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Duomo di Milano |
Não
é possível pensar em Milão sem
pensar na sua Catedral por excelência: o Duomo.
Milão e a sua Catedral são quase uma coisa só. Conhecida como
a cidade da moda e do design, a cidade está extremamente ligada a um símbolo
religioso: impossível pensar em um sem pensar no outro. Ela é a sede da Arquidiocese de Milão e uma das mais
célebres e complexas edificações em estilo gótico da Europa. O Duomo
foi todo construído com o maravilhoso mármore branco-rosa de Candoglia (no Lago Maggiore) que viajava através dos canais de Milão e chegava em um laguinho praticamente
atrás de onde hoje é a igreja. É a única igreja
do mundo proprietária da própria marmoraria, de onde ainda hoje saem as placas
de mármore necessárias para a restauração do edifício. Para supervisionar
a sua construção o Duque de Milão instituiu a Veneranda Fabbrica del Duomo di Milano que ainda hoje é
responsável pela conservação, manutenção e obras de restauração da Catedral. A
jazida em Candoglia era propriedade
da Família Visconti até Gian Galeazzo doar tudo a Veneranda Fabbrica.
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Duomo di Milano |
A Catedral
de Milão situa-se na praça
central da cidade. Quando você chegar à praça, coloque-se a sua frente e se
maravilhe com os 8.200 blocos de mármore só na fachada e a abundância de
estátuas (são 2.300 só na parte externa), sendo a maior coleção do mundo de
estátuas de mármore. Feito isso fique sabendo que essa não é a parte mais
bonita da Igreja. Depois de uma volta completa pela parte externa da Catedral,
entre pela porta principal. O Duomo
não é uma Catedral iluminada e a parte interior pode decepcionar depois que
você se deliciou com o exterior. Atualmente existe também uma grande diferença
na cor do mármore externo e interno, já que o lado de fora passou por uma
limpeza nos últimos 10 anos e o interior mostra o mármore escurecido pelos
anos. Mas não deixe se enganar e aproveite para apreciar os detalhes dessa
imensa construção feita de cinco naves (uma central e duas em cada lateral)
divididas por 52 colunas de 24 metros de altura cada. As naves chegam aos 45 metros de altura e são divididas
por 40 pilares.
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Nave do Duomo di Milano |
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Altar-mor do Duomo di Milano |
A Catedral
de Milão é a quarta maior catedral do mundo depois da Basílica
de São Pedro, em Roma, da Catedral
de Sevilha, na Espanha, e de uma nova Catedral na Costa
do Marfim. A Catedral é imensa, com 157 metros de
comprimento e 109 metros de largura. Depois
das estátuas externas, a outra atração na decoração da Catedral são os vitrais
que no período dos bombardeios da Segunda
Guerra foram retirados e substituídos por pedaços de madeira e contam
histórias de santos e profetas. Sarcófagos de mármore de famílias nobres
milanesas enriquecem as várias capelas laterais e entre as estátuas dentro da Catedral,
a mais famosa é a Estátua de São
Bartolomeu Apóstolo dissecado, que segura a própria pele como um manto. Para entender melhor a estátua, observe-a de lado e na
parte de trás. É surpreendente e linda, mesmo na sua imensa crueldade. Ainda dentro da Catedral
é possível visitar a Cripta de São
Carlos Borromeo (entrada gratuita) e uma pequena sala onde ficam expostos
os tesouros do Duomo. Visitando o
interior do esplêndido Duomo de
Milão, se explora um verdadeiro tesouro de valor inestimável que é
apresentado e transmitido através de pinturas, esculturas e vitrais que adornam
esta magnífica Catedral, tornando-se a mais alta expressão da arquitetura
gótica na Itália.
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Um dos altares laterais do Duomo di Milano
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Interior do Duomo di Milano com suas inúmeras colunas |
A luz interior é
filtrada por enormes vitrais trabalhados em mosaicos, compostos com muitas
peças, unidas por molduras de chumbo e fundidos a alta temperatura em fornos
especiais para fixar as cores. A luz que penetra através dos vitrais góticos,
produz uma atmosfera de solenidade mística. No total, são 55 vitrais que retratam
passagens da bíblia. O mais espetacular são as três absides (parte posterior da
igreja), de rara elegância e vibrante dinamismo gótico. O piso xadrez preto e
branco lembra a dualidade de tudo, luz e sombra… Labirintos são um símbolo que
remonta às religiões mais arcaicas e, entre várias coisas, simboliza o percurso
da alma nesta vida, em vidas diferentes e o progresso de estradas sinuosas. O
altar-mor é uma série de colunas, de mármore, ouro, estátuas, relevos e
decorações. São magníficos os dois grandiosos órgãos colocados nas laterais e
atrás dos assentos de madeira para os sacerdotes, gravados com os fatos da vida
de Sant’Ambrogio (Santo Ambrosio), o padroeiro de Milão.
