sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ouro Preto - Dicas de O Que Fazer em Ouro Preto

Ouro Preto

Ouro Preto consegue manter os viajantes que chegam à cidade entretidos por muitos dias. São dezenas de pontos turísticos a serem visitados, belas cidades nas redondezas para passeios de bate e volta, muitos mirantes que merecem paradas fotográficas e, claro, incontáveis comidinhas mineiras a serem experimentadas. Faltará tempo para tantas atrações. Caso você esteja organizando uma viagem curta, de apenas um final de semana, o melhor é focar no essencial de Ouro Preto para não ficar perdido entre tantas igrejas, museus, minas e povoados encantadores. São diversos os pontos turísticos em Ouro Preto, e o bom é que ficam próximos uns dos outros. Assim, você consegue conhecer bastante coisa em um ou dois dias, a maioria caminhando, apesar das inúmeras ladeiras da cidade. Caso tenha mais tempo, aproveite para conhecer a arte e arquitetura de Ouro Preto por dentro, não apenas as fachadas. A paisagem de Ouro Preto é deslumbrante, mas é no interior das igrejas e casarões que estão alguns dos maiores tesouros locais.


Ouro Preto


Praça Tiradentes

A Praça Tiradentes é o ponto de partida mais comum para o turismo na cidade, porque lá se concentram restaurantes, cafés e alguns pontos turísticos de Ouro Preto. É lá que está o Centro Cultural e Artístico de Ouro Preto, local onde você pode obter os mapas da cidade. Também há diversos guias se oferecendo aos turistas. O detalhe é que nem todos são confiáveis, então se atente caso for escolher um. Quanto ao grande Monumento a Tiradentes que você verá no centro da Praça, foi instalado em 1894, posicionado de costas para o prédio onde ficava na época, a Sede do Palácio dos Governadores. Trata-se de uma homenagem ao sacrifício do alferes na Inconfidência Mineira. A partir de então é que o local ganhou esse nome (antes era Praça da Independência). É na Praça que também acontecem os grandes eventos da cidade. Sua importância histórica é inquestionável. A Praça Tiradentes é um marco da Inconfidência Mineira. Foi nesse local que, em 1792, a cabeça de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência, foi exposta após seu enforcamento.


Casa onde viveu Thomás Antônio Gonzaga


Museu da Inconfidência

Ouro Preto oferece aos visitantes alguns espaços dedicados à arte e à história da região. São museus que ajudam a compreender como Vila Rica se tornou a atual Ouro Preto e a grande influência que a atividade mineradora, a religião e a escravidão tiveram sobre o povo e o desenvolvimento da região. Para ter uma ideia geral de Ouro Preto, não deixe de visitar o Museu da Inconfidência, onde documentos, mobiliários, obras de arte peças de época contam mais sobre o processo que culminou na Independência do Brasil. Além disso, o prédio tem em si sua própria história. Visto que já sediou a Casa da Câmara e a Cadeia de Vila Rica. Com foco na vocação mineradora de Ouro Preto, o Museu da Ciência e Técnica da Escola de Minas explica como se desenvolveu a principal atividade da cidade. Se o interesse for por obras sacras, conheça o Museu do Oratório, o Museu de Arte Sacra de Ouro Preto e o Museu Aleijadinho. Para encantar-se pela arquitetura colonial, vale visitar a Casa de Thomás Antônio Gonzaga, a Casa dos Contos, a Casa dos Inconfidentes e a Casa da Ópera, quatro construções onde funcionam centros culturais, as que têm como principal atração os próprios edifícios.


Chafariz do Museu da Inconfidência


Igreja Nossa Senhora das 
Mercês e Misericórdia

Nenhuma outra cidade de Minas Gerais tem oferta tão grande de belas igrejas abertas à visitação. E elas não são importantes apenas pela questão religiosa. Muitas igrejas de Ouro Preto são verdadeiras obras de arte e exemplares magníficos da arquitetura colonial. Percorrê-las é um presente para os olhos. Grandes nomes da arte barroca mineira trabalharam em projetos dos edifícios, esculturas e pinturas das igrejas setecentistas. Entre os artistas mais importantes está Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Além dele, destacam-se também Manuel da Costa Athayde (conhecido como Mestre Ataíde), Manuel Francisco Lisboa (pai de Aleijadinho) e Francisco Xavier de Brito. Entrar nas igrejas de Ouro Preto é como visitar museus. Cada uma reserva uma obra especial. A tarefa, no entanto, pode não ser fácil. Muitas vezes, as igrejas não têm horário regular de abertura, estão fechadas para restauração ou cobram ingressos para visita. Na verdade, quase todas as igrejas de Ouro Preto exigem pagamento para serem visitadas por dentro e quase nunca é permitido o registro fotográfico. Por isso, prepare-se para trazer recordações dos belos altares e pinturas no teto apenas na lembrança.


