sexta-feira, 31 de julho de 2015

Belém do Pará - Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré


Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré
Todo mundo já ouviu falar no Círio de Nazaré, um dos eventos religiosos mais famosos e concorridos do Brasil. São mais de dois séculos de tradição em uma das maiores e mais bonitas procissões da Igreja Católica no país, que ocorre todos os anos em Belém do Pará. Isso mesmo: há mais de 200 anos!!! Cerca de dois milhões de romeiros caminham pelas ruas da cidade em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio. A procissão ocorre no segundo domingo de outubro, quando a Imagem Peregrina (uma réplica da imagem encontrada, mas esculpida com traços das mulheres amazônicas) sai da Catedral Metropolitana de Belém e segue até a Praça Santuário de Nazaré. Lá, a imagem de Nossa Senhora fica exposta aos fiéis durante 15 dias, quando então retorna ao seu lugar de origem. É uma caminhada de 3,6 quilômetros de puras e emocionantes demonstrações de fé. A imagem original da Santa permanece no Glória (espaço elevado ornado com anjos e esplendores) durante o ano todo, sendo retirada somente no dia da missa após a procissão da Moto Romaria para a apresentação dos fiéis.  As ruas e casas ficam enfeitadas em homenagem à Santa. A Basílica recebe as missas comuns, casamentos e celebrações rotineiras de todo o ano litúrgico. São os coroinhas da Basílica que vão à frente da procissão do Círio todos os anos. O Círio de Belém foi considerado Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial em setembro de 2004 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Fachada da Basílica Santuário 
Nossa Senhora de Nazaré
O primeiro Círio foi realizado em setembro de 1793.  Mas tudo começou em 1700, quando o caboclo Plácido José de Souza encontrou uma pequena imagem da Senhora de Nazaré, às margens do Igarapé Murutucu, no local onde hoje se encontra a Basílica. Segundo a lenda essa imagem, independente do lugar para onde era levada, desaparecia e ressurgia no mesmo local onde Plácido a tinha encontrado. Interpretando o fato como sinal divino, a devoção à santa adquiriu caráter oficial e foi erguida uma capela naquele local em sua homenagem, hoje a Basílica de Nossa Senhora de NazaréA capela ficava na área periférica da cidade, à época, e era muito visitada principalmente por ribeirinhos e desvalidos. Vinte e um anos depois, uma ermida de taipa e palha foi erguida por sugestão do Bispo do Pará, Dom Bartolomeu do Pilar com a colaboração do político e devoto Antônio Agostinho. A essa ermida, em setembro de 1793, chegou o primeiro Círio.


Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré e
Praça Santuário de Nazaré

Nave da Basílica Santuário 
Nossa Senhora de Nazaré
Depois, com a quantidade crescente de fiéis, uma igreja foi erguida em 1852 no mesmo lugar. De acordo com as regras eclesiásticas, em 1861 foi criada, agora em alvenaria, a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro que passou a ser administrada pelos Padres Barnabitas (ordem religiosa de clérigos mais antiga na história da Igreja). Em visita à cidade de Belém, o padre italiano barnabita Luigi Zoia conheceu a pequena igreja e propôs a construção de um grande templo que representasse a fé do povo na Virgem de Nazaré. Já em 1884 ela era pequena para receber a quantidade de romeiros. A devoção, com o tempo, se estendeu para as classes mais nobres e chegou ao conhecimento da igreja, que ratificou a devoção e, por intermédio do Arcebispo de Belém, Dom Santino Maria Coutinho, delegou aos Padres Barnabitas (que já tomavam conta da ermida desde o século XIX) no ano de 1905, a responsabilidade da construção de uma locação mais organizada e digna da fé da população, além de se haver uma urgência em encontrar um local maior para abrigar o grande número de fiéis que crescia sem cessar. Para que o projeto inicial fosse para frente, primeiro foram cortados gastos e arrecadados recursos com o intuito de tornar tal obra realidade. Muitos beneficiários da paróquia acabaram perdendo seus créditos, pois muitos eram aproveitadores do fundo da igreja e pilhavam os bens que deveriam ser destinados a obras de caridade e para a construção do templo. 

