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Gruyères |
Toda vez que me proponho a fazer um roteiro de viagem, além
de procurar pelo que as cidades têm a me oferecer, também faço uma pesquisa sobre
as características típicas daquele determinado lugar. Com relação à Suíça, sempre chegávamos ao mesmo
ponto: Alpes, lagos, paisagens
incríveis, chocolates e queijos. Inclusive, numa determinada noite tentei fazer
uma receita com um queijo suíço que ainda não tinha chegado ao Brasil. Não ficou tão boa quanto eu
tinha visto na reportagem do Globo
Repórter. Pena!!! Durante o meu planejamento, escolhi as cidades principais
do país para visitar, mas confesso que Gruyères
não estava em meus pensamentos. Foi um convite da minha irmã.
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Gruyères |
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Gruyères |
Gruyères foi paixão à primeira vista. Outono na Suíça. E, lá no alto de uma colina
dos Alpes Friburguenses, uma
pequenina aldeia medieval, acima do Rio
Sarine. Cenário de sonho. Mais bucólico impossível. Sabe aqueles quadros em
que você vê uma casinha perdida no meio de um campo verde, com uma montanha ao
fundo e uma vaquinha pastando com um sino no pescoço? Pois é, Gruyères é assim. O Distrito de La Gruyères é formado por
dezenas de vilarejos, espalhado por uma área de 28 quilômetros quadrados,
localizado ao norte da Riviera Suíça.
Está aos pés dos Pré-Alpes e inclui as aldeias de Pringy, Epagny, Moléson-sur-Gruyères, Saussivue,
Pont e Creux. A Vila de Gruyères
tem uma população de menos de 2.000 habitantes.
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O Calvário |
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O Calvário |
O Distrito inteiro tem menos habitantes do que um bairro em Campinas. O vilarejo, no entanto, tem
apenas 100 habitantes. As montanhas de Moléson
(2002 metros), Broc (1830 metros) e Chamois (1340 metros), situadas em torno
da Vila de Gruyères, completam a paisagem
bucólica da região. É uma região rural, sede de uma pecuária intensiva,
encantadora, produtora de um leite de sabor inigualável. Os
famosos queijos e chocolates suíços não poderiam sair de outro lugar. Elas são as responsáveis pela produção do famoso
queijo que leva o nome da cidade: Gruyères!
Ou será que é a cidade que leva o nome do queijo? Bem, a ordem dos fatores não
faz a menor diferença.
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Os turistas lotam a cidade nos finais de semana |
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Janelas encantadoras |
O vilarejo tem praticamente uma rua só, com 300 metros, que começa
no Escritório de Turismo, cercada
por edifícios antigos de pedra e um Castelo nos fundos. Ele é pequenino, mas
charmosíssimo. Carros não entram. Ficam todos em três estacionamentos a alguns
passos da rua medieval. É preciso subir a colina para visitar o vilarejo a pé.
Durante a subida, vamos tendo um belo panorama da paisagem ao redor, que
corresponde à região de Gruyères.
Chega-se ao vilarejo pela entrada lateral, que possui um portal em estilo
medieval e parece que te transporta imediatamente para alguns séculos atrás,
quando passa por ele. Curiosamente, muitas fachadas possuem uma espécie de
brasão que traz a ave símbolo da região, o Grou (Grue). Seu ponto
alto é o Château Gruyères, um dos
mais prestigiosos da Suíça, que abrigou muitos condes entre os
séculos XI e XVI. Para você ter ideia de seu
valor, basta dizer que é o segundo Castelo mais visitado da Suíça. Só perde para o de Chillon, ao lado de Montreux, e que é banhado pelo Lago Léman em local abençoado pela
natureza.
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Château Gruyères |
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Château Gruyères |
A visita começa com um áudio visual de 15 minutos, disponível
em oito idiomas, que conta uma breve história do Castelo e dos nobres que ali residiram. Em seguida começa a visita pelas salas e aposentos decorados em
diferentes períodos com direito a explicações bacanas de um áudio-guia. Outra
coisa que chama bastante a atenção é a vista do pequeno jardim que fica nos
fundos do Castelo e de onde podemos apreciar (de cima de uma sacada), os belos canteiros
dispostos em padrões geométricos. E para coroar, ainda temos mais uma bela
vista da paisagem ao redor da colina onde está o Château e a cidade de Gruyères. A visita dura pouco mais
de uma hora e vale pela chance de visitar um Castelo tão lindo e tão bem
preservado.
