. O passeio é tranquilo e dura cerca de 90 minutos. Entre os meses de março e setembro é possível encontrar baleias francas no litoral de Torres. Em terra, uma parada obrigatória é o Morro do Farol, também conhecido como Torre Norte, pertinho do centro. Se não estiver com muita disposição, dá para subir de carro, mas a caminhada vale a pena. O local é ponto de voos de paraglider. De lá, mais uma bela panorâmica da cidade – dessa vez com o Parque da Guarita incluso no cenário, além da Praia da Cal, Praia Grande e Torre do Meio. A parte de baixo, ao pé do Morro, é um ótimo lugar para fazer uma caminhada, há uma calçada à beira mar que atravessa o Morro e liga uma praia à outra e uma Gruta de Nossa Senhora Aparecida. No centro, a Lagoa do Violão tem boa estrutura para caminhar ou pedalar e é um dos lugares mais buscados para ver o pôr do sol.

Molhes do Rio Mampituba. À esquerda 
Oceano Atlântico, à direita Rio Mampituba
A alta temporada vai de novembro a março, mas Torres têm opções para o ano todo. Claro, estamos no Sul e é comum as temperaturas baixarem e as chuvas caírem forte. Duas boas atrações indoor são os museus da cidade. O Museu Histórico de Torres, bem no centrinho, relembra o passado da cidade por meio de objetos e imagens. É simples, mas bonitinho. Já o Museu Parque da Guarita revela como se deram as formações particulares que dão o charme à região. O único monumento histórico/artístico de grande porte a sobreviver na cidade é a Igreja de São Domingos, erguida entre 1819 e 1824, a primeira Igreja a ser construída no trecho entre Laguna e Osório. É considerada, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul, que a tombou em 1983, o marco inicial da cidade, que se desenvolveu em seu entorno. Tem um estilo colonial luso-brasileiro, embora tenha sofrido algumas intervenções posteriores em diferentes linguagens arquitetônicas. Também resistem a “Casa da Terra”, datada de 1854, e uma casa pegada à Igreja de São Domingos, chamada Casa n˚ 1, que recebeu o Imperador Dom Pedro I em sua passagem pela cidade.

Praia dos Molhes
O local onde está a cidade de Torres foi habitado pelo homem desde milhares de anos atrás, que deixou testemunhos físicos na forma de sambaquis e outros achados arqueológicos. No século XVII, durante a colonização do Brasil pelos portugueses, por estar encravado em um estreitamento da planície costeira sulina, o local passou a se constituir rota de passagem obrigatória para os tropeiros e outros desbravadores e aventureiros luso-brasileiros vindos do norte pelo litoral – a única outra passagem que havia então era por cima do Planalto de Vacaria - e que buscavam os rebanhos livres de gado que se multiplicavam no Pampa mais ao sul e caçavam os indígenas para fazê-los escravos. Muitos acabaram por se fixar na região e se tornaram estancieiros e pequenos agricultores. E por dispor de morros junto à praia, logo foi reconhecido seu valor estratégico como ponto de observação e controle de passagem, de importância militar e política no processo de expansão do território português sobre o espanhol.

Passo Torres
A construção da Igreja de São Domingos no início do século XIX atraiu para seu entorno muitos dos residentes dispersos na região, estruturando-se desta forma um povoado. Sua evolução ao longo deste século, porém, foi morosa, mesmo tendo recebido levas de imigrantes alemães e italianos, sobrevivendo numa economia basicamente de subsistência. A expansão econômica, social e urbana só aconteceu a partir do início do século XX, quando em vista de sua bela paisagem, clima ameno e boas praias de banho, o potencial turístico da cidade foi descoberto e passou a ser explorado. Desde então cresceu com mais vigor e celeridade, chegando hoje a se tornar uma das praias mais procuradas do Estado, recebendo no verão um público flutuante mensal de 200 mil pessoas, muitas delas estrangeiras, vindas principalmente dos países do Prata. Isso contrasta com as dimensões de sua população fixa, que pouco passa dos 30 mil habitantes. Não por isso deixou de desenvolver uma economia consistente e boa infraestrutura para atender a esta demanda turística, sua fonte principal de renda.

