Teatro Pedro II |
Este final de semana em Ribeirão Preto foi mais uma das muitas
viagens a trabalho do meu marido. Mais uma vez ele me convidou para ir junto. A
minha primeira vez em Ribeirão Preto
já deve ter uns 20 anos. Decidi acompanhá-lo e ver o que a cidade tinha para
oferecer. Hospedamos-nos no JR Hotel
Ribeirão Preto, um três estrelas, situado no centro da cidade, cerca de 700
metros do Shopping Center Santa Úrsula
e da famosa Cervejaria Pinguim. O
Hotel foi reservado pela empresa. Ribeirão
Preto é um destino que se firmou como referência em turismo de negócios e
de eventos. Para quem conhece a cidade, os
destaques ficam para os prédios históricos e a boa gastronomia do lugar, que é
um bom destino para curtir em um final de semana ou feriado prolongado.
Prédio do Antigo Palace Hotel na Praça XV de Novembro |
Ribeirão
Preto é um município no interior do Estado de São Paulo, na Região
Sudeste do país. Pertence à Mesorregião
e Microrregião de Ribeirão Preto, localizando-se
a noroeste da capital do Estado, distando cerca de 315 quilômetros da capital
do Estado. É a cidade-sede da Região
Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP).
Limita-se com: Guatapará, a sul; Cravinhos, a sudeste; Jardinópolis, a norte; Serrana, a leste; Dumont, a oeste; Sertãozinho,
a noroeste; e Brodowski, a noroeste.
Anterior à atual denominação do município, a cidade teve os nomes de Barra do Retiro, Capela de São Sebastião do Ribeirão Preto, Vila de São Sebastião do Ribeirão Preto, Vila de Entre Rios e Vila de
Ribeirão Preto. O nome “Ribeirão
Preto” deve-se ao ribeirão que atravessa a cidade, que é chamado do “Preto”. Até o século XIX a região era
povoada pelos índios Caiapós, que se dispersavam por algumas aldeias onde
cultivavam pequenas plantações de milho e mandioca, vivendo ainda da caça, da
pesca, da coleta de mel e frutas nativas como a jabuticaba, o araçá e o
maracujá. Porém com o passar do tempo o lugar passou a ser dominado pelas
fazendas de forasteiros. O apossamento das terras foi pacífico, sendo que aos
poucos elas foram sendo legitimadas e consolidadas por heranças.
A famosa Choperia Pinguim no Edifício Meira Junior |
Segundo consta em registro, o primeiro
dono e doador de terras foi José Mateus dos Reis, dono da maior parte da Fazenda das Palmeiras, fez a primeira
doação de terras com a condição de no terreno ser levantada uma capela em
louvor a São Sebastião das Palmeiras. Em novembro de 1845, no Bairro das Palmeiras, era fincada uma
cruz de madeira como tentativa de demarcação do patrimônio para a futura Capela de São Sebastião. Com esta,
surgiram outras doações objetivando ampliar o patrimônio da Capela. Ribeirão Preto fazia parte do
território do município de São Simão,
e do mesmo município faziam parte Dumont,
Guatapará, Bonfim Paulista (atual distrito), entre outros vilarejos e cidades.
Ribeirão
Preto foi fundada em 1856, neste
período a região recebia muitos mineiros que saíam de suas terras já esgotadas
para a mineração e procuravam pastagens para a criação de gado. Muitos também
vinham do Vale do Paraíba, em
decorrência da Crise do Café, trazendo
sementes dos cafezais que aos poucos passaram a fazer parte de uma parcela
relevante da economia regional. Várias fazendas se formaram, e Ribeirão Preto se originou a partir da
criação da Paróquia de São Sebastião.
Praça XV de Novembro |
Um importante fator que
contribuiu para o desenvolvimento do município foi a chegada da Linha Férrea da Mogiana em 1883, que
possibilitou a expansão da cultura cafeeira que existia desde 1870. A expansão
do café levou a um crescimento da população a partir de 1874 até 1886. Em 1887,
a Câmara Municipal de Ribeirão Preto
realizou um dos atos de maior relevância de sua história, pois os vereadores
aprovaram, por unanimidade, a libertação dos escravos em Ribeirão Preto, antes mesmo da entrada em vigor da Lei Áurea, assinada em 13 de maio de
1888. Depois da assinatura da Lei
Áurea que extinguiu a escravidão no Brasil, o Governo da
Província de São Paulo passou
a estimular a vinda de imigrantes europeus, provocando em Ribeirão Preto um grande aumento populacional. Um crescimento muito
maior do que o registrado nos outros municípios da região durante esse período.