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Sacada do Château Gruyères |
De acordo com a lenda, Gruyères
foi fundada em 400 a.C. pelo Rei dos Vândalos,
Gruérius. Construído supostamente no século XIII, o Château abrigou uma longa sucessão de Condes de Gruyères. Porém,
sua origem permanece desconhecida até os dias de hoje. Sabe-se que entre os
Séculos XI e XVI, 19 condes habitaram o local. Michel, o último Conde de Gruyères,
enfrentou dificuldades financeiras e decretou falência em 1554. Os credores, Friburgo e Berna, dividiram as suas terras entre eles. O Castelo
foi ocupado pelos magistrados friburguenses (1555-1798), em seguida pelos
prefeitos até 1848. Foi posto à venda em 1849, tornou-se propriedade das Famílias Bovy e Balland que permaneciam nele durante o verão e que acolheram
inúmeros amigos artistas. Quase 100 anos mais tarde, em 1938, o Cantão de Friburgo adquiriu outra vez o Castelo e fundou o Museu, com um
acervo riquíssimo que conta oito séculos de história. A
histórica cidade de Gruyères, em
alemão Greyerz, tem preservado até
aos dias de hoje a sua paisagem medieval.
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Pátio interno do Castelo |
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Esculturas representando múmias no pátio interno do Castelo |
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Capela no pátio interno do Castelo |
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Sala de Música do Château Gruyères |
Junto
ao pequeno Château Saint Germain
encontra-se o Museu H. R. Giger que
expõe a fantástica obra do vencedor do prêmio Oscar e criador do "Alien, o Oitavo Passageiro". Dentro do Museu – um casarão com atmosfera sombria a
poucos metros do Castelo – é possível ver toda a obra do genial artista, que
mistura surrealismo com ficção científica. Há muitos desenhos, esculturas,
pinturas e, claro, muitos alienígenas. Num salão vermelho, acessível apenas
para maiores de 18 anos, há obras com forte apelo erótico. O Museu é uma
coletânea sensacional de monstros psicodélicos e criaturas muito loucas. E não deixe de dar uma chegada ao bar
contíguo ao Museu, denominado Museum Bar
H. R. Giger. A parte de dentro é decorada como se fosse a parte interna de
uma criatura gigante repleta de ossos. Todas as mesas e cadeiras são hiper
estilosas. Muito legal. Se não quiser beber ou comer algo, pode
entrar assim mesmo, ninguém se importa se você entrar somente para fotografar
ou matar a curiosidade.
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Sala dos Cavaleiros |
Inaugurado em 2009, o Museu
do Tibet está bem ao lado do Museum Bar H. R. Giger e
abriga mais de 300 esculturas budistas, pinturas e obras de rituais de
diferentes regiões do Himalaia. Além da impressionante arte budista, o Museu tem no
seu interior a Capela de São José
com lindos e coloridos vitrais. Três museus e muito queijo em apenas uma rua medieval.
O Calvário é uma construção do século
XVI, onde atualmente artesãos expõem os seus trabalhos (desde a época da Páscoa
até metade de outubro). O nome vem da cruz que colocaram em cima da porta, para
que o lugar fosse protegido contra o mau tempo. Durante a Idade Média eram armazenados e vendidos sacos de sal.
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Salas ricamente decoradas |
É uma cidade deliciosa para se passar o dia. Caminhar sem
pressa. Sentar-se para tomar um café. E, claro: comer o melhor raclette suíço (um
prato cujo queijo, é derretido num aparelho especial e arrastado diretamente
sobre alguns petiscos e batatas cozidas). Nós comemos um no Hôtel Restaurant La Fleur de Lyz. Depois
de se fartar com tanto queijo é preciso dar uma caminhada para fazer a digestão
e seguir viagem. Mas, a cidade é tão bonitinha que não dá vontade de ir embora.
Toda florida. Chão de pedras. Casinhas simpáticas com janelas e sacadas de
madeira.
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Jardim do Château Gruyères |
Em Gruyères,
o mais agradável mesmo é passear pela vila, dar-se o prazer de apreciar sua
arquitetura, sua beleza e seus charmes. Dado seu tamanho reduzido é coisa que
se faz rapidamente. Mas, se
você se interessa pela fabricação do queijo gruyère (provavelmente o melhor
queijo suíço – mas isso é questão de gosto), você encontra um fabricante logo
que sai da Vila de Gruyères. A
propósito, se quiser comer uma fondue em ambiente mais romântico, existe um
“trem-fondue” que sai de Bulle, a
cidade vizinha, capital do município de Gruyères.
Numa viagem de ida e volta à localidade do Distrito
de Gruyères, você tem tempo de saborear com tranquilidade o prato típico da
região. A
Vila de Gruyères está situada a 123
quilômetros de Genebra, 33
quilômetros de Fribourg, 40
quilômetros de Vevey e cinco
quilômetros de Bulle.
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Museum Bar H. R. Giger |
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