Altar da Igreja Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia


Igreja São Francisco de Paula

Ouro Preto oferece ao menos 20 igrejas e capelas para visitação. Como o número é muito alto e quase sempre o tempo é muito curto, é preciso priorizar a visita. Sendo assim, comece o tour pelas igrejas de Ouro Preto visitando as mais significativas em termos históricos e artísticos. Entre as igrejas imperdíveis da cidade estão a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, a Igreja de São Francisco de Assis, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Igreja de Santa Efigênia. Ainda que essas igrejas estejam entre as mais belas, elas não são as únicas. Ao caminhar por Ouro Preto e se deparar com outras igrejas, não deixe de entrar para descobrir o interior delas.


Nave da Igreja São Francisco de Paula


Igreja Nossa Senhora do Carmo

A Igreja Nossa Senhora do Carmo fica logo atrás do Museu da Inconfidência, é uma das obras do arquiteto Aleijadinho. Sua longa escadaria permite uma ampla paisagem do Centro Histórico. O desenho dessa Igreja, concluída em 1766, pertence a Manuel Francisco Lisboa e remete à fase rococó da arquitetura colonial mineira. Esse estilo se caracteriza pelo uso abundante de curvas e de elementos decorativos, como conchas, flores e laços. Também tem pinturas de Manuel da Costa Athayde, o principal pintor colonial brasileiro. Todas as paredes inferiores da principal capela são decoradas com azulejos portugueses, o que dá um ar de elegância ao lugar. Ao lado da Igreja tem um cemitério de catacumbas, que foi construído entre os anos 1824 e 1868. Anexo ao terreno, fica o Museu do Oratório, que expõe grande variedade de peças religiosas.


Nave da Igreja Nossa Senhora do Carmo


Igreja São Francisco de Assis

A Igreja São Francisco de Assis mistura os estilos arquitetônicos barroco e rococó e foi construída entre 1776 e 1794. Talvez uma das mais celebradas da cidade e foi um dos primeiros bens tombados em Ouro Preto. O prédio reúne trabalhos dos dois maiores artistas da época. Quem assina o projeto arquitetônico, a fachada, os púlpitos e as esculturas no interior da Igreja é Aleijadinho. Já o colorido das imagens do teto é de Manoel da Costa Athayde, o grande mestre da pintura barroca. A Igreja faz parte das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa do Mundo. Por isso, recomendo muito colocar em sua lista de O Que Fazer em Ouro Preto. Logo em frente à Igreja São Francisco de Assis, a Feira de Pedra Sabão é ideal para comprar lembranças de Ouro Preto. Por lá, você encontrará grande variedade de artigos típicos, especialmente artesanatos em pedra sabão. O diferencial é que, além da variedade de peças produzidas localmente, você encontrará artesãos esculpindo lá mesmo, o que dá um tom ainda mais afetivo aos artigos.


Altar da Igreja São Francisco de Assis


Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar

Se o que você quer fazer em Ouro Preto é constatar a riqueza que essa cidade já teve, visite a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar. Erguida no início dos anos 1700, é uma das mais luxuosas da cidade. A ornamentação da Igreja leva mais de 400 quilos de ouro e 400 quilos de prata, fora as centenas de anjos esculpidos. Para completar o passeio pela Igreja, vá ao Museu de Arte Sacra do Pilar, anexo à Igreja. Nele, você verá diversos ornamentos, roupas, esculturas, entre outras peças ligadas à história do local. 

Escravos adeptos ao catolicismo construíram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário no final dos anos 1700 e início dos 1800. Por isso, também é conhecida como Rosário dos Pretos. Segue o estilo puramente barroco, marcado pela fachada curva e a planta elíptica. A construção foi viabilizada graças ao trabalho da Irmandade dos Homens Pretos, grupo de negros escravos e alforriados católicos que não podiam frequentar os mesmos cultos dos brancos.


