quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Berlim - Berliner Mauer

East Side Gallery - Berliner Mauer
Berlim é uma cidade moderna e muito ativa. Sua vida cultural é agitada e a geração que nasceu pós-queda do Muro agora entra nos seus quase 30 anos e está agitando sem nunca ter conhecido uma Alemanha dividida. A pergunta que todo turista faz ao visitar a capital e maior cidade da Alemanha é: onde ver o Muro de Berlim? Difícil quem não visite Berlim e não queira ver de perto esse ícone histórico. O Muro de Berlim foi uma barreira física construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este Muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA), constituída pelos países socialistas sob o jugo do regime soviético. O principal motivo da construção do Muro foi a fuga de 150 mil cidadãos do lado socialista para a República Federal Alemã.

Berliner Mauer
Construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, dele fazem parte 66,5 quilômetros de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este Muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental Socialista com ordens de atirar para matar (a célebre Schiessbefehl ou Ordem 101) os que tentassem escapar, o que provocou a separação de dezenas de milhares de famílias berlinenses. Pelo menos 80 pessoas morreram e milhares foram presas na tentativa de transpor o Muro. A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada “cortina de ferro” entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste. Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste Socialista e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.

East Side Gallery - Berliner Mauer
O famoso Portão de Brandemburgo marcou a divisão entre o Leste e o Oeste de Berlim. Durante a onda revolucionária de libertação ao comando de Moscou que varreu o Bloco de Leste, o Governo da Alemanha Oriental anunciou em novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental Capitalista e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenires. Mais tarde, equipamentos industriais foram usados para remover quase o todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a reunificação alemã que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria.

East Side Gallery - Berliner Mauer
A vontade de destruí-lo, e tudo de ruim que ele significava, era tão grande que pouca coisa sobrou. O Governo de Berlim incentiva a visita ao Muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do Muro. Em 2009, o Centro de Turismo alemão lançou roteiros que permitem percorrer toda a sua extensão, a pé ou de bicicleta, para observar fragmentos e manifestações artísticas com o auxílio de um aparelho multimídia guiado por GPS. Em 2014, para celebrar os 25 anos da queda do Muro, a cidade foi iluminada por balões brancos que indicavam onde ele passava. Além da reconstrução de alguns trechos, está marcado no chão o percurso que o Muro fazia quando estava erguido. 

East Side Gallery - Berliner Mauer
A Bernauer Strasse é uma das ruas que concentra mais histórias ligadas ao Muro de Berlim. Só nessa rua foram escavados vários túneis para a população tentar transpor da parte leste para a parte oeste de Berlim, sendo os mais conhecidos os túneis 57 e 29. Situado na Bernauer Strasse, esquina com a Ackerstrasse, o Memorial do Muro de Berlim (Gedenkstatte Berliner Mauer), é o local mais impressionante para ver e sentir como era o Muro de Berlim de ambos os lados. Aqui foi reconstruída uma parte do Muro, com cerca de 200 metros, onde ainda existe o muro exterior, o muro interior e o espaço intramuros, inclusive com uma torre de vigilância. Seu entorno (com vários ferros do Muro como se fossem esculturas) é muito impactante. Há um mirante e painéis que contam a história do Muro de Berlim. O local foge completamente da característica de armadilha turística do famoso Checkpoint Charlie.

East Side Gallery - Berliner Mauer
Outro ponto surpreendente para visitar o Muro de Berlim é a Topografia do Terror. No local, há uma exibição gratuita e permanente sobre a ascensão do III Reich na Alemanha, contextualizando a forma como Hitler chegou ao poder em 1933, como ilegalizou os partidos políticos, as alterações que efetuou nos direitos dos cidadãos e a forma como evoluíram as perseguições aos judeus e a outras minorias políticas e étnicas. Em seu entorno, o Muro e prédios cinza de concreto que faziam parte de toda a logística do Partido Nacional Socialista, onde tudo era organizado pelos criminosos nazistas. La ficava a Sede da Polícia Secreta (Gestapo), onde foram planejados crimes e atrocidades. Prepare-se para o impacto. Após a unificação da Alemanha, o governo decidiu preservar alguns prédios e criar ou modificar outros. Grande parte da área em frente à Topografia do Terror foi preservada e, por isso, o visual tão fiel e impressionante por trás do Muro. Atualmente, o prédio (antigo Ministério da Aeronáutica da Alemanha Nazista) é a Sede do Ministério das Finanças. Da Topografia do Terror dá para ir caminhando até o Checkpoint Charlie, onde você encontra documentos sobre o Muro e uma encenação que atrai muitos turistas.

East Side Gallery - Berliner Mauer
O isolamento entre os blocos oriental e ocidental não era completo. Havia alguns pontos de passagem oficiais. O mais famoso, de longe, ficou conhecido por Checkpoint Charlie. Esse portão acabou ficando icônico e se transformando num verdadeiro símbolo da Guerra Fria. Apareceu em filmes e livros de espionagem, foi palco de impasses perigosos, quando uma guerra poderia virar de fria em quente muito rápido e testemunhou mortes terríveis. Hoje em dia há uma réplica da cabana de metal instalada pelos poderes ocidentais – como os ocidentais não reconheciam o Muro como legítimo, eles não tratavam o Checkpoint Charlie como fronteira internacional. Ao lado está o museu particular Haus am Checkpoint Charlie. Lá está contada, detalhadamente, não só a história do Checkpoint Charlie, mas do Muro e das pessoas que se dispuseram a atravessar o Muro. Algumas com sucesso, outras não.

The Mortal Kiss de Dimitri Vrubel
A maior área preservada do Muro situa-se em uma região alternativa de Berlim, onde há baladas famosas. O vestígio mais extenso e original do Muro de Berlim (dois quilômetros) está em Kreuzberg no East Side Gallery. La se encontra a famosa galeria a céu aberto com pinturas sobre a mais extensa área do que restou do Muro de Berlim de pé. Vários artistas do mundo pintaram motivos e imagens de alerta, criando a sensação que se observa uma galeria de arte, onde o mote é salvar o mundo das atrocidades que o homem é capaz de lhe infligir. São por volta de 106 murais pintados em 1990 por 118 artistas de 21 países e, repintados novamente devido aos estragos do tempo e das pessoas que destroem as pinturas riscando ou pichando por cima. Atualmente, há uma cerca (que não existia antes) em frente ao Muro para proteger as obras. A East Side Gallery é considerada a maior galeria de arte ao ar livre de maior duração do mundo. Esta é uma das mais belas seções do Muro porque se encontra num lugar muito aprazível, junto ao Rio Spree e o passeio não é nada cansativo.

Pode não ter sobrado muito do Muro em pé, mas há muitos vestígios dele em Berlim. Olhe bem onde você pisa e encontrará marcas dele no chão por vários cantos de Berlim. As marcas sinalizam o local onde o Muro passava e dividia Berlim. Uma empresa imobiliária poderosa fez um buraco no Muro para construir um prédio de luxo. É estranho ver o prédio interrompendo o final do Muro e da Galeria. E dizem que, na época de sua construção houve muitos protestos e revoltas. Porém, acabou dando em nada e o prédio está lá, um “estranho no ninho”.

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