domingo, 26 de fevereiro de 2017

Milão - Duomo di Milano

Duomo di Milano
Não é possível pensar em Milão sem pensar na sua Catedral por excelência: o Duomo. Milão e a sua Catedral são quase uma coisa só. Conhecida como a cidade da moda e do design, a cidade está extremamente ligada a um símbolo religioso: impossível pensar em um sem pensar no outro. Ela é a sede da Arquidiocese de Milão e uma das mais célebres e complexas edificações em estilo gótico da Europa. O Duomo foi todo construído com o maravilhoso mármore branco-rosa de Candoglia (no Lago Maggiore) que viajava através dos canais de Milão e chegava em um laguinho praticamente atrás de onde hoje é a igreja. É a única igreja do mundo proprietária da própria marmoraria, de onde ainda hoje saem as placas de mármore necessárias para a restauração do edifício. Para supervisionar a sua construção o Duque de Milão instituiu a Veneranda Fabbrica del Duomo di Milano que ainda hoje é responsável pela conservação, manutenção e obras de restauração da Catedral. A jazida em Candoglia era propriedade da Família Visconti até Gian Galeazzo doar tudo a Veneranda Fabbrica.

Duomo di Milano
A Catedral de Milão situa-se na praça central da cidade. Quando você chegar à praça, coloque-se a sua frente e se maravilhe com os 8.200 blocos de mármore só na fachada e a abundância de estátuas (são 2.300 só na parte externa), sendo a maior coleção do mundo de estátuas de mármore. Feito isso fique sabendo que essa não é a parte mais bonita da Igreja. Depois de uma volta completa pela parte externa da Catedral, entre pela porta principal. O Duomo não é uma Catedral iluminada e a parte interior pode decepcionar depois que você se deliciou com o exterior. Atualmente existe também uma grande diferença na cor do mármore externo e interno, já que o lado de fora passou por uma limpeza nos últimos 10 anos e o interior mostra o mármore escurecido pelos anos. Mas não deixe se enganar e aproveite para apreciar os detalhes dessa imensa construção feita de cinco naves (uma central e duas em cada lateral) divididas por 52 colunas de 24 metros de altura cada. As naves chegam aos 45 metros de altura e são divididas por 40 pilares. 

Nave do Duomo di Milano

Altar-mor do Duomo di Milano
A Catedral de Milão é a quarta maior catedral do mundo depois da Basílica de São Pedro, em Roma, da Catedral de Sevilha, na Espanha, e de uma nova Catedral na Costa do Marfim. A Catedral é imensa, com 157 metros de comprimento e 109 metros de largura. Depois das estátuas externas, a outra atração na decoração da Catedral são os vitrais que no período dos bombardeios da Segunda Guerra foram retirados e substituídos por pedaços de madeira e contam histórias de santos e profetas. Sarcófagos de mármore de famílias nobres milanesas enriquecem as várias capelas laterais e entre as estátuas dentro da Catedral, a mais famosa é a Estátua de São Bartolomeu Apóstolo dissecado, que segura a própria pele como um manto. Para entender melhor a estátua, observe-a de lado e na parte de trás. É surpreendente e linda, mesmo na sua imensa crueldade. Ainda dentro da Catedral é possível visitar a Cripta de São Carlos Borromeo (entrada gratuita) e uma pequena sala onde ficam expostos os tesouros do Duomo. Visitando o interior do esplêndido Duomo de Milão, se explora um verdadeiro tesouro de valor inestimável que é apresentado e transmitido através de pinturas, esculturas e vitrais que adornam esta magnífica Catedral, tornando-se a mais alta expressão da arquitetura gótica na Itália.


Um dos altares laterais do Duomo di Milano

Interior do Duomo di Milano
com suas inúmeras colunas
A luz interior é filtrada por enormes vitrais trabalhados em mosaicos, compostos com muitas peças, unidas por molduras de chumbo e fundidos a alta temperatura em fornos especiais para fixar as cores. A luz que penetra através dos vitrais góticos, produz uma atmosfera de solenidade mística. No total, são 55 vitrais que retratam passagens da bíblia. O mais espetacular são as três absides (parte posterior da igreja), de rara elegância e vibrante dinamismo gótico. O piso xadrez preto e branco lembra a dualidade de tudo, luz e sombra… Labirintos são um símbolo que remonta às religiões mais arcaicas e, entre várias coisas, simboliza o percurso da alma nesta vida, em vidas diferentes e o progresso de estradas sinuosas. O altar-mor é uma série de colunas, de mármore, ouro, estátuas, relevos e decorações. São magníficos os dois grandiosos órgãos colocados nas laterais e atrás dos assentos de madeira para os sacerdotes, gravados com os fatos da vida de Sant’Ambrogio (Santo Ambrosio), o padroeiro de Milão

