Museu de Arte de Ribeirão Preto "Pedro Manuel-Gismondi" |
Bem na esquina das Ruas Barão do Amazonas e Duque de Caxias, está o mais antigo prédio
histórico da região central de Ribeirão Preto.
Muito se fala do Teatro Pedro II, da
Biblioteca Altino Arantes ou do Palácio Rio Branco (sede da Prefeitura),
mas o prédio mais tradicional do Centro é o MARP. O Museu de Arte de
Ribeirão Preto “Pedro Manuel-Gismondi” (MARP) é um museu de arte moderna, inaugurado em dezembro de 1992,
com o objetivo de reunir em um só lugar o acervo artístico pertencente à Prefeitura,
formado por obras adquiridas no âmbito do Salão
de Arte de Ribeirão Preto e do Salão
Brasileiro de Belas Artes, e por outras amealhadas pelo executivo municipal
ao longo das décadas, a maior parte com finalidade de decorar os escritórios
governamentais. Após seu estabelecimento oficial, o Museu também passou a
receber doações de particulares, como os conjuntos de obras dos artistas Leonello
Berti e Nair Opromolla.
Museu de Arte de Ribeirão Preto "Pedro Manuel-Gismondi" |
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
O Museu é uma
instituição pública municipal, subordinado à Secretaria Municipal da Cultura. Desde a sua fundação, o Museu
encontra-se instalado no antigo edifício da Sociedade Recreativa, inaugurado em 1908, que também já serviu de sede
à Câmara Municipal de Ribeirão Preto.
O
edifício, em estilo eclético, foi projetado pelo arquiteto
ítalo-brasileiro Affonso Geribello e sua execução ficou a cargo de Vicente
Lo Giudice. Foi inaugurado em dezembro de 1908. Em 1924, o
edifício foi ampliado, após a aquisição de um terreno contíguo. Novas
adaptações foram realizadas em 1935. Em 1945, o Conselho Deliberativo da Sociedade Recreativa aprovou a construção
de uma nova sede para substituir o edifício de 1908, que, segundo a mesma
resolução, deveria ser demolido. O plano, entretanto, não se concretizou. Em
1951, a Sociedade Recreativa lançou
novamente um concurso para a escolha da nova sede, a ser erguida no terreno de
sua sede de campo, desta vez de forma bem sucedida. Após a mudança da Sociedade Recreativa, sua sede passou a
ser ocupada pela Câmara Municipal
de Ribeirão Preto, em 1956. A Câmara
Municipal funcionou no prédio até 1984, quando foi transferida para a sede
atual (pavimento superior da Casa da
Cultura). Após uma grande reforma, o edifício passou a abrigar o Museu, em
1992.
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
No ano de 2000, a instituição teve seu nome
alterado para Museu de Arte de Ribeirão Preto
“Pedro Manuel-Gismondi. O nome é uma homenagem ao pintor, escritor, crítico
de arte e professor ítalo-brasileiro Pedro Manuel-Gismondi, morto no ano anterior.
Manuel-Gismondi foi representante do Brasil
no Congresso Internacional de Críticos de
Arte de Bruxelas, expoente do realismo mágico brasileiro, ao lado de Wesley
Duke Lee e diretor da Escola de Artes Plásticas
de Ribeirão Preto – cidade onde realizou sua primeira exposição individual,
na Galeria 4 Artes. Em 2002, durante as comemorações do aniversário de 10
anos do Museu, o MARP realizou, em
parceria com o Museu Lasar Segall de São Paulo, a exposição Lasar
Segall – Imagens do Brasil, que
deu início ao Projeto MARP 10 Anos. No âmbito deste projeto, o Museu
recebeu uma doação de 252 gravuras do artista Pedro Manuel-Gismondi, ofertadas
por sua família.
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
Em 2003, segundo as celebrações
dos 80 anos da Semana de Arte Moderna de
1922, o Museu organizou a importante mostra retrospectiva “Modernidade Emergente”, com 44 obras de artistas
que se destacaram na primeira geração de modernistas do Brasil, tais como Vicente do Rego Monteiro, Tarsila do Amaral, Victor
Brecheret, Di Cavalcanti, Portinari, Lasar Segall e Anita Malfatti. Neste mesmo
ano, o Museu instituiu o “Programa Exposições”,
realizado anualmente pela Secretaria Municipal
da Cultura, responsável por selecionar, em âmbito nacional, mostras para complementar
o calendário anual de exposições do MARP.
Em 2004, foi criada a Associação de Amigos do MARP (AAMARP), organização de membros da
sociedade civil interessados em auxiliar na continuidade dos trabalhos
desenvolvidos pela instituição e na ampliação do acervo.
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
Em 2008, o edifício foi tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural
de Ribeirão Preto (CONPPAC), em
resposta à iniciativa do processo de tombamento iniciado pela Associação de Amigos do MARP em 2006. Em pouco mais de duas décadas de existência, o Museu
já sediou mostras importantes e desenvolveu concursos e projetos de alcance
nacional, destacando-se o Salão de Arte
de Ribeirão Preto (SARP). O Museu
possui um acervo artístico focado na produção regional, mas
abrangendo também importantes nomes da arte moderna e contemporânea
brasileira. É equipado com biblioteca especializada e mantém atividades educativas
e culturais. O Museu também administra um segundo espaço expositivo, localizado
no Centro de Convenções Ribeirão Preto,
e desenvolve suas atividades em colaboração com outras instituições culturais
da cidade.
Pinturas em tecido |
O Museu iniciou suas atividades
com grandes dificuldades estruturais, mas desde o início imprimiu ao longo de seu
percurso, um perfil voltado à arte contemporânea, com atividades direcionadas a
formação de público e recebendo importantes mostras históricas. Malgrado os
obstáculos provenientes da falta de recursos nos primeiros anos, o MARP conseguiu superar as dificuldades
estruturais e estabeleceu-se em pouco tempo como uma importante instituição
cultural em sua região. Influíram firmemente para a sua consolidação como
centro cultural de expressão regional uma série de exposições temporárias com
nomes consagrados, tais como Alfredo Volpi, Arthur Bispo do Rosário, Bassano
Vaccarini, Dudi Maia Rosa, Franz Weissmann, Iberê Camargos, Leda Catunda,
Odilla Mestriner, Paulo Whitaker, Pedro Manuel-Gismondi, Sandra Cinto, Sérgio
Romagnolo, Sérgio Sister, Siron Franco e Tomie Ohtake.
Pinturas em tecido |
O Museu também se
tornou responsável por organizar os três principais salões de arte
ribeirão-pretanos, o Salão Brasileiro de
Belas Artes de Ribeirão Preto (SABBART),
o Salão Nacional de Humor de Ribeirão
Preto e, destacadamente, o Salão de
Arte de Ribeirão Preto (SARP),
significativo salão de arte nacional contemporânea. Os prêmios aquisitivos
das edições anuais dos salões permanecem, desde então, como a principal forma
de expansão do acervo, tendo permitido a este a aquisição de obras
significativas de artistas como Alex Flemming, León
Ferrari e Rosângela Rennó, entre outros. Nos últimos 10 anos o Museu
tem organizado importantes exposições e projetos, garantindo grande
visibilidade e expressiva visitação junto ao público regional. É o caso das mostras
dedicadas a Salvador Dalí (Dalí Monumental),
Cândido Portinari (Interior de Portinari),
Lasar Segall (Maternidades), Alberto da
Veiga Guignard (Viajando com Guignard)
e José Pancetti (100 anos de Pancetti).
O incremento da visitação permitiu ao Museu realizar uma série de benfeitorias,
tais como a climatização do espaço expositivo, a aquisição de equipamentos e
melhoria do sistema de iluminação, adequando sua sede para a recepção de
mostras itinerantes.
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
Entre as mais importantes
mostras recentes, destaca-se a exposição “Coleção
Nemirovsky: Obras em Destaque”, realizada em 2010. A exposição, composta por
obras selecionadas do acervo da Fundação
Nemirovsky, foi realizada em parceria com a Secretaria da Cultura do governo paulista e com a Pinacoteca do Estado (depositária
da coleção). Além
das mostras temporárias, o MARP
mantém atividades educativas e culturais permanentes, em colaboração com outras
unidades da Secretaria de Cultura do
município, tais como a Casa da Cultura,
a Escola de Arte do Bosque e a Galeria de Arte a Céu Aberto. O Museu
oferece cursos voltados a artistas e interessados em geral, projetos de
capacitação de monitores e professores e outros que visam a formação e
discussão de arte, como palestras, workshop e acompanhamento
da produção artística local.
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
O Museu
de Arte de Ribeirão Preto possui um acervo com mais de mil obras, a maioria
das quais realizadas por artistas de Ribeirão
Preto e região no período do pós-guerra. As mais representativas obras do
acervo foram reunidas por meio do tradicional Salão de Arte de Ribeirão Preto (SARP), realizado anualmente há mais de três décadas. O acervo
possui núcleos significativos de obras dos chamados "cinco históricos", isto é, os artistas plásticos que mais se
destacaram em Ribeirão Preto durante
as décadas de 1970 e 1980: Odilla Mestriner, Pedro Manuel-Gismondi, Francisco
Amêndola, Bassano Vaccarini e Maurilima, além de Domenico
Lazzarini, pintor ítalo-brasileiro que, ao lado de Vaccarini, foi responsável
pela modernização das artes em Ribeirão
Preto, ao fundar o Núcleo de Artes
Plásticas em 1957 (embrião da atual Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto). Outros importantes
artistas regionais presentes no acervo são Francisco Amêndola, Vagner
Dante Veloni, Fernando Dias, Sofia Borges, Regina
Johas e Renata Lima.
Obras do Clube de Colecionadores de Gravuras do MAM São Paulo |
Em menor escala, estão representados no
acervo artistas contemporâneos de expressão nacional e internacional, tais como
Alex Flemming, Rosângela Rennó, León Ferrari, Leda Catunda, Marcelo Grassman,
Ana Maria Tavares, Ester Grinspum, Vânia Mignone, Siegbert Franklin, Leonilson,
Rodolpho Parigi e Niobe Xandó ademais de um pequeno núcleo de obras do modernismo,
com destaque para a escultura Maternidade, de Lasar Segall. A Biblioteca Leopoldo Lima, localizada
no térreo do edifício, é especializada em história da arte e aberta à
visitação pública. O Museu também abriga a Biblioteca
e Arquivo Pedro Manuel-Gismondi - acervo documental e bibliográfico, com
cerca de 3.000 volumes, entregue pela família de Manuel-Gismondi ao MARP em regime de comodato.
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