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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Bruxelas - Grand-Place de Bruxelas

As Guildas da Grand-Place de Bruxelas
A Grand-Place de Bruxelas é daqueles lugares que você chega e não sabe nem para onde olhar primeiro, de tanta beleza reunida. Os olhos passeiam rápido de um lugar para outro, o pescoço começa a doer de tanto olhar para cima. E o deleite de se apreciar esta grandiosidade é imenso. A Grand-Place é o centro geográfico, histórico e comercial de Bruxelas, e o primeiro local a ser visitado por quase todos os turistas. Seus belos prédios enfeitam a cidade e transformam essa Praça em um lugar único. É aqui também que acontece a cada dois anos o famoso Tapete de Flores de Bruxelas. Durante os dias de exposição, o tapete consegue o impossível: deixar a Grand-Place ainda mais bela.

A famosa Árvore de Natal
da Grand-Place de Bruxelas
Como na Bélgica se fala francês e holandês, a Praça pode ser encontrada com dois nomes diferentes. Na realidade os dois nomes são um só, só que em línguas diferentes. Em francês ela se chama Grand-Place e em holandês Grote Markt. E que, em ambas as línguas, significam Grande Praça. A Grand-Place é basicamente uma praça enorme ladeada por prédios magníficos do início do século XVII. Uma visita a esta Praça é sempre agradável. Mas ela fica especialmente linda e cheia no verão. As mesas dos restaurantes e cervejarias são postas na rua e pode-se assentar por ali e apreciar o lugar e o movimento. Outro momento do dia que a Praça se torna mágica é à noite. É quando as fachadas dos magníficos edifícios são iluminadas. Realmente é de uma beleza ímpar.

Grand-Place de Bruxelas à noite
Foi próximo da região da Grand-Place que nasceu Bruxelas. A Grand-Place de Bruxelas foi construída em uma área do pântano drenado. Por ali passava um importante eixo rodoviário entre Flandres e a Renânia. E ficava perto do Rio Senne. Este Rio era então navegável e, no século XI, ficava no centro da cidade. Foi nesta época que formou a Praça e desde lá ela se transformou no coração da cidade. Desde o início ela era palco para reuniões e celebrações, mas também viu acontecer execuções. A partir do século XIII, e dali em diante por vários séculos, aconteciam ali mercados medievais. Ali eram vendidos carne, pão e diversos produtos das fazendas locais.

Torre do Hôtel de Ville
No final do século XIV foi construída a Câmara Municipal de Bruxelas, o Hôtel de Ville (Prefeitura Gótica) com sua poderosa torre, sede do Poder Municipal, e os comerciantes acrescentaram sedes de Guildas numa mistura de estilos. Também surgiu a Broodhuis, mais tarde chamado de Maison Du Roi, casa da Corte Ducal e do poder real. Na guerra da França contra a Liga de Augsburg (os chamados “Guerra dos Nove Anos”), Louis XIV, o Rei Sol da França, queria expandir seu território e invadiu a Bélgica. Devido a isso, as tropas francesas invadiram Bruxelas e destruíram a Grand-Place em agosto de 1695. Dois dias de intensos bombardeamentos franceses destruíram tudo exceto a Prefeitura, a Maison Du Roi e duas fachadas de Guildas. Entretanto, após sua destruição quase completa a cidade se recuperou rapidamente, os comerciantes reconstruíram as suas salas em estilos aprovados pelo Conselho da Cidade de Bruxelas, originando a harmoniosa unidade de edifícios da Renascença flamenga que vemos hoje. Inicialmente os prédios que ficavam aqui foram construídos em madeira.

Hôtel de Ville à noite
É inegável que a beleza da Grand-Place está nas fachadas que a circunda. Os quase 40 edifícios da Praça e seus detalhes esculturais apresentam diferentes estilos arquitetônicos, que passam pelo gótico, barroco e renascentista. Apesar de eles não serem originais, devido ao ataque dos franceses em 1695, eles são harmoniosos uns com os outros e promovem uma bela competição entre si, para ver qual o mais lindo e decorado. Ela conta com 110 metros de comprimento e quase 70 metros de largura. A Grand-Place é uma praça rodeada de prédios, ali não existem plantas nem fontes. Entretanto, podem-se encontrar inúmeras pequenas lojas e galerias, restaurantes, cafés e cervejarias. Ao redor dela partem sete ruas estreitas que existem desde a Idade Média e levam a diferentes áreas da cidade antiga de Bruxelas.

Torre do Hôtel de Ville iluminada
Esta movimentada Praça empedrada mantém-se o Centro Cívico da cidade, passados séculos da sua criação, e o melhor exemplo da arquitetura belga do século XVII. Toda a Praça, incluindo os edifícios, integra a lista de Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1998. Mas sem sombra de dúvida, nenhum edifício é páreo para a Prefeitura de Bruxelas, que domina a Praça. O Hôtel de Ville situado a sudoeste da Praça é a joia arquitetônica mais importante e mais antiga da Praça, uma obra prima da arquitetura gótica tardia. Ele foi construído na primeira metade do século XV em várias etapas (entre 1402 e 1455). Este é um dos mais belos edifícios cívicos da Bélgica, não só por causa das numerosas esculturas e estátuas que adornam sua fachada, mas também por causa da beleza de sua torre. No edifício se destaca uma bela torre gótica de 96 metros de altura rematada com uma Estátua de São Miguel, padroeiro da cidade de Bruxelas, que luta com um dragão e o telhado perfurado com dezenas de claraboias. No interior, que foi todo reconstruído, há uma mistura de estilos, incluindo destacadamente o estilo clássico Louis XIV do início do século XVIII. Você pode fazer visitas guiadas, mas com um horário muito reduzido: às terças e quartas à tarde, em holandês, francês e em inglês.

