quinta-feira, 7 de abril de 2016

Tour pela França - Avignon

Avignon e o Palais des Papes
Avignon é uma cidade do Sul da França, na região de Provence, que durante vários anos foi a residência dos Papas da Igreja Católica. Está situada na margem esquerda do Rio Rhône, no Dèpartement de Vaucluse a cerca de 650 quilômetros a sudeste de Paris, a 80 quilômetros a noroeste de Marselha e a 230 quilômetros de Lyon. Era chamada de Avênio ou Avênio Cavaro durante o Período Romano. Desde 1995 o Centro Histórico de Avignon, incluindo o Palais des Papes, uma das maiores e mais importantes construções da arquitetura gótica na Europa, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O Palais des Papes é um dos monumentos mais visitados na França. É uma cidade bem pequena, mas é tão linda e tão importante para a história da França que vale a pena passar uma tarde inteira dentro das muralhas que cercam o Centro Histórico. Avignon é apenas a 43ª maior cidade da França e, por isso, a quantidade de atrativos e a agitação de sua vida social e cultural surpreende. São incontáveis programas, que vão desde tours gastronômicos de dar água na boca, passando por visitas aos sítios que remontam séculos de história, tardes em meio aos campos floridos de lavandas ou noites embaladas por alguns dos melhores e mais importantes festivais e eventos da França.

Entrada da cidade de Avignon
A constituição de uma pequena república municipal, no século XIII parecia antecipar já para a cidade a perspectiva de um papel de relevo na história da Provence. Avignon tirava sabiamente partido das velhas rivalidades feudais que dividiam Toulouse e Barcelona, mas o florescimento do burgo havia começado muito antes, ainda nos séculos IV e V a.C. Nessa altura converteu-se num importante porto fluvial na margem esquerda do Rhône – rio que é hoje um eixo por onde passa uma parte das visitas turísticas a Avignon, com os seus restaurantes flutuantes e os pequenos cruzeiros que permitem uma visão ímpar da cidade e da velha Pont de Saint Bénézet. Mas foi, sobretudo, o mecenato dos papas e dos altos prelados que construiu a aura de Avignon. Com a prosperidade crescente que tomava conta da cidade, a população passou em pouco tempo de cinco mil para 40 mil habitantes. Através de um sistema fiscal implacável, as receitas dos impostos e dos dízimos avolumaram-se e ajudaram também à fortuna da corte papal, imersa num fausto cada vez menos teológico.

Hôtel de Ville - Prefeitura de Avignon
Habitada desde o tempo dos celtas, é famosa por se ter convertido na residência dos Papas em 1309, quando se encontrava sob governo dos reis da Sicília pertencentes à Casa de Anjou. A sua Universidade foi fundada pelo Papa Bonifácio VIII em 1303 e devido à reputação dos cursos de Direito teve grande importância até à Revolução Francesa. Em 1348 o Papa Clemente VI comprou a cidade da Rainha Jeanne de Nápoles, uma personagem notória na história do Mediterrâneo. Ela é mais bem conhecida por abrir um bordel em Avignon em 1387, e permaneceu como propriedade papal até 1791, quando foi incorporada ao resto da França durante a Revolução Francesa. Em 1377 os romanos finalmente conseguiram levar de volta para Roma a sede da Igreja Católica, quando o Papa Gregório XI deixou Avignon. Mas ele morreu no ano seguinte e então a Igreja elegeu um novo papa, italiano. Acontece que a parte francesa do clero considerou essa eleição inválida e decidiu escolher outro papa: Clemente VII, que voltou a morar em Avignon. E é por isso que durante 30 anos a Igreja Católica teve dois papas, um na Itália e outro na França

