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Anna-Seller-Brunen |
Berna, mais conhecida como “Cidade
dos Ursos”, é a capital da Suíça e traz uma mistura de túnel do
tempo com paisagens de tirar o fôlego. Seu centro, a parte mais antiga da
cidade, é considerado pela UNESCO, Patrimônio da Humanidade por
sua riqueza histórica bem conservada. A cidade é cheia de história e traz
atrações para se deslumbrar o ano todo. Berna
também é famosa por suas diversas fontes. São cerca de 100 chafarizes
espalhados pela cidade e 11 deles, são especiais por serem históricos e parte
do Patrimônio da Humanidade. As fontes representam diversos aspectos da
história da capital e foram construídas num período próspero da cidade (quase
todas são do século XVI). Elas são decoradas com estátuas em estilo
renascentista que remetem a personagens históricos ou figuras lendárias, que
dão um charme especial à capital. Delas saem águas que são limpas e cristalinas
e vêm direto das montanhas, perfeito para encher sua garrafinha e continuar a
caminhada. Para quem se interessar em conhecer as fontes de Berna, o Escritório
de Turismo local oferece uma visita guiada temática.
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Läuferbrunnen |
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Schützenbrunnen |
O ar medieval da cidade, com seus muitos chafarizes e suas
muitas fachadas de arenito, ruas estreitas e torres históricas, possui uma
característica única. As ruas medievais de Berna seriam completamente
diferentes se, no passado, tivessem sido retiradas as fontes que figuram, na
sua grande parte, bem no meio delas. O colorido de cada uma delas, juntamente
com as bandeiras representando os vários cantões, faz um grande contraste com
as arcadas dos prédios cinzentos. As cerca de 11 fontes figurativas, existentes
no centro da capital, são da autoria do escultor Hans Gieng, que também
esculpiu algumas na sua cidade natal, Fribourg. Algumas delas são tão
trabalhadas, quer na figura que as encima, quer nas colunas que as suportam,
que são um evidente testemunho da riqueza de uma certa burguesia da época
medieval. E, também, um testemunho da sua importância como fontes públicas no
abastecimento de água à cidade – ainda são visíveis os canais a ligar algumas
destas fontes. Em tempos idos as fontes eram locais de confraternização e ali
se juntavam os habitantes para recolher água ou para lavar as suas roupas.
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Schützenbrunnen |
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Gerechtigkeitsbrunnen |
A Gerechtigkeitsbrunnen, fonte que representa a
Justiça é datada de 1543. A estátua foi amplamente reproduzida e espalhada por
outros locais, na Suíça, até o século XVII. Contudo, esta é também uma
cópia, uma vez que a original foi destruída por vândalos, em 1986 e, desde
então, encontra-se em restauro, no Museu Histórico da cidade.
Representando a Justiça, a figura central segura uma espada na mão direita e
uma balança na esquerda, tendo uma venda sobre os olhos. Enquanto a espada e a
balança eram atributos comuns em suas representações, a venda nos olhos era uma
novidade. Somente depois esse elemento que implica que todos são iguais perante
a lei se tornou comum. Aos seus pés ficam quatro bustos: o Papa, o Imperador,
um Sultão e um Schultheiss (espécie de administrador da cidade). O simbolismo é
que a Justiça, de natureza divina, estaria acima de todas essas autoridades
terrenas. Apenas na Suíça, existem 17 fontes parecidas (fora as que já
foram destruídas).
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Ryfflibrunnen |
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Kindlifresserbrunnen |
Outra fonte de água imperdível é a Kindlifresserbrunnen.
Criada em 1545-46, foi chamada inicialmente de Platzbrunnen. O nome
atual surgiu em 1666. Kindli, no alemão suíço, é um diminutivo da
palavra germânica kind, que quer dizer criança. A tradução literal do
nome Kindlifresserbrunnen seria “Fonte do Comedor de Criancinhas”.
