segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Milão - Igrejas de Milão

Basilica San Lorenzo Maggiore
O que mais tem em Milão é igreja. Em cada quarteirão você encontrará pelo menos duas igrejas. Segundo o historiador de arte Phillipe D”Averio, Milão só perde para Roma em número de igrejas. Infelizmente, elas não são os principais pontos turísticos de interesse dos milhares de visitantes que chegam a Milão todos os anos. Uma pena, já que conhecer igrejas, principalmente em um país como a Itália, é entender e contextualizar cada período e a sua história, já que por séculos a vida religiosa e civil da cidade era em simbiose permanente. A importância das igrejas milanesas vai além do seu famoso (e maravilhoso) Duomo, já que foi aqui, em 313 que o Imperador Constantino assinou o Édito de Milão, que legalizou o cristianismo. De origens paleocristãs, medievais, renascentistas e barrocas, as igrejas de Milão muitas vezes escondem “tesouros” que podem passar despercebidos aos turistas menos atentos.

Basilica San Lorenzo Maggiore
O Duomo, a Catedral de Milão, é indiscutivelmente uma das mais belas igrejas do mundo. Mas a capital da Lombardia tem outras igrejas, bem próximas umas das outras, com estilos e histórias bem diferentes e que valem muito a visita, seja por sua arte, por sua história ou pelo seu significado na vida da cidade. Só é sempre bom lembrar que esses são lugares sagrados e, por mais que você seja ateu ou não católico, é preciso respeitar as regras desses espaços (vale o mesmo para visitar sinagogas, mesquitas, templos xintoístas, etc.). No dia da visita, homens não devem estar de bermudas, mas sim de calças compridas; e mulheres devem estar com roupas que cubram os ombros e os joelhos. Se não for permitido tirar fotos, não tire, respeite.

Basilica San Lorenzo Maggiore
Precedida por uma série de colunas românicas da época imperial, a arquitetura da Basílica San Lorenzo Maggiore é realmente majestosa. O edifício de planta central, construído entre o final do século IV e o início do século V, é um dos mais relevantes na história da arquitetura ocidental. A Basílica provavelmente pertencia ao Palácio Imperial San Vitale a Ravenna. Os incêndios, colapsos e reformas não alteraram a planta original: uma sala quadrada aberta circundada por um corredor contínuo dominado por galerias. A San Lorenzo Maggiore foi reconstruída por duas vezes, uma em estilo românico entre o final do século XI e o começo do século XII e outra no século XVI, quando foi construída a cúpula octogonal. As principais atrações da Igreja, além da estrutura suntuosa, são um órgão restaurado em 1884 por Pietro Bernasconi, as Capelas San Sisto e Sant’Ippolito e os mosaicos da Capela de Sant’Aquilino (século IV).

Chiesa Santa Maria delle Grazie
O complexo que engloba a Igreja, o Claustro dos Mortos, o refeitório, a antiga sacristia e um pequeno pátio, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade da UNESCO desde 1980. A Chiesa Santa Maria delle Grazie começou a ser construída na segunda metade do século XV como nova sede milanesa dos Dominicanos. O projeto inicial da Igreja (1463) era em estilo gótico tardio, com três naves cobertas por um cruzeiro ogival com afrescos e capelas laterais, no entanto, quando as obras foram concluídas (1487), por vontade de Ludovico il Moro, que pretendia fazer da Igreja o seu mausoléu, foi renovada em estilo renascentista. Bramante, encarregado do projeto, cobriu as naves com uma cúpula hemisférica. A Bramante também são atribuídos o elegante corredor e a antiga sacristia. No refeitório, uma grande sala retangular no lado oeste do Claustro dos Mortos, encontra-se a célebre Última Ceia de Leonardo da Vinci (1495-1498), uma das obras-primas da história da pintura, expressão da vontade do artista de indagar acerca dos impulsos da alma. Na parede oposta, o afresco Crocifissione de Giovanni Donato Montorfano (1495).