Place des Papes
O último Papa de Avignon foi Bento XIII, que foi perdendo o seu poder dentro da Igreja e ficou preso no Palais des Papes por cinco anos, antes de fugir em 1403 e morrer em 1409. O sobrinho do Papa Bento XIII conseguiu ficar no Palácio por 17 meses depois da fuga do seu tio, e para tentar evitar que a riqueza fosse saqueada, ordenou que todas as casas que ficavam em frente ao Palais des Papes fossem destruídas. Avignon era sede episcopal desde o ano 70, e foi convertida em Arcebispado em 1476. Foi sede de vários sínodos de menor importância. Ao todo, sete papas comandaram a Igreja Católica residindo em Avignon. A vida tolerante de Avignon parecia restaurar Sodoma e Gomorra, tal a quantidade de “casas de prazer” e tão intenso o movimento de marginais de toda a espécie que por ali encontrava benévolo pouso: contrabandistas, soldados aposentados que se dedicavam a pilhar os viajantes, falsificadores ou assassinos. Em face deste cenário “pré-apocalíptico”, tornava-se necessário garantir a proteção da suntuosa corte eclesiástica – por isso o esteio essencial da austeridade militar do Palais des Papes, símbolo eminente da cidade monumental de Avignon.

Palais des Papes
É praticamente impossível separar a história de Avignon da história de seu Papado. Os anos nos quais a Igreja Católica teve sua sede em Avignon transformaram a cidade e moldaram de uma forma evidente, sua identidade. Por tudo isso, se você deseja conhecer um pouco sobre a história de Avignon e descobrir de que forma uma pequena cidade às margens do Rhône evoluiu para o berço cultural que é hoje, é imprescindível que comece visitando o Palais des Papes – um dos 10 monumentos mais visitados da França e o mais importante palácio gótico da Europa, que serviu como residência para diversos papas ao longo da Idade Média. Durante a visita, é possível visitar cerca de 25 salas, dentre as quais se destacam as grandes Salas de Cerimônias – onde eram realizadas as festas, os conclaves e demais cerimônias da Igreja – e os Apartamentos Privados do Papa

Um dos pátios do Palais des Papes
O Palais des Papes começou como uma construção muito menor, conhecida como o Palácio Velho. O primeiro pontífice Clemente V estava satisfeito em dormir no Monastério Dominicano em Avignon. Seu sucessor, entretanto, não estava disposto a viver de forma tão simples. Foi Bento XII quem lançou a primeira pedra desse imenso edifício com mais de 15 mil metros quadrados e cuja construção se prolongou por cerca de 30 anos. Ao Palácio Velho, encomendado por Bento XII ao arquiteto Pierre Poisson, mandou Clemente VI acrescentar posteriormente o chamado Palácio Novo, cujas linhas exteriores retomavam um perfil de sólida fortaleza. Mas as robustas muralhas e as 10 torres defensivas – algumas com mais de 50 metros – ocultavam no seu interior um universo de referências nada marciais que ainda hoje surpreendem o viajante, tal o contraste entre a fria austeridade de alguns espaços e o ornato frívolo ou profano de certos compartimentos, a Torre dos Papas, nomeadamente os Apartamentos Privados do Papa

Salão no interior do Palais des Papes
Paradigmática desse contraste é a decoração hedonista do quarto de dormir do sumo pontífice, onde figuram representações de amáveis e sugestivas videiras. O gabinete de trabalho de Clemente VI é um dos melhores exemplos desse trabalho de decoração que os papas encomendaram a artistas vindos da Itália. Os motivos florais e as esplêndidas cenas de caça, em que aparece o cervo que acabou por dar nome ao aposento, teriam sido pintados por Robin de Romans, sob a direção de Matteo Giovanetti. Admiráveis são também os afrescos que o pintor italiano deixou nas Capelas de Saint Marcial e de São João, onde Giovanetti pintou cenas das vidas de São João Batista e de São João Evangelista. A abóbada da grande sala onde se reuniam os 13 juízes do tribunal eclesiástico espelha também obra de Giovanetti, uma impressiva representação dos profetas sobre um céu noturno povoado de estrelas. A grande Sala do Consistório testemunha ainda a presença de um dos maiores pintores do renascimento italiano, Simone Martini. Os afrescos que ali estão atualmente expostos vieram da Catedral de Notre-Dame-de-Doms, templo vizinho do Palais des Papes.

