quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ouro Preto - História

Vista parcial de Ouro Preto
Uma fabulosa e linda cidade setecentista encravada em um vale profundo das montanhas mineiras. Anacrônica, espantosa, fascinante. Ouro Preto ressurge como uma visão, uma miragem em meio à densa névoa matutina. A sensação para os visitantes de primeira viagem é empolgante. De repente parece que a viagem no tempo é uma realidade. A cidade histórica de Ouro Preto situa-se em Minas Gerais, Brasil, tendo sido o primeiro sítio brasileiro considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, título que recebeu em 1980. Foi considerada Patrimônio Estadual em 1933 e Monumento Nacional em 1938. No município há 13 distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Salto, São Bartolomeu e Rodrigo Silva, além da sede.

Casario histórico com o Pico do Itacolomy ao fundo
Antes da chegada dos colonizadores de origem europeia no século XVI, toda a região atualmente ocupada pelo Estado de Minas Gerais era habitada por povos indígenas que falavam línguas do tronco linguístico macro-jê. A partir do século XVI, exploradores luso-tupis provenientes de São Paulo, os chamados “bandeirantes”, começaram a percorrer a região do atual Estado de Minas Gerais em busca de ouro, pedras preciosas e escravos indígenas. Nesse processo dizimaram muitas nações indígenas da região. No final do século XVII, finalmente foi descoberto ouro, aumentando ainda mais o afluxo de aventureiros para a região. Enquanto isso, as descobertas de ouro nos córregos continuavam no sertão, acendendo ambições de além-mar. As expedições procuravam ora o Rio das Velhas (principalmente os paulistas), ora o Tripuí, onde já se havia encontrado o afamado “ouro preto”. Orientados pelos picos que eriçam as Serras de Ouro Branco, Itatiaia, Ouro Preto, Itacolomy, Cachoeira, Casa Branca, Ribeirão do Carmo etc., os exploradores seguiam juntos ou separados.

Sobrados de Ouro Preto
O ouro mineiro começou a chegar a Portugal ainda no final do século XVII. Não era distribuição fácil nem equitativa, pois, às vezes, eram exploradas aluviões riquíssimas ao longo de um curso d’água estreito e, assim a riqueza mineral não era bem distribuída. Pelo Direito da época, o senhor do solo e do subsolo era o Rei, mas este não podia trabalhar a terra e a dava em quinhões a particulares para explorar mediante parte nos resultados. Para a arrecadação, em cada distrito havia um Guarda-Mor com escrivão, tesoureiro e oficiais. Vieram artífices de profissões diversas, no Arraial de Ouro Preto e no Arraial de Antônio Dias, no Caquende, Bom Sucesso, Passa-Dez, na Serra e Taquaral, construindo capelas, casas de morada e fabricando ferramentas. Em toda parte, foi revirada e pesquisada a areia dos ribeiros e a terra das montanhas, levantando-se barracas perto de terrenos auríferos, arraiais de paulistas começando a povoar o interior da terra que hoje é Minas Gerais. Organizaram-se depois os povoados em torno de capelas provisórias, até a "grande fome".

Casario histórico
Falava-se de fome desde meados de 1700, quando a escassez alarmante de víveres começou a se estender aos povoados do Ribeirão do Carmo. O ouro enchia as bruacas e como ninguém admitia a ideia de ali permanecer depois de rico, nada se plantava; e do Rio das Velhas vinham tropas de negociantes para vender carne e víveres. No Ouro Preto e no Carmo, a paisagem era rude, solo pedregoso, aspecto ameaçador, selvagem, abrindo-se em vales estreitos e profundos, nada alentador para a agricultura. Circulava ouro em pó como moeda e havia pouco a comprar. E, além do mais, uma epidemia de bexigas correu pelos arraiais. Existiria até hoje o Campo das Caveiras: centenas, sucumbidos no esforço de subir a serra fugindo de Ouro Preto. Salteavam os vivos e saqueavam os mortos negros escravos e ciganos armados. Os paulistas reuniram seus burros e retornaram a São Paulo ou partiram para o Rio das Velhas defendendo-se a tiro e espada. Os poucos no Arraial de Ouro Preto se salvaram pela ambição de mercadores sertanejos, correndo ao famoso vale com cargas, conseguindo fabulosos lucros. 

Casario Histórico
Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por Dom Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então Província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. Em 1839, foi fundada a Escola de Farmácia, tida como a primeira Escola de Farmácia da América do Sul. Em 1876, a pedido de Dom Pedro II do Brasil, foi fundada a Escola de Minas em Ouro Preto. Esta foi a primeira escola de estudos mineralógicos, geológicos e metalúrgicos do Brasil e, hoje, é uma das principais instituições de engenharia do país. Foi a Capital da Província e, mais tarde, do Estado, até 1897. Entretanto, em 1897, a mudança da capital para Belo Horizonte provocou um esvaziamento da cidade e acabou inibindo seu crescimento urbano nas décadas seguintes, fato que contribuiu para preservação do Centro Histórico de Ouro Preto. 

Vista parcial do Ouro Preto
Apesar de atualmente a economia de Ouro Preto depender muito do turismo, há também importantes indústrias metalúrgicas e de mineração no município. As principais atividades econômicas são o turismo, a indústria de transformação e as reservas minerais do seu subsolo, tais como ferro, bauxita, manganês, talco e mármore. Os minerais de importância são o ouro, a hematita, a dolomita, turmalina, pirita, muscovita, topázio e topázio imperial, esta última apenas encontrada em Ouro Preto. Outra importante fonte de recursos para o município são os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto, oriundos principalmente da Região Sudeste do Brasil.

Casario Histórico
A cidade se tornou conhecida como um "museu a céu aberto", preservando um grande núcleo de casario colonial essencialmente intacto, prestigiado em todo o Brasil e mesmo no estrangeiro, tanto que a Cidade Histórica foi declarada pela UNESCO um Patrimônio da Humanidade, quando a organização enfatizou a autenticidade, integridade e originalidade de seu panorama urbano, qualificado como uma obra do gênio humano, sua importância histórica como sede da Inconfidência e de um florescente polo cultural, e o relevo de seus principais monumentos religiosos, onde atuaram mestres de importância superior como Aleijadinho e Ataíde, que deixaram obras que se colocam como os primeiros sinais de uma genuína brasilidade.

Chafariz do Museu da Inconfidência
Apesar de ter a maior parte do intenso fluxo turístico focado na arquitetura e importância histórica, o município possui um rico e variado ecossistema em seu entorno, com cachoeiras, trilhas seculares e uma enorme área de mata nativa, que teve a felicidade de ser protegida com a criação de Parques Estaduais. O mais recente destes situa-se próximo ao Distrito de São Bartolomeu. Para fugir do burburinho, as opções são embarcar na antiga “maria-fumaça” que leva à vizinha Mariana; ou seguir para o Pico do Itacolomy, protegido em um Parque Estadual com 75 quilômetros quadrados repletos de mirantes naturais.

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