Chiesa Santa Maria delle Grazie
A Chiesa San Maurizio al Monastero Maggiore e o claustro (atual Museu Arqueológico) foram o que restou do maior e mais antigo convento feminino das famílias abastadas de Milão, construído entre os séculos VIII e IX nas proximidades das muralhas e do circo românico, e parcialmente destruído entre os anos de 1864 e 1872. A Igreja começou a ser edificada em 1503 e tem uma nave central única dividida em dois ambientes distintos: um com acesso pela rua destinado, antigamente, aos fiéis e outro reservado às freiras enclausuradas, com acesso exclusivo pelo convento. A San Maurizio é diferente, mas consegue provocar o mesmo fascínio que o Duomo. A fachada da Igreja é bem simples, mas no interior da Igreja, encontram-se um dos mais importantes ciclos de afrescos lombardos do século XVI, realizados, em grande parte, por Bernardino Luini e seus adeptos. É simplesmente deslumbrante e, embora não seja sede de eleição do Papa e não tenha afrescos assinados por pintores famosos como Michelangelo, faz jus ao título de Capela Sistina de Milão.

Basílica Sant’Eustorgio
A Basílica Sant’Eustorgio é uma das igrejas mais antigas e ilustres de Milão, fundada, provavelmente, por Sant’Eustorgio no século IV. O edifício paleocristão foi reconstruído em estilo românico nos séculos XI e XII. No século XII, recebeu as relíquias dos reis magos. Entre os séculos XIII e XIV, tornou-se sede dos Dominicanos, que construíram as três primeiras capelas e o campanário, assim como reformaram o cruzeiro e algumas partes da nave da Igreja. As reformas feitas nos séculos XVII e XVIII foram eliminadas pelas restaurações do século XIX, entre elas, a fachada, projetada por Giovanni Brocca em 1862. As últimas alterações, realizadas entre 1952 e 1966, recuperaram as formas originais da Basílica (estilo românico-lombardo). Na Basílica Sant’Eustorgio encontra-se a Capela Portinari, obra-prima do Renascimento milanês, decorada com tijolos e pedras que contrastam com os belos afrescos de Vincenzo Foppa e a Arca di San Pietro Martire, esculpida por Giovanni di Balduccio entre 1335 e 1339.

Basílica Sant'Ambrogio
A Basílica Sant’Ambrogio, antiga Basílica Martyrum foi fundada por Sant’Ambrogio em 379 na área cemiterial de Porta Vercelina. A estrutura original, com três naves, duas filas de colunas e uma única abside, sofreu profundas mudanças entre os séculos IX e XII, no entanto, o aspecto atual é fruto das restaurações ocorridas no século XIX. A Basílica, considerada uma das mais importantes expressões do estilo românico lombardo, abriga a sepultura dos Santos Gervasio, Protasio e Ambrogio. No interior da Igreja, encontram-se obras de arte excepcionais como o cibório (século IX), o altar de ouro – obra-prima da ourivesaria da época carolíngia (835) – e o Sacelo de San Vittore in Ciel d’Oro, com cúpula hemisférica revestida de mosaicos dourados e que representa o Redentor no trono (século V e XVIII).

Chiesa Santa Maria presso San Satiro
Mais um dos tesouros escondidos, dessa vez quase que literalmente, já que quem passa apressado descendo a Via Torino, não nota do lado esquerdo uma pequena igreja, de fachada anônima, atrás de um portão colocado em um nicho da calçada. Obra-prima do Renascimento milanês, a Chiesa Santa Maria presso San Satiro foi construída próxima a um santuário bizantino dedicado a San Satiro. Embora a Igreja seja pequena, composta de apenas três alas, o seu interior é monumental. No projeto da Igreja atual, realizado entre 1476 e 1488, o arquiteto e pintor Bramante, contemporâneo de Leonardo da Vinci, desempenhou o papel principal, criando uma perspectiva ilusória do coro, que simula a profundidade de uma quarta ala. O restante da Igreja também vale cada minuto passado dentro dela. A fachada, iniciada por Amadeo no final do século XV, foi inteiramente reconstruída em 1871.