Altar-Mor da Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré

Altar da Basílica Santuário
Em outubro de 1909, os barnabitas deram início à execução do projeto com o lançamento da pedra fundamental. Foi neste momento que o poeta maranhense Euclides Faria compôs o hino de 12 estrofes “Vós sois o lírio mimoso”, que se tornou o canto oficial da Padroeira e do Círio.  A igreja foi inaugurada em 1923, sendo esta a terceira Basílica do Brasil (na época existiam apenas a da , na Bahia e a de São Bento, em São Paulo). A Igreja só foi acabada depois da Segunda Guerra Mundial, enfrentando os dois períodos de conflitos (Primeira e Segunda Guerra, quando houve uma crise econômica e o comércio foi interrompido), a crise da borracha no Pará, a Revolução de 1930 e o Estado Novo.


Órgão da Basílica Santuário 
Nossa Senhora de Nazaré







As dificuldades foram muitas e envolvia, principalmente, o material necessário para a sua construção que vinha da Europa – mármores de Carrara, vitrais franceses, mosaicos venezianos, estátuas de Antônio Bozzano e seu filho, Augusto – e que, ao chegar ao Porto de Belém, era taxado pela Alfândega. O atual templo é marcado por diversos estilos arquitetônicos, cujos fortes são o neoclássico e o eclético. A Basílica Nossa Senhora de Nazaré é uma das igrejas mais belas de Belém, seguindo o modelo da Basílica de São Paulo, em Roma.

Representação dos santos nas paredes da Basílica
A Basílica é linda por dentro. São cinco naves, 62 metros de comprimento, 24 metros de largura e 20 metros de altura, duas torres com 42 metros de altura, 36 colunas de granito maciço, 54 vitrais (de Paris), 32 medalhões em mosaico de 1,5 metros de diâmetro, 19 estátuas do mais puro mármore de Carrara, nove sinos eletrônicos, um órgão com três teclados e 1.100 tubos. As imagens da Via Crucis que estão em suas laterais, dentro de grandes círculos, representam as contas de um enorme Terço, que tem nas grandiosas portas de bronze a representação do crucifixo.

Medalhões representando a Via Sacra
Na Basílica, todos os pontos convergem para o altar, onde está a imagem de Nossa Senhora. E é de lá, iniciando pela direita, que os vitrais contam histórias da Bíblia e os mosaicos rezam a Salve Rainha, através de anjos. Nas naves laterais encontram-se ainda, os mosaicos das mulheres que estão na Bíblia e guardam virtudes que serão encontradas na Virgem Maria. Foram os padres franceses que definiram os temas dos vitrais, assim como as imagens das estátuas que ornariam os altares laterais.

Representação das santas nas paredes da Basílica
Todo esse conjunto arquitetônico, considerado como obra de arte e de devoção, só foi realizado porque houve a fé de um povo, a coragem e a decisão dos Padres Barnabitas e das autoridades. É a única Basílica da Amazônia Brasileira e a que recebe o maior número de contingente do Norte da América do Sul, principalmente durante o período da Quadra Nazarena, onde ocorre a festa do Círio de Nazaré. Sua história, seu simbolismo e sua importância religiosa exercem uma profunda influência no imaginário religioso paraense. Quem vem a Belém e é católico (ou não) não pode deixar de visitar essa igreja. Hoje a Basílica é um dos principais patrimônios históricos da cidade.

