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Catedral de Barcelona |
O que não falta na Barcelona de Gaudí são obras
arquitetônicas que deixam a gente de queixo caído. A Catedral de Barcelona, também conhecida como La Seu ou a Catedral de La
Santa Creu i Santa Eulàlia está no Barri Gòtic,
em pleno coração da cidade. Sua
presença no bairro é tão marcante que, até o início do século XX, o Barri Gòtic
era conhecido como “Bairro da Catedral”,
uma alusão ao papel exercido pela Catedral como centro espiritual do bairro. Dedicada a Santa Eulália e a Santa Cruz, a Catedral
foi construída entre os séculos XIII e XV, sobre uma antiga catedral românica. O
templo está dedicado a Santa Cruz desde o ano 599, e a partir de 877, também recebeu
a advocação de Santa Eulália, quando o Bispo Frodoí localizou os restos mortais
da santa e o levou solenemente à Catedral. Uma das histórias relativas à
santa conta que ela foi exposta nua no fórum da cidade e que, milagrosamente,
pois já era primavera, caiu uma nevasca que cobriu sua nudez. As enfurecidas
autoridades romanas a teriam, então, metido em um barril com vidros quebrados e
cravos e lançado o barril costa abaixo (de acordo com a tradição, trata-se da Rua Baixada de Santa Eulália, ou Costa de Santa Eulália).
Catedral de Barcelona em reforma |
Catedral de Barcelona |
Imponentes colunas da Catedral de Barcelona
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As obras de construção da Catedral gótica se iniciaram em
1298 no reinado de Jaime o Justo, pelo mandato episcopal de Bernat Peregrino. Na primeira
etapa foi construída a abóboda do presbitério. A segunda etapa foi o
prolongamento das três naves que já existiam,
tardando 150 anos para ficar pronta. Esta, por sua vez, foi edificada sobre uma
igreja da época visigoda. A esta precedeu uma Basílica paleocristã, cujos
restos podem ser vistos no subsolo, no Museu
de História da Cidade. A Catedral paleocristã está documentada desde
o século VI, porém supõe-se que seja mais antiga, já que a existência dos
bispos de Barcelona é conhecida
desde meados do século IV. A presença de uma mistura de estilos arquitetônicos, como
gótico, barroco, neogótico e modernista, representam o desenrolar da história
religiosa da Espanha. Desde 1929, a Catedral de Barcelona é considerada Monumento Histórico-Artístico Nacional.
Interior da Catedral de Barcelona
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A Catedral de Barcelona não é a Sagrada
Família. Apesar da sua grandeza e importância, ela é só uma basílica menor.
Ficaram surpresos? Devido a Exposição
Universal realizada em 1888 em Barcelona,
as obras da Catedral foram retomadas depois de 400 anos para
a realização da fachada, no mesmo estilo que o resto da Igreja. Todo mundo acha que a fachada é original, mas não
é. Ela foi reformada e patrocinada por Manuel Girona, um rico banqueiro da
cidade. A rica fachada da Catedral é, na verdade, seu elemento mais
moderno. A grande torre pontiaguda da fachada
foi construída no século XIX, ao mesmo tempo em que a fachada era reformada. A
fachada principal e a torre pertencem ao estilo neogótico, embora acompanhem o
desenho original de 1408. Projetada
pelo arquiteto Josep Oriol i Mestres,
está formada por um grande arco gótico com arquivoltas, presidida por uma
escultura de Cristo, e em ambos os lados por imagens dos Apóstolos. Além destas, um total de 76 figuras,
representando também profetas e reis, adornam a fachada. O zimbório (a parte
mais alta e exterior da cúpula) foi terminado em 1913. No alto está Santa Helena, mãe do imperador
Constantino, quem encontrou pedaços da cruz de Cristo, em Jerusalém.
Lustres da Catedral de Barcelona
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A Catedral conta com cinco
portas de entrada: Porta Principal, Porta de Santa Llucia, Porta de Santa Eulália, Porta
da Pietá e Porta de San Ivo. A
mais antiga é a Porta de San Ivo,
cujo nome se deve ao edifício situado em frente, que durante muitos anos foi a Sede dos Advogados, que tem como padroeiro
San Ivo. Durante cinco séculos foi o acesso principal ao templo. Realizada em
mármore e pedra extraída da montanha de Montjuic,
foi uma das primeiras portas em utilizar os arcos ogivais, típicos do gótico,
na Catalunha (1298). No tímpano,
vemos uma imagem de Santa Eulália, pertencente ao final do século XIV. A porta situa-se bem embaixo de uma das torres campanários da
Catedral. Nela, vemos também um relevo, que representa a luta entre um homem e
uma fera, que provavelmente procede da antiga Catedral românica, já que data do
século XII.
Interior da Catedral de Barcelona
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Um dos elementos mais curiosos de qualquer catedral gótica são
as gárgulas e a de Barcelona possui uma
grande quantidade delas. Normalmente representam seres fantásticos, e sua
finalidade principal é escorrer a água das chuvas, além de espantar os maus
espíritos. As mais antigas situam-se acima da Porta de San Ivo (século XIV). Segundo uma tradição popular, são
bruxas que, durante a Procissão do Corpus Christi, cuspiam nos devotos, sendo
castigadas a permanecerem petrificadas como figuras monstruosas, com a missão
de “cuspir” a água dos telhados da Catedral. A Catedral possui duas torres campanários. Com uma altura de 53 metros, foram
levantadas no final do século XIII. As torres receberam até nomes, a de
Honorata e a de Eulália. Uma delas ostenta um relógio e fica sobre a Porta de San Ivo. Nesta mesma torre
está o Sino Eulália que pesa três
toneladas e dá sinal das horas; o Sino
Honorata dá sinal dos quartos de hora.
Coro da Catedral de Barcelona |
O interior da Catedral segue a linha das grandes catedrais
góticas. Divide-se em três naves da mesma altura, das quais unicamente a imensa
nave central, que tem o dobro de largura das laterais, acaba em uma abside. Uma
série de esbeltos pilares separam as naves. Várias capelas secundárias estão
distribuídas pelas naves laterais. A luz que entra pelos vitrais ilumina
delicadamente o interior do templo. Os vitrais são uma grande marca da
arquitetura gótica, mas em especial na Catedral
de Barcelona eles possuem uma função incrível. Graças a eles, entra luz, o
que ilumina a nave de uma forma diferente e linda. La Seu é
uma das catedrais mais bonitas da cidade, principalmente por seu interior cheio
de vitrais.
Capela de São Bernardo
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Há três elementos muito valiosos na nave central. O primeiro é o coro, ricamente decorado, feito de
madeira nobre, tem os brasões dos cavaleiros da Ordem do Tosão de Ouro pintados no alto das cadeiras. É possível
fazer uma visita guiada ao coro. O seguinte está depois do coro em
direção ao altar, onde uma grande escada desce até a Cripta de Santa Eulália.
Nela estão um sepulcro do século IX e o belo sarcófago gótico, para o qual
foram transferidos os restos da santa. A
santa é a Padroeira de Barcelona.
E finalmente o Altar-mor da
Catedral, todo em mármore branco, que está apoiado em dois capitéis do século
VI. O altar chama a atenção com um bonito
Cristo crucificado todo em prata. Ao lado do altar também estão enterrados os
condes e condessas de Barcelona.
Capela de São Marcos |
O Claustro da Catedral surpreende os visitantes, não por sua beleza,
mas pelos gansos. Sant Jordi (São Jorge) é o Padroeiro da Catalunha, e no Claustro da
Catedral tem uma fonte de água potável comandada pelo santo. Junto ao
tanque de água, o visitante encontra 13 gansos, tantos quantos os anos que
tinha Santa Eulália ao ser martirizada pelos romanos. A santa era uma pastora
de gansos, por isso os bichinhos ali estão. Diz a lenda que o engenheiro da
Prefeitura foi excomungado pelo Bispo de
Barcelona por fechar a água da fonte para fazer a manutenção das águas da
cidade. Os visitantes não esperam encontrar um
oásis no meio do Barri Gòtic, nem
muito menos dentro dos muros de uma Catedral. As visitas massivas de turistas,
em alguns meses e horários determinados, podem não colaborar para essa sensação
mágica e inesperada. Durante muitos séculos
era tradição enterrar no interior das igrejas as pessoas que eram benfeitoras
das mesmas. Se você olhar para o chão verá que aos teus pés tem muitos túmulos,
tanto de religiosos como de pessoas comuns. Manuel Girona, que foi um grande
benfeitor da Catedral, está enterrado no Claustro em um bonito túmulo e um
nicho só para ele.
A entrada paga na Catedral
permite a visita aos telhados da mesma. Do lado esquerdo do altar, junto à Porta de Santo Ivo, perto da Capella
dos Santos Inocentes, tem um
elevador que leva o visitante até o telhado da Igreja. Lá no alto temos uma
vista interessante do Bairro Gótico
e da própria Catedral. É um passeio que vale a pena, principalmente para quem
gosta de ver as cidades do alto. A Capella
de Santa Llucia tem entrada exterior, bem na frente de La Casa de l’Ardiaca, e sua dedicação a Santa Luzia data
de 1296, pois no começo era dedicada à Mãe de Deus, a Santa Quitéria e a todas
as santas virgens. A Capela é um dos poucos exemplos que restam de arte
românica em Barcelona, com o
interior predominantemente gótico. No dia 13 de dezembro, festa de Santa Luzia,
muitos cegos visitam a Capela.
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