Basilica San Carlo ao Corso


A Basílica San Carlo al Corso, importante obra do neoclassicismo tardio (1839-1847), foi projetada para valorizar a antiga Corso dei Servi, atual Rua Vittorio Emanuele II. Após a demolição da antiga Chiesa Santa Maria dei Servi, o arquiteto Carlo Amati concebeu uma pequena praça de três lados com um pórtico precedido por colunas de mármore. A nova Basílica, inspirada no Panteão de Roma, tem uma cúpula de 32 metros de diâmetro, obra de Felice Pizzagalli (1844), reconstruída em grande parte após o incêndio de 1895. No interior, os destaques são um crucifixo em madeira do século XIV, um altar barroco proveniente de Santa Maria dei Servi e as esculturas de P. Marchesi, San Carlo comunica San Luigi Gonzaga (1852). O campanário de 84 metros é o mais alto da cidade.

Basilica Sant’Eufemia
A Basilica Sant’Eufemia, antiga igreja paleocristã, fundada, provavelmente, pelo Bispo Senatore em 498 e reconstruída em estilo românico por volta do século XIII, sofreu diversas reformas ao longo dos séculos. O aspecto moderno da parte interna é fruto da reconstrução radical em estilo gótico lombardo realizada por Enrico Terzaghi em 1870. Poucos anos depois, a fachada maneirista tardia foi substituída pela atual. A Igreja abriga obras importantes de Marco d’Oggiono e Bernardino Bergognone. A Sant’Eufemia, famosa pela acústica perfeita, já serviu de estúdio de gravação para a soprano Maria Callas na década de 1950 e para a aclamada Mina na década de 1980, mas o que enche os olhos, é a cúpula azul e as belas pinturas, que fogem completamente do padrão das igrejas de Milão.

Complexo de Santa Maria dei Miracoli
O Complexo de Santa Maria dei Miracoli engloba a Chiesa San Celso e o Santuário Santa Maria presso San Celso. A Igreja foi reconstruída em 996 nas imediações de um mosteiro beneditino e reformada, em estilo românico, no século XI. O Santuário foi construído no final do século XV, em substituição a uma pequena capela gótica, com o objetivo de acolher o grande número de peregrinos que veneravam a milagrosa imagem da Virgem presente na capela. Giovanni Antonio Amadeo e Gian Giacomo Dolcebuono encarregaram-se da cúpula, decorada com belas estátuas de Agostino de Fondutis e do tibúrio. Em 1505, Cristoforo Solari começou a construção da fachada, toda revestida de mármore branco, o primeiro exemplo milanês de classicismo maduro.

Chiesa Santa Maria della Scala in San Fedele
A Chiesa Santa Maria della Scala in San Fedele, encomendada pelos jesuítas e projetada por Pellegrino Tibaldi, começou a ser construída em 1569 e é um dos exemplos mais importantes da arquitetura da Contrarreforma. O edifício, inspirado na Igreja de Jesus de Roma, tem uma única nave com duas arcadas, em formato de vela, sustentadas por colunas monumentais feitas em mármore de Baveno. Na abside, encontra-se um coro de madeira do século XVI proveniente da Chiesa Santa Maria alla Scala demolida durante a construção do célebre teatro. O altar principal e a finalização da fachada são obras de Pietro Pestagalli (século XIX). No meio da praça, há uma estátua de bronze de Alessandro Mazoni feita por Francesco Barzaghi (1883).

Chiesa San Bernardino alle Ossa
A igreja mais inusitada de Milão é a San Bernardino alle Ossa, que abriga uma capela decorada com crânios e ossos humanos, não é propriamente bela, mas causa uma sensação de estranheza danada. A pequena igreja localizada atrás do Duomo de Milão é de origem medieval, mas foi reconstruída em tempos sucessivos. As quatro paredes do pequeno ambiente são tapetadas de ossos provenientes de antigos cemitérios da área que formam a decoração com cruzes e lacinhos e podem impressionar aos mais sensíveis. Com a história que Dom João V ficou fascinado com o lugar, quando passou por Milão no século XVIII. Vale realmente a visita, porque não é toda cidade que tem uma igreja do gênero.

Chiesa Santa Maria Incoronata
Célebre pela fachada original, dupla, a Chiesa Santa Maria Incoronata, junto com o antigo convento agostiniano, é considerada como um dos testemunhos mais importantes da arquitetura do século XV em Milão. O edifício duplo teria sido construído em homenagem à união conjugal do Duque de Milão, Francesco Sforza com Bianca Maria Visconti. Na verdade, as duas partes foram construídas separadamente em épocas diferentes. A união ocorreu em 1484, ano em que a Igreja da esquerda ficou pronta. A parte interna apresenta-se em um único ambiente com duas naves. O claustro conserva traços de afrescos do século XV. O destaque também fica por conta da extraordinária biblioteca construída em 1487.