A escultura mostra um ogro devorando um bebê, tendo ao seu lado um saco com
outras crianças (seria o Bicho Papão no folclore brasileiro). Não se
sabe exatamente o que motivou o artista a fazer tal criação. Como o chapéu do
ogro lembra aquele utilizado pelos judeus, especula-se que seja uma
representação da crença de que eles sequestravam e matavam os filhos dos
cristãos para usar seu sangue em rituais religiosos. Outra teoria é de que se
trata de Krampus, uma criatura do folclore alpino que punia, na época do
Natal, os que se comportaram mal durante o ano. Ainda dizem que pode se tratar
do deus Cronos (grego) ou Saturno (romano) que comeu todos os seus filhos.
Também poderia ser um alerta para que eles tomassem cuidado com os fossos de
ursos. E por aí vai, escolha a que melhor lhe agrada. O fato é que a curiosa
fonte fica na Kornhausplatz, que possui esse nome por estar em frente ao
Kornhaus (celeiro de milho), um dos mais belos exemplos da arquitetura
barroca da cidade.
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Pfeiferbrunnen |
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Vennerbrunnen |
A Vennerbrunnen Banneret situa-se junto à Prefeitura
da cidade. Venner era um título político-militar, na Suíça Medieval. Era
o responsável pela paz e protegia uma parte da cidade e liderava as tropas em
batalhas. Além de coletar os impostos, era responsável por vigiar os mercados e
pelo “Corpo de Bombeiros”. Era um homem com muito poder e muito importante. A
estátua, construída em 1542, mostra um Venner armado com a sua bandeira. Em
frente à Catedral fica a Münsterplatz, onde se destaca outra fonte
medieval, a Mosesbrunnen. A estátua data de 1544 e, como o próprio nome
indica, representa Moisés, que aparece trazendo os Dez Mandamentos para
as tribos de Israel. Moisés é mostrado com dois raios sendo projetados
de sua cabeça, uma referência a Êxodos 34:29-35, que conta que a pele de
sua face ficou radiante após um encontro com Deus.
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Mosesbrunnen |
Entre as fontes localizadas na Kramgasse, destaca-se a
Simsonbrunnen, construída em 1527 e ampliada poucos anos depois. Ali
está representado o herói católico romano Sansão, que aparece armado e
carregando ferramentas de um açougueiro enquanto se prepara para rasgar as
mandíbulas do leão. É possível que essa fonte tenha sido doada pela guilda dos
açougueiros, o que explicaria a presença das ferramentas. Sansão foi símbolo
popular de poder no século XVI e foi considerado o Hércules bíblico. A estátua
original foi substituída por uma cópia em 1973.
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Simsonbrunnen |
A Zähringerbrunnen é a fonte em homenagem ao fundador
de Berna, Berchtold von Zähringer. O símbolo de Berna é a figura
de um urso e aqui aparece o seu fundador travestido de urso sob uma armadura. Lauferbrunnen
é a fonte que representa o mensageiro que, conta-se, teve a audácia de dizer ao
rei francês, quando este advertiu o bernense por não falar francês, que ele
também não falava alemão. Schützenbrunnen é a Fonte do Mosqueteiro.
Ali está ele, cheio de pose com uma bandeira erguida e uma espada na outra mão.
Debaixo das suas pernas e agarrado a uma delas vemos um ursinho. Com vista para
uma das torres de entrada do Centro Histórico, a Anna-Seiler-Brunnen
é dedicada à mulher que fundou o primeiro hospital de Berna.
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Zähringerbrunnen |
A Ryfflibrunnen é a representação da figura de um
atirador. Mais uma vez, com um urso como companhia. A Pfeiferbrunnen – Tocador
de Flauta – é talvez a mais bonita e rica em pormenores. Na sua coluna
encontramos relevos renascentistas de figuras dançando. No topo, a alegre
figura de um músico com um macaquinho como companheiro. Acontece que este
músico está descalço ou com os sapatos esburacados, o que revela a sua exclusão
da sociedade. Estas fontes coloridas não são um exclusivo de Berna.
Encontramos pelo menos uma deste gênero em Lausanne, na Place de la
Palud, e mais umas quantas em Basiléia. Mas Berna é
indiscutivelmente a cidade das fontes.
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