terça-feira, 10 de novembro de 2015

Zurique - Grossmünster

Grossmünster
Nossa próxima parada foi na Grossmünster, a maior Catedral e o maior cartão postal de Zurique. De todos os marcos históricos que Zurique tem a oferecer, a Grossmünster (ou Grande Igreja) é o mais característico. É uma das quatro maiores igrejas da cidade (as outras são Fraumünster, Predigerkirche e Peterskirche). Sua Congregação faz parte da Igreja Reformada Evangélica do Cantão de Zurique. A Grossmünster era uma igreja do mosteiro, disputando precedência com a Fraumünster através do Limmat em toda a Idade Média. A construção fica em uma área elevada às margens do Rio Limmat, se destacando na paisagem principalmente para quem vem pela Münsterbrucke. Aliás, é interessante tirar fotos da Ponte ou do outro lado do Rio, pois a distância permite capturar a alta Catedral de ângulos mais interessantes.

Grossmünster e a Estátua de Carlos Magno



A Catedral foi construída no lugar de uma igreja carolíngia e teve sua estrutura erguida a partir dos anos 1100, sendo inaugurada cerca de um século depois. De acordo com a lenda, a fundação se deu por Carlos Magno (Charlemagne), que perseguia um cervo quando seu cavalo caiu de joelhos sobre as tumbas de Felix e Regula, santos padroeiros da cidade. De acordo com a lenda, Felix e Regula eram irmãos e membros da Legião Tebana, que era perseguida em uma caça aos cristãos, no ano de 286 d.C. Chegando em Zurique, os irmãos e seu servo, Exuperantios, foram capturados, julgados e executados. Depois da decapitação, milagrosamente, ficaram de pé, pegaram suas próprias cabeças e caminharam 40 passos morro acima e rezaram antes de caírem mortos. Eles foram enterrados no local em que se deitaram, atualmente a localização dessa Catedral, na Grossmünsterplatz. A partir do século XII, imagens dos santos a carregar as suas cabeças foram utilizadas nos selos oficiais da cidade e em moedas (estas imagens ainda hoje aparecem nos selos de Zurique). 

Heinrich Bullinger
A Catedral também tem importância por Ulrich Zwingli (Huldrych Zwingli) ter iniciado em seu escritório pastoral na Grossmünster, a partir de 1520, uma luta que acabou por levar as autoridades civis locais a sancionar a separação da igreja do papado. Muitos católicos estavam preocupados com as falsas doutrinas, abusos, corrupção e outros problemas dentro das igrejas, especialmente em termos de indulgências. O fato deu origem à Reforma Protestante no país, que continuou com o seu sucessor, Heinrich Bullinger. Os reformadores iconoclastas (que contestavam a adoração de ícones religiosos) removeram do local o órgão e a estatuária, abandonaram a quaresma, aboliram o celibato, substituíram a missa e o lecionário, baniram a música, entre outras mudanças, e são os responsáveis pela falta de adornos no interior da Igreja. Mais do que isso, trouxeram várias mudanças para a sociedade, que era controlada em grande parte pelos líderes religiosos da época.

Portal da Grossmünster

Sua arquitetura românica faz parte da primeira tendência arquitetônica pan-européia desde a arquitetura romana imperial, caracterizada pela estrutura austera e robusta, com paredes grossas em pedra. Um dos destaques desse estilo na Catedral é o grande portal com colunas medievais, cujos topos são adornados com figuras grotescas. Como de costume, as modificações na construção original da Igreja continuaram ao longo dos séculos seguintes. Entre 1913 e 1915 foram concluídas as renovações internas por Gustav Gull e Hermann Fietz. As portas em bronze das entradas norte e sul foram feitas por Otto Münch e adicionadas em 1935 e 1950. As imagens retratam cenas bíblicas e da Reforma. Apesar da simplicidade da decoração interna, é possível apontar alguns elementos que se destacam pela beleza. Chamam a atenção os vitrais criados por Sigmar Polke, pintor e fotógrafo alemão responsável pelas formas abstratas e coloridas formadas por fatias de ágata. Esses vitrais foram produzidos entre os anos de 2006 e 2009. Há também janelas com vitrais projetados pelo artista suíço Augusto Giacometti em 1932. Não era permitido tirar fotos lá dentro, então não tenho registros dessa parte. A cripta, que também pode ser visitada gratuitamente, é bem simples e data dos séculos XI a XIII. Essa é a parte mais antiga da Igreja e possui uma estátua de Carlos Magno com uma coroa dourada.

Escola Teológica da Universidade de Zurique
A fachada da Catedral é marcada por duas torres gêmeas que são, talvez, as formas mais reconhecidas da paisagem da cidade. As torres foram erguidas entre 1487 e 1492, com campanários de madeira, que foram destruídos em um incêndio no século XVIII. Depois disso, foram construídos os novos topos, em estilo neogótico. A Torre Norte que detém os sinos é mais alta do que a Torre Sul. No século XV, a Torre Sul foi nivelada pela do Norte, aonde foi adicionada uma estátua de Carlos Magno sentado (a original pode ser vista na cripta). Entre 1781 e 1787, surgiram as características neogóticas nas partes superiores da Torre por Johann Caspar Vögeli e Johannes Haggenmille. Sabe-se que Richard Wagner zombou da aparência da Igreja, como se fossem dois distribuidores de pimenta.

Escola Teológica da Universidade de Zurique
A subida na Karlsturm, a Torre Sul, é de 187 degraus, sem acesso especial para pessoas com mobilidade reduzida. No entanto, a subida é bem tranquila, já que há vários andares em que você pode parar para olhar a paisagem da janela e descansar um pouco. A entrada é paga e possui desconto para estudantes. A entrada para a Torre é bem baratinha e vale muito à pena, oferecendo uma vista de 360° em pleno Centro Histórico da cidade. Do observatório, é possível ter uma vista maravilhosa da torre vizinha da mesma Catedral, do Rio Limmat, do Lago Zürich e até dos picos dos Alpes Suíços.

Grossmünster e a Münsterbrucke
Eles também convidam os turistas a assistirem a missa de domingo junto à comunidade. Deve ser interessante participar e ouvir a celebração em outra língua totalmente diferente e observar se os costumes são os mesmos das que vemos no Brasil. Também são feitos concertos musicais com a cobrança de uma taxa de entrada. Além da volta pela Praça, a visita interna da Igreja e a subida na Torre, você pode aproveitar para conhecer o Museu da Reforma que conta a história da Reforma Protestante e se encontra no antigo claustro. A Igreja também possui o original da Bíblia Frouschauer, datada de 1531, com prefácio de Zwingli e resumos de cada capítulo. Ela contém uma versão revisada do Antigo Testamento, de 1540, e do Novo Testamento, de 1574. Anexo ao Claustro está a Escola Teológica da Universidade de Zurique.

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