Altar da Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar


Igreja Nossa Senhora da Conceição

Com quase 300 anos de existência, a Igreja Nossa Senhora da Conceição tem uma ligação especial com Aleijadinho e o pai dele (Manuel Francisco Lisboa), também arquiteto. Isso porque os corpos de ambos estão enterrados lá. Não é por acaso, afinal o projeto e a construção ficaram por conta de Manuel. Ainda tem mais sobre essa família que criou o que hoje são os principais pontos turísticos de Ouro Preto. O Museu do Aleijadinho fica anexo a essa Igreja, logo você pode visitá-lo no mesmo passeio.


Altar da Igreja Nossa Senhora da Conceição


Igreja Santa Efigênia

A Igreja de Santa Efigênia, originalmente dedicada à Nossa Senhora do Rosário, ficou mais conhecida pelo nome de Santa Efigênia, outra padroeira da Igreja. As obras duraram cerca de 50 anos (de 1734 a 1785) e quem bancou foi a Irmandade dos Homens Pretos. Dizem que a estátua de uma mulher carregando um bebê, disposta na frente da Igreja, foi presente de Aleijadinho, mas todos os dados históricos sobre os artistas participantes da obra são controversos. Esse caráter informal da construção prova o mérito dos negros escravos ou alforriados, que mesmo excluídos e com todas as dificuldades, se esforçam para professar a fé. Sua história também está ligada fortemente ao lendário líder negro Chico Rei, monarca africano que foi escravizado no Brasil e lutou por sua liberdade. Sua trajetória serviu de exemplo para muitos escravos lutarem por sua liberdade. Essa Igreja fica mais distante do Centro Histórico de Ouro Preto, no alto de uma ladeira.


Altar da Igreja Santa Efigênia


Teatro Casa da Ópera

Não se deixe enganar pela fachada simples desse prédio laranja. Isso porque, lá dentro, funciona o mais antigo teatro em atividade na América Latina. O Teatro Casa da Ópera foi inaugurado em 1770, ou seja, há quase 250 anos, o espaço tem programação de eventos e visitas guiadas. Entrar na Casa da Ópera de Vila Rica (atualmente Teatro Municipal de Ouro Preto) é uma verdadeira viagem ao passado. A Casa também foi a primeira do Brasil destinada ao teatro e outros espetáculos destinados à pomposa sociedade setecentista. São três andares, com 300 lugares divididos entre plateia, frisas, galerias e camarotes. No alto do palco, há uma bela pintura.


Casa da Ópera de Ouro Preto


As delícias da culinária de Ouro Preto

Para que negar? Minas Gerais é mesmo excelente para quem deseja se jogar nas delícias da vida. Então, renda-se de uma vez e experimente tudo o que há de melhor na culinária mineira, afinal, in loco é sempre mais gostoso. Peça uma dose de cachaça local para começar, depois experimente alguns torresmos e escolha o prato principal entre sabores como tutu, linguiça, frango com quiabo, costelinha, couve refogada, feijão tropeiro ou galinha ao molho pardo. É tudo tão saboroso que será difícil desapegar. Ah! Não se esqueça do docinho caseiro de sobremesa e um cafezinho coado com pão de queijo no meio da tarde. Para quem gosta muito dos produtos típicos mineiros e não desiste de levar alguns doces, queijos e artesanatos para casa, vale conferir as lojas de Ouro Preto, especialmente as que estão localizadas na Rua Direita (ou Rua Conde de Bobadela) e na Rua Cláudio Manoel. Não deixe também de conferir as lojas de metais e pedras preciosas ao redor da Praça Tiradentes.


Rua Direita


Ah! Quanta beleza pode guardar uma janela? Em Ouro Preto, elas são incontáveis! Cada ângulo, ladeira e sacada oferece um novo ponto de vista ainda mais belo. Tudo cercado pela envolvente cadeia de montanhas decorada por casarões coloniais. Por isso, aproveite cada nova vista para descobrir Ouro Preto. Experimente ver a Igreja de São Francisco de Assis a partir da Casa de Thomás Antônio Gonzaga. Suba até o topo da cidade para ver Ouro Preto no Mirante da UFOP ou no Mirante do Morro São Sebastião. E sempre repare a vista de todas as igrejas por onde passar. Cada uma delas permite ver outras várias igrejas de Ouro Preto. E esse é um dos maiores espetáculos da cidade.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Ouro Preto - Barroco