Torre do Hôtel de Ville iluminada
Bem em frente, do outro lado da Praça, está outro prédio imponente, a Maison Du Roi. Um dos edifícios mais ornamentados da Grand-Place é o Broodhuis (Casa do Pão), que atualmente é chamado de Maison Du Roi. O prédio era assim chamado porque abrigava os padeiros no século XIII, que vendiam seus pães num prédio que era originalmente de madeira. No início do século XV o lugar foi ocupado pelo Duque de Brabante. Na época, em 1405, o prédio que ainda era de madeira foi substituído por um prédio de pedra. Ele deixou o lugar mais elegante e renomeou o prédio para Casa do Duque. Quando o mesmo Duque se tornou o Rei da Espanha, ela passou a se chamar Maison Du Roi (Casa do Rei). Foi somente sob o domínio dos Habsburgos que ele se tornou uma Corte Ducal, ou real. Sob o Imperador Carlos V, o edifício foi completado por uma fachada gótica tardia com detalhes marcantes, em 1536. O prédio era muito semelhante ao que se pode ver hoje, embora sem torres ou galerias. Ele sofreu uma nova reforma em 1873, quando foi reconstruído em estilo neogótico como uma cópia do original do século XVI. Sua fachada é adornada com diversas torres e esculturas detalhadas. Durante muitos anos foi o lugar de residência dos monarcas reinantes, mas desde 1887 abriga o Musée de La Ville de Bruxelles, um museu dedicado a todos os aspectos da história da cidade com ampla coleção, no qual são expostas pinturas do século XVI, esculturas, tapeçaria, prataria, porcelana e pequenas roupas que fazem parte do guarda-roupa do famoso Manneken Pis, numa das mais ricas coleções de trajes que conta com cerca de 760 figurinos, a partir do século XVIII até os dias atuais.

Maison des Ducs de Brabant
Além dos dois grandes prédios-estrelas, a Grand-Place conta com várias casas de Guilda, além de algumas casas particulares. São 39 construções, todas elas numeradas de 1 a 39 e, que além de números contam também com nomes. Então andando pela Praça e olhando para o número dos prédios, vai se ver ali como “rosa”, “estrela”, “cisne”, “pombo”, “cornucópia”, “moinho de vento”, “mercador de ouro”, entre vários outros. Entre os números 01 e 19 da Praça se encontra um conjunto neoclássico de edifícios de raiz flamenga formado por seis casas gremiais conhecida como Maison des Ducs de Brabant. Nos números 26 e 27 da Praça está La Pigeon, casa onde residiu o novelista francês Victor Hugo durante o seu exílio na Bélgica, em 1852. No mesmo edifício estão as sedes gremiais Le Renard (o Zorro), que data de 1690, e Le Cornet, do ano de 1697. Le Roy d’Espagne é o bar mais famoso da Grand Place porque, além da cerveja, oferece uma vista privilegiada. Em sua fachada tem um busto de Carlos II da Espanha, soberano da Bélgica no século XVII. As fachadas são todas belas e ricamente decoradas. Cheias de detalhes e esculturas, muitas delas são baseadas no barroco italiano com algumas influências flamengas. É muito bacana passar um tempo procurando os detalhes que cada um destes prédios apresenta.

Maison des Ducs de Brabant à noite
Na parte lateral do prédio Hubert de Ville, um dos prédios da Grand-Place que dá para a Rue Charles Buls, está a Gilded Plaque. Este é um monumento Art Nouveau que está na parede do prédio, embaixo de uma marquise. Nela se vê uma enigmática escultura de bronze do herói Everard’t Serclaes. Ele foi um patriota que liberou a cidade do Conde de Flandres no século XIV. Há várias lendas populares dizendo que quem passar a mão em algumas partes desta escultura (que parece um Jesus Cristo) poderá ter sorte de alguma forma: 1) ao tocar o braço assegurará sua volta à Bruxelas; 2) acariciar a cabeça do cachorro e a cara do anjo atrairá dinheiro; 3) acariciar o herói da cabeça aos pés conseguirá casar. Pelo sim, pelo não, encare a fila de pessoas passando a mão no monumento e tente sua sorte também.

Maison des Ducs de Brabant
A Grand-Place de Bruxelas é super central e dali pode-se facilmente visitar muitas atrações a pé. Várias ruas levam daqui diretamente para outras partes da cidade antiga, com suas inúmeras lojas, cafés e restaurantes. O Manneken Pis, o singular marca da cidade de Bruxelas, também é facilmente acessível a partir da Grand-Place de Bruxelas. Assim como as Galerias Reais (Galeries Royales Saint Hubert) e inúmeras outras atrações. Todos os anos, a Grand-Place de Bruxelas hospeda o chamado Ommegang. Esta é uma procissão luxuosa que acontece em trajes históricos e revive a época do nascimento da Grand-Place. É uma homenagem criada em 1549, durante a vinda de Carlos V para Bruxelas, para apresentar seu filho, o futuro Philippe II. Esta apresentação acontecia sempre um domingo antes do feriado de Pentecostes. Atualmente, ocorre duas vezes por ano, na virada de junho e em julho. Seu ponto de partida é o Sablon e termina com um grande espetáculo na Grand-Place de Bruxelas. A cada dois anos, nos anos pares, a Praça fica completamente florida. Um gigantesco tapete de flores toma conta da Praça, a embelezando ainda mais. São quase um milhão de begônias belgas, cobrindo quase 2.000 metros quadrados do chão. Elas formam os mais variados padrões e enfeites, num trabalho magnífico. E as melhores vistas deste imenso tapete se têm do alto das sacadas do Hôtel de Ville. Na Praça acontecem todos os anos o Mercado de Natal de Bruxelas. Também é aqui que se vê a linda árvore de Natal da cidade. Além de a Praça ser palco de diversos eventos e concertos durante todo o ano.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Tour pela França - Avignon