Pesca de tarrafa no Rio Mampituba
Torres, um dos antigos núcleos de povoamento do Estado, inicialmente tinha uma arquitetura extremamente pobre, constituída de casebres de barro ou ramos cobertos de palha ou folhas de palmeira. Em seguida começaram a surgir exemplares típicos da arquitetura colonial brasileira, de influência barroca portuguesa, com casas construídas de taipa ou pedra e cobertas com telhas. Quando se iniciou a exploração turística no começo do século XX foram construídos diversos prédios novos, entre hotéis e residências de verão para famílias abastadas de Porto Alegre e do interior do Estado, estas muitas vezes de madeira e com requintes decorativos como lambrequins e balaustradas. Enquanto o turismo trouxe progresso e crescimento, tornando a cidade um polo estadual para eventos, festas, competições esportivas, espetáculos e outras atrações, trouxe também sérios problemas para o meio ambiente e a cultura tradicional. Antes coberta pela Mata Atlântica, ali de biodiversidade especialmente rica pela variedade de ambientes criados pela geografia complexa da área, hoje tem este patrimônio natural severamente ameaçado e muito reduzido, com poucas áreas preservadas, já tendo perdido muitas espécies e estando outras tantas em perigo.

Pescadores no Rio Mampituba
Torres compartilha com toda a região do Litoral Norte do Estado diversos costumes tradicionais, a começar pelos hábitos típicos da comunidade pesqueira, com suas técnicas e materiais antigos, que ainda sobrevivem principalmente entre os pescadores mais velhos, produzindo artesanalmente suas redes e barcos, mantendo seus conhecimentos e interpretações tradicionais sobre o mar, os fenômenos do clima e os peixes, e preservando uma série de práticas como a de fazer promessas e benzeduras antes de sair à pesca, ou usando amuletos.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Tour pelo Sul do Brasil - Rio Grande do Sul

Palácio Piratini em Porto Alegre
Depois do Paraná e de Santa Catarina, o Rio Grande do Sul foi o último Estado visitado neste Tour pelo Sul do Brasil. Ser gaúcho é motivo de muito orgulho para cada um dos habitantes do Rio Grande do Sul. Mais dia menos dia, mesmo quem não é nascido no Estado, mas ali vive, começa a adquirir costumes como tomar chimarrão, preparar um bom churrasco, torcer para Internacional ou Grêmio, além de ceder a outras tradições locais. A posição geográfica reforça os laços com argentinos e uruguaios, ressaltados no cantarolar do sotaque, na dieta carnívora e até na adaptação a invernos rigorosos. O Rio Grande do Sul é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Sul e tem por limites o Estado de Santa Catarina ao norte, Argentina ao oeste e Uruguai ao sul, além do Oceano Atlântico ao leste. Todo o seu território está abaixo do Trópico de Capricórnio. É dividido em 497 municípios e sua área total é pouco maior que o Equador. Sua capital é Porto Alegre e as cidades mais populosas são: Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas e Santa Maria.

Interior do Palácio Piratini
Na época do Descobrimento do Brasil, a região que hoje forma o Rio Grande do Sul era habitada pelos índios Minuanos, Charruas e Caaguaras, que viveram há 12 mil anos a.C. Eram bons ceramistas e, na caça, usavam as boleadeiras, até hoje um dos instrumentos do peão gaúcho. Essas tribos viveram muito tempo sem contato com os brancos colonizadores. As disputas entre Portugal e Espanha sobre os limites de suas possessões na América fizeram com que a região só fosse ocupada no século XVII. Os padres jesuítas espanhóis foram os primeiros a se estabelecerem no local. As peculiaridades geográficas do atual Estado do Rio Grande do Sul, dividido em 11 diferentes regiões fisiográficas, influíram para retardar a ocupação da terra, a leste, pelo conquistador europeu. Considerado por Portugal uma Capitania somente em 1807, o território pertencia até então, pelo Tratado de Tordesilhas, aos espanhóis. Ao longo da história, a região foi palco de guerras, como a Cisplatina (1825-1828) e a do Paraguai (1864-1870). No intervalo entre as duas, aconteceram levantes que deram origem ao maior conflito civil do país, a Revolução dos Farrapos (1835-1845), de ideal separatista. 

Carro utilizado no desfile de posse do Governador
do Estado do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul é um Estado com vastas opções de turismo. As praias do litoral norte nas cidades de Capão da Canoa, Tramandaí e Torres são as mais conhecidas do Estado, esta última apresentando falésias. São três pedras que ficam na beira do mar, sendo que uma delas avança mar adentro em uma altura de 30 metros. No litoral sul destaca-se a Praia do Cassino, em Rio Grande, constando no Guiness Book como a maior praia do mundo. Também se destacam as praias da Laguna dos Patos, principalmente as praias de São Lourenço do Sul, Tapes e Pelotas (Praia do Laranjal). As serras atraem milhares de turistas todos os anos, no inverno e verão. As cidades de Gramado e Canela são conhecidas na época de Natal pela decoração das cidades, juntamente com os parques natalinos. No inverno, os turistas visitam essas cidades juntamente com Caxias do Sul, São José dos Ausentes e Cambará do Sul, devido às temperaturas baixas, muitas vezes negativas e com a possibilidade de queda de neve. 