Museu da Inconfidência
Ouro Preto está acima do bem e do mal. Quem não pensa assim não aproveita a cidade. É extremamente humana, por isso mesmo corajosa e cruel. A crueldade está escrita nas paredes intumescidas pela queima de óleo de baleia das antigas minas de ouro. Os escravos eram forçados a entrar em pequenas aberturas e lá ficavam praticamente o dia inteiro, respirando a fumaça das tochas, o suor exausto e o sufocante exalar de urina e fezes. Já a coragem repousa resplandecente no Panteão da Liberdade, onde descansam os restos daqueles que um dia sonharam a Independência de Minas Gerais e, por que não, do Brasil. Em Ouro Preto não há lugar para maniqueísmos. Devemos apenas nos remeter a uma época sem leis, uma sopa caótica de interesses que tomou forma e deu origem à primeira sociedade com características modernas no Brasil. Se nosso país nasceu em algum ponto do litoral, sua concepção como nação se deu em Minas Gerais.

Praça Tiradentes
Ouro Preto é um município brasileiro localizado no Estado de Minas Gerais, na Região Sudeste do país, a 1179 metros acima do nível do mar. Ouro Preto localiza-se em uma das principais áreas do ciclo do ouro. Oficialmente, foram enviadas a Portugal 800 toneladas de ouro no século XVIII, isso sem contar o que circulou de maneira ilegal, nem o que permaneceu na Colônia, como por exemplo, o ouro empregado na ornamentação das igrejas. O município chegou a ser a cidade mais populosa da América Latina, contando com cerca de 40 mil pessoas em 1730 e, décadas após, 80 mil. Àquela época, a população de Nova York era de menos da metade desse número de habitantes e a população de São Paulo não ultrapassava oito mil. Em meio às ladeiras de paralelepípedo que recortam toda a antiga Vila Rica, estão ainda chafarizes, capelas, museus e um belo casario colonial que guardam e contam histórias dos séculos XVII e XVIII, épocas da pujança das minas e da Inconfidência Mineira.

Igreja São Francisco de Assis
De nada adianta todo o ouro do mundo se não é possível ostentá-lo. Não foi diferente na Vila Rica. A fé foi uma das válvulas de escape para o poder acumulado por setores da emergente sociedade mineira do século XVIII. A ordem dos poderosos, dos negros, dos pardos etc., cada qual tinha por finalidade construir a mais bela igreja, demonstrar sua força e influência. Deu-se início a um tipo de competição não declarada, cujo combustível era o metal amarelo, que se esparramou por altares, imagens e demais instrumentos litúrgicos. Minas Gerais vivia uma espécie de renascimento, onde figuravam mecenas, desabrochavam as artes e nasciam gênios. As igrejas barrocas e o casario colonial de Ouro Preto só voltaram a ficar evidenciados de forma positiva pelo Movimento Modernista, na década de 1920. Nesse momento, as obras de Aleijadinho e Mestre Ataíde passaram a ser vistas como manifestações primeiras de uma cultura genuinamente brasileira. O próprio tombamento da cidade faz parte do projeto de construção da nacionalidade brasileira, sendo o primeiro local do país considerado Monumento Nacional. O título de Patrimônio Histórico da Humanidade não foi concedido por acaso a Ouro Preto. Recentemente, Ouro Preto foi eleita uma das Sete Maravilhas Brasileiras

Igreja Nossa Senhora do Carmo
Enquanto o carro percorre a sinuosa estrada que leva até Ouro Preto, os olhos dos viajantes seguem atentos à incrível Serra do Espinhaço. O sobe e desce das montanhas anuncia o lindo e bucólico cenário que envolve a antiga cidade de Vila Rica. Entre as paisagens naturais do Pico do Itacolomy e as igrejas barrocas do século XVIII, a luz do sol encontra espaço e ilumina os casarões coloniais que tomam conta das ladeiras de Ouro Preto. O lugar, que já foi palco da incessante corrida em busca de ouro e intenso trabalho escravo, hoje resguarda parte importante da história do Brasil e recebe milhares de visitantes em busca de algumas das mais belas atrações turísticas de Minas Gerais e do país.