Avignon e o Palais des Papes
Avignon é uma cidade do Sul da França, na região de Provence, que durante vários anos foi a residência dos Papas da Igreja Católica. Está situada na margem esquerda do Rio Rhône, no Dèpartement de Vaucluse a cerca de 650 quilômetros a sudeste de Paris, a 80 quilômetros a noroeste de Marselha e a 230 quilômetros de Lyon. Era chamada de Avênio ou Avênio Cavaro durante o Período Romano. Desde 1995 o Centro Histórico de Avignon, incluindo o Palais des Papes, uma das maiores e mais importantes construções da arquitetura gótica na Europa, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O Palais des Papes é um dos monumentos mais visitados na França. É uma cidade bem pequena, mas é tão linda e tão importante para a história da França que vale a pena passar uma tarde inteira dentro das muralhas que cercam o Centro Histórico. Avignon é apenas a 43ª maior cidade da França e, por isso, a quantidade de atrativos e a agitação de sua vida social e cultural surpreende. São incontáveis programas, que vão desde tours gastronômicos de dar água na boca, passando por visitas aos sítios que remontam séculos de história, tardes em meio aos campos floridos de lavandas ou noites embaladas por alguns dos melhores e mais importantes festivais e eventos da França.

Entrada da cidade de Avignon
A constituição de uma pequena república municipal, no século XIII parecia antecipar já para a cidade a perspectiva de um papel de relevo na história da Provence. Avignon tirava sabiamente partido das velhas rivalidades feudais que dividiam Toulouse e Barcelona, mas o florescimento do burgo havia começado muito antes, ainda nos séculos IV e V a.C. Nessa altura converteu-se num importante porto fluvial na margem esquerda do Rhône – rio que é hoje um eixo por onde passa uma parte das visitas turísticas a Avignon, com os seus restaurantes flutuantes e os pequenos cruzeiros que permitem uma visão ímpar da cidade e da velha Pont de Saint Bénézet. Mas foi, sobretudo, o mecenato dos papas e dos altos prelados que construiu a aura de Avignon. Com a prosperidade crescente que tomava conta da cidade, a população passou em pouco tempo de cinco mil para 40 mil habitantes. Através de um sistema fiscal implacável, as receitas dos impostos e dos dízimos avolumaram-se e ajudaram também à fortuna da corte papal, imersa num fausto cada vez menos teológico.

Hôtel de Ville - Prefeitura de Avignon
Habitada desde o tempo dos celtas, é famosa por se ter convertido na residência dos Papas em 1309, quando se encontrava sob governo dos reis da Sicília pertencentes à Casa de Anjou. A sua Universidade foi fundada pelo Papa Bonifácio VIII em 1303 e devido à reputação dos cursos de Direito teve grande importância até à Revolução Francesa. Em 1348 o Papa Clemente VI comprou a cidade da Rainha Jeanne de Nápoles, uma personagem notória na história do Mediterrâneo. Ela é mais bem conhecida por abrir um bordel em Avignon em 1387, e permaneceu como propriedade papal até 1791, quando foi incorporada ao resto da França durante a Revolução Francesa. Em 1377 os romanos finalmente conseguiram levar de volta para Roma a sede da Igreja Católica, quando o Papa Gregório XI deixou Avignon. Mas ele morreu no ano seguinte e então a Igreja elegeu um novo papa, italiano. Acontece que a parte francesa do clero considerou essa eleição inválida e decidiu escolher outro papa: Clemente VII, que voltou a morar em Avignon. E é por isso que durante 30 anos a Igreja Católica teve dois papas, um na Itália e outro na França

Place des Papes
O último Papa de Avignon foi Bento XIII, que foi perdendo o seu poder dentro da Igreja e ficou preso no Palais des Papes por cinco anos, antes de fugir em 1403 e morrer em 1409. O sobrinho do Papa Bento XIII conseguiu ficar no Palácio por 17 meses depois da fuga do seu tio, e para tentar evitar que a riqueza fosse saqueada, ordenou que todas as casas que ficavam em frente ao Palais des Papes fossem destruídas. Avignon era sede episcopal desde o ano 70, e foi convertida em Arcebispado em 1476. Foi sede de vários sínodos de menor importância. Ao todo, sete papas comandaram a Igreja Católica residindo em Avignon. A vida tolerante de Avignon parecia restaurar Sodoma e Gomorra, tal a quantidade de “casas de prazer” e tão intenso o movimento de marginais de toda a espécie que por ali encontrava benévolo pouso: contrabandistas, soldados aposentados que se dedicavam a pilhar os viajantes, falsificadores ou assassinos. Em face deste cenário “pré-apocalíptico”, tornava-se necessário garantir a proteção da suntuosa corte eclesiástica – por isso o esteio essencial da austeridade militar do Palais des Papes, símbolo eminente da cidade monumental de Avignon.

