terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Madri - Museus de Madrid

Museo Nacional Del Prado - Porta Velázquez
Madri é moderna, é agitada, é eclética e ao mesmo tempo conservadora. Uma cidade de paradoxos, Madri tem espaço para tudo e para todos, para quem gosta de arte tem uma calçada com alguns dos museus mais famosos do planeta, para quem gosta de música tem opções para todos os gostos e estilos: do eletrônico moderno ao Jazz enfim, opções para tornar sua viagem inesquecível não vão faltar. Quanto aos museus, que são atrações valorizadíssimas de Madri, é melhor reservar um momento só para eles. A cidade é rica em história e arte; tem em sua posse uma trilogia de museus que representa de forma bastante significativa a evolução da arte ao longo da História da Humanidade. É no Paseo Del Prado que se encontra o “Triângulo de Ouro da Arte”; este inclui o Museo Nacional Del Prado, o Museo Thyssen-Bornemisza e o Museo Reina Sofia. 

Monumento a Velázquez
Quando o Rei Carlos III regressou de Nápoles à sua cidade natal, apercebeu-se de que Madri não havia melhorado em nada desde que de lá tinha saído: Madri continuava aquele lugar que, convertido repentinamente em capital por obra e graça de Filipe II, cresceu precipitada e desordenadamente e de um modo pouco consistente. Decidiu assim encarregar Juan de Villanueva, o arquiteto real, de projetar um edifício destinado às Ciências que pudesse albergar o Gabinete de História Natural. Com a construção deste edifício, concebido como uma operação urbanística de elevados custos, o Rei Carlos III pretendia dotar a capital do seu reino com um espaço urbano e monumental, como os que abundavam nas restantes capitais europeias. As obras de construção do Museu prolongaram-se por muitos anos. Porém, a chegada dos franceses a Espanha e a Guerra da Independência, interromperam-nas. Foi então utilizado para fins militares, tornando-se um quartel militar. Neste momento começou a deterioração do edifício, que se notava cada vez mais, à medida que os anos avançavam. Aborrecidos, Fernando VII e a sua esposa, Maria Isabel de Bragança, puseram fim a tal situação, impedindo que o Museu chegasse à ruína total e recuperando-o.

Museo Nacional Del Prado - Porta Murillo
Isabel foi a grande impulsionadora deste projeto e é a ela que se deve o êxito final, mesmo que não tenha vivido para saboreá-lo, pois morreu um ano antes da grande inauguração do Museu em novembro de 1819. O Museo Nacional Del Prado é o mais importante Museu da Espanha e um dos mais importantes museus do mundo, desde a sua inauguração. Contendo coleções de pintura e escultura provenientes das coleções reais e da nobreza, o Museu detinha, quando da sua inauguração, 311 obras de arte. Foi, pois, um dos primeiros museus públicos de toda a Europa e o primeiro de Espanha, fazendo assim notar a sua função recreativa e educacional. No final do século XIX, mais precisamente em 1872, todo o acervo do Museu da Trindade foi doado ao Prado. As obras, de temática religiosa, eram na maioria expropriações dos bens eclesiásticos, como forma de amortização das dívidas do clero para com o reino. Desde a fusão dos dois museus, o acervo foi ampliado com muitas outras obras de arte, por doações, heranças e novas aquisições.

Museo Nacional Del Prado - Porta Murillo

Plaza Murillo, em frente ao 
Museo Nacional Del Prado
O seu imponente prédio em estilo neoclássico abriga um acervo com mais de 17 mil obras de arte, entre pinturas, esculturas, desenhos, arte decorativa e documentos históricos. A sua coleção, centrada na época anterior ao século XX, destaca a arte italiana, espanhola e flamenca. Bela e interessante, a Coleção de Pintura Francesa deriva das relações hispano-francesas no século XVII e das aquisições de alguns reis e nobres espanhóis, como Filipe IV e Filipe V. Esta reúne obras de pintores como Georges de La Tour, Valentin de Boulgne, Nicolas Poussin, Simon Vouet, Sébastien Bourdon e Claude Lorrain, bem como de Hyacinthe Rigaud, Louis-Michel Van Loo, Jean Ranc, Antoine Watteau e de François Boucher. A Coleção de Pintura Espanhola é a mais importante do Museu, sendo a que lhe concede o renome internacional que atualmente tem. Obedecendo a um critério cronológico, o Prado expõe desde os murais românicos do século XII à produção de Francisco Goya (“A Maja Desnuda”, “A Vindima”, “2 de Maio de 1808”). Esta obra alberga obras de pintores espanhóis de fama internacional, como El Greco, Luis de Morales, Velázquez (“As Meninas”, “A Forja de Vulcano”, “O Triunfo de Baco”), Zurbarán, José de Ribera, Esteban Murillo, Luis Paret, Luis Meléndez, Vicente López, Eduardo Rosales, Mariano Fortuny, Joaquín Sorolla, José de Madrazo e o filho deste, Federico de Madrazo y Kuntz.