Decoração no teto da Basílica
Desde maio de 2006, a Basílica foi elevada à categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano. Dessa forma, passou a denominar-se Basílica-Santuário de Nossa Senhora de Nazaré por receber romeiros e peregrinos que se dirigem a Belém para agradecer as várias graças alcançadas ou fazer um pedido à santa, principalmente durante o Círio de Nazaré, a maior procissão religiosa brasileira. Na fachada, o prédio apresenta duas inscrições em latim: “Deiparae Virgini a Nazareth“, que significa “Virgem de Nazaré Mãe de Deus”; e “Salve Regina Mater Misericordiae“, que significa “Salve Rainha Mãe Misericordiosa”. Nas grades da frente da igreja, assim como nas grades da Praça Santuário de Nazaré (em frente à Basílica), os fiéis amarram as famosas fitinhas, fazendo seus pedidos e suas promessas, no estilo do que acontece também na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador.



A Igreja auxiliou na elevação dos preços das moradias na região, além de tornar a área um local disputado. Ela é uma construção imponente, mesmo em meio a variados prédios advindos da verticalização que ocorrera em Belém dos anos 1970 até a atualidade. Junto com o Colégio Gentil Bittencourt, as casas dos antigos barões da borracha e o Museu Paraense Emílio Goeldi, formam o Conjunto Arquitetônico do Bairro de Nazaré

Pia Batismal


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Belém do Pará - Museu de Arte de Belém (Palácio Antônio Lemos)


Museu de Arte de Belém (Palácio Antônio Lemos)
O Palácio Antônio Lemos foi construído no final do século XIX, com a finalidade de ser o Palácio Municipal. Atualmente o prédio sedia o Gabinete do Prefeito Municipal de Belém, a Coordenadoria de Comunicação Social e o Museu de Arte de Belém (MABE). Possui um acervo eclético de móveis e adornos, na sua maioria do século XIX e princípios do século XX. São mais de 200 peças inclusive um conjunto Luiz XVI. Construído para sede da Intendência Municipal, o povo preferiu chamá-lo de Palacete Azul, devido à cor de suas fachadas. Só na década de 1950 ganharia o nome de “Antônio Lemos”, Intendente de Belém de 1897 a 1911 e principal responsável pelo processo de reurbanização e modernização da cidade.

Entrada principal do Palácio Antônio Lemos
Ao longo de seus mais de 100 anos de existência abrigou o Tribunal de Relação, a Junta Comercial, o Conselho Municipal e a Câmara de Deputados. Possui linhas do neoclássico tardio, estilo introduzido no Brasil com a Missão Artística Francesa e que no país ganhou a denominação de “Imperial Brasileiro”, foi projetado por José Coelho da Gama e Abreu, o Barão de Marajó, com colunas toscanas, triângulos e simetria na fachada. No interior, estão as escadarias neogregas em mármore de lioz, dois pátios e os grandes salões. Está localizado na Avenida Portugal, no Bairro da Cidade Velha, Centro Histórico da capital paraense, entre as Praças Felipe Patroni e Dom Pedro II, junto às sedes do Poder Judiciário e do Legislativo Estadual. O Palácio é tombado pelas esferas federal, estadual e municipal, constituindo-se em um dos raros patrimônios edificados que mantém sua função pública original. Ao longo de sua história, o Palácio abrigou os três poderes e passou por diversas reformas e adaptações, algumas, inclusive, sem nenhum critério. Alcançou os anos 1990 bastante descaracterizado e em precárias condições, levando a Prefeitura de Belém a restaurá-lo, com o apoio da Fundação Banco do Brasil.

Escadarias do Museu de Arte de Belém
O Museu de Arte de Belém (MABE) foi instituído a partir de 1991 como um Departamento da Fundação Cultural do Município de Belém (FUMBEL), que por sua vez pertence à Prefeitura Municipal de Belém. Em 1994, com a reinauguração do Palácio Antônio Lemos, passou a acolher as coleções oriundas respectivamente, da Pinacoteca Municipal e Museu da Cidade de Belém (MUBEL), do qual é originário.