Repositório de Velas do Duomo di Milano


Muita gente não sabe, mas sob o Duomo, descendo uma escada localizada junto a entrada da Catedral, ficam os restos de época romana (século IV), onde pode-se admirar as ruínas do Batistério de San Giovanni e as Fontes, e também a Abside de Santa Tecla (que era a basílica usada no verão e era onde hoje é a praça) e de Santa Maria Maggiore (usada no inverno e localizada exatamente onde hoje é presente a Duomo). O espaço não é grande e a visita é rápida. Este lugar era o centro religioso da cidade desde os tempos de Ambrogio (Santo Ambrogio), que aqui batizou Agostinho (Santo Agostinho), construído entre os anos 378 e 397. Com uma profundidade de cerca 4 metros, a área foi descoberta durante as escavações para a construção do metrô nos anos 60.


Vitrais e Repositório de velas

Vitrais do Duomo di Milano
O interessante da história é perceber como essa Catedral era o centro da Antiga Roma, com as ruas projetadas todas ao redor ou até mesmo partindo da praça. A construção do edifício começou em 1386 sob a iniciativa do Arcebispo Antonio da Saluzzo, em um estilo gótico tardio de influência francesa e centro-europeia, distinto ao estilo corrente na Itália de então. De fato, números especiais e figuras geométricas, como triângulos e quadrados, fazem parte do segredo dos construtores desta grande obra arquitetônica. Os trabalhos foram apoiados pelo senhor da cidade, o Duque Gian Galeazzo Visconti, que impulsionou a obra através de facilidades fiscais e promoveu o uso do mármore de Candoglia como material de construção. Em época medieval, o canteiro do Duomo foi um dos maiores da Europa, trazendo para Milão centenas de escultores, engenheiros, arquitetos, vidraceiros e artesãos de todo o continente. A obra avançou rápido, e em 1418 o altar-mor da Catedral foi consagrado pelo Papa Martinho V. Já em meados do século XV a parte leste (abside) da igreja estava completa. A partir desta data, porém, as obras prosseguiram lentamente até fins do século XV.

Vitrais do Duomo di Milano

Um dos órgãos do Duomo di Milano
Entre 1500 e 1510 a cúpula octogonal do cruzeiro foi completada e o interior foi decorado com várias séries de estátuas. Porém, a fachada oeste do edifício permaneceu ainda inacabada. Em 1577 a Catedral foi consagrada novamente pelo Arcebispo Carlos Borromeu. Apenas no século XVII foi a fachada construída, em estilo maneirista. Em meados do século XVIII foi completada a parte externa da cúpula, onde foi colocada a Estátua da Madoninna. Em 1805, por iniciativa direta de Napoleão, que havia invadido a Itália, as obras foram recomeçadas. Nessa época a fachada principal e grande parte dos detalhes exteriores, como os pináculos, foram completadas em uma mistura de estilos, entre o neogótico e o neobarroco. Apenas em 1813 foi a Catedral dada por finalizada, mais de 400 anos após o início das obras. Porém no século XX foi julgado necessário trocar as cinco portas da fachada, o que só foi acabado em 1965. Dentro do Duomo está o Museo Del Duomo, é de entrada opcional, mas certamente você irá encontrar ainda mais história desse lugar fascinante. A Catedral é atualmente um importante ponto turístico de Milão, e do alto do seu terraço é possível vislumbrar toda a cidade. 