Chiesa San Nazaro Maggiore
A Chiesa San Nazaro Maggiore abriga a Capela Trivulzio (1512-1550), única obra arquitetônica documentada de Bramantino. A Chiesa San Sepolcro foi fundada no século IX e reconstruída logo depois da Primeira Cruzada (1096-1099), inspirada no Santo Sepulcro de Jerusalém. Da igreja românica de três naves com galerias e cripta, restaram apenas alguns célebres esboços de Leonardo. Entre as tênues colunas da cripta, encontra-se um piso de mármore, que provavelmente, fazia parte do antigo fórum românico. Em 1605, a parte interna da Igreja foi restaurada. A fachada, refeita no século XVIII, foi reconstruída em estilo românico-lombardo no final do século XIX.

Basílica San Simpliciano
Reza a lenda que a Basílica San Simpliciano foi fundada por Sant’Ambrogio e finalizada pelo seu sucessor, San Simpliciano, a quem foi dedicada. A San Simpliciano integra a lista dos mais importantes complexos paleocristãos de Milão. O edifício original, provavelmente inspirado na Aula Palatina di Treviri, tinha uma única nave central. A subdivisão em três naves foi feita no século VII. Pertencem à fase românica (séculos XI e XII), a abside, a divisão do transepto em duas naves, o pórtico e o campanário. A fachada neorromânica é obra de Maciachini (1870). Na abside encontra-se o belo afresco de Bergognone (1515), L’incoronazione della Vergine.

Basílica San Vittore al Corpo
A Basílica San Vittore al Corpo foi edificada por Porzio no século IV com o intuito de ampliar o Templo Imperial Ercole, divindade protetora do Imperador Massimiano. A história do mártir Vittore está entrelaçada com a do Imperador: Vittore era um soldado de Massimiano que, ao invés de abjurar da própria fé, preferiu enfrentar todo o tipo de tortura até à sua decapitação. Os ossos do santo foram entregues à antiga Basilica Porziana que, em sua homenagem, mudou o nome para Basilica San Vittore al Corpo. A Igreja foi reconstruída no século XVI, a fachada, extremamente simples, contrasta com o luxo do interior.

Chiesa Santa Maria della Passione
A Chiesa Santa Maria della Passione é a segunda maior igreja depois do Duomo. Ela tem seus encantos, como as capelas (escuras) decoradas com quadros de grandes pintores lombardos e o órgão imponente com as portas pintadas por Daniele Crespi. De forma retangular, é decorada com quadros e afrescos do grande artista renscentista Bergognone eu representam Jesus e os Apóstolos e santos e Doutores da Igreja. Um céu azul e estrelado completa o cenário, na abóbada da sala. A Chiesa San Babila foi construída no século XI e reestruturada entre os anos de 1598 e 1610 por A. Trezzi. O aspecto neorromânico deve-se a P. Cesa Bianchi, que interveio na arquitetura do edifício entre 1881 e 1906, seguindo os princípios da restauração estilística, ou seja, eliminando os excessos do final do século XVI, recuperando a puríssima forma lombarda.

A Chiesa San Marco é a segunda maior igreja de Milão. O estilo gótico que a caracterizava no ano de sua construção (1245), transformou-se em barroco no século XVII. Sua história está associada a diversas personalidades: o jovem Mozart viveu no Presbitério por três meses, Giovanni Battista Sammartini foi organista da Igreja e Giuseppe Verdi conduziu o réquiem (composto por ele) na missa celebrada em homenagem a Alessandro Manzoni no primeiro ano de sua morte. O Complexo Sant’Alessandro começou a ser projetado em 1590, quando os barnabitas adquiriram um amplo espaço no centro de Milão para construir uma igreja e uma escola. O projeto de Lorenzo Binago, inspirado na Basilica de San Pietro em Roma, teve início em 1602. A Igreja tem três naves e cinco cúpulas hemisféricas. A fachada, em estilo barroco lombardo, foi finalizada em 1710.

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