Igreja Nossa Senhora das 
Mercês e Misericórdia
Ouro Preto é o típico destino que pode ser visitado em um ou 10 dias. Ouro Preto consegue manter os viajantes que chegam à cidade entretidos por muitos dias. Localizada a apenas 100 quilômetros da capital Belo Horizonte, Ouro Preto é ótima pedida para um passeio de bate e volta e também para dias de intenso mergulho na história e arte do Brasil. São dezenas de pontos turísticos a serem visitados, belas cidades nas redondezas, muitos mirantes que merecem paradas fotográficas e, claro, incontáveis comidinhas mineiras a serem experimentadas. Faltará tempo para tantas atrações. Caso você esteja organizando uma viagem curta, de apenas um final de semana, o melhor é focar no essencial de Ouro Preto para não ficar perdido entre tantas igrejas, museus, minas e povoados encantadores. Caso tenha mais tempo, aproveite para conhecer a arte e arquitetura de Ouro Preto por dentro, não apenas as fachadas. A paisagem de Ouro Preto é deslumbrante, mas é no interior das igrejas e casarões que estão alguns dos maiores tesouros locais.

Teatro Municipal de Ouro Preto - Casa da Ópera
Por ser uma região turística e sempre receber visitantes, Ouro Preto oferece muitas opções de hospedagem. Para quem prefere ficar próximo aos pontos turísticos, o lugar ideal para ficar é mesmo ali pelo Centro Histórico. Como a região é repleta de ladeiras, é importante verificar se o hotel escolhido fica no topo de uma delas, pois será bastante cansativo subir e descer todos os dias. Outro detalhe a ser observado é a estrutura física do estabelecimento, uma vez que os imóveis da cidade são muito antigos e carentes de reforma. Pode ter certeza de que você vai se impressionar com as construções e fachadas das casas, todas coloridas e bem preservadas. Força nas pernas para o sobe-desce e câmera nas mãos para fazer as mais belas fotos de Ouro Preto. Ao caminhar pelas ruas dá até para se sentir um pouco no século XVIII, quando a região foi uma das mais importantes do país. A maioria dos visitantes, incluindo eu, prefere circular a pé pelo Centro Histórico, visitando os principais pontos turísticos. Com certeza, é a melhor forma de observar cada detalhe da arquitetura colonial da região.

Observatório Astronômico da Escola de Minas
Entrar nas igrejas de Ouro Preto é como visitar museus. Cada uma reserva uma obra especial. A tarefa, no entanto, pode não ser fácil. Muitas vezes, as igrejas não têm horário regular de abertura, estão fechadas para restauração ou cobram ingressos para visita. Na verdade, quase todas as igrejas de Ouro Preto exigem pagamento para serem visitadas por dentro e quase nunca é permitido o registro fotográfico. Por isso, prepare-se para trazer recordações dos belos altares e pinturas no teto apenas na lembrança. Ouro Preto oferece ao menos 20 igrejas e capelas para visitação. Como o número é muito alto e quase sempre o tempo é muito curto, é preciso priorizar a visita. Sendo assim, comece o tour pelas igrejas de Ouro Preto visitando as mais significativas em termos históricos e artísticos. 

Casa onde viveu o poeta Thomás Antônio Gonzaga
Entre as igrejas imperdíveis da cidade estão a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, ornamentada com mais de 400 quilos de ouro; a Igreja de São Francisco de Assis, considerada o ícone do estilo no país e obra-prima de Aleijadinho; a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Igreja de Santa Efigênia e a Capela do Padre Faria. Ainda que essas igrejas estejam entre as mais belas, elas não são as únicas. Ao caminhar por Ouro Preto e se deparar com outras igrejas, não deixe de entrar para descobrir o interior delas. Nenhuma outra cidade de Minas Gerais tem oferta tão grande de belas igrejas abertas à visitação. E elas não são importantes apenas pela questão religiosa. Muitas igrejas de Ouro Preto são verdadeiras obras de arte e exemplares magníficos da arquitetura colonial. Percorrê-las é um presente para os olhos. Grandes nomes da arte barroca mineira trabalharam em projetos dos edifícios, esculturas e pinturas das igrejas setecentistas. Entre os artistas mais importantes está Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Além dele, destacam-se também Manuel da Costa Ataíde (conhecido como Mestre Ataíde), Manuel Francisco Lisboa (pai de Aleijadinho) e Francisco Xavier de Brito. 

