 |
Museo Nacional Del Prado - Porta Velázquez |
Madri é moderna, é agitada,
é eclética e ao mesmo tempo conservadora. Uma cidade de paradoxos, Madri tem espaço para tudo e para
todos, para quem gosta de arte tem uma calçada com alguns dos museus mais
famosos do planeta, para quem gosta de música tem opções para todos os gostos e
estilos: do eletrônico moderno ao Jazz enfim, opções para tornar sua viagem
inesquecível não vão faltar. Quanto aos museus, que são atrações
valorizadíssimas de Madri, é melhor
reservar um momento só para eles. A cidade é
rica em história e arte; tem em sua posse uma trilogia de museus que representa de forma bastante
significativa a evolução da arte ao longo da História da Humanidade. É no Paseo Del Prado que se encontra o “Triângulo
de Ouro da Arte”; este inclui o Museo Nacional Del Prado, o Museo
Thyssen-Bornemisza e o Museo
Reina Sofia.
 |
Monumento a Velázquez |
Quando o Rei Carlos III regressou de Nápoles à sua cidade natal,
apercebeu-se de que Madri não havia
melhorado em nada desde que de lá tinha saído: Madri continuava aquele lugar que, convertido repentinamente em
capital por obra e graça de Filipe II, cresceu precipitada e
desordenadamente e de um modo pouco consistente. Decidiu assim encarregar Juan
de Villanueva, o arquiteto real, de projetar um edifício destinado às Ciências
que pudesse albergar o Gabinete de
História Natural. Com a construção deste edifício, concebido como uma
operação urbanística de elevados custos, o Rei Carlos III pretendia dotar a
capital do seu reino com um espaço urbano e monumental, como os que abundavam
nas restantes capitais europeias. As obras de construção do Museu
prolongaram-se por muitos anos. Porém, a chegada dos franceses a Espanha e a Guerra da Independência, interromperam-nas. Foi então utilizado
para fins militares, tornando-se um quartel militar. Neste momento começou a
deterioração do edifício, que se notava cada vez mais, à medida que os anos
avançavam. Aborrecidos, Fernando VII e a sua esposa, Maria
Isabel de Bragança, puseram fim a
tal situação, impedindo que o Museu chegasse à ruína total e recuperando-o.
 |
Museo Nacional Del Prado - Porta Murillo |
Isabel foi a grande impulsionadora deste projeto e é a ela
que se deve o êxito final, mesmo que não tenha vivido para saboreá-lo, pois
morreu um ano antes da grande inauguração do Museu em novembro de 1819. O Museo Nacional Del Prado é o mais importante
Museu da Espanha e um dos mais
importantes museus do mundo, desde a sua inauguração. Contendo coleções de
pintura e escultura provenientes das coleções reais e da nobreza, o Museu
detinha, quando da sua inauguração, 311 obras de arte. Foi, pois, um dos
primeiros museus públicos de toda a Europa e
o primeiro de Espanha, fazendo assim
notar a sua função recreativa e educacional. No final do século XIX, mais
precisamente em 1872, todo o acervo do Museu da Trindade foi doado ao Prado. As obras, de temática religiosa, eram na maioria
expropriações dos bens eclesiásticos, como forma de amortização das
dívidas do clero para com o reino. Desde a fusão dos dois museus, o
acervo foi ampliado com muitas outras obras de arte, por doações, heranças e
novas aquisições.
 |
Museo Nacional Del Prado - Porta Murillo |
 |
Plaza Murillo, em frente ao Museo Nacional Del Prado |
O seu imponente prédio em estilo neoclássico abriga um acervo
com mais de 17 mil obras de arte, entre pinturas, esculturas, desenhos, arte
decorativa e documentos históricos. A sua coleção, centrada na época anterior
ao século XX, destaca a arte
italiana, espanhola e flamenca. Bela e interessante, a Coleção
de Pintura Francesa deriva das relações hispano-francesas
no século XVII e das aquisições de alguns reis e nobres espanhóis,
como Filipe IV e Filipe V. Esta reúne obras de pintores como
Georges de La Tour, Valentin de Boulgne, Nicolas Poussin, Simon Vouet,
Sébastien Bourdon e Claude Lorrain, bem como de Hyacinthe Rigaud, Louis-Michel
Van Loo, Jean Ranc, Antoine Watteau e de François Boucher. A Coleção
de Pintura Espanhola é a mais importante do Museu, sendo a que
lhe concede o renome internacional que atualmente tem. Obedecendo a um critério
cronológico, o Prado expõe desde os murais românicos do século XII à produção
de Francisco Goya (“A Maja Desnuda”, “A Vindima”, “2 de Maio de 1808”). Esta obra
alberga obras de pintores espanhóis de fama internacional, como El Greco, Luis
de Morales, Velázquez (“As Meninas”,
“A Forja de Vulcano”, “O Triunfo
de Baco”), Zurbarán, José de Ribera, Esteban Murillo, Luis Paret,
Luis Meléndez, Vicente López, Eduardo Rosales, Mariano Fortuny, Joaquín
Sorolla, José de Madrazo e o filho deste, Federico de Madrazo y Kuntz.