Usina do Gasômetro às margens do Rio Guaíba
Nas serras do Estado, também está a maior concentração de produtores de vinho do país, na região conhecida como Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves e Garibaldi). Mais ao sul, na região de Campanha, está situada a segunda mais importante área produtora. As vinícolas gaúchas são premiadas internacionalmente, em razão da alta qualidade de seus vinhos e espumantes. Entre as belas paisagens do interior, as mais impressionantes estão nos arredores de Cambará do Sul, porta de acesso ao Parque Nacional de Aparados da Serra e à sua grande atenção, os cânions de Itaimbezinho, cujos desfiladeiros de 720 metros de profundidade e seis quilômetros de extensão são margeados por araucárias e da Fortaleza, os quais são dos maiores do Brasil. Em Gramado acontece o Festival de Cinema. Na conhecida como “Pequena Itália”, em que se localizam as cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi, podem-se encontrar as melhores vinícolas do Brasil. Ainda a oeste, se encontram as Missões Jesuíticas, na cidade de São Miguel das Missões e arredores.

Torres
O Rio Grande do Sul apresenta uma rica diversidade cultural. De uma forma sucinta, pode-se concluir que a cultura do Estado tem duas vertentes: a gaúcha propriamente dita, com raízes nos antigos gaúchos que habitavam o Pampa; a outra vertente é a cultura trazida pela imigração europeia, efetuada por colonos portugueses, espanhóis e imigrantes alemães e italianos. A primeira é marcada pela vida no campo e pela criação bovina. A cultura gaúcha nasceu na fronteira entre a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Os gaúchos viviam em uma sociedade nômade, baseada na pecuária. Mais tarde, com o estabelecimento das fazendas de gado, eles acabaram por se estabelecer em grandes estâncias espalhadas pelos Pampas. O gaúcho era mestiço de índio, português e espanhol, e a sua cultura foi bastante influenciada pela cultura dos índios Guaranis, Charruas e pelos colonos hispânicos.

Gramado
No século XIX, o Rio Grande do Sul começou a ser colonizado por imigrantes europeus. Os alemães começaram a se estabelecer ao longo do Rio dos Sinos, a partir de 1824. Ali estabeleceram uma sociedade baseada na agricultura e na criação familiar, bem distinta dos grandes latifundiários gaúchos que habitavam os Pampas. Até 1850, os alemães ganhavam facilmente as terras e se tornavam pequenos proprietários, porém, após essa data, a distribuição de terras no Brasil tornou-se mais restrita, impedindo a colonização de ser efetuada nas proximidades do Vale dos Sinos. A partir de então, os colonos alemães passaram a se expandir, buscando novas terras em lugares mais longes e levando a cultura da Alemanha para diversas regiões do Rio Grande do Sul. A colonização alemã se expandiu nas terras baixas, parando nas encostas das serras. Quem colonizou as serras do Rio Grande do Sul foi outra etnia: os italianos. Imigrantes vindos da Itália começaram a se estabelecer nas Serras Gaúchas a partir de 1875. A oferta de terras era mais restrita, pois a maior parte já estava ocupada pelos gaúchos ou por colonos alemães. Os italianos trouxeram seus hábitos e introduziu na região a vinicultura, ainda hoje a base da economia de diversos municípios gaúchos.

Macieiras na Serra Gaúcha
O Estado possui rico acervo arquitetônico e dispõe de inúmeros monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), entre os quais se destacam a Igreja de São Sebastião, em Bagé, construída em 1863 e onde repousam os restos mortais de Gaspar da Silveira Martins; o Forte Inacabado de Dom Pedro II, em Caçapava do Sul; o Palácio do Governo Farroupilha (hoje Museu Farroupilha), o Quartel-General Farroupilha e a Casa de Giuseppe Garibaldi, em Piratini; a Catedral de São Pedro, em Rio Grande; as Ruínas do Povo e da Igreja de São Miguel, em Santo Ângelo; os casarões, a Catedral, o Theatro 7 de Abril (o mais antigo em funcionamento no Brasil), o Teatro Guarany, Catedral no Centro, a Igreja do Porto, os Casarões na Praça Coronel Pedro Osório, o Mercado Central e as Charqueadas em Pelotas; a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Viamão.

Campos do Rio Grande do Sul
Dentre as festas religiosas do Estado, destaca-se, na capital, a Procissão Fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira de Porto Alegre, em dois de fevereiro; a Festa do Divino, celebrada na Igreja do Espírito Santo; e a Procissão de Corpus Christi. Ainda na capital, realizam-se exposições anuais de animais e produtos derivados (agosto), a Semana Farroupilha (setembro) e a Exposição Estadual de Orquídeas (dezembro); em Santana do Livramento e São Borja realizam-se exposições agropecuárias (outubro); em Caxias do Sul, a famosa Festa da Uva (fevereiro); e em Gramado, a Festa das Hortênsias (bienal) e a Feira Nacional de Artesanato (anual); em todas as cidades da Campanha Gaúcha realizam-se rodeios (reunião de gado para contagem, cura e venda); em Pelotas acontece a Festa Nacional do Doce (Fenadoce), a maior feira de doces do Brasil, o evento acontece entre os meses de junho e julho no Centro de Eventos Fenadoce; em Rio Grande acontece a Festa do Mar, voltada aos frutos do mar, pescados em geral, acontecendo normalmente na época da Páscoa, bem como a FEARG, voltada ao artesanato, comércio e etnias locais, e a Festa de Iemanjá, realizada em fevereiro, recebendo umbandistas, fiéis e simpatizantes de várias cidades do Estado e até de outros países.

Videiras na Serra Gaúcha
Em várias cidades do Estado acontecem eventos literários conhecidos por Feira do Livro, destacando-se as de Passo Fundo, Praia do Cassino e, principalmente, a de Porto Alegre. Em Santa Rosa, realiza-se a Fenasoja que atrai muitos visitantes de fora do país. Já em Ijuí - terra das culturas diversificadas, realiza-se a ExpoIjuí, conhecida festa que reúne as mais diversas etnias do Estado, são 12 atualmente. A Califórnia da Canção Nativa é um evento musical considerado como patrimônio cultural do Estado. Ocorre a cada ano em diversas cidades, com a final no mês de dezembro em Uruguaiana. Danças típicas do Estado são o bambaquerê (espécie de quadrilha), e congada (auto popular), a chimarrita (fandango), a jardineira (dança figurada e cantada, de pares soltos) e a quebra-mana (dança sapateada e valsada). Nas zonas de colonização alemã, realizam-se os kerbs, bailes populares que duram em geral três dias. O evento “Grito do Nativismo Gaúcho” de Jaguari tem sua origem no próprio contexto histórico do movimento dos festivais nativistas do Rio Grande do Sul. O Festival ocorre anualmente no Clube de Caça e Pesca de Jaguari (CAPEJAR) no mês de janeiro.

Cânions em Cambará do Sul
A cidade se destaca em diversos esportes. O futebol é o popular entre os porto-alegrenses, que se orgulham de contar com dois campeões mundiais de clubes, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e o Sport Club Internacional. Os dois protagonizam uma das mais clássicas rivalidades do futebol mundial, disputada no chamado Clássico Gre-Nal. A qualidade de seus grandes Estádios, a Arena do Grêmio e o Beira-Rio, respectivamente, foi reconhecida internacionalmente e possibilitou que a cidade fosse escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo FIFA de 2014. Geralmente o Campeonato Gaúcho é vencido por um desses times. O Rio Grande do Sul possui atualmente oito times de futebol pertencentes às divisões do Campeonato Brasileiro de Futebol: Grêmio; Internacional; Caxias; Juventude; Lajeadense de Lajeado e Ypiranga. O Sport Club Rio Grande do município de Rio Grande é o mais antigo do Brasil e atualmente joga o Campeonato Gaúcho da Segunda Divisão. O Rio Grande do Sul também é referência nacional e mundial na prática do futsal, ginástica artística, judô e patinação artística. Em Erechim, no norte do Estado, é realizada a única etapa no Brasil do Campeonato Sul-Americano de Rally de Velocidade pela CODASUR.

Estádio do Beira-Rio

Arena do Grêmio
A cozinha típica tem como prato principal o Churrasco com sal grosso (pedaços de carne cortados de modo especial, colocados em espetos e postos a assar em churrasqueira). O Churrasco pode ser feito no forno de chão, na churrasqueira e em diversos lugares, é consumido com muita frequência pelos gaúchos mesmo em dias de semana, e geralmente nos fins de semana pelas pessoas da região sudeste. A bebida típica é o chimarrão (chá de erva-mate quente e amargo servido por meio de uma bomba). Já o Chimarrão não tem hora para ser consumido, e o seu sabor é semelhante a um chá, porém mais forte e de sabor menos adocicado. O vinho e o curtido de cachaça com butiá são outras das bebidas preferidas dos gaúchos.