Palais des Papes
É praticamente impossível separar a história de Avignon da história de seu Papado. Os anos nos quais a Igreja Católica teve sua sede em Avignon transformaram a cidade e moldaram de uma forma evidente, sua identidade. Por tudo isso, se você deseja conhecer um pouco sobre a história de Avignon e descobrir de que forma uma pequena cidade às margens do Rhône evoluiu para o berço cultural que é hoje, é imprescindível que comece visitando o Palais des Papes – um dos 10 monumentos mais visitados da França e o mais importante palácio gótico da Europa, que serviu como residência para diversos papas ao longo da Idade Média. Durante a visita, é possível visitar cerca de 25 salas, dentre as quais se destacam as grandes Salas de Cerimônias – onde eram realizadas as festas, os conclaves e demais cerimônias da Igreja – e os Apartamentos Privados do Papa

Um dos pátios do Palais des Papes
O Palais des Papes começou como uma construção muito menor, conhecida como o Palácio Velho. O primeiro pontífice Clemente V estava satisfeito em dormir no Monastério Dominicano em Avignon. Seu sucessor, entretanto, não estava disposto a viver de forma tão simples. Foi Bento XII quem lançou a primeira pedra desse imenso edifício com mais de 15 mil metros quadrados e cuja construção se prolongou por cerca de 30 anos. Ao Palácio Velho, encomendado por Bento XII ao arquiteto Pierre Poisson, mandou Clemente VI acrescentar posteriormente o chamado Palácio Novo, cujas linhas exteriores retomavam um perfil de sólida fortaleza. Mas as robustas muralhas e as 10 torres defensivas – algumas com mais de 50 metros – ocultavam no seu interior um universo de referências nada marciais que ainda hoje surpreendem o viajante, tal o contraste entre a fria austeridade de alguns espaços e o ornato frívolo ou profano de certos compartimentos, a Torre dos Papas, nomeadamente os Apartamentos Privados do Papa

Salão no interior do Palais des Papes
Paradigmática desse contraste é a decoração hedonista do quarto de dormir do sumo pontífice, onde figuram representações de amáveis e sugestivas videiras. O gabinete de trabalho de Clemente VI é um dos melhores exemplos desse trabalho de decoração que os papas encomendaram a artistas vindos da Itália. Os motivos florais e as esplêndidas cenas de caça, em que aparece o cervo que acabou por dar nome ao aposento, teriam sido pintados por Robin de Romans, sob a direção de Matteo Giovanetti. Admiráveis são também os afrescos que o pintor italiano deixou nas Capelas de Saint Marcial e de São João, onde Giovanetti pintou cenas das vidas de São João Batista e de São João Evangelista. A abóbada da grande sala onde se reuniam os 13 juízes do tribunal eclesiástico espelha também obra de Giovanetti, uma impressiva representação dos profetas sobre um céu noturno povoado de estrelas. A grande Sala do Consistório testemunha ainda a presença de um dos maiores pintores do renascimento italiano, Simone Martini. Os afrescos que ali estão atualmente expostos vieram da Catedral de Notre-Dame-de-Doms, templo vizinho do Palais des Papes.

Sacristia do Palais des Papes
O Palácio é majestoso, mas não espere encontrar cômodos com mobília preservada. Durante a Revolução Francesa, o Palácio foi saqueado e, posteriormente, durante a Terceira República, teve muitas de suas obras e afrescos destruídos. Outras obras se perderam, contudo, ou sofreram grave deterioração quando o Palácio se viu transformado em prisão e caserna durante o século XIX. Conta-se que muitos soldados arrancavam às paredes fragmentos dos afrescos para serem depois vendidos a insignes antiquários, profissão que encontrou em Avignon nessa altura bom terreno para medrar. Algumas salas têm tido seus afrescos restaurados ao longo dos últimos anos, mas ainda é possível ver as pinturas descascadas em algumas capelas do Palácio. O Palácio ostenta dois pátios, um Salão de Jantar que facilmente comporta uma partida de futebol americano, uma cozinha que foi uma vez capaz de servir milhares e uma elevada capela gótica, onde os Papas eram coroados. Passe um tempo na capela, mas apesar de sua grande beleza, não pode tirar fotos. Duas horas, pelo menos, é o tempo necessário para visitar o Palais des Papes.

Cripta no Palais des Papes
As muralhas da cidade, em bom estado de conservação, foram construídas pelos papas imediatamente após a mudança da residência para este lugar. A grande muralha de Avignon, construída no século XIV, tem cerca de quatro quilômetros de comprimento, mas só um setor se encontra aberto a visitas, junto à Pont Saint Bénézet, monumento que uma popular canção celebrizou como «Pont d’Avignon». Construída entre os anos 1177 e 1185, foi destruída 40 anos depois durante a invasão de Louis VIII. A partir disso, a Ponte foi reconstruída algumas vezes, porém, destruída em consequência das cheias do Rhône, da qual só restam quatro arcos dos 22 que inicialmente tinha. Diz a lenda que um jovem pastor Bénézet havia encontrado Jesus Cristo, que o pediu para construir uma ponte sobre o rio. Ele correu para dizer aos outros pastores e ao povo de Avignon sobre seu encontro e que ele teria que construir uma ponte sobre o rio, mas foi ridicularizado por toda a cidade e desafiado a carregar um bloco de pedra enorme até às margens do rio, e que caso ele conseguisse tal feito, teria permissão para construí-la. Dito e feito: o rapaz levantou o bloco milagrosamente deixando todos em choque. O povo acreditou que ele teve ajuda divina e a partir daí teve apoio de toda a cidade na construção da ponte. A Ponte ligava Avignon à outra margem, a Villeneuve-lès-Avignon, de onde se pode desfrutar uma das vistas clássicas da cidade dos papas. Com tudo isso, é o lugar perfeito para curtir um lanche, ler um livro ou apenas devanear enquanto olha através do rio para Villeneuve-lès-Avignon.

Muralhas de Avignon
Com o passar dos séculos, a cidade se desenvolveu para além das muralhas, mas ainda são elas que delimitam seu Centro Histórico. Passear pelo Centro Histórico de Avignon é, de forma resumida, uma volta no tempo com cheirinho de lavada. É no Centro Histórico de Avignon que estão localizados quase todos os seus pontos de interesse turísticos. E é ali também que conseguimos compreender melhor a identidade da cidade e, com um pouco de imaginação, reviver os séculos mais importantes de sua história. Observar a fachada dos edifícios, os estilos arquitetônicos, os detalhes em suas calçadas, e a forma como a vida moderna apropriou-se, sem deteriorar, tudo aquilo é incrível! Daqueles passeios que merecem tempo, calma e um olhar apurado do visitante. É também no Centro Histórico que você encontrará o maior número de lojinhas de souvenires, e isto explica o cheiro delicioso de lavanda que embala os passeios por ali. Uma infinidade de lembrancinhas produzidas a partir das flores mais famosas da região.

Uma dos torres de proteção na Muralha de Avignon
Para o Centro Histórico de Avignon convém reservar dois ou três dias, sobretudo se a visita se realizar por ocasião do Festival de Teatro (a cidade é palco anual de um Festival de Teatro realizado desde 1947, é o mais importante da França), uma vez que nessa altura a afluência de turistas aos principais monumentos e a multiplicação da oferta cultural constituem fatores ou apelos para uma demora maior na cidade. Qualquer itinerário pelo Centro Histórico de Avignon não pode deixar de incluir algumas das belas e animadas praças que são simultaneamente símbolos da Avignon cosmopolita: a Place des Papes (suba a escadaria para a Catedral que está bem acima), e a Place de l’Horloge, cheia de bares e restaurantes nas calçadas e com um lindo carrossel, datado de 1900, ao centro, onde à sombra dos velhos plátanos o viajante pode fruir as horas lentas da Provença. É a principal praça da cidade e também conhecida como Place de Avignon. Nela estão dois importantes edifícios, o Hôtel de Ville e a Ópera. A vista do Rio Rhône através de seus campos, acima das fortalezas são verdadeiramente de grande valia, passando uma tarde ensolarada por lá. A estátua de ouro maciço da Virgem Maria sobre a igreja é talvez seu elemento mais interessante.

Cathèdrale Notre-Dame-des-Doms
Não é surpresa que esta cidade formadora de papas tenha muitas igrejas. A Igreja de Saint Pierre, construída em 1385, com talha setecentista, é a favorita de Avignon. Ela oferece uma ideia mais íntima de como as pessoas rezavam no passado. A Igreja, localizada no quarteirão de paralelepípedo de mesmo nome, tem uma entrada em gótico provençal ostentoso. Passe um tempo nas portas de nogueira elegantes alusivas à Anunciação e Santos Gerome e Julien. Não há taxa de entrada, mas se cobra um donativo para conservação das estruturas religiosas. O interior é de muita beleza, com altar do alto renascimento cheio de painéis e pequenos trabalhos feitos pelos antigos mestres locais, como "Adoração dos Pastores por Simon de Chalons". O belo exterior da Igreja é talvez melhor visto à noite, quando está iluminado.

Rocher des Doms
O roteiro monumental de Avignon inclui uma série de igrejas, nomeadamente a Cathédrale Notre-Dame-des-Doms, de raiz românica e interior medieval e barroco. Está localizada bem ao lado do Palais des Papes. Uma das suas joias é um Ecce Homo em pedra pintada do século XVI. No alto da torre da Catedral está uma estátua dourada da Virgem Maria com uma das mãos abençoando a cidade e com a outra, protegendo-a. A estátua possui seis metros de altura e pesa 4.500 quilos. Igualmente interessante é a Igreja de Saint Didier (século XIV), onde se podem ver afrescos italianos da escola de Siena e um retábulo do século XV. A partir do século XIII foram criadas em Avignon muitas confrarias de penitentes, que tiveram o seu apogeu nos séculos XVI e XVII. A Capela dos Penitentes Negros, mais recente, possui um notável interior barroco. Outra visita obrigatória é a da Igreja de Saint-Symphorien, com escultura em madeira pintada do século XVI. O Rocher des Doms é um jardim localizado ao lado da Catedral em direção ao Rio Rhône. É incrivelmente lindo e com vistas panorâmicas para o Rio e para a Ponte. 

Pont Saint Bénézet
Avignon é uma cidade ricamente bordada por história. Seus museus e atrações refletem o impacto do tempo quando era uma Cidade Papal e de seus residentes. Antes de sair para descobrir Avignon tenha certeza de ter pegado o guia da cidade (Avignon Passion Guide). Basta solicitar um exemplar em seu hotel, no escritório de turismo ou em qualquer museu na cidade. O guia o poupará dinheiro toda vez que você o usar, às vezes reduzindo pela metade do preço cada ingresso de museu. No capítulo dos museus, o viajante pode encontrar pretexto para fazer pelo menos duas pausas na peregrinação pela monumentalidade de Avignon. O Musée Calvet tem para mostrar um bom acervo de obras de Joseph Vernet, um pintor local, enquanto a Fundação Angladon-Dubrujeaud reúne obras provenientes da coleção do célebre colecionador Jacques Doucet, entre as quais pintura de Picasso, Van Gogh, Cézanne, Velásquez e Modigliani.

Forte Saint Andrès em Villeneuve-lès-Avignon
O Musée Du Petit Palais está localizado na Place des Papes, no Centro Histórico de Avignon, e hospeda uma coleção de pinturas provençais e italianas do século XIII até o século XVI, e coleções romanescas e góticas de escultura. O edifício surgiu em meados do século XIV e foi nomeado Petit Palais devido ao seu gigantesco vizinho, o Palais des Papes. O Museu está aberto todos os dias da semana, com exceção das terças-feiras. É considerado um museu francês excepcional, então para os amantes de museu está aí algo imperdível.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Tour pela França - Arles

Place de la Republique e Hôtel de Ville
Principal cidade da região da Camargue (tão conhecida pelos ciganos), Arles fica às margens do Rio Rhône, que nasce na Suíça e chega à França passando pelo Lago de Genebra, desce por Lyon até desembocar no Mediterrâneo, por isso o Departamento leva o nome de Bouches-du-Rhône, literalmente “Desembocaduras do Ródano”, e essa localização geográfica da cidade entre a Espanha e a Itália, além da navegabilidade do Rhône fizeram de Arles um ponto estratégico durante o Império Romano. A cidade está localizada a 37 quilômetros de Avignon e 31 quilômetros de Nîmes, na foz do Rio Rhône. A cidade de Arles é uma das mais importantes do Sul da França, e uma das mais visitadas também, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO desde 1981.

Rio Rhône
Arles não é uma das cidades mais conhecidas da Provence Francesa. Ela não está na Rota das Lavandas de Aix-en-Provence, também não tem um porto tão movimentado e não é a segunda cidade da França como Marselha. A história de Arles começa na Idade do Bronze como um assentamento celto-lígure. Arles é conhecida principalmente pelo seu conjunto de construções galo-romanas, ou seja, da época em que o Império Romano dominava a região. Durante o Império Romano, a cidade era conhecida como Arelate (cidade dos pântanos), e teve grande importância na província de Gallia Narbonensis. Em 49 a.C., a cidade ficou do lado de Júlio César durante o cerco de Marselha. Em 46 a.C., foi recompensada por sua ajuda e se tornou uma colônia romana. Durante aquele tempo muitos veteranos da tropa de César estabeleceram-se em Arles, que se tornou um dos centros romanos mais importantes da área. O nome completo da colônia era Colônia Júlia Ancentral Arelatênsio dos Sextos (6ª Região). 

Uma linda ruazinha de Arles
Situada ao longo da Via Domitia – a estrada principal entre a Itália e a Espanha – a cidade prosperou e foi fortificada por muros e embelezada com edifícios notáveis e tornou-se a capital da Provence Romana. Neste período foram construídos importantes monumentos, incluindo um anfiteatro, um arco triunfal e um teatro, e a cidade foi cercada por muralhas. Como resultado, tornou-se, no século IV, a capital da província de Gália. Desde 254 foi um bispado e um importante centro religioso. Bem próxima ao mar, a cidade possuía um dos mais importantes portos da região e competia com Marselha. No século IX foi saqueada pelos bárbaros, que pararam seu desenvolvimento e minaram o papel do principal centro político da região a favor de Marselha. Apesar disso, Arles era ainda um importante centro de poder até o século XII. Na Idade Média, Arles foi uma paragem importante para os peregrinos no Caminho de Santiago de Compostela. No final do século XIX viveu em Arles o famoso pintor Vincent Van Gogh.

Arles
Mesmo tantos anos depois da chegada dos romanos, Arles continua trazendo milhões de visitantes todos os anos, seja por conta de seus monumentos históricos, seja por Van Gogh, ou até mesmo pela localização. Ao sair da Estação de Trem, não tem muito segredo para chegar ao centro da cidade: é só seguir o fluxo. A Estação é bem próxima ao Centro Histórico. Logo você irá perceber que assim como muitas cidades do Sul da França, Arles também é uma cidade murada. Ao atravessar o portão, é como entrar em outra dimensão. Arles é uma cidade pequena, dá para fazer praticamente tudo caminhando. É claro que uma cidade como Arles, com tantos séculos de história, tenha sofrido mudanças. Mas o interessante é que ela soube preservar o passado a cada urbanização, a cada transformação arquitetônica. Andar por lá sem rumo é um dos melhores privilégios que se pode ter. No Office de Tourisme pode-se comprar um folheto que tem os principais itinerários da cidade e esses itinerários estão marcados no chão, com cores e desenhos diferentes. Isso facilita e muito os passeios. Permita-se andar um pouco sem rumo. As ruas são bem estreitas e nem o mapa vai te mostrar todos os nomes.

Amphithéâtre d'Arles
Em pouco tempo é possível visitar o Amphithéâtre Romano no estilo do Coliseu de Roma, também conhecido como Les Arènes por serem palco das controversas "corridas" - o Sul da França, principalmente Nîmes, Saintes-Maries-de-la-Mer e Arles mantêm a tradição de corridas de touro - e logo ao lado fica o Teatro Antigo. O Amphithéâtre Romano continua inteirinho e a sua localização é tão central que ele até parece “o personagem principal”. Ele foi construído no ano 80, e naquela época podia receber até 20 mil espectadores (hoje em dia, depois da sua restauração, sua capacidade é de 12.500 pessoas). Les Arènes passou 400 anos sendo usado para lutas entre gladiadores e corridas romanas. A estrutura mede 136 metros de comprimento e 107 metros de largura e tem dois andares de arcadas, formadas por 120 arcos. Isso faz com que ele seja o 20º anfiteatro romano em tamanho. Ele já foi usado como um bairro, com 200 casinhas e duas igrejas dentro dele, na Idade Média. Hoje é usado principalmente para touradas. Para uma bela vista da cidade pode-se subir a torre acima da entrada para o Amphithéâtre.