Escola de Minas de Ouro Preto
Ouro Preto oferece aos visitantes alguns espaços dedicados à arte e à história da região. São museus que ajudam a compreender como Vila Rica se tornou a atual Ouro Preto e também a grande influência que a atividade mineradora, a religião e a escravidão tiveram sobre o povo e o desenvolvimento da região. Para ter uma ideia geral de Ouro Preto, não deixe de visitar o Museu da Inconfidência, onde documentos, mobiliários, obras de arte e peças de época contam mais sobre o processo que culminou na Independência do Brasil. Com foco na vocação mineradora de Ouro Preto, o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas/UFOPS explica como se desenvolveu a principal atividade da cidade. Se o interesse for por obras sacras, conheça o Museu do Oratório, o Museu de Arte Sacra de Ouro Preto e o Museu Aleijadinho. Para encantar-se pela arquitetura colonial, vale visitar a Casa de Thomás Antônio Gonzaga, a Casa dos Contos, a Casa dos Inconfidentes, e a Casa da Ópera ou Teatro Municipal de Ouro Preto. A Casa da Ópera foi construída pelo contratador português João de Souza Lisboa, com o apoio do Conde de Valadares, Governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta Cláudio Manoel da Costa. Situada próximo à Igreja do Carmo, em terreno íngreme, foi inaugurada em junho de 1770, na comemoração do aniversário do Rei Dom José I. É o mais antigo teatro em funcionamento da América Latina. A cidade ainda tem instituições que guardam acervos variados como Museu das Reduções, Museu do Chá, Museu da Música, Ludo Museu, Museu Casa Guignard, Museu de Pharmácia, Museu Aberto Cidade Viva além do Museu do Ouro, onde são encontradas diversas pedras preciosas. 

Chafariz do Museu da Inconfidência
Ouro Preto tem como grande marca a intensa atividade mineradora no período colonial, quando a cidade ainda era a famosa Vila Rica. Pouco resta daquele tempo em que o ouro era o grande produto local. A riqueza foi embora para a Europa, mas ainda é possível visitar algumas das minas de onde eram retiradas toneladas de minérios e pedras preciosas. Durante a visita, os turistas entram nas minas e ouvem detalhes sobre como era a exploração nos locais e sobre o trabalho escravo nas minas. Os passeios são acompanhados por guias. As minas estão localizadas nos jardins de propriedades particulares, portanto tem que pagar. Algumas das minas mais populares para visitação estão localizadas no Centro Histórico de Ouro Preto, especialmente na região da Rua Chico Rei. Por lá, será possível conhecer a Mina do Chico Rei, a Mina Jejê, a Mina du Veloso e a Mina de Santa Rita. As visitas são muito semelhantes e no geral acontecem com uma visita guiada por dentro dos túneis de mineração. Uma mina se destaca das demais por oferecer um tour diferente. A Mina da Passagem, localizada na estrada que liga Ouro Preto a Mariana, é a única mina industrial aberta à visitação na região. Os turistas descem para os túneis em um carrinho que passa pelos antigos trilhos por onde eram retiradas as riquezas de Vila Rica. O passeio é mais interessante, mas o custo também é bem mais alto. 

Escola de Minas de Ouro Preto
Durante o dia, o programa é desvendar altares e imagens, garimpar peças nos antiquários e feiras de artesanato em pedra-sabão, bater perna pelas lojas e cafeterias da Rua Direita. Para tal, não se esqueça dos sapatos confortáveis, que também são bem vindos para curtir a noite nos bares ou nas festas que agitam as repúblicas de estudantes. As repúblicas de Ouro Preto estão espalhadas pela cidade e recebem estudantes de todo o país. Algumas têm décadas de tradição. E não apenas tradição em bem acolher os estudantes de fora, mas também tradição festeira. Para se divertir na noite de Ouro Preto, basta bater na porta de uma república e perguntar onde será a festa do dia. Alguém sempre saberá informar a agenda. Ainda que as festas sejam constantes, o agito coletivo acontece mesmo é no Carnaval, quando várias repúblicas oferecem bailes ao mesmo tempo. É lugar para quem deseja diversão em estágio máximo. O Carnaval em Ouro Preto é disputado, lotado e, claro, muitíssimo animado!

Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Para quem gosta muito dos produtos típicos mineiros e não abre mão de levar alguns doces, queijos e artesanatos para casa, vale conferir as lojas de Ouro Preto, especialmente as que estão localizadas na Rua Direita (ou Rua Conde de Bobadela) e na Rua Claudio Manoel. Uma visita à Feira do Largo de Coimbra, de frente para a Igreja de São Francisco de Assis, também está entre as melhores atrações da cidade. Por lá, você encontrará grande variedade de artigos típicos, especialmente artesanatos em pedra sabão. Não deixe também de conferir as lojas de metais e pedras preciosas ao redor da Praça Tiradentes. Para que negar? Minas é mesmo excelente para quem deseja se jogar nas delícias da vida. Então, renda-se de uma vez e experimente tudo o que há de melhor na culinária mineira, afinal, in loco é sempre mais gostoso. Peça uma dose de cachaça local para começar, depois experimente alguns torresmos e escolha o prato principal entre sabores como tutu, linguiça, frango com quiabo, costelinha, couve refogada, feijão tropeiro ou galinha ao molho pardo. É tudo tão saboroso que será difícil desapegar. Ah! Não se esqueça do docinho caseiro de sobremesa e um cafezinho coado com pão de queijo no meio da tarde.

Igreja de Nossa Senhora 
do Rosário dos Pretos
Ah! Quanta beleza pode guardar uma janela? Em Ouro Preto, elas são incontáveis! Cada ângulo, ladeira e sacada da cidade oferece um novo ponto de vista ainda mais belo. Tudo cercado pela envolvente cadeia de montanhas decorada por casarões coloniais. Por isso, aproveite cada nova vista para descobrir Ouro Preto. Experimente ver a Igreja de São Francisco de Assis a partir da Casa de Thomás Antônio Gonzaga. Suba até o topo da cidade para ver Ouro Preto no Mirante da UFOP ou no Mirante do Morro São Sebastião. Assista ao pôr do sol no alto da Igreja São Francisco de Paula ou na varanda do Museu da UFOP. E sempre repare a vista de todas as igrejas por onde passar. Cada uma delas permite ver outras várias igrejas de Ouro Preto. E esse é um dos maiores espetáculos da cidade!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ouro Preto - História

Vista parcial de Ouro Preto
Uma fabulosa e linda cidade setecentista encravada em um vale profundo das montanhas mineiras. Anacrônica, espantosa, fascinante. Ouro Preto ressurge como uma visão, uma miragem em meio à densa névoa matutina. A sensação para os visitantes de primeira viagem é empolgante. De repente parece que a viagem no tempo é uma realidade. A cidade histórica de Ouro Preto situa-se em Minas Gerais, Brasil, tendo sido o primeiro sítio brasileiro considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, título que recebeu em 1980. Foi considerada Patrimônio Estadual em 1933 e Monumento Nacional em 1938. No município há 13 distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Salto, São Bartolomeu e Rodrigo Silva, além da sede.

Casario histórico com o Pico do Itacolomy ao fundo
Antes da chegada dos colonizadores de origem europeia no século XVI, toda a região atualmente ocupada pelo Estado de Minas Gerais era habitada por povos indígenas que falavam línguas do tronco linguístico macro-jê. A partir do século XVI, exploradores luso-tupis provenientes de São Paulo, os chamados “bandeirantes”, começaram a percorrer a região do atual Estado de Minas Gerais em busca de ouro, pedras preciosas e escravos indígenas. Nesse processo dizimaram muitas nações indígenas da região. No final do século XVII, finalmente foi descoberto ouro, aumentando ainda mais o afluxo de aventureiros para a região. Enquanto isso, as descobertas de ouro nos córregos continuavam no sertão, acendendo ambições de além-mar. As expedições procuravam ora o Rio das Velhas (principalmente os paulistas), ora o Tripuí, onde já se havia encontrado o afamado “ouro preto”. Orientados pelos picos que eriçam as Serras de Ouro Branco, Itatiaia, Ouro Preto, Itacolomy, Cachoeira, Casa Branca, Ribeirão do Carmo etc., os exploradores seguiam juntos ou separados.

Sobrados de Ouro Preto
O ouro mineiro começou a chegar a Portugal ainda no final do século XVII. Não era distribuição fácil nem equitativa, pois, às vezes, eram exploradas aluviões riquíssimas ao longo de um curso d’água estreito e, assim a riqueza mineral não era bem distribuída. Pelo Direito da época, o senhor do solo e do subsolo era o Rei, mas este não podia trabalhar a terra e a dava em quinhões a particulares para explorar mediante parte nos resultados. Para a arrecadação, em cada distrito havia um Guarda-Mor com escrivão, tesoureiro e oficiais. Vieram artífices de profissões diversas, no Arraial de Ouro Preto e no Arraial de Antônio Dias, no Caquende, Bom Sucesso, Passa-Dez, na Serra e Taquaral, construindo capelas, casas de morada e fabricando ferramentas. Em toda parte, foi revirada e pesquisada a areia dos ribeiros e a terra das montanhas, levantando-se barracas perto de terrenos auríferos, arraiais de paulistas começando a povoar o interior da terra que hoje é Minas Gerais. Organizaram-se depois os povoados em torno de capelas provisórias, até a "grande fome".