Monumento a Murillo
O fato de os Países Baixos terem integrado o grande império espanhol, durante o chamado El Siglo de Oro, explica a riqueza da Coleção da Escola Flamenga no Museu Nacional Del Prado. A coleção alberga obras de pintores como Hieronymus Bosch (“O Jardim das Delícias Terrenas”), Roger Van Der Weyden, Petrus Christus, Dirk Bouts, Jan Gossaert, Pieter Coecke, Hans Memling, Pieter Bruegel o velho e Adriaan Isenbrant, tal como de Rubens (“As Três Graças”), Anthony Van Dyck, Jacob Jordaens, Rembrandt, Gabriel Metsu, Adriaen Van Ostade. Reduzida em número, mas de grande qualidade, a Coleção de Pintura Alemã alberga obras desde o século XVI ao século XVIII, dedicando diversas salas a pinturas capitais de Albrecht Dürer (“Auto-retrato”), Lucas Cranach, Hans Baldung e Anton Raphael Mengs. Com 16 salas dedicadas à sua exposição, a seção da Coleção de Pintura Italiana alberga obras desde a Baixa Renascença até o século XVIII, reunindo pinturas de artistas muito famosos como Fra Angelico (Anunciação”), Antonello da Messina, Andrea Mantegna, Giambattista Pittoni, Botticelli, Raffaello Sanzio, Andrea Del Sarto, Antonio da Correggio, Parmigianino, Sebastiano Del Piombo, Federico Barocci, Annibale Carracci, Caravaggio, Orazio Gentileschi, Pietro da Cortona, Luca Giodano, Giambattista Tiepolo, Pompeo Batoni, Giovanni Pannini e Corrado Giaquinto, Ticiano (“Carlos V em Mühlberg”), Tintoretto, Veronèse, Jacopo Bassano.

Museu Nacional Del Prado
Já a Coleção de Escultura é composta por mais de 220 esculturas da Antiguidade Clássica, trazidas de Itália entre os séculos XVI e XIX. A coleção alberga esculturas do Período Greco-Arcaico ao Período Helenístico, tal como do Renascimento. A Coleção de Desenhos e Estampas, conta com cerca de quatro mil desenhos, destacando os cerca de 500 desenhos de Francisco Goya, a mais importante do mundo. Duas salas, instaladas no segundo andar do Museu, mostram rotativamente, por razões de conservação, esta importante e rica coleção. Por último, a Coleção de Artes Decorativas é das mais bonitas e ricas do Prado, albergando até o famoso “Tesouro do Delfim”. O Museo Del Prado é tão grande que cansa. A verdade é que, para conhecer o Museu inteiro, você levaria pelo menos três dias. Se você não é um amante alucinado das artes, vá mesmo assim, mas dedique o maior tempo às obras mais importantes. Aliás, é esse o segredo para não tornar o passeio cansativo: observar o que é mais importante, com a ajuda de um guia. É mais indicado ir durante a semana, já que aos finais de semana o Museu fica mais cheio. A coleção fixa do Museu tem entrada gratuita. Poucos museus no mundo podem se gabar de uma coleção permanente tão rica e importante historicamente como o El Prado de Madri. Para qualquer um com interesse em arte, ele é obrigatório durante a visita à cidade.

Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia
O Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia é um dos mais importantes museus de arte moderna espanhóis. Coloquialmente denominado Centro de Arte Moderna Reina Sofia, foi inaugurado em setembro de 1992, e seu nome presta homenagem à Rainha Sofia, rainha consorte de Espanha. O edifício principal constituía um austero hospital setecentista, o antigo Hospital Geral de Madri, construído durante o reinado de Carlos III, em 1781, projetado primeiramente por José de Hermosilla e, posteriormente, pelo arquiteto Francesco Sabatini. Por esse motivo, o edifício principal do Museu é conhecido como Edificio Sabatini. Em 1965, o hospital foi fechado e declarado Monumento Histórico-Artístico em 1977. Em 1980, se realizaram novas expansões e grandes renovações e, em 1988, parte do Museu foi aberta ao público. Este ano foi de grande importância para o Museu, pois foi decretado Museu Nacional

Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia
Atualmente, o Museu alberga excelentes coleções de arte do século XX, sendo considerado um dos melhores e mais importantes museus de arte moderna de toda a Europa. Conta com coleções de Pablo Picasso e Salvador Dalí (“O Grande Masturbador”). A obra mais conhecida do Museu é “Guernica”, o quadro é cheio de detalhes e impressiona por ser tão rico e, ao mesmo tempo, feito em pouco tempo e “Mãe Com Menino Mortode Picasso. Também estão expostas aí obras de Juan Gris, Juan Miró (“Dançarina Espanhola”), Julio González, Eduardo Chillida, Pablo Palazuelo, Antoni Tàpies, Pablo Gargallo, Lucio Muñoz, Luis Gordillo, Jorge Oteiza, Ouka Leele e José Luis Gutiérrez Solana, entre outros. Tem também uma biblioteca de acesso livre especializada em arte (têm mais de 100 mil livros, 3.500 gravações de áudio e mil vídeos).

Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia
Faça a visita pelo acervo em ordem cronológica, assim fica mais fácil entender os momentos históricos: no segundo andar está a coleção que vai dos anos 1900 a 1945 (La Irrupción Del Siglo XX), justamente quando termina a Segunda Guerra Mundial – esse andar é obrigatório, pois é aqui onde estão os clássicos; no quarto andar estão as obras produzidas entre 1945 e 1968, ano do famoso “Maio de 68” francês. Depois desça até o térreo e o primeiro andar, com obras dos anos 1962-82, onde é possível ver as ditaduras latino-americanas, os movimentos de esquerda e o ativismo artístico da região. Há, inclusive, uma obra do brasileiro Hélio Oiticica. É o segundo Museu mais visitado de Madri e tem muita significância mundial por sua coleção contemporânea.  Assim como o Prado, o Reina Sofia é bem grande. Informe-se sobre as salas e busque as que mais lhe trazem interesse para não deixar o passeio cansativo. A entrada é gratuita. Duas coisas para ver no Reina Sofía além das obras: o jardim, que é um espaço super agradável em dias de sol, e o terraço, de onde se pode ter uma bonita vista de Madri (de um lado, para a Estação de Atocha, e do outro para os telhados coloridos de Madri).

Museo Nacional Thyssen-Bornemisza 
Menos conhecido, mas não menos fabuloso membro da tríade de grandes museus de arte de Madri, o Museo Nacional Thyssen-Bornemisza representa uma das maiores coleções privadas de arte do mundo. Com o desejo de achar um lar permanente para sua incrível coleção, os barões Thyssen-Bornemisza fecharam um acordo muito bem costurado com o governo espanhol, que cedeu o neoclássico Palácio Villahermosa, que foi construído entre o final do século XVIII e o início do século XIX, em estilo neoclássico. As obras foram adquiridas definitivamente pelo país em 1993, sendo que em 2004 foi inaugurada uma nova ala para abrigar o acervo de pinturas europeias da baronesa Carmen. As suas coleções estão organizadas por ordem cronológica, começando no Renascimento e terminando no século XX.

Museo Nacional Thyssen-Bornemisza
Estão expostas no terceiro piso obras de mestres italianos, alemães e holandeses do século XVI como Jan Van Eyck, Albert Dürer e Hans Holbein. Existe ainda uma galeria dedicada a Tiziano, Tintoretto, Bassano, El Greco, Bernini e Caravaggio, entre outros. No segundo piso está a coleção de pintura holandesa, desde Franz Hals, do século XVII, a Max Beckmann, do século XX; conta ainda com algumas obras do Realismo, Rococó, Neoclassicismo, Romantismo e Impressionismo. O primeiro piso reúne obras do século XX, desde o cubismo e as primeiras vanguardas, até à Pop Art. Destacam-se algumas obras primas contemporâneas de Picasso, Piet Mondrian, Marc Chagall, Edward Hopper, Salvador Dalí, entre outros. O nome um pouco complicado é herança do barão, antigo dono de parte da coleção do Museu. É um Museu muitíssimo interessante, que mostra em cada sala um pouquinho de diferentes épocas. Dessa forma, ele abrange diferentes estilos e agrada a gregos e troianos sem ser cansativo. Para deixar o passeio mais interessante, o ideal é fazê-lo com um guia, ou com o áudio guia, a fim de entender melhor as obras expostas. 

Real Academia de Belas-Artes de 
São Fernando 
A Real Academia de Belas-Artes de São Fernando mantém em sua coleção permanente uma grande variedade de obras, nomeadamente espanholas, italianas e flamengas dos séculos XVIII e XIX. Alguns autores representados no Museu são Goya (foi até membro desta Academia), Murillo, José de Madrazo, Federico de Madrazo, Leandro Bassano, Zurbarán e Vicente López. O Museu Arqueológico de Espanha contém mostras de arte desde a Pré-história até ao século XIX, principalmente da Península Ibérica; está organizado em três pisos. Algumas das obras mais importantes são a Dama de Elche, a Dama de Baza, a Dama de Ibiza, o Tesouro de Guarrazar, os Ossos de Napier, o Monumento Funerário de Pozo Moro, uma mostra de mosaicos romanos. Ademais, o Museu conta com uma reprodução do teto dos policromos da Caverna de Altamira no jardim exterior. O Museu da América é dedicado à arte do continente americano, centrando-se na América Pré-colombiana, a etnografia e a arte colonial.

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