 |
Monumento a Murillo |
O fato de os Países
Baixos terem integrado o grande império espanhol, durante o chamado El Siglo de Oro, explica a riqueza da Coleção da Escola Flamenga no Museu Nacional Del Prado. A coleção alberga obras
de pintores como Hieronymus Bosch (“O Jardim das Delícias Terrenas”),
Roger Van Der Weyden, Petrus Christus, Dirk Bouts, Jan Gossaert, Pieter Coecke,
Hans Memling, Pieter Bruegel o velho e Adriaan Isenbrant, tal como de Rubens (“As
Três Graças”), Anthony Van Dyck, Jacob Jordaens, Rembrandt, Gabriel Metsu,
Adriaen Van Ostade. Reduzida em número, mas de grande qualidade, a Coleção de Pintura Alemã alberga obras
desde o século XVI ao século XVIII, dedicando diversas salas a pinturas
capitais de Albrecht Dürer (“Auto-retrato”),
Lucas Cranach, Hans Baldung e Anton Raphael Mengs. Com 16 salas dedicadas à sua
exposição, a seção da Coleção de Pintura
Italiana alberga obras desde a Baixa
Renascença até o século XVIII, reunindo pinturas de artistas muito famosos
como Fra Angelico (“Anunciação”), Antonello da Messina, Andrea Mantegna,
Giambattista Pittoni, Botticelli, Raffaello Sanzio, Andrea Del Sarto, Antonio
da Correggio, Parmigianino, Sebastiano Del Piombo, Federico Barocci, Annibale
Carracci, Caravaggio, Orazio Gentileschi, Pietro da Cortona, Luca Giodano, Giambattista
Tiepolo, Pompeo Batoni, Giovanni Pannini e Corrado Giaquinto, Ticiano (“Carlos
V em Mühlberg”), Tintoretto, Veronèse, Jacopo Bassano.
 |
Museu Nacional Del Prado |
Já a Coleção de
Escultura é composta por mais de 220 esculturas da Antiguidade Clássica, trazidas de Itália entre os séculos XVI e XIX. A
coleção alberga esculturas do Período
Greco-Arcaico ao Período Helenístico,
tal como do Renascimento. A Coleção de Desenhos e Estampas, conta
com cerca de quatro mil desenhos, destacando os cerca de 500 desenhos de
Francisco Goya, a mais importante do mundo. Duas salas, instaladas no segundo
andar do Museu, mostram rotativamente, por razões de conservação, esta
importante e rica coleção. Por último, a Coleção
de Artes Decorativas é das mais bonitas e ricas do Prado, albergando até o famoso “Tesouro
do Delfim”. O Museo Del Prado é tão
grande que cansa. A verdade é que, para conhecer o Museu inteiro, você levaria
pelo menos três dias. Se você não é um amante alucinado das artes, vá mesmo
assim, mas dedique o maior tempo às obras mais importantes. Aliás, é esse o
segredo para não tornar o passeio cansativo: observar o que é mais importante,
com a ajuda de um guia. É mais indicado ir durante a semana, já que aos
finais de semana o Museu fica mais cheio. A coleção fixa do Museu tem entrada
gratuita. Poucos museus no mundo podem se
gabar de uma coleção permanente tão rica e importante historicamente como o El Prado de Madri. Para qualquer um com
interesse em arte, ele é obrigatório durante a visita à cidade.
 |
Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia |
O Museo Nacional
Centro de Arte Reina Sofia é um dos mais importantes museus de arte moderna
espanhóis. Coloquialmente denominado Centro
de Arte Moderna Reina Sofia, foi inaugurado em setembro de 1992, e seu nome
presta homenagem à Rainha Sofia, rainha consorte de Espanha. O edifício principal constituía um austero hospital
setecentista, o antigo Hospital Geral de
Madri, construído durante o reinado de Carlos III, em 1781, projetado
primeiramente por José de Hermosilla e, posteriormente, pelo arquiteto Francesco
Sabatini. Por esse motivo, o edifício principal do Museu é conhecido como Edificio
Sabatini. Em
1965, o hospital foi fechado e declarado Monumento Histórico-Artístico em 1977. Em 1980, se
realizaram novas expansões e grandes renovações e, em 1988, parte do Museu foi
aberta ao público. Este ano foi de grande importância para o Museu, pois foi
decretado Museu Nacional.
 |
Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia |
Atualmente, o Museu alberga excelentes coleções
de arte do século XX, sendo considerado um dos melhores e mais
importantes museus de arte moderna de toda a Europa. Conta com coleções de
Pablo Picasso e Salvador Dalí (“O Grande
Masturbador”). A obra mais conhecida do Museu
é “Guernica”, o
quadro é cheio de detalhes e impressiona por ser tão rico e, ao mesmo tempo,
feito em pouco tempo e “Mãe Com Menino Morto” de Picasso.
Também estão expostas aí obras de Juan
Gris, Juan Miró (“Dançarina Espanhola”), Julio González, Eduardo Chillida,
Pablo Palazuelo, Antoni Tàpies, Pablo Gargallo, Lucio Muñoz, Luis Gordillo, Jorge Oteiza, Ouka Leele e José
Luis Gutiérrez Solana, entre outros. Tem também uma biblioteca de acesso livre
especializada em arte (têm mais de 100 mil livros, 3.500 gravações de áudio e mil
vídeos).
 |
Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia |
Faça a visita
pelo acervo em ordem cronológica, assim
fica mais fácil entender os momentos históricos: no segundo andar está a
coleção que vai dos anos 1900 a 1945 (La
Irrupción Del Siglo XX), justamente quando termina a Segunda Guerra Mundial – esse andar é obrigatório, pois é aqui onde
estão os clássicos; no quarto andar estão as obras produzidas entre 1945 e
1968, ano do famoso “Maio de 68”
francês. Depois desça até o térreo e o primeiro andar, com obras dos anos 1962-82,
onde é possível ver as ditaduras latino-americanas, os movimentos de esquerda e
o ativismo artístico da região. Há, inclusive, uma obra do brasileiro Hélio
Oiticica. É o segundo Museu mais visitado de Madri e tem muita significância mundial por sua coleção
contemporânea. Assim como o Prado,
o Reina Sofia é bem grande.
Informe-se sobre as salas e busque as que mais lhe trazem interesse para não
deixar o passeio cansativo. A entrada é gratuita. Duas coisas para ver no Reina
Sofía além das obras: o jardim, que é um espaço super agradável em dias de sol, e
o terraço, de onde se pode ter uma bonita vista de Madri (de um lado, para a Estação
de Atocha, e do outro para os telhados coloridos de Madri).
 |
Museo Nacional Thyssen-Bornemisza |
Menos conhecido, mas não menos fabuloso membro da tríade
de grandes museus de arte de Madri, o
Museo Nacional Thyssen-Bornemisza representa
uma das maiores coleções privadas de arte do mundo. Com o desejo de achar um
lar permanente para sua incrível coleção, os barões Thyssen-Bornemisza fecharam
um acordo muito bem costurado com o governo espanhol, que cedeu o neoclássico Palácio Villahermosa, que foi construído
entre o final do século XVIII e o início do século XIX, em estilo neoclássico. As
obras foram adquiridas definitivamente pelo país em 1993, sendo que em 2004 foi
inaugurada uma nova ala para abrigar o acervo de pinturas europeias da baronesa
Carmen. As suas coleções estão organizadas por ordem cronológica, começando no Renascimento e terminando no século XX.
 |
Museo Nacional Thyssen-Bornemisza |
Estão expostas no terceiro piso obras de mestres italianos,
alemães e holandeses do século XVI como Jan Van Eyck, Albert Dürer e Hans Holbein.
Existe ainda uma galeria dedicada a Tiziano, Tintoretto, Bassano, El Greco, Bernini
e Caravaggio, entre outros. No segundo piso está a coleção de pintura
holandesa, desde Franz Hals, do século
XVII, a Max Beckmann, do século XX; conta ainda com algumas
obras do Realismo, Rococó, Neoclassicismo, Romantismo e Impressionismo. O
primeiro piso reúne obras do século
XX, desde o cubismo e as primeiras vanguardas, até à Pop Art. Destacam-se
algumas obras primas contemporâneas de Picasso,
Piet Mondrian, Marc Chagall, Edward Hopper, Salvador Dalí, entre outros. O nome um pouco complicado é herança do barão, antigo dono
de parte da coleção do Museu. É um Museu muitíssimo interessante, que
mostra em cada sala um pouquinho de diferentes épocas. Dessa forma, ele abrange
diferentes estilos e agrada a gregos e troianos sem ser cansativo. Para deixar
o passeio mais interessante, o ideal é fazê-lo com um guia, ou com o áudio guia,
a fim de entender melhor as obras expostas.
 |
Real Academia de Belas-Artes de
São Fernando |
A Real Academia de Belas-Artes
de São Fernando mantém em sua coleção permanente uma grande variedade de obras, nomeadamente espanholas,
italianas e flamengas dos séculos XVIII e XIX. Alguns autores representados no
Museu são Goya (foi até membro desta Academia), Murillo, José de Madrazo,
Federico de Madrazo, Leandro Bassano, Zurbarán e Vicente López. O Museu
Arqueológico de Espanha contém
mostras de arte desde a Pré-história
até ao século XIX, principalmente
da Península Ibérica; está organizado em três pisos. Algumas das obras
mais importantes são a Dama de Elche, a Dama
de Baza, a Dama de Ibiza, o Tesouro
de Guarrazar, os Ossos de Napier, o Monumento Funerário de Pozo Moro, uma mostra de mosaicos romanos.
Ademais, o Museu conta com uma reprodução do teto dos policromos da Caverna de Altamira no jardim exterior. O Museu
da América é dedicado à arte
do continente americano, centrando-se na América
Pré-colombiana, a etnografia e a arte colonial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário