domingo, 20 de dezembro de 2015

Barcelona - Park Güell

Pavilhões da entrada do Park Güell
Se tem uma cidade cheia de atrações interessantes, esta cidade é Barcelona. Com belezas naturais e construídas por grandes arquitetos, visitar a capital da Catalunha é sempre um grande prazer e descobertas a cada esquina. Dentre as visitas imperdíveis está o belo Park Güell, que não deve ficar fora da sua lista. São tantos lugares bacanas para se visitar que para quem vai à cidade, é necessário fazer certo planejamento prévio. Pois para conseguir ver o que se quer e não ficar horas esperando precisa de um pouco de organização. Sim, a cidade é sempre cheia e não existe mais aquela história de “baixa temporada”. Para aqueles que não querem deixar de conhecer tudo que tem vontade, a palavra-chave é planejamento. Uma das atrações mais visitadas de Barcelona, e não sem merecimento, é o Park Güell, uma das grandes obras de Gaudí. E para visitar o lugar, é necessário um pouco de planejamento, já que o Parque fica afastado do centro. Outro grande motivo é para não chegar lá e ficar horas esperando para entrar, ou ainda não encontrar mais entradas disponíveis para o dia.

Entrada do Park Güell na Carrer D'Olot

Museu de História de Barcelona
O Park Güell, com 15 hectares de vegetação, é um grande parque urbano com elementos arquitetônicos situado no Distrito de Gràcia, numa região alta da cidade de Barcelona, na vertente virada para o Mar Mediterrâneo do Monte Carmelo (Montanha Pelada), não muito longe do Tibidabo. Originalmente destinado a ser uma urbanização, foi concebido pelo arquiteto Antoni Gaudí, expoente máximo do modernismo catalão, por encomenda do empresário Eusebi Güell (Conde de Güell). Construído entre 1900 e 1914, revelou-se um fracasso comercial e foi vendido ao Município de Barcelona em 1922, tendo sido inaugurado como parque público em 1926. Em 1969 foi nomeado Monumento Histórico Artístico de Espanha, e em 1984 foi classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, incluído no sítio Obras de Antoni Gaudí.

Torre da Casa das Crianças

Casa das Crianças
O Parque está implantado num terreno devoniano formado por estratos de ardósia e calcário. Quando Güell comprou o terreno, este estava praticamente desflorestado – como indicava o seu nome, Montanha Pelada – à exceção de um ou dois pinheiros, um par de alfarrobeiras e arbustos baixos. Gaudí mandou plantar nova vegetação, escolhendo, sobretudo espécies mediterrâneas autóctones, as que melhor se adaptavam ao terreno: pinheiro, alfarrobeira, azinheira, eucalipto, palmeira, cipreste, figueira, amendoeira, ameixeira, mimosa, magnólia, agave, lentisco, hera, maqui, carrasco, retama, cisto, lavanda, salva, entre outras. De forma a minimizar a intrusão das estradas, vencendo o declive da montanha sem recorrer a grandes escavações, Gaudí desenhou-as como estruturas salientes da encosta, suportadas por pórticos, muros de suporte e viadutos concebidos usando pedra rústica extraída do local. Algumas das estradas são ainda ladeadas por colunas, muretes e outros elementos arquitetônicos, igualmente concebidos com pedra rústica, de forma a integrá-las perfeitamente na paisagem.

L’escalinata Del Drac

L’escalinata Del Drac
O Parque foi concebido por Güell e Gaudí como um conjunto estruturado onde, dentro de um incomparável quadro de beleza natural, se situariam 40 habitações de luxo, com todos os progressos tecnológicos da época e acabamentos de grande qualidade artística. O projeto pretendia criar uma espécie de cidade-jardim em estilo inglês, fato que justifica a grafia de Park com “k”, como parque em inglês. Em 1900, Gaudí começou a trabalhar no projeto de criação dessa cidade-jardim numa porção de mata localizada na parte alta de Barcelona. Quando o projeto de construção dessa pequena cidade foi abandonado em 1914, apenas duas casas tinham sido construídas, além de áreas comuns. Não se sabe ao certo o que Güell e Gaudí pretendiam alcançar, visto que não restam registros a esse respeito, mas parece óbvio que o Parque se destinava a um grupo seleto e não ao público em geral, e que está recheado de referências a ideias, fantasias e ideais que eram importantes para ambos, como o catalanismo político e a religião católica, em todo caso com certo caráter misterioso devido ao gosto da época por enigmas e adivinhas.

El Drac

El Drac
O Park Güell é um reflexo da plenitude artística de Gaudí; pertence à sua etapa naturalista (década de 1900), período no qual o arquiteto catalão aperfeiçoou o seu estilo pessoal, inspirando-se nas formas orgânicas da natureza e pondo em prática uma série de novas soluções estruturais originadas na sua análise da geometria regrada. A isso acrescentou uma grande liberdade criativa e uma imaginativa criação ornamental; partindo de certo barroquismo, as suas obras adquirem grande riqueza estrutural, de formas e volumes desprovidos de rigidez racionalista ou de qualquer premissa clássica. No entanto, embora contenha vários elementos característicos da fase final da carreira de Gaudí, como a preferência por colunas inclinadas e o uso de trencadís, o Parque apresenta uma mistura de elementos de diferentes estilos (românico, barroco, dórico, pré-romano etc.) que remete para as suas primeiras obras. Uma das características mais marcantes do Park Güell é o contraste entre as texturas e cores dos diferentes materiais de construção (cerâmica brilhante e multicolorida versus pedra rústica castanha), tão apreciado pelos arquitetos do modernismo catalão.

Sala Hipostila
Gaudí situou a entrada principal na parte mais baixa da montanha (Carrer d’Olot), a mais próxima do núcleo urbano. Como acesso concebeu uma entrada monumental com um par de gazelas mecânicas em tamanho real, que nunca chegou a ser construída. No seu lugar foi colocado um simples portão em madeira, que foi substituído em 1965 por um portão em ferro forjado representando folhas de palmito transladado da Casa Vicens, uma das primeiras obras de Gaudí. De ambos os lados do portão de entrada situam-se dois pavilhões destinados aos serviços do Parque. Estes estão integrados na muralha exterior do Parque, que deveria envolver todo o recinto, mas que apenas foi parcialmente construída, constituída por um muro de tijolo revestido com pedra rústica extraída do local e rematado no topo com peças de cerâmica branca e vermelha onde se destacam medalhões com inscrições “Park” e “Güell”.


Colunata da Sala Hipostila

Pórtico da Lavadeira
Os pavilhões da entrada são do mais puro estilo gaudíniano, com uma estrutura orgânica reflexo do profundo estudo que Gaudí fazia da natureza. Realizados com alvenaria de pedra rústica extraída do local, destacam-se pelas abóbadas em forma de paraboloide hiperbólico cobertas com cerâmica de cores vivas e rematadas com chaminés de ventilação em forma de cogumelo, nas quais Gaudí utilizou a técnica da abóbada catalã, que consiste na sobreposição de várias camadas de tijolos com argamassa. Os pavilhões ao redor da entrada estão inspirados no conto de “Hansel e Gretel”, e foram construídos para abrigar a portaria, administração e setor de manutenção da cidade-jardim. O pavilhão da esquerda seria a casa das crianças, Hansel e Gretel. Hoje está ocupado por uma livraria e lojinha de lembranças. A casa da direita, coroada por uma decoração que lembra um cogumelo venenoso, seria a casa da bruxa. 


Pórtico da Lavadeira

Vista da Gran Plaça Circular e da Sala Hipostila
O pavilhão maior, atualmente parte do Museu de História de Barcelona, tem um aspecto mais convencional e destinava-se ao porteiro, que morava neste edifício com a sua família. Possui um vestíbulo, uma sala de jantar, uma sala de estar e uma cozinha ao nível do rés do chão, quatro quartos ao nível do primeiro piso e um sótão com dois terraços ameados e uma escada em espiral que dá acesso a uma varanda localizada em torno da chaminé de ventilação. O aspecto do pavilhão menor é marcado por uma grande janela com portadas de ferro forjado que faz lembrar o olho de um inseto e por uma torre helicoidal com 30 metros de altura revestida com cerâmica branca e azul formando um padrão xadrez. Possui uma grande sala de recepção equipada com um telefone ao nível do rés do chão, onde os residentes podiam vir receber as suas visitas, e mais salas ao nível do primeiro piso, com acesso a dois terraços ameados e a uma escada exterior que dá acesso a um mirante localizado na base da torre. A torre é coroada por uma estrutura aberta em ferro forjado e uma cruz de quatro braços alinhada com os quatro pontos cardeais. A cruz original foi destruída em 1936 durante a Guerra Civil Espanhola e posteriormente substituída por uma cópia não muito fiel da original, e a torre teve que ser reforçada com barras metálicas em 1952 para evitar o agravamento da fissuração que vinha ocorrendo.