Esse contingente populacional foi importante para a urbanização e
desenvolvimento do município, pois muitos imigrantes já eram acostumados com a
vida urbana e possuíam uma mentalidade empreendedora, criando novos
estabelecimentos comerciais e industriais no município, transformando Ribeirão Preto, que era até então uma
simples vila agrícola.
Teatro Pedro II visto da Praça XV de Novembro |
Em 1879 a Família Dumont mudou-se de Valença, no Rio de Janeiro para Ribeirão
Preto, onde se estabeleceu na Fazenda
Arindeúva, ocupando-se com plantio e beneficiamento de café, através da
empresa Dumont Coffe Company.
Trazidos por seu patriarca Dr. Henrique Dumont, vieram sua esposa e seus oito filhos, dentre eles, um jovem chamado
Alberto Santos Dumont. Após uma viagem que a Família Dumont realizou para Paris
em 1891, o idealizador Santos Dumont começou a despertar-se para área mecânica,
principalmente para o motor de combustão interna, que culminou posteriormente
com a construção de um balão (sem motor), que mais tarde chegou à criação de
seu avião. Desde então, o jovem sonhador não parou mais de buscar alternativas,
vindo a receber da Câmara Municipal de
Ribeirão Preto, uma subvenção para que prosseguisse as pesquisas que, três
anos depois, resultaram na invenção do avião.
Castanheira centenária na Praça XV de Novembro |
Na primeira metade
do século XX, Ribeirão Preto
continuou atraindo imigrantes nacionais e internacionais. Um novo grupo de
destaque são os japoneses, sendo o município, considerado "berço da imigração japonesa" por
receber uma parte dos primeiros imigrantes que chegaram ao Brasil em 1908. Também é expressiva a chegada de árabes,
especialmente sírio-libaneses. O município também atraiu durante esse século
pessoas de todo o Estado de São
Paulo e de todo o Brasil,
sendo os mais numerosos, os mineiros, os paranaenses e os baianos. A cidade
começa a receber indústrias na década de 1910, com a instalação da Companhia Cervejaria Paulista. Por ter
sido sede da Companhia Antárctica
Paulista e por ter uma das mais famosas choperias do Brasil, a Choperia Pinguim,
Ribeirão Preto foi conhecida também
como a “Capital do Chope” assim como
já foi denominada “Capital do Café” e
de “California Brasileira”.
Monumento ao Soldado Constitucionalista de 1932 na Praça XV de Novembro |
Ribeirão Preto teve por décadas algumas cervejarias, que ajudaram a
desenvolver economicamente e culturalmente o município, as duas empresas ícones
desta tradição, foram a Companhia Antárctica
Paulista (1911) e a Companhia
Paulista (1912), que em 1973 se fundiram, criando a Companhia Antárctica Niger, que no final dos anos 90 encerrou a
fabricação local. Em 1996, concomitantemente com o fechamento das grandes
fábricas, iniciou-se a produção da Cerveja
Colorado, abrindo caminho para transformar a cidade num dos principais
polos de cervejas artesanais do Brasil.
Atualmente, a cidade possui sete cervejarias: Colorado, Invicta, Lund, Walfanger, Weird Barrel,
Pratinha, SP330 e a Nacional
oriunda da capital paulista. A ACIRP
(Associação Comercial e Industrial de
Ribeirão Preto), por meio do Programa
Empreender, criou o Núcleo Setorial
das Cervejarias, também conhecido como Polo
Cervejeiro de Ribeirão Preto. A princípio, seis cervejarias artesanais
fazem parte do grupo: Invicta, Lund, Pratinha, SP330, Walfänger e Weird Barrel.
Monumento em homenagem ao Dr. João Alves Meira Junior na Praça XV de Novembro |
O pioneiro para a
consolidação da pujança atual da cidade foi o Mercado Central de Ribeirão Preto, que começou a ser construído em
1899 e foi concluído em 1900, sendo inaugurado em outubro. Algumas catástrofes
atingiram o Mercado Municipal, como
as enchentes e o destruidor incêndio, em outubro de 1942, causado por um
curto-circuito elétrico. Este incêndio queimou praticamente todo o prédio,
tornando-o inabitável. Em 1956, surgiu a proposta da construção de um novo Mercado Municipal. Hoje o Mercado conta
com 152 boxes, numa área construída de 4.150 metros quadrados, sendo um
dos principais núcleos comerciais do município. Além do tradicional e
pioneiro Mercado Central, o
município possui vários centros comerciais (shoppings), tornando-o
referência e polo comercial do interior de São
Paulo. Alguns dos principais centros comerciais são: o Ribeirão Shopping, o Novo Shopping Ribeirão Preto, o Shopping Santa Úrsula, o Iguatemi Ribeirão Preto, o Buriti Shopping, o Sapato Shopping, o Trade
Plaza Ribeirão e o Plaza Mirante Sul.
Mais uma das inúmeras homenagens na Praça XV de Novembro |
A responsável pelo
setor cultural de Ribeirão Preto é a
Secretaria Municipal da Cultura de
Ribeirão Preto, que tem como objetivo planejar e executar a política
cultural do município por meio da elaboração de programas, projetos e
atividades que visem ao desenvolvimento cultural. Ribeirão Preto é um município que tem uma vida noturna muito ativa
em função de bares, restaurantes, boates, teatros e cinemas. No passado, devido
à sua agitada vida noturna e arquitetura atrativa, foi denominada “Petit Paris”
(pequena Paris). O grande poder
aquisitivo dos coronéis do café fez com que a cidade se desenvolvesse a ponto
de ser comparada a grandes metrópoles da época, principalmente, Paris. Imitando sua arquitetura e
hábitos sociais, surgiram vários teatros e sociedades que promoviam os eventos
e entretenimentos sociais. O prédio do governo municipal, o Palácio Rio Branco, foi inspirado na
arquitetura da Prefeitura de Paris, Hôtel de Ville.
Fonte luminosa na Praça XV de Novembro |
A cidade conta com
vários espaços dedicados à realização de eventos culturais das áreas teatral e
musical. O Teatro Pedro II, que é um
teatro de ópera, localizado na região central, mais especificamente no chamado
“Quarteirão Paulista”. É considerado
o terceiro maior da categoria no Brasil,
possuindo capacidade para 1.580 espectadores e uma área total de 6.500 metros
quadrados, tendo sido inaugurado em outubro de 1039. O Teatro Municipal, inaugurado em 1969 com linhas modernas, que tem
capacidade para 515 pessoas. Por ser um lugar arborizado e amplo, é usado
também para eventos culturais. O Teatro
de Arena, que foi fundado em 1969, tendo sido construído numa meia-encosta,
em uma área de aproximadamente 6.000 metros quadrados. A Secretaria da Cultura conta ainda com seis centros culturais
distribuídos pela cidade. Neles são realizados cursos, atividades relacionadas
ao artesanato, música, dança e culinária. A Escola de Arte do Bosque/Cândido Portinari, também pertencente à
Secretaria, oferece cursos gratuitos de artes plásticas e artesanato, seja para
crianças, adultos ou à terceira idade. Outros espaços culturais que se destacam
são o Teatro Auxiliadora, o Teatro Bassano Vaccarini, o Teatro do SESC, o Teatro Minaz, o Teatro
Municipal, o Teatro Santa Rosa e
o Teatro do SESI.
Feirinha de Artesanato na Praça XV de Novembro |
Ribeirão Preto ainda é um
dos principais polos de cinema do Brasil,
tendo os Estúdios Kaiser de Cinema,
mantidos pela São Paulo Film Commission,
espaço com mais de 13 mil metros quadrados de área construída e que abriga toda
a infra-estrutura para a produção audiovisual, além de contar com o maior
cineclube do país, o Cineclube Cauim,
que possui números que não há como negar e impressionam. Em um único mês, 60
mil pessoas passaram pela sala de cinema co Cineclube que funciona na Rua São Sebastião, no coração de Ribeirão Preto. Situado no Centro Histórico da cidade (antiga sede
da Companhia Cervejaria Paulista),
este patrimônio “industrial” é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e
Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT),
Conselho de Preservação do Patrimônio
Cultural de Ribeirão Preto (CONPPAC)
e Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN),
fazendo parte do Núcleo de Cinema de
Ribeirão Preto.
Monumento ao Soldado Constitucionalista de 1932 na Praça XV de Novembro |
A Secretaria da Cultura promove ainda diversos festivais e concursos.
O Festival de Teatro de Ribeirão Preto,
por exemplo, realizado desde 2010 por meio da Fundação Dom Pedro II e Secretaria
Municipal da Cultura em parceria com o SESC
e a Secretaria de Estado da Cultura,
reúne vários grupos teatrais da cidade, ocupando importantes espaços
artísticos, como a Praça Ramos de
Azevedo, o Teatro do Centro
Universitário Barão de Mauá, Teatro
Municipal, SESC e Teatro Pedro II. Ainda há a Feira de Photo Imagem, Carnabeirão (maior micareta do Estado de São Paulo), Festival de Cinema de Ribeirão Preto, Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola), a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto (segunda maior feira a
céu aberto do Brasil), Feira ExpoHair, Feltrans (Feira de
Transportes do Interior Paulista), Festival
Tanabata (cultura japonesa), Arena
Cross, Festival de Inverno João Rock,
Festival de Teatro de Ribeirão, Ribeirão Rodeo Music, Festitália (cultura italiana), Entorta Bixo, entre outros.
Marco Zero da cidade de Ribeirão Preto na Praça XV de Novembro |
Além dos atrativos
cênicos, Ribeirão Preto ainda possui
uma banda de monumentos históricos, atrativos naturais e lugares para visita.
Há, por exemplo, a Praça Alto do São
Bento, localizada no ponto mais alto do município, onde está a Escultura de Bronze do Sagrado Coração de
Jesus, idealizado pelo Monge Beneditino Dom Casimiro Mazetti, e inaugurada
em 1952, a Avenida Nove de Julho,
que abriga cerca de 30 bancos, além de bares, restaurantes e lanchonetes, o Palácio Rio Branco, inaugurado em maio
de 1917, que sedia a Prefeitura; a Choperia
Pinguim, choperia fundada em 1930 que hoje tem destaque nacional e até
internacional; o “Quarteirão Paulista”,
conjunto arquitetônico que abrange o Teatro
Pedro II, o prédio do antigo Palace
Hotel e o Edifício Meira Junior,
onde funciona o “Pinguim” e a Praça XV de Novembro, marco de
referência histórica e geográfica que localiza-se na região central da cidade e
começou a ser construída em 1900.
Feirinha de Artesanato na Praça XV de Novembro |
Alguns museus se
destacam na cidade, como o “Museu do
Café Francisco Schimdt”, que foi construído no início de 1950, conhecido
por guardar a mais importante coleção de peças do Estado de São Paulo sobre a História
do Café. Seu acervo é formado por grandes esculturas, carros de boi,
troles, máquinas de beneficiar café, além de fotos do período áureo do café da
região de Ribeirão Preto. Outro
Museu de grande relevância é o Museu de
Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi (MARP). A cidade dispõe de outros museus, como o Museu de Ordem Geral e o Museu da Imagem e do Som. Além da
novíssima Casa da Memória Italiana,
que pretende ser cenário de um acervo multimídia com os relatos das famílias
que formaram a cultura de Ribeirão Preto.
As histórias das três famílias proprietárias do imóvel são as primeiras a
compor o patrimônio do espaço. A Casa foi construída por uma fazendeira de café
e comprada em 1941 por Pedro Biagi, avô do empresário Maurílio Biagi Filho, um
dos atuais donos do casarão.
Biblioteca Bandeirantes |
No futebol, o município
tem como principais representantes o Botafogo,
conhecido como “o Pantera da Mogiana”,
que manda seus jogos no Estádio Santa
Cruz, com capacidade para 29 mil pessoas; e o Comercial, conhecido como “Leão
do Norte”, que manda seus jogos no Estádio
Palma Travassos, com capacidade para 18 mil pessoas. O confronto entre
essas duas equipes é um dos jogos mais tradicionais do interior de São Paulo, denominado Come-Fogo. O Estádio Santa Cruz, ao lado do Centro
de Treinamento Manoel Leitão, serviu como base da Seleção Francesa de Futebol durante a Copa do Mundo FIFA de 2014, sendo Ribeirão Preto uma das subsedes da competição.
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