Sacristia do Palais des Papes
O Palácio é majestoso, mas não espere encontrar cômodos com mobília preservada. Durante a Revolução Francesa, o Palácio foi saqueado e, posteriormente, durante a Terceira República, teve muitas de suas obras e afrescos destruídos. Outras obras se perderam, contudo, ou sofreram grave deterioração quando o Palácio se viu transformado em prisão e caserna durante o século XIX. Conta-se que muitos soldados arrancavam às paredes fragmentos dos afrescos para serem depois vendidos a insignes antiquários, profissão que encontrou em Avignon nessa altura bom terreno para medrar. Algumas salas têm tido seus afrescos restaurados ao longo dos últimos anos, mas ainda é possível ver as pinturas descascadas em algumas capelas do Palácio. O Palácio ostenta dois pátios, um Salão de Jantar que facilmente comporta uma partida de futebol americano, uma cozinha que foi uma vez capaz de servir milhares e uma elevada capela gótica, onde os Papas eram coroados. Passe um tempo na capela, mas apesar de sua grande beleza, não pode tirar fotos. Duas horas, pelo menos, é o tempo necessário para visitar o Palais des Papes.

Cripta no Palais des Papes
As muralhas da cidade, em bom estado de conservação, foram construídas pelos papas imediatamente após a mudança da residência para este lugar. A grande muralha de Avignon, construída no século XIV, tem cerca de quatro quilômetros de comprimento, mas só um setor se encontra aberto a visitas, junto à Pont Saint Bénézet, monumento que uma popular canção celebrizou como «Pont d’Avignon». Construída entre os anos 1177 e 1185, foi destruída 40 anos depois durante a invasão de Louis VIII. A partir disso, a Ponte foi reconstruída algumas vezes, porém, destruída em consequência das cheias do Rhône, da qual só restam quatro arcos dos 22 que inicialmente tinha. Diz a lenda que um jovem pastor Bénézet havia encontrado Jesus Cristo, que o pediu para construir uma ponte sobre o rio. Ele correu para dizer aos outros pastores e ao povo de Avignon sobre seu encontro e que ele teria que construir uma ponte sobre o rio, mas foi ridicularizado por toda a cidade e desafiado a carregar um bloco de pedra enorme até às margens do rio, e que caso ele conseguisse tal feito, teria permissão para construí-la. Dito e feito: o rapaz levantou o bloco milagrosamente deixando todos em choque. O povo acreditou que ele teve ajuda divina e a partir daí teve apoio de toda a cidade na construção da ponte. A Ponte ligava Avignon à outra margem, a Villeneuve-lès-Avignon, de onde se pode desfrutar uma das vistas clássicas da cidade dos papas. Com tudo isso, é o lugar perfeito para curtir um lanche, ler um livro ou apenas devanear enquanto olha através do rio para Villeneuve-lès-Avignon.

Muralhas de Avignon
Com o passar dos séculos, a cidade se desenvolveu para além das muralhas, mas ainda são elas que delimitam seu Centro Histórico. Passear pelo Centro Histórico de Avignon é, de forma resumida, uma volta no tempo com cheirinho de lavada. É no Centro Histórico de Avignon que estão localizados quase todos os seus pontos de interesse turísticos. E é ali também que conseguimos compreender melhor a identidade da cidade e, com um pouco de imaginação, reviver os séculos mais importantes de sua história. Observar a fachada dos edifícios, os estilos arquitetônicos, os detalhes em suas calçadas, e a forma como a vida moderna apropriou-se, sem deteriorar, tudo aquilo é incrível! Daqueles passeios que merecem tempo, calma e um olhar apurado do visitante. É também no Centro Histórico que você encontrará o maior número de lojinhas de souvenires, e isto explica o cheiro delicioso de lavanda que embala os passeios por ali. Uma infinidade de lembrancinhas produzidas a partir das flores mais famosas da região.

Uma dos torres de proteção na Muralha de Avignon
Para o Centro Histórico de Avignon convém reservar dois ou três dias, sobretudo se a visita se realizar por ocasião do Festival de Teatro (a cidade é palco anual de um Festival de Teatro realizado desde 1947, é o mais importante da França), uma vez que nessa altura a afluência de turistas aos principais monumentos e a multiplicação da oferta cultural constituem fatores ou apelos para uma demora maior na cidade. Qualquer itinerário pelo Centro Histórico de Avignon não pode deixar de incluir algumas das belas e animadas praças que são simultaneamente símbolos da Avignon cosmopolita: a Place des Papes (suba a escadaria para a Catedral que está bem acima), e a Place de l’Horloge, cheia de bares e restaurantes nas calçadas e com um lindo carrossel, datado de 1900, ao centro, onde à sombra dos velhos plátanos o viajante pode fruir as horas lentas da Provença. É a principal praça da cidade e também conhecida como Place de Avignon. Nela estão dois importantes edifícios, o Hôtel de Ville e a Ópera. A vista do Rio Rhône através de seus campos, acima das fortalezas são verdadeiramente de grande valia, passando uma tarde ensolarada por lá. A estátua de ouro maciço da Virgem Maria sobre a igreja é talvez seu elemento mais interessante.