Gran Plaça Circular ou Praça Oval

Viaduto do Algorrobo
Do vestíbulo da entrada principal parte uma Escadaria Monumental, nomeada de L’escalinata Del Drac, de duplo tramo com três lances de escadas e revestida com trencadís que conduz à Sala Hipostila. A escadaria está implantada entre muros ameados, cujas paredes estão revestidas com pedaços de cerâmica multicolorida formando uma espécie de padrão em xadrez com retângulos brancos e quadrados coloridos, em cujas superfícies alternadamente convexas e côncavas a luz do sol cria um efeito visual notável. Na sua zona central alberga três fontes com conjuntos escultóricos igualmente revestidos com trencadís. Na primeira fonte são discerníveis, ainda que de forma um pouco crítica, um círculo, um esquadro e um compasso. A segunda fonte contém a cabeça triangular de um réptil sobre o escudo da Catalunha inscrito num hexágono, rodeados de flores de eucalipto. A terceira fonte tem a forma de um réptil multicolorido conhecido como El Drac, que se converteu no emblema do Parque e num dos símbolos da cidade de Barcelona. No último patamar da escadaria, por baixo da coluna central da Sala Hipostila, existe um local de repouso na forma de um pequeno recesso, cuja borda está decorada com um padrão reminiscente dos mosaicos usados por Gaudí no exterior da Casa Vicens: flores cor de laranja num fundo verde. O banco que coroa a escada tem forma de odeão (pequeno anfiteatro grego) e conta com a particularidade de permitir que se tome sol no inverno e dê sombra no verão. Esta é, sem dúvida, a parte mais conhecida do Parque e a que mais atrai turistas.

Muro de contenção do lado norte da Praça Oval
No topo da escadaria situa-se a Sala Hipostila ou Sala das Cem Colunas, uma espécie de grande alpendre originalmente destinado a albergar um mercado ao ar livre para a urbanização. A sala contém 86 colunas dóricas com cerca de seis metros de altura, construídas com entulho e argamassa imitando mármore e revestidas com trencadís branco liso até uma altura de 1,8 metros, uma adaptação prática tendo em conta o uso previsto para o espaço, mas que está deslocada neste tipo de coluna. No topo das colunas exteriores existe ainda um friso com gárgulas em forma de cabeça de leão, bem como pequenos relevos em forma de gota de água sobre o ábaco. Entre a floresta de colunas igualmente espaçadas, Gaudí criou três espaços maiores suprimindo algumas colunas, possivelmente com o objetivo de organizar as bancas dos vendedores que periodicamente vinham vender ali os seus produtos. Nos espaços vagos deixados pelas colunas suprimidas encontram-se quatro grandes rosetas coloridas com quase três metros de diâmetro representando o sol durante as quatro estações do ano, rodeadas por 14 menores com desenhos de redemoinhos e espirais, representando estrelas ou luas.

Viaduto das Jardineiras
A zona central do Parque é constituída por uma imensa praça aberta de forma oval parcialmente suspensa, delimitada do lado da metade sul por um Banco Ondulante com cerca de 150 metros de comprimento e revestido com trencadís, enquanto a outra metade está ausente na encosta da montanha. O Banco possui vista panorâmica sobre a cidade e as suas curvas formam vários recessos, permitindo às pessoas neles sentadas conversar em relativa privacidade apesar da dimensão da Praça. O assento está revestido com trencadís branco e é inclinado de forma a conduzir a água da chuva para a parte de trás do assento, onde se situam aberturas que escoam a água para o exterior, mas as costas do assento e a parte exterior do banco são revestidas com trencadís coloridos. A Gran Plaça Circular, também conhecida como Teatro Grego, sobre a Sala Hipostila não se encontra pavimentada, pois a água das chuvas que recolhe é drenada e canalizada por tubos existentes no interior das colunas para uma cisterna existente por debaixo da Sala Hipostila, para ser usada na rega do Parque. De forma a filