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quarta-feira, 2 de março de 2016

Microcentro - Palacio das Aguas Corrientes

Palacio das Aguas Corrientes
Ao longo da Avenida Córdoba, uma das avenidas mais movimentadas da cidade, se encontra um edifício tão exuberante, luxuoso e emblemático que é impossível não chamar a atenção de qualquer turista desavisado que passe por ali. A semelhança com um palácio aristocrata vai muito além de sua arquitetura e tamanho. Aliás, sua beleza e complexidade beiram a uma instintiva curiosidade, na qual lhe deixa pensando “o que será isso?”. Bom, trata-se do Palacio das Aguas Corrientes, declarado como Monumento Histórico Nacional, e a sua origem é ainda mais curiosa do que se imagina. Extravagante e ridículo para uns, fascinante para outros, o Palacio das Aguas Corrientes foi símbolo da pompa dos anos 1880 e ao mesmo tempo uma peça chave para a sanidade de uma cidade que estava em pleno crescimento.

Palacio das Aguas Corrientes
A história do Palacio das Aguas Corrientes tem sua origem na segunda metade do século XIX, quando Buenos Aires ainda estava em progresso. O crescimento acelerado da população, devido principalmente à chegada de milhares de imigrantes à cidade, consolidando-a como um porto, trouxe também diversos problemas na qual a cidade ainda não estava preparada para conter. A falta de uma boa estrutura de serviços públicos, como o saneamento básico, trouxeram diversas epidemias, que começaram a atacar de forma alarmante: cólera (matando 1.500 pessoas em 1867), febre tifoide (matando 500 pessoas em 1869) e a febre amarela (matando 14 mil pessoas em 1871, cerca de 8% da população de Buenos Aires) foram algumas das históricas doenças que levaram grande porcentagem da população portenha. Diante do deficiente sistema de água potável na cidade na época, o governo pensou na solução e decidiu criar e instalar um avançado sistema de água corrente, seguindo os modelos do engenheiro civil inglês John Bateman. 

Palacio das Aguas Corrientes
As construções do depósito de água e seus canos subterrâneos começaram em 1887 na zona norte de Buenos Aires e duraram cerca de sete anos, sendo inaugurado em 1894 pelo presidente Luis Sáenz Peña, com um extravagante valor de cinco milhões de Pesos. A ideia de transformar tanques de água em um Palácio recebeu inúmeras críticas, geralmente em relação à falta de necessidade de dotar uma instalação com esse tipo e luxo, considerando-o um exagero e um desperdício. No entanto, era comum naquela época que edifícios de funções utilitárias, como armazéns ou terminais ferroviários, fossem envoltos em exteriores palacianos. A empresa Bateman, Parsons & Bateman estava encarregada do projeto, e logo após foi decidido privatizar as obras de saúde devido à falta de recursos do Estado. A empresa Samuel B. Hale y Co. assumiu o trabalho, concedendo as obras da fachada exterior a Juan B. Médici, que foram dirigidas pelo engenheiro sueco Carlos Nyströmer e o arquiteto norueguês Olaf Boye (na época funcionários da Bateman, Parsons & Bateman). As obras empregaram 400 trabalhadores. Posteriormente, o depósito foi operado pelas Obras Sanitarias de La Nación (que ali ocupavam seus escritórios por volta de 1930).

Fachada do
Palacio das Aguas Corrientes
Com a fachada as autoridades também não pouparam gastos. Seu elaborado e deslumbrante desenho arquitetônico seguiu os moldes do que na época agradava a classe alta portenha, ou seja, influências europeias, principalmente com elementos do renascentismo francês, utilizando 170 mil peças de cerâmica, 130 mil ladrilhos esmaltados, além de um extremo perfeccionismo para dar ao edifício sua aparência monumental. A escolha de tal material foi por conta da poluição em tempos de Revolução Industrial, para que os enfeites não estragassem. As peças de mármore destinadas a cobrir a fachada do projeto original foram substituídas por peças de terracota feitas nas fábricas da Royal Doulton & Co. em Londres e da Burmantofts Company em Leeds. Eles foram todos numerados no momento da fabricação e uma vez em Buenos Aires foi só montar. Os navios britânicos chegavam à capital argentina carregados com os adornos para a face externa do Palacio das Aguas Corrientes e para não voltarem vazios, eram carregados com produtos argentinos, essencialmente verduras, grãos e frutas. Foram adicionados os escudos das províncias argentinas (na época eram 14) e da capital Buenos Aires, compondo uma autêntica joia decorativa. Os tetos eram feitos de ardósia verde trazida da França. As quatro torres de suas esquinas, suas cúpulas e mansardas lhe dão sua aparência monumental.

Detalhes da Janela na Fachada do
Palacio das Aguas Corrientes
Dentro do Palacio das Aguas Corrientes foram construídos 12 gigantescos tanques de água sustentados por 16 mil toneladas de ferro fundido trazidos da Bélgica, com capacidade para 72 milhões de litros d’água. O peso calculado de 135 mil toneladas de água é sustentado por estruturas de ferro com vigas e colunas, atrás de paredes de 1,80 metros de espessura que sustentam as 180 colunas separadas por seis metros. As paredes foram levantadas com tijolos cozidos vindos da cidade de San Izidro. No centro do Palácio, um pátio interno fornece luz e ar para os cômodos. Tudo isso para dar à cidade uma impecável evolução no sistema de água potável, que funciona até hoje. Como estação de abastecimento, o Palacio das Aguas Corrientes teve vida curta, pois a cidade continuava crescendo e a distribuição de águas já não alcançava todos os locais da cidade. Atualmente, contudo, dentro do Palacio das Aguas Corrientes há também escritórios da empresa Agua y Saneamientos Argentinos (AySA), além do Museo Del Agua y de La Historia Sanitaria que resgata toda a evolução do sistema no país. Existe muita informação bacana no Museo Del Agua y de La Historia Sanitaria de Buenos Aires, além da impressionante estrutura interna do Palacio das Aguas Corrientes.

Estrutura Interna do
Palacio das Aguas Corrientes
À medida que se vai caminhando, entre os mais diversos objetos ligados ao saneamento básico, o guia vai nos contando as histórias das águas em Buenos Aires: uma forma divertida e diferente de conhecer o passado da cidade. As salas onde funciona o Museu são os antigos tanques de armazenamento de água. Contudo, só conseguimos ter noção real do local quando entramos nos tanques cuja estrutura original foi mantida, justamente para ficar para a posteridade como testemunha de tempos mais antigos, onde, por exemplo, havia fontes espalhadas pela cidade porque a água não chegava a todas as casas. Assim, as pessoas tinham onde buscar água limpa. Entretanto havia a figura do vendedor ambulante que, pagando uma cota mensal, podia vender a água de casa em casa. Seu meio de transporte para tal empreitada era a carroça. Uma das partes mais divertidas da visita é conhecer a evolução dos vasos sanitários. Logo quando surgiram, havia uma vergonha muito grande de tê-las dentro de casa. Aos poucos cultura e comportamentos foram mudando. Para influenciar nesta mudança, os fabricantes de vasos sanitários investiram muito em design para que as pessoas começassem a transformar seus conceitos em relação à peça e o modo de usá-la.

Detalhes da Cúpula na Fachada do
Palacio das Aguas Corrientes
Por fim, chega-se até os tanques onde a água era armazenada. Imensos e impressionantes. Finalizando a visita, o guia nos conta a lenda que o Palacio das Aguas Corrientes é um lugar assombrado. Há quem jure de pés juntos que à noite há arrastar de correntes e gritos que só podem mesmo vir do além! Há ainda quem diga que o corpo de Evita Perón – que foi escondido em diversos lugares de Buenos Aires antes de ser enterrado no Cemitério da Recoleta – tivesse ficado um tempo por ali também. Contudo, engenheiros refutam esta ideia argumentando que a estrutura do lugar não permitia de modo algum esconder ali um corpo. O edifício está na Avenida Córdoba, mas a entrada para o Museu é na Calle Riobamba e funciona de segunda a sexta das 9 às 13 horas, com visitas guiadas todas as segundas, quartas e sextas às 11 horas. O acesso é gratuito e não é necessário nenhum tipo de agendamento.  A mansão ocupa um quarteirão inteiro no Bairro Balvanera, no centro de Buenos Aires.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Buenos Aires - Galerías Pacífico

Galerías Pacífico
Ao falar de compras em Buenos Aires um dos primeiros lugares que surgem na mente é Galerías Pacífico. Construída entre o final do século XIX e o início do século XX, o prédio da Galerías Pacífico foi planejado para ser uma loja de departamentos conhecida como Au Bon Marché Argentine, que era de origem francesa. O local de arquitetura Beaux-Arts foi feito por Francisco Seeber e Emilio Bunge, que se inspiraram nas galerias europeias. O projeto foi caprichado: ruas entrecruzadas, abóbadas de vidro e uma impressionante cúpula central. No entanto, com a crise argentina, a rede nunca chegou a ocupar esse espaço. Ao invés dela, o prédio abrigou o Museu Nacional de Belas Artes, que ficou ali por alguns anos, diversos escritórios, lojas pequenas e até mesmo um hotel.

Galerías Pacífico

Galerías Pacífico
Em 1908 todo esse complexo foi comprado pela empresa Ferrocarril Buenos Aires al Pacífico. O nome da empresa deriva do fato de que sua intenção era operar um serviço de trem ligando Buenos Aires e Valparaíso no Chile, dando assim acesso ao Oceano Pacífico (daí seu nome). Já entre 1945 e 1947, os arquitetos Jorge Aslan e Héctor Ezcurra remodelaram todo o edifício. Foi nessa época que os grandes afrescos no teto foram pintados por cinco artistas, sendo quatro deles argentinos. Durante a ditadura militar no país, um centro de tortura chegou a existir no prédio, que também acabou ficando bastante deteriorado com o decorrer do tempo. Anos depois, em 1989, a Galeria foi declarada Monumento Histórico Nacional. Em 1990 o local foi mais uma vez remodelado, transformando-se em um centro comercial de luxo. Após a reforma, o Shopping foi reinaugurado em 1992.

Galerías Pacífico

Afrescos da Galerías Pacífico
Na Galerías Pacífico existem diversas lojas famosas, como Lacoste, Samsung, La Martina, Levi’s, Adidas, Chanel, Mac, Nike, Timberland, Swatch e Tommy Hilfiger, por exemplo. São muitas opções para todos os gostos e bolsos. Porém, não são só lojas que estão dentro da Galeria. Há uma Praça de Alimentação no subsolo, onde você encontrará diversos restaurantes, mas praticamente nenhum deles oferece serviço de mesa. Você entra na fila, compra sua comida e procura um lugar. Próximo à Praça de Alimentação há alguns brinquedos para as crianças. São coisas simples, como carrinhos e cavalos, que ao colocar dinheiro, se mexem. No Plaza Kids as crianças podem brincar com o Rasti, que é uma espécie de Lego. Há várias mesas e peças para elas brincarem e os pais podem participar. Lá também ficam algumas escolas de dança, como o Estúdio de Dança Julio Bocca e o Centro Cultural Borges, que ocupa um espaço de mais de 10 mil metros quadrados e tem uma importância histórica, pois já recebeu expressivas exposições e é o mesmo local onde funcionava o Museu de Belas Artes. O espaço foca especialmente nas artes plásticas e na fotografia, embora também ofereça outras atividades.

Afrescos da Galerías Pacífico
Para chegar até a Galerías Pacífico não é difícil. Ela ocupa um quarteirão inteiro entre a Avenida Córdoba e as Calles Florida, San Martin e Viamonte, no Bairro de San Nicolás, na região central da cidade. Nessas vias existem diversos pontos de ônibus, mas as estações de metrô ficam um pouco afastadas. A mais próxima delas é na Florida, da Linha B-vermelha, que fica entre a Calle Florida e a Avenida Corrientes, a 450 metros de distância, o que dá aproximadamente seis minutos de caminhada. Sua fachada é imponente e belíssima, então é impossível não a notar do lado de fora. Lá dentro, o teto é uma atração à parte, devido a sua decoração. É um dos poucos shoppings onde encontramos a atração no teto. Você irá reparar que todos ficam olhando para cima da parte central, perto do chafariz.

Afrescos da Galerías Pacífico
O Shopping é tão bonito e bem decorado que recomendo a visita não apenas a quem deseja fazer compras como a quem procura apenas um lugar para bater perna e ver coisas bonitas. Você pode ver de perto os detalhes arquitetônicos da Galerías Pacífico com explicações detalhadas. O Shopping oferece visitas guiadas com duração de 20 minutos, de segunda a sexta-feira, tendo a cúpula central como ponto de partida. No quiosque de informações, no térreo, há fones de ouvido com opções de idiomas, entre eles, o português. A vantagem de ir à Galerías Pacífico é que, se fizer uma compra de mais de 70 pesos, na saída do país você pode mostrar a nota fiscal e eles te devolvem até 16% do valor. Uma dica boa é levar uma mala de rodinha ou uma mochila grande quando for aos shoppings e outlets, para ir guardando suas compras. Em poucas horas você estará cheio de sacolas e não é nada fácil ficar carregando todas elas o dia inteiro. Com uma mala grande ou uma mochila, você vai guardando tudo dentro delas e é muito mais prático.