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Repositório de Velas do Duomo di Milano |
Muita gente não sabe,
mas sob o Duomo, descendo uma escada
localizada junto a entrada da Catedral, ficam os restos de época romana (século
IV), onde pode-se admirar as ruínas do Batistério
de San Giovanni e as Fontes, e também a Abside de Santa Tecla (que era a basílica usada no verão e era onde
hoje é a praça) e de Santa Maria
Maggiore (usada no inverno e localizada exatamente onde hoje é presente a Duomo). O espaço não é grande e a
visita é rápida. Este lugar era o centro religioso da cidade desde os tempos de
Ambrogio (Santo Ambrogio), que aqui batizou Agostinho (Santo Agostinho),
construído entre os anos 378 e 397. Com uma profundidade de cerca 4 metros, a
área foi descoberta durante as escavações para a construção do metrô nos anos
60.
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Vitrais e Repositório de velas
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Vitrais do Duomo di Milano |
O interessante da história é perceber
como essa Catedral era o centro da Antiga
Roma, com as ruas projetadas todas ao redor ou até mesmo partindo da praça.
A construção do edifício começou em 1386 sob a iniciativa do Arcebispo Antonio
da Saluzzo, em um estilo gótico tardio de influência francesa e centro-europeia,
distinto ao estilo corrente na Itália
de então. De fato, números especiais e figuras
geométricas, como triângulos e quadrados, fazem parte do segredo dos
construtores desta grande obra arquitetônica. Os trabalhos foram apoiados
pelo senhor da cidade, o Duque Gian Galeazzo Visconti, que impulsionou a obra
através de facilidades fiscais e promoveu o uso do mármore de Candoglia como material de construção. Em época medieval, o canteiro do Duomo foi um dos maiores da Europa,
trazendo para Milão centenas de
escultores, engenheiros, arquitetos, vidraceiros e artesãos de todo o continente.
A obra avançou rápido, e em 1418 o altar-mor da Catedral foi consagrado pelo Papa Martinho V. Já em meados do
século XV a parte leste (abside) da igreja estava completa. A partir desta
data, porém, as obras prosseguiram lentamente até fins do século XV.
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Vitrais do Duomo di Milano |
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Um dos órgãos do Duomo di Milano |
Entre 1500 e 1510 a
cúpula octogonal do cruzeiro foi completada e o interior foi decorado com
várias séries de estátuas. Porém, a fachada oeste do edifício permaneceu ainda inacabada.
Em 1577 a Catedral foi consagrada novamente pelo Arcebispo Carlos Borromeu. Apenas no século XVII
foi a fachada construída, em estilo
maneirista. Em meados do século XVIII foi completada a parte externa da cúpula,
onde foi colocada a Estátua da Madoninna.
Em 1805, por iniciativa direta de Napoleão,
que havia invadido a Itália, as
obras foram recomeçadas. Nessa época a fachada principal e grande parte dos
detalhes exteriores, como os pináculos,
foram completadas em uma mistura de estilos, entre o neogótico e o neobarroco. Apenas em 1813 foi a Catedral
dada por finalizada, mais de 400 anos após o início das obras. Porém no século
XX foi julgado necessário trocar as cinco portas da fachada, o que só foi
acabado em 1965. Dentro do Duomo está o Museo Del Duomo, é de
entrada opcional, mas certamente você irá encontrar ainda mais história desse
lugar fascinante. A Catedral é atualmente um
importante ponto turístico de Milão,
e do alto do seu terraço é possível vislumbrar toda a cidade.
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Um dos órgãos do Duomo di Milano |
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Na primavera ou no verão e, porque não, até no outono (melhor
se é um dia de céu límpido. Com o tempo bom, dá até para ver os Alpes Suíços), um passeio pelos telhados, completamente percorriveis, é imperdível.