Casario histórico
Falava-se de fome desde meados de 1700, quando a escassez alarmante de víveres começou a se estender aos povoados do Ribeirão do Carmo. O ouro enchia as bruacas e como ninguém admitia a ideia de ali permanecer depois de rico, nada se plantava; e do Rio das Velhas vinham tropas de negociantes para vender carne e víveres. No Ouro Preto e no Carmo, a paisagem era rude, solo pedregoso, aspecto ameaçador, selvagem, abrindo-se em vales estreitos e profundos, nada alentador para a agricultura. Circulava ouro em pó como moeda e havia pouco a comprar. E, além do mais, uma epidemia de bexigas correu pelos arraiais. Existiria até hoje o Campo das Caveiras: centenas, sucumbidos no esforço de subir a serra fugindo de Ouro Preto. Salteavam os vivos e saqueavam os mortos negros escravos e ciganos armados. Os paulistas reuniram seus burros e retornaram a São Paulo ou partiram para o Rio das Velhas defendendo-se a tiro e espada. Os poucos no Arraial de Ouro Preto se salvaram pela ambição de mercadores sertanejos, correndo ao famoso vale com cargas, conseguindo fabulosos lucros. 

Casario Histórico
Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por Dom Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então Província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. Em 1839, foi fundada a Escola de Farmácia, tida como a primeira Escola de Farmácia da América do Sul. Em 1876, a pedido de Dom Pedro II do Brasil, foi fundada a Escola de Minas em Ouro Preto. Esta foi a primeira escola de estudos mineralógicos, geológicos e metalúrgicos do Brasil e, hoje, é uma das principais instituições de engenharia do país. Foi a Capital da Província e, mais tarde, do Estado, até 1897. Entretanto, em 1897, a mudança da capital para Belo Horizonte provocou um esvaziamento da cidade e acabou inibindo seu crescimento urbano nas décadas seguintes, fato que contribuiu para preservação do Centro Histórico de Ouro Preto. 

Vista parcial do Ouro Preto
Apesar de atualmente a economia de Ouro Preto depender muito do turismo, há também importantes indústrias metalúrgicas e de mineração no município. As principais atividades econômicas são o turismo, a indústria de transformação e as reservas minerais do seu subsolo, tais como ferro, bauxita, manganês, talco e mármore. Os minerais de importância são o ouro, a hematita, a dolomita, turmalina, pirita, muscovita, topázio e topázio imperial, esta última apenas encontrada em Ouro Preto. Outra importante fonte de recursos para o município são os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto, oriundos principalmente da Região Sudeste do Brasil.

Casario Histórico
A cidade se tornou conhecida como um "museu a céu aberto", preservando um grande núcleo de casario colonial essencialmente intacto, prestigiado em todo o Brasil e mesmo no estrangeiro, tanto que a Cidade Histórica foi declarada pela UNESCO um Patrimônio da Humanidade, quando a organização enfatizou a autenticidade, integridade e originalidade de seu panorama urbano, qualificado como uma obra do gênio humano, sua importância histórica como sede da Inconfidência e de um florescente polo cultural, e o relevo de seus principais monumentos religiosos, onde atuaram mestres de importância superior como Aleijadinho e Ataíde, que deixaram obras que se colocam como os primeiros sinais de uma genuína brasilidade.

Chafariz do Museu da Inconfidência
Apesar de ter a maior parte do intenso fluxo turístico focado na arquitetura e importância histórica, o município possui um rico e variado ecossistema em seu entorno, com cachoeiras, trilhas seculares e uma enorme área de mata nativa, que teve a felicidade de ser protegida com a criação de Parques Estaduais. O mais recente destes situa-se próximo ao Distrito de São Bartolomeu. Para fugir do burburinho, as opções são embarcar na antiga “maria-fumaça” que leva à vizinha Mariana; ou seguir para o Pico do Itacolomy, protegido em um Parque Estadual com 75 quilômetros quadrados repletos de mirantes naturais.