| Vista parcial de Ouro Preto |
Uma fabulosa e linda cidade setecentista encravada em um vale
profundo das montanhas mineiras. Anacrônica, espantosa, fascinante. Ouro Preto ressurge como uma visão, uma
miragem em meio à densa névoa matutina. A sensação para os visitantes de
primeira viagem é empolgante. De repente parece que a viagem no tempo é uma
realidade. A cidade histórica de Ouro
Preto situa-se em Minas Gerais, Brasil, tendo sido o primeiro sítio
brasileiro considerado Patrimônio
Mundial da UNESCO, título que recebeu em 1980. Foi considerada Patrimônio Estadual em 1933 e Monumento Nacional em 1938. No município
há 13 distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro
Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Santa Rita
de Ouro Preto, Santo Antônio do
Leite, Santo Antônio do Salto, São Bartolomeu e Rodrigo Silva, além da sede.
| Casario histórico com o Pico do Itacolomy ao fundo |
Antes da chegada dos colonizadores de origem europeia no
século XVI, toda a região atualmente ocupada pelo Estado de Minas Gerais
era habitada por povos indígenas que falavam línguas do tronco linguístico
macro-jê. A partir do século XVI, exploradores luso-tupis provenientes de São Paulo, os chamados “bandeirantes”,
começaram a percorrer a região do atual Estado
de Minas Gerais em busca de
ouro, pedras preciosas e escravos indígenas. Nesse processo dizimaram muitas
nações indígenas da região. No final do século XVII, finalmente foi descoberto
ouro, aumentando ainda mais o afluxo de aventureiros para a região. Enquanto
isso, as descobertas de ouro nos córregos continuavam no sertão, acendendo
ambições de além-mar. As expedições procuravam ora o Rio das Velhas (principalmente os paulistas), ora o Tripuí, onde já se havia encontrado o
afamado “ouro preto”. Orientados pelos picos que eriçam as Serras de Ouro Branco, Itatiaia, Ouro Preto, Itacolomy, Cachoeira, Casa Branca, Ribeirão do Carmo etc., os
exploradores seguiam juntos ou separados.
| Sobrados de Ouro Preto |
O ouro mineiro começou a chegar a Portugal ainda no final do século XVII. Não era distribuição fácil nem
equitativa, pois, às vezes, eram exploradas aluviões riquíssimas ao longo de um
curso d’água estreito e, assim a riqueza mineral não era bem distribuída. Pelo
Direito da época, o senhor do solo e do subsolo era o Rei, mas este não podia
trabalhar a terra e a dava em quinhões a particulares para explorar mediante
parte nos resultados. Para a arrecadação, em cada distrito havia um Guarda-Mor com escrivão, tesoureiro e
oficiais. Vieram artífices de
profissões diversas, no Arraial de Ouro Preto e no Arraial de Antônio Dias,
no Caquende, Bom Sucesso, Passa-Dez,
na Serra e Taquaral, construindo capelas, casas de morada e fabricando ferramentas.
Em toda parte, foi revirada e pesquisada a areia dos ribeiros e a terra das
montanhas, levantando-se barracas perto de terrenos auríferos, arraiais de
paulistas começando a povoar o interior da terra que hoje é Minas Gerais. Organizaram-se depois os
povoados em torno de capelas provisórias, até a "grande fome".
| Casario histórico |
Falava-se de fome desde meados de 1700, quando a escassez
alarmante de víveres começou a se estender aos povoados do Ribeirão do Carmo. O ouro enchia as bruacas e como ninguém admitia a
ideia de ali permanecer depois de rico, nada se plantava; e do Rio das Velhas vinham tropas de negociantes
para vender carne e víveres. No Ouro
Preto e no Carmo, a paisagem era
rude, solo pedregoso, aspecto ameaçador, selvagem, abrindo-se em vales
estreitos e profundos, nada alentador para a agricultura. Circulava ouro em pó
como moeda e havia pouco a comprar. E, além do mais, uma epidemia de bexigas
correu pelos arraiais. Existiria até hoje o Campo das Caveiras: centenas, sucumbidos no esforço de subir a
serra fugindo de Ouro Preto.
Salteavam os vivos e saqueavam os mortos negros escravos e ciganos armados. Os
paulistas reuniram seus burros e retornaram a São Paulo ou partiram para o Rio
das Velhas defendendo-se a tiro e espada. Os poucos no Arraial de Ouro Preto se
salvaram pela ambição de mercadores sertanejos, correndo ao famoso vale com
cargas, conseguindo fabulosos lucros.
| Casario Histórico |
Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por Dom Pedro
I do Brasil, tornando-se oficialmente
capital da então Província das Minas Gerais
e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. Em 1839, foi fundada a Escola
de Farmácia, tida como a primeira Escola de Farmácia da América do Sul. Em 1876, a pedido de Dom
Pedro II do Brasil, foi fundada a Escola
de Minas em Ouro Preto. Esta foi a primeira escola
de estudos mineralógicos, geológicos e metalúrgicos do Brasil e, hoje, é uma das principais instituições de engenharia do
país. Foi a Capital da Província e, mais tarde, do Estado, até 1897. Entretanto,
em 1897, a mudança da capital para Belo Horizonte provocou um esvaziamento da cidade e
acabou inibindo seu crescimento urbano nas décadas seguintes, fato que
contribuiu para preservação do Centro
Histórico de Ouro Preto.
| Vista parcial do Ouro Preto |
Apesar de atualmente a economia de Ouro Preto depender muito do turismo,
há também importantes indústrias metalúrgicas e de mineração no município. As
principais atividades econômicas são o turismo, a indústria de transformação e
as reservas minerais do seu subsolo, tais como ferro, bauxita, manganês, talco
e mármore. Os minerais de importância são o ouro, a hematita, a dolomita,
turmalina, pirita, muscovita, topázio e topázio imperial, esta última apenas
encontrada em Ouro Preto. Outra
importante fonte de recursos para o município são os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto,
oriundos principalmente da Região
Sudeste do Brasil.
| Casario Histórico |
A cidade se tornou conhecida como um "museu a céu aberto", preservando um
grande núcleo de casario colonial essencialmente intacto, prestigiado em todo o Brasil e mesmo no estrangeiro, tanto
que a Cidade Histórica foi declarada pela UNESCO um Patrimônio
da Humanidade, quando a organização enfatizou a autenticidade, integridade
e originalidade de seu panorama urbano, qualificado como uma obra do gênio
humano, sua importância histórica como sede da Inconfidência e de um florescente polo cultural, e o relevo de seus
principais monumentos religiosos, onde atuaram mestres de importância superior
como Aleijadinho e Ataíde, que deixaram obras que se colocam como os primeiros
sinais de uma genuína brasilidade.
| Chafariz do Museu da Inconfidência |
Apesar de ter a maior parte do intenso fluxo turístico focado
na arquitetura e importância histórica, o município possui um rico e variado
ecossistema em seu entorno, com cachoeiras, trilhas seculares e uma enorme área
de mata nativa, que teve a felicidade de ser protegida com a criação de Parques
Estaduais. O mais recente destes situa-se próximo ao Distrito de São Bartolomeu. Para
fugir do burburinho, as opções são embarcar na antiga “maria-fumaça” que leva à vizinha Mariana; ou seguir para o Pico do Itacolomy,
protegido em um Parque Estadual com
75 quilômetros quadrados repletos de mirantes naturais.
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