É dali que o edifício mostra toda a sua magnitude, já que é mais fácil admirar
os pináculos (agulhas) e suas estátuas. O Duomo
tem 135 agulhas, cada uma com uma estátua. A
primeiríssima e única estátua por muito tempo foi a Estátua Carelli, que leva o nome de um grande doador do Duomo, o comerciante de escravos Marco
Carelli. A estátua fica na parte de trás, ao lado direito e é a única que segura
uma espécie de bandeira. Seria o Duque Gian Galeazzo Visconti nas vestes de São
Jorge. Os
terraços no telhado da Catedral de Milão
representam uma inovação exclusiva na construção de telhados de catedrais.
Existem 201 degraus para subir, a fim de chegar ao topo e uma vez lá, você terá
uma vista deslumbrante sobre toda a cidade. O
terraço tem vista para a Piazza Del Duomo, para a
cúpula da Galeria Vittorio Emanuele, para os arranha-céus de Porta Nuova.
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Telhados do Duomo di Milano |
É dali também que os milaneses se sentem mais perto da
estátua mais amada da cidade: La
Madonnina. Uma estátua dourada de Nossa Senhora (a Catedral é dedicada a
Santa Maria Nascente), colocada na agulha mais alta de Catedral e que vigia os
milaneses e é um dos símbolos da cidade. Vir a Milão e não subir no Duomo
é como visitar a cidade pela metade. A entrada na igreja é grátis, mas se
quiser visitar o teto (sobe-se de escadas ou elevador) tem que pagar. Não é
permitido ingresso para quem está vestido com bermuda ou blusa sem manga. Então
se estiver passando por lá no verão, leve uma blusinha para se cobrir, porque Milão faz calor, e provavelmente você
estará vestido bem à vontade. A Catedral
de Milão tem muitas histórias para contar! As antigas catedrais góticas eram
construídas com parâmetros precisos e localizações bem definidas. E o que se
diz da Catedral de Milão, é que ela
surge em um lugar de nó energético, de magia positiva muito potente! Então
quando visitá-la, aproveite para fazer uma oração e acender uma vela para seu
anjo de guarda. Energias positivas são sempre bem vindas!!! Na entrada da Catedral,
no chão, é possível ver uma linha de cobre que corta a Catedral da direita a
esquerda, decorada com os signos do zodíaco. É a Meridiana do Duomo, um calendário solar colocado na Catedral no
final do século XVIII. Sempre do lado direito (nave direita), no teto, é
possível ver um minúsculo furo por onde a luz do sol ao meio-dia entra,
marcando no chão o período do ano.
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Telhados do Duomo di Milano |
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Telhados do Duomo di Milano |
Uma
das lendas que fazem parte da história do Duomo
de Milão é a de que ele conserva um dos três pregos sagrados da cruz de
Jesus, doado a cidade pela Imperatriz Helena, mãe do Imperador Constantino
(quando esse era imperador de Roma e
a capital era Milão – século IV). O
prego fica na abside da Catedral, onde uma luz vermelha o identifica. Todos os
anos, no segundo sábado de setembro, o Cardeal
Arcebispo de Milão sobe dentro
de uma estrutura que parece uma nuvem, pega o prego e desce, deixando-o exposto
por dois dias para a admiração dos fiéis. Só para constar nos registros: os
pregos sagrados nas igrejas pelo mundo são mais de 20. A Catedral gótica, que
sempre teve réplicas de metal comercializadas aos turistas, ficou mais famosa após um
domingo de dezembro de 2009,
quando Silvio Berlusconi foi atingido com uma réplica do Duomo. As réplicas da Catedral bateram recordes de venda e instantaneamente se
esgotaram nas lojas, sendo a
maioria dos clientes esquerdistas ou opositores ao governo do
primeiro-ministro. A reprodução
de sua forma gótica e pontiaguda, com 136 pontas de mármore, explica a gravidade dos
ferimentos ocasionados ao chefe do governo.
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Telhados do Duomo di Milano |
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Telhados do Duomo di Milano com La Madonnina |
A saída do metrô fica
em frente à Catedral. Subir as escadas com a vista do Duomo é
de tirar o fôlego. Esqueça todas as fotos que você já viu, esqueça todas as
igrejas que você já visitou, o Duomo de Milão é simplesmente fascinante. O Museo
Del Novecento está
ao lado direito se você olhar a Catedral de frente, sua proposta é um pouco
mais moderna e abriga a história artística do século passado, também é
imperdível e possui o ano inteiro a exposição de obras de arte de artistas
importantes como Picasso, Morandi e Boccioni.
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