Um dos órgãos do Duomo di Milano


Na primavera ou no verão e, porque não, até no outono (melhor se é um dia de céu límpido. Com o tempo bom, dá até para ver os Alpes Suíços), um passeio pelos telhados, completamente percorriveis, é imperdível. É dali que o edifício mostra toda a sua magnitude, já que é mais fácil admirar os pináculos (agulhas) e suas estátuas. O Duomo tem 135 agulhas, cada uma com uma estátua. A primeiríssima e única estátua por muito tempo foi a Estátua Carelli, que leva o nome de um grande doador do Duomo, o comerciante de escravos Marco Carelli. A estátua fica na parte de trás, ao lado direito e é a única que segura uma espécie de bandeira. Seria o Duque Gian Galeazzo Visconti nas vestes de São Jorge. Os terraços no telhado da Catedral de Milão representam uma inovação exclusiva na construção de telhados de catedrais. Existem 201 degraus para subir, a fim de chegar ao topo e uma vez lá, você terá uma vista deslumbrante sobre toda a cidade. O terraço tem vista para a Piazza Del Duomo, para a cúpula da Galeria Vittorio Emanuele, para os arranha-céus de Porta Nuova.

Telhados do Duomo di Milano
É dali também que os milaneses se sentem mais perto da estátua mais amada da cidade: La Madonnina. Uma estátua dourada de Nossa Senhora (a Catedral é dedicada a Santa Maria Nascente), colocada na agulha mais alta de Catedral e que vigia os milaneses e é um dos símbolos da cidade. Vir a Milão e não subir no Duomo é como visitar a cidade pela metade. A entrada na igreja é grátis, mas se quiser visitar o teto (sobe-se de escadas ou elevador) tem que pagar. Não é permitido ingresso para quem está vestido com bermuda ou blusa sem manga. Então se estiver passando por lá no verão, leve uma blusinha para se cobrir, porque Milão faz calor, e provavelmente você estará vestido bem à vontade. A Catedral de Milão tem muitas histórias para contar! As antigas catedrais góticas eram construídas com parâmetros precisos e localizações bem definidas. E o que se diz da Catedral de Milão, é que ela surge em um lugar de nó energético, de magia positiva muito potente! Então quando visitá-la, aproveite para fazer uma oração e acender uma vela para seu anjo de guarda. Energias positivas são sempre bem vindas!!! Na entrada da Catedral, no chão, é possível ver uma linha de cobre que corta a Catedral da direita a esquerda, decorada com os signos do zodíaco. É a Meridiana do Duomo, um calendário solar colocado na Catedral no final do século XVIII. Sempre do lado direito (nave direita), no teto, é possível ver um minúsculo furo por onde a luz do sol ao meio-dia entra, marcando no chão o período do ano.

Telhados do Duomo di Milano

Telhados do Duomo di Milano
Uma das lendas que fazem parte da história do Duomo de Milão é a de que ele conserva um dos três pregos sagrados da cruz de Jesus, doado a cidade pela Imperatriz Helena, mãe do Imperador Constantino (quando esse era imperador de Roma e a capital era Milão – século IV). O prego fica na abside da Catedral, onde uma luz vermelha o identifica. Todos os anos, no segundo sábado de setembro, o Cardeal Arcebispo de Milão sobe dentro de uma estrutura que parece uma nuvem, pega o prego e desce, deixando-o exposto por dois dias para a admiração dos fiéis. Só para constar nos registros: os pregos sagrados nas igrejas pelo mundo são mais de 20. A Catedral gótica, que sempre teve réplicas de metal comercializadas aos turistas, ficou mais famosa após um domingo de dezembro de 2009, quando Silvio Berlusconi foi atingido com uma réplica do Duomo. As réplicas da Catedral bateram recordes de venda e instantaneamente se esgotaram nas lojas, sendo a maioria dos clientes esquerdistas ou opositores ao governo do primeiro-ministro. A reprodução de sua forma gótica e pontiaguda, com 136 pontas de mármore, explica a gravidade dos ferimentos ocasionados ao chefe do governo.

Telhados do Duomo di Milano

Telhados do Duomo di Milano
com La Madonnina
A saída do metrô fica em frente à Catedral. Subir as escadas com a vista do Duomo é de tirar o fôlego. Esqueça todas as fotos que você já viu, esqueça todas as igrejas que você já visitou, o Duomo de Milão é simplesmente fascinante. O Museo Del Novecento está ao lado direito se você olhar a Catedral de frente, sua proposta é um pouco mais moderna e abriga a história artística do século passado, também é imperdível e possui o ano inteiro a exposição de obras de arte de artistas importantes como Picasso, Morandi e Boccioni.

Nenhum comentário:

Postar um comentário