Escadarias do Museu de Arte de Belém
O Museu de Arte de Belém reúne um conjunto significativo de obras de artistas locais, nacionais e estrangeiros, que referem o período áureo da borracha na cidade e um acervo contemporâneo em expansão, com mais de 1500 obras. Esse acervo é composto por um conjunto de obras denominado Iconografia Paraense, que retrata através de pinturas, e fotografias, cenas de Belém e seus habitantes e ainda, do ambiente amazônico. O acervo possui também peças do mobiliário brasileiro dos séculos XIX e início do XX, cerâmica, objetos de interior e esculturas. As salas para exposições homenageiam artistas, que possuem obras no acervo ou são de reconhecido valor no cenário das artes; um auditório para solenidade e uma biblioteca especializada em artes visuais (aproximadamente mil volumes). O MABE mantém outros dois espaços expositivos na cidade, a Galeria Municipal de Arte e o Museu de Arte Popular, este último situado no Distrito de Icoaraci.

Escadarias do Museu de Arte
           de Belém
O Museu de Arte de Belém tem por objetivo preservar, restaurar, ampliar, pesquisar e divulgar seu patrimônio e fomentar diversas formas de manifestações artísticas, bem como prestar serviços à comunidade estudantil, principalmente no campo da arte-educação. Além das exposições permanentes, a instituição organiza e sedia mostras temporárias e itinerantes, mantêm visitas guiadas para grupos de estudantes de escolas públicas e privadas, oficinas de sensibilização artística, eventos complementares às exposições temáticas e palestras para grupos organizados da sociedade civil. O tour pelo Museu dura cerca de uma hora e o preço dos ingressos é irrisório. O Museu fica fechado às segundas-feiras para limpeza.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Belém do Pará - Museu do Estado do Pará (Palácio Lauro Sodré)

Museu do Estado do Pará - Palácio Lauro Sodré
O Palácio Lauro Sodré, inicialmente chamado Palácio dos Governadores, é uma edificação pública de 1772, situado na Praça Dom Pedro II, no Bairro da Cidade Velha, na cidade brasileira de Belém, no Estado do Pará. Foi projetado pelo arquiteto bolonhês Antônio José Landi (técnico do Reino) a pedido do Governador do Grão-Pará, no estilo neoclássico italiano e, inaugurado pelo administrador colonial português, para ser sede do governo português como Palácio dos Governadores, do Estado do Grão-Pará e Maranhão que se transferira de São Luís para Belém, quando também se transferira a capital da Província do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro.


Museu do Estado do Pará - Palácio Lauro Sodré

Lustre em cristal do Palácio Lauro Sodré
A história do Palácio tem início com um audacioso plano do Marquês de Pombal, um dos grandes ministros do Rei Dom José I. A ideia era transferir a corte portuguesa para Belém, mas para isso seriam necessárias obras de infraestrutura na cidade. Em 1754, durante a Era Pombalina, a residência dos governadores estava em ruínas e os administradores moravam e despachavam em casas alugadas, por isso era fundamental a construção de uma moradia adequada para o rei no então Centro Comercial de Belém. Uma comissão certifica o estado de ruína em que se encontrava o prédio e sugere sua demolição com o aproveitamento de algumas telhas e peças de madeira.

Lustre em cristal do
             Palácio Lauro Sodré
O Governador então solicita a Landi um projeto de uma “casa descente e sem superfluidades” declarando que a casa não poderia ser de grande despesa e o encaminha à Corte. Em 1761, ainda sem resposta, o governador se dirige ao rei, remetendo uma nova planta de Landi. A primeira proposta consistia em uma prancha assinada por Landi contendo a fachada e um corte transversal. No corte se identificam: um pórtico de entrada com um terraço superior, atrás da fachada, um átrio de acesso principal com cobertura abobadada; uma escadaria desenvolvida em espaço com abóboda. A fachada, horizontal e simétrica, mostra-se com dois pavimentos e telhado aparente de beiral, assentado sobre cornija. O segundo projeto mostra planta baixa, fachada principal e um corte longitudinal. A fachada mostra-se idêntica ao projeto anterior pelo destaque do corpo central. A planta mostra um pátio central interno, rodeado por arcadas ao estilo cortile italiano. A construção começou em 1768, após a compra de três lotes adjacentes para que o prédio tivesse a dimensão desejada, três anos depois, em novembro de 1771 estava concluída. 

Peça em porcelana do Museu
O Palácio foi modificado com o passar dos anos, mas a estrutura se manteve. Em meados do século XIX, as varandas foram fechadas e o beiral substituído por platibandas, além de outras mudanças internas significativas. Após a Proclamação da República houve um movimento no intento de retirar símbolos que marcavam a monarquia e assim o Palácio foi redecorado ao modo republicano e recebeu seu nome atual em homenagem ao Governador Lauro Sodré, o primeiro após a Proclamação da República. Dentre as muitas reformas, adaptações e/ou acréscimos por que passou, foi determinante a empreendida pelo Governador Augusto Montenegro, no início do século XX. No apogeu do Ciclo da Borracha quando a Amazônia viveu os costumes e valores da Belle Époque, Montenegro imprimiu ao prédio e a decoração de seu interior os cânones da época. Parte do mobiliário foi trazida da Europa e a outra parte foi confeccionada nas oficinas da antiga Escola de Artífices. Belíssimos lustres em cristal foram colocados nos Salões Nobres e foi contratado o pintor francês J. Casse para decorá-los. Estas peças e mais as telas de renomados pintores como Antônio Parreiras, Décio Vilares, Benedicto Calixto, passaram a constituir o núcleo mais significativo do acervo.

Pintura no teto do Museu
Em 1971-1973, uma restauração recuperou algumas de suas características modificadas em períodos anteriores, como a capela que fora dividida, na altura, por piso intermediário. Embora não tenha servido ao rei, que morreu em 1777, o Palácio serviu de morada aos governadores do Estado por mais de 220 anos, até ser transformado em sede do Museu do Estado do Pará, em 1994. Construído para uma majestade, o Palácio hoje fica aberto ao público como um dos mais significativos espaços de preservação de identidade histórica e cultural paraense. Um espaço que permite aos visitantes uma verdadeira viagem pela história do Pará. Esse é o Palácio Lauro Sodré testemunha de alguns dos mais importantes fatos da história política do Estado, como a adesão do Pará à Revolução Constitucionalista do Porto e à Independência do Brasil.

Interior do pátio do Palácio Lauro Sodré

Como é comum aos museus históricos, o Museu do Estado do Pará reúne em seus acervos exemplares de natureza, época e estilos diversos, estando os objetos agrupados nas mais diferentes categorias. Destaca-se o acervo arqueológico incorporado a partir de 2001 e o acervo de Artes Visuais até o projeto de vídeo-mapping na sua fachada, resultado de aquisições e doações. Possui uma diversidade de acervo composto por telas, mobiliário, acessório de interiores, fotografias, entre outros bens que incluem o próprio edifício. Foi reinaugurado em 2008 como Museu Histórico. O tempo estimado de visitação é em torno de uma hora. O valor do ingresso é simbólico e o Museu fecha às segundas-feiras para limpeza. O Palácio está localizado na Avenida Portugal, onde também estão outras edificações tombadas: a Doca do Ver-o-Peso, a Praça do Relógio, a Praça Dom Pedro II, o Palácio Antônio Lemos (Palacete Azul) e, a Casa do Barão de Guajará.

Quadro Histórico "Conquista do Amazonas" de A. Parreiras, 1907

terça-feira, 28 de julho de 2015

Belém do Pará - Estação das Docas

Estação das Docas
A Estação das Docas é um complexo turístico da cidade de Belém, no Estado brasileiro do Pará. Sendo anteriormente parte do Porto de Belém. É uma versão amazônica do Puerto Madero de Buenos Aires. Em 2000, o antigo Porto Fluvial de Belém deu lugar a um dos espaços mais representativos do Pará: a Estação das Docas. O complexo turístico é referência nacional, por oferecer, em um só lugar, opções de gastronomia, moda, lazer e eventos, com conforto e segurança. São 32 mil metros quadrados divididos em três armazéns e um terminal de passageiros. Dali saem os barcos turísticos que percorrem a Baía do Guajará. Há opções para ver o pôr do sol, o amanhecer, além de conhecer ilhas próximas de Belém. É uma forma de ver Belém de outro ângulo. 

Guindastes da Estação das Docas
Ao todo são 500 metros de extensão voltados para a orla, uma janela para a Baía do Guajará e a Ilha das Onças, perfeito para apreciar o cenário durante uma boa caminhada. O exercício, porém, pode ser interrompido a qualquer momento: apresentações de carimbó, a folclórica dança típica paraense, costumam acontecer com frequência por ali. Antes esta área tinha altos índices de criminalidade e prostituição, atualmente tornou-se um ponto de lazer para a elite paraense. Calcula-se que passe por lá pelo menos 6.000 pessoas por dia. No local, são mantidos sete projetos artísticos fixos, além dos momentos culturais que variam de acordo com a programação. 

Guindastes externos
O Forte de São Pedro Nolasco foi originalmente construído para a defesa da orla em 1665. O espaço foi destruído após o Movimento da Cabanagem, em 1825, e revitalizado para a inauguração da Estação. Hoje o local abriga um anfiteatro. A Estação foi resultado de um cuidadoso trabalho de restauração dos armazéns do Porto da capital paraense. Originalmente foram três galpões de ferro inglês, exemplo da arquitetura característica da segunda metade de século XIX. Os guindastes externos, marcas registradas da Estação, foram fabricados nos Estados Unidos, no começo do século XX. Já a máquina a vapor em meados de 1800, fornecia energia para os equipamentos do Porto. Nessa viagem pela história, o turista encontra ainda imagens em tamanho natural de pessoas que estiveram no lugar na época de sua inauguração, além de um piso todo em paralelepípedo, que busca reproduzir as ruas do antigo Centro Histórico de Belém

Boulevard das Artes
O Armazém 1 foi batizado como Boulevard das Artes – oferta vários produtos como biojoias, roupas e artesanato local. O Armazém 2, é nomeado Boulevard da Gastronomia. E o Armazém 3, como Boulevard de Feiras e Exposições. Além disso, o complexo turístico dispõe do Teatro Maria Sylvia Nunes e do Anfiteatro São Pedro Nolasco. Do lado de dentro existe um palco suspenso e móvel, que vai de um lado a outro levando música ao vivo em toda a extensão do galpão. Uma das características marcantes da Estação das Docas é o acesso gratuito a serviços de qualidade e o zelo com a manutenção dos espaços. Exemplo a ser seguido por outras capitais brasileiras.

Âncora no interior do Boulevard
Não deixe de experimentar o tacacá, iguaria típica da Região Amazônica, servido também nas bancas de rua. É um caldo feito com a goma da mandioca, camarões secos, jambu (erva amazônica que provoca um formigamento gostoso nos lábios), entre outros temperos. Também não deixe de experimentar as cervejas produzidas com frutos locais (açaí, bacuri, Cumaru, priprioca e taperebá) da Cervejaria Amazon Beer, que produz sua cerveja ali mesmo, em belos tubos e tanques dourados que podem ser observados por um vidro. O local lota no fim de tarde, o happy hour é bem concorrido. Por fim, o passeio gastronômico da Estação das Docas não será completo se não tiver sorvete da Cairu de sobremesa, um escândalo de tão bom. A sorveteria é uma das mais famosas de Belém e tem filial nas Docas. Vai por mim, prove os sabores locais como castanha-do-pará, taperebá, bacuri e murici.
Pôr do sol na Baía do Guajará



O projeto da Estação das Docas é único no Brasil. Quando estivemos lá, fomos informados que alguns engenheiros cariocas tinham ido até lá conhecer o projeto, na intenção de construir algo semelhante, revitalizando o porto na cidade do Rio de Janeiro. A Estação das Docas em Belém é um daqueles lugares que não dá vontade de ir embora. Só o belo visual da orla do antigo Porto de Belém já valeria o passeio. Se tiver tempo, fique para apreciar o pôr do sol à beira do rio, um dos mais bonitos da cidade, a dica é ir para o lado de fora, seja no calçadão ou em um dos bares. 


Restaurantes da Estação das Docas


Estação das Docas


Antiga máquina a vapor da Estação das Docas

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Belém do Pará - Praça Siqueira Campos

Relógio da Praça Siqueira Campos
A Praça Siqueira Campos, cartão postal da cidade de Belém do Pará, é mais conhecida como Praça do Relógio e situa-se na Doca do Ver-o-Peso na Avenida Portugal, no Bairro da Cidade Velha. É conhecida por abrigar enorme relógio inglês em seu centro. O Relógio é símbolo da passagem de épocas, marcadas por crises econômicas e transformações políticas. Foi erguido na virada das décadas de 1920 e 1930. O local escolhido para a construção da Praça era um terreno baldio conhecido como Praça dos Aliados, no local onde existiria o Palácio da Bolsa de Comércio, cuja construção chegou a ser iniciada, mas não foi concluída, devido à crise da borracha, principal produto econômico da região no século XIX até o início do século XX, e cujo declínio representou um forte abalo na até então rica e próspera economia da região. Anterior a tudo isso, no lugar existia a embocadura do Igarapé do Piri

Praça Siqueira Campos


No lugar do que seria o marco do vigor econômico, e que ficou abandonado por anos, foi construída a Praça com relógio ao centro, que passou então a ser espaço de ampla circulação social e palco de manifestações políticas, tornando-se um ícone da cidade. Na memória cultural histórica da “Cidade das Mangueiras”, o monumento que ornamenta a Praça, foi encomendado pelo Intendente de Belém para homenagear um dos 18 revolucionários paraenses heróis do Forte de Copacabana. O monumento que deveria decorar a Praça seria de um relógio a ser instalado no alto de uma elegante torre de ferro, de 12 metros de altura, com decoração que indicasse os pontos cardeais e quatro medalhões simbolizando as quatro estações do ano escritas em italiano, mostrador com iluminação noturna e sirene elétrica que deveria tocar às 8:00, 12:00 e 18:00 horas. Compondo o belo visual da Praça, acompanham quatro postes de ferro com belas luminárias, porém mais antigos. Foram fabricados pela Macfarlane em 1893. 

Praça Siqueira Campos
Na segunda metade do século XX e início do século XXI, a popularmente conhecida como “Praça do Relógio” passou por algumas reformas. Uma delas, nos anos 1990, foi inserida dentro do projeto da Prefeitura de Belém de "Revalorização Cromática dos Elementos em Ferro" dos monumentos do Centro Histórico. Outra reduziu o quadrilátero original da Praça. Quanto ao funcionamento do Relógio, por várias vezes foi interrompido, algumas por anos, por falta de manutenção. O Relógio parado parece estancar o tempo em uma cidade que clama por espaços de patrimônio preservados. Mesmo não se ouvindo mais o toque da sirene e nem vendo seus ponteiros luminosos à noite, o relógio inglês continua a orientar os belenenses que percorrem todos os dias aquelas ruas no ritmo acelerado do trabalho.

Prédios Históricos na Praça Siqueira Campos

A Praça do Relógio faz parte do Complexo Arquitetônico e Paisagístico do Ver-o-Peso tombado pelo IPHAN, em 1977, que compreende uma área de 35 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas, incluindo o Logradouro Boulevard Castilhos França, o Mercado da Carne, o Mercado de Peixe, a Doca do Ver-o-Peso, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo e, o Solar da Beira. Hoje o endereço é conhecido por todos como um quadrilátero que compreende a Travessa Marques de Pombal, Rua Padre Champagnat, Avenida 16 de Novembro e a Doca do Ver-o-Peso

domingo, 26 de julho de 2015

Belém do Pará - Igreja de Nossa Senhora das Mercês

Igreja de Nossa Senhora das Mercês
A Igreja de Nossa Senhora das Mercês localiza-se na Praça Visconde do Rio Branco, popularmente conhecida como Praça das Mercês, na cidade de Belém, no Estado brasileiro do Pará. Quando do regresso da expedição de Pedro Teixeira, vieram dois religiosos espanhóis da Ordem Calçada de Nossa Senhora das Mercês: Frei Pedro de La Rua Cirne e Frei João das Mercês. Esses religiosos em Belém, iniciando em 1640 a construção da Igreja e do Convento das Mercês, originalmente de taipa coberta por palha. Logo, a Igreja foi reformada com taipa de mão e pilão. Mais tarde, em 1753, foi reconstruído em alvenaria de pedra, com projeto do arquiteto italiano Antônio José Landi em estilo barroco primitivo. As obras foram concluídas em 1777. O Tratado de Tordesilhas dividiu o Brasil em dois, e Belém ficou sob o domínio da Coroa Portuguesa. A Ordem dos Mercedários permaneceu no Pará até 1794, quando foi expulsa pela Coroa Portuguesa.


Fachada da Igreja de Nossa Senhora das Mercês datada de 1640

Altar-Mor da Igreja de Nossa Senhora das Mercês

Capela-Mor da Igreja de Nossa Senhora das Mercês
Foi intensamente utilizada durante a Revolta da Cabanagem, em 1835, tendo ali funcionado posteriormente, o Trem de Guerra e o Quartel de Milícia, além do Arsenal de Guerra, a Recebedoria Provincial, os Correios, o Corpo de Artilharia e o Batalhão de Caçadores. A mais importante das batalhas ocorridas na época, a chamada "Batalha do Trem de Guerra" (1835), foi quando os revoltosos tentaram tomar de assalto o Trem de Guerra, armazém militar então instalado nas dependências do antigo Convento. Os atiradores legalistas, postados no alto dos casarões circundantes, repeliram os cabanos, tombando 800 destes. Entre eles contava-se o líder, Antônio Vinagre, que, aos vinte anos de idade, caiu com um tiro na testa, na esquina da Rua João Alfredo com Frutuoso Guimarães.

Balcão no interior da Igreja
No século XIX o conjunto esteve abandonado e o templo fechado ao culto por muitos anos, tendo servido como Alfândega e depósito de sal. Nesse período, muitas das suas obras perderam-se. O Brasil virou República, então o governo local entendeu que deveria entregar a Igreja aos arcebispos. Deve-se a Dom Santino, quando assumiu a Arquidiocese, as obras de restauração que permitiu a reabertura da Igreja em 1913. No final do século XX um incêndio destruiu grande parte das dependências do Convento, mas a Igreja foi pouco afetada. Em 1986 o conjunto foi integralmente restaurado pelo IPHAN. O tombamento inclui todo o seu acervo.

Capela-Mor da Igreja de
           Nossa Senhora das Mercês






É uma das poucas igrejas do Brasil e a única na cidade com fachada convexa e frontão de linhas onduladas. O corpo central convexo tem duas pilastras de cada lado, há três portais, três janelas, e um óculo no frontão, aos lados da parte central, existem duas torres, nelas existem frontões triangulares, com a parte superior vazada por óculos, sendo também vazada por janelas. A porta principal tem uma moldura em pedra de lioz. As outras duas molduras das portas laterais são do mesmo material. A Igreja tem planta em nave única, antecedida de uma com cobertura de abóbadas de aresta. A planta baixa desta Igreja segue um tipo comum em Portugal: nave única e ao seu lado, capelas apenas da mesma espessura da parede e por duas capelas profundas no transepto. A Capela-Mor é mais estreita e profunda do que a nave principal. O retábulo da Capela de Adoração é bem mais elaborado que o retábulo da Capela-Mor.

Altar do Sagrado Coração de Jesus

Altares laterais da Igreja de Nossa Senhora das Mercês