Amphithéâtre d'Arles
Se algumas cidades têm uma igrejinha, Arles tem um Teatro Romano. O Teatro Romano de Arles foi construído sob Augusto, um século antes do seu vizinho, o Amphithéâtre. Embora fortemente saqueado durante os séculos passados testemunha ainda a importância da cidade em tempos imperiais. O destaque dele são as duas colunas de mármore que ficam em frente ao semicírculo restaurado. Os dois monumentos estão um ao lado do outro. O Teatro Romano também é um dos passeios que você deve considerar incluir em seu roteiro. O espaço não está tão completo quanto ao Amphithéâtre, mas dá para ter uma ideia bem bacana de como era o lugar. Suas pedras foram utilizadas na construção de outros prédios, como a Igreja de Saint-Trophime. O Teatro tem diâmetro de 102 metros e tem capacidade para 12 mil pessoas e ainda ocorrem eventos lá. Você também pode visitar um banho romano como o das Thermes de Costantin. A maioria das construções data da época do Alto Império, mas as Thermes é uma construção mais recente, do século IV. As paredes exteriores do edifício dessas Termas ainda estão de pé, mas por dentro, temos que usar a imaginação e ler os painéis informativos para ver como funcionavam. Era em seus banhos quentes ou frios, que a população costumava socializar. Lá também eram feitas sessões de massagem.

A delicadeza das flores nas janelas
Do Teatro podemos avançar para a Place de La Republique, o coração da cidade, onde fica o Hôtel de Ville, que tem uma particularidade: a torre do relógio não é como vemos nas demais cidades da França, sendo aqui uma referência ao Templo de Marte, o deus da guerra, que é representado no alto do monumento segurando uma bandeira francesa. O triunfo da arquitetura clássica acontece com a construção do Hôtel de Ville, em 1676, projeto de Jacques Peytret, com a ajuda de Jules Hardouin-Mansart, este último arquiteto do Rei Louis XIV. O Obelisco localizado no centro da Place, data do século IV e foi originalmente encontrado no Circo Romano de Arles. É um símbolo solar e imperial da Antiguidade. Um elemento decorativo, mas com a função de marcar o centro do Circo Romano para guiar os condutores das carruagens da época. Ao colocarem o Obelisco no local atual, também tinham a ideia de trazer harmonia ao conjunto arquitetônico das fachadas dos prédios da Place de La Republique. Na área fica a Cathédrale Saint-Trophime, o Musée Lapidaire d’Art Paien (Museu Lapidário de Arte Pagã), o Musée d’Art Chretien Lapidaire (Museu Lapidário de Arte Cristã) e Les Cryptoportiques. A Cathédrale Saint-Trophime é a primeira que você vai ver quando chegar à Place de La Republique.

Cathédrale Saint-Trophime
A Cathédrale Saint-Trophime é uma joia do estilo românico provençal, começou a ser construída nos anos 1100, embora a localização da sede episcopal pareça estar nesse lugar desde o século V. O esplêndido portal é a atração da Igreja. Ele foi construído antes de 1178 e as cenas esculpidas representam o Juízo Final, os Doze Apóstolos, a Anunciação e a Natividade. O interior da Igreja é impressionante e contém muitas obras de arte. Mas o Cloître de Saint-Trophime é a segunda obra mais admirada do complexo. Foi construído entre os séculos XII e XV no estilo românico-provençal com belas figuras esculpidas nos capitéis das colunas e pilares, representando a Ressurreição de Cristo, a Anunciação, a Adoração dos Magos, a Entrada em Jerusalém e a Glorificação dos Santos Padroeiros de Arles. Era a clausura dos monges. Hoje é um espaço que acolhe exposições temporárias. Muitas igrejas de Arles foram desativadas, principalmente durante a Revolução. Hoje, assim como o Cloître, também recebem exposições temporárias. Durante a Revolução Francesa virou templo da razão. Depois, no século XIX, foi restaurada e voltou a ser Igreja. É uma das mais bonitas da cidade. Uma coisa muito interessante é a capela das relíquias de santos. Tem de tudo ali: tíbias, mãos, pés e até um crânio. 

Les Cryptoportiques
Ainda na Place de La Republique fica o Musée Lapidaire d’Art Paien, localizado no interior da antiga Igreja de Sainte-Anne. Tem estátuas, esculturas, sarcófagos e mosaicos encontrados nas ruínas da cidade romana de Arelate. À curta distância da Place de La Republique ficam o Musée d’Art Chretien Lapidaire e Les Cryptoportiques. O Museu está instalado numa antiga capela jesuíta e é o lar de primeiros sarcófagos cristãos em mármore. Les Cryptoportiques são acessíveis a partir do Museu, foi construído no final do século I a.C. Foi construído para ser a fundação e os pilares do Fórum Romano e, no seu centro, havia uma praça pública que abrigava os edifícios administrativos, judiciais, econômicos e religiosos da cidade romana. Na época de sua construção, aquele ele o nível da rua. Hoje em dia fica, seis metros abaixo. Eles são nada menos que os “túneis” que sustentam a cidade. E ainda está tudo intacto! Leve um casaquinho, pois a temperatura lá é bem mais baixa do que o normal. A entrada fica dentro do Hôtel de Ville. Hoje ainda pode-se ver a fachada com dois pilares da Place Du Forum, rodeada de hotéis modernos, restaurantes e cafeterias.

Musée de Arles et de 
La Provence Antique
Perto fica outro museu. Trata-se do Museon Arlaten, um Museu dedicado à vida e à cultura provençal do século XIX. O edifício que abriga a antiguidade arlesiana é bem moderno e encontra-se à margem do Rio Rhône, de onde muitas das peças ali expostas foram retiradas - um hábito antigo, algo se quebrava, as pessoas jogavam no rio. Logo na parte externa em frente ao Museu podemos perceber a riqueza encontrada na região: o sítio arqueológico foi integrado à construção, onde podemos ver peças de uso doméstico como pratos, jarras, copos quebrados que tiveram como destino o fundo do rio e de lá foram resgatadas por mergulhadores, trabalho importante que foi representado em maquete. Vestígios da arquitetura antiga, como colunas e mosaicos também fazem parte do acervo e o trabalho de restauração é constante. Um novo pavilhão está sendo construído para abrigar o acervo de navegação, e o testemunho histórico de como funcionava a economia, a indústria e até a medicina da época chega até nós através das peças expostas no Museu. Uma parte interessante do ponto de vista do surgimento do cristianismo é comparar as representações presentes nos sarcófagos, indo de nenhuma representação aos símbolos cristãos, passando por representações que davam indícios somente aos cristãos da época, até chegar às representações claras de Jesus com os apóstolos. Como sabiamente apontou Victor Hugo, quando não podíamos imprimir nossa história para contar em larga escala, o fizemos através da arquitetura e escultura.

Musée Réattu
Entre os outros museus vale a pena mencionar o Musée de Arles et de La Provence Antique, onde são apresentadas as coleções arqueológicas da cidade e de sua região. O Musée Réattu foi aberto em 1868, ele deve seu nome ao pintor nascido na cidade, Jacques Réattu (1760 – 1833), que compra o lugar para fazer de residência e ateliê. O Museu possui várias obras de Picasso, a grande maioria doada por ele mesmo, pois, assim como Van Gogh, era outro apaixonado por Arles. Outra coisa interessante do Museu, é que a construção onde está abrigado, do século XIV, foi sede da Ordem de Malta ou Hospitaliers (Hospitaleiros). A outra construção, a Commanderie de Sainte-Luce, construída no século XIII e que fica em frente, era onde eles moravam, mas antes foi dos templários. Hoje a Sainte-Luce, infelizmente, não pode ser visitada, pois abriga a administração do Museu. Mas, no prédio do Réattu há uma parte com as explicações e alguns objetos que pertenceram a essas Ordens. O Museu alterna períodos em que a entrada é paga com períodos em que é gratuita. 

Teatro Romano de Arles
Para quem não sabe Vincent Van Gogh morou em Arles entre fevereiro de 1888 e maio de 1889. Vincent ficou fascinado pela luz da Provence e pela intensidade de cores que ele lá observava. E pintou mais de 300 telas quando ainda tinha sua residência lá. Van Gogh chegou em Arles e se instalou na famosa Casa Amarela, da Place Lamartine. A cor da fachada foi escolhida por ele mesmo. Sem nenhum dinheiro para se manter no local, o pintor decidiu criar uma série de quadros de girassóis que se tornariam incrivelmente famosos nos anos seguintes. Foi lá também que aconteceu o célebre evento onde ele corta uma de suas orelhas. Por toda a cidade, há reproduções dos quadros do artista exatamente nos lugares onde eles foram pintados e com a perspectiva que ele teve na hora de pintar. Tem no jardim público, na necrópole (Alyscamps), no Hôtel-Dieu, na beira do Rhône etc. O Hôtel-Dieu foi construído a partir de 1573. Foi o hospital da cidade desde essa época até os anos 1970. Foi nele que Van Gogh ficou internado. 

As cores de Arles
É a partir dessa época que a aristocracia começa a morar no centro da cidade e constrói ali Hôtels Particuliers, palacetes, que terão as mais luxuosas decorações. Um exemplo é o Hôtel de Divone ou Hôtel du Roure. Construído no século XVIII pela Família Roure, uma das mais ricas da cidade, é o que conserva totalmente sua arquitetura original. Foi comprado no século XX pela Família Divone e hoje abriga vários apartamentos. Um programa interessante é passear por Arles fotografando todos esses palacetes. Um fato interessante sobre Arles (e que pode atrair ainda mais turistas) é que a cidade recebe anualmente o maior encontro de fotografia do país, o “Les Rencontres Photographiques d’Arles”, o que conferiu à cidade o título de capital francesa da fotografia.

Aos sábados, o Boulevards des Lices dá lugar a um mercado com os itens “normais” de qualquer feira, como cenoura, batatas etc. Mas também encontramos queijos, carnes, linguiças, doces, entre outros produtos próprios da região de Arles, além de coisas de outras cidades provençais. Mesmo que você não vá comprar nada, passe por lá só para apreciar e sentir o cheiro. O Marché de Arles é considerado o maior e um dos mais belos da Europa. Estende-se por mais de 2,5 quilômetros. Arles tem muita coisa interessante. Mas mesmo que não dê para ver e fazer tudo vale a pena ao menos passar um dia nela. E para quem se interessa pela peregrinação a San Tiago de Compostela, o caminho de Arles é um dos quatro que passam pela França. Podemos encontrar várias conchas marcando os lugares importantes do caminho na cidade.