Cathèdrale Notre-Dame-des-Doms
Não é surpresa que esta cidade formadora de papas tenha muitas igrejas. A Igreja de Saint Pierre, construída em 1385, com talha setecentista, é a favorita de Avignon. Ela oferece uma ideia mais íntima de como as pessoas rezavam no passado. A Igreja, localizada no quarteirão de paralelepípedo de mesmo nome, tem uma entrada em gótico provençal ostentoso. Passe um tempo nas portas de nogueira elegantes alusivas à Anunciação e Santos Gerome e Julien. Não há taxa de entrada, mas se cobra um donativo para conservação das estruturas religiosas. O interior é de muita beleza, com altar do alto renascimento cheio de painéis e pequenos trabalhos feitos pelos antigos mestres locais, como "Adoração dos Pastores por Simon de Chalons". O belo exterior da Igreja é talvez melhor visto à noite, quando está iluminado.

Rocher des Doms
O roteiro monumental de Avignon inclui uma série de igrejas, nomeadamente a Cathédrale Notre-Dame-des-Doms, de raiz românica e interior medieval e barroco. Está localizada bem ao lado do Palais des Papes. Uma das suas joias é um Ecce Homo em pedra pintada do século XVI. No alto da torre da Catedral está uma estátua dourada da Virgem Maria com uma das mãos abençoando a cidade e com a outra, protegendo-a. A estátua possui seis metros de altura e pesa 4.500 quilos. Igualmente interessante é a Igreja de Saint Didier (século XIV), onde se podem ver afrescos italianos da escola de Siena e um retábulo do século XV. A partir do século XIII foram criadas em Avignon muitas confrarias de penitentes, que tiveram o seu apogeu nos séculos XVI e XVII. A Capela dos Penitentes Negros, mais recente, possui um notável interior barroco. Outra visita obrigatória é a da Igreja de Saint-Symphorien, com escultura em madeira pintada do século XVI. O Rocher des Doms é um jardim localizado ao lado da Catedral em direção ao Rio Rhône. É incrivelmente lindo e com vistas panorâmicas para o Rio e para a Ponte. 

Pont Saint Bénézet
Avignon é uma cidade ricamente bordada por história. Seus museus e atrações refletem o impacto do tempo quando era uma Cidade Papal e de seus residentes. Antes de sair para descobrir Avignon tenha certeza de ter pegado o guia da cidade (Avignon Passion Guide). Basta solicitar um exemplar em seu hotel, no escritório de turismo ou em qualquer museu na cidade. O guia o poupará dinheiro toda vez que você o usar, às vezes reduzindo pela metade do preço cada ingresso de museu. No capítulo dos museus, o viajante pode encontrar pretexto para fazer pelo menos duas pausas na peregrinação pela monumentalidade de Avignon. O Musée Calvet tem para mostrar um bom acervo de obras de Joseph Vernet, um pintor local, enquanto a Fundação Angladon-Dubrujeaud reúne obras provenientes da coleção do célebre colecionador Jacques Doucet, entre as quais pintura de Picasso, Van Gogh, Cézanne, Velásquez e Modigliani.

Forte Saint Andrès em Villeneuve-lès-Avignon
O Musée Du Petit Palais está localizado na Place des Papes, no Centro Histórico de Avignon, e hospeda uma coleção de pinturas provençais e italianas do século XIII até o século XVI, e coleções romanescas e góticas de escultura. O edifício surgiu em meados do século XIV e foi nomeado Petit Palais devido ao seu gigantesco vizinho, o Palais des Papes. O Museu está aberto todos os dias da semana, com exceção das terças-feiras. É considerado um museu francês excepcional, então para os amantes de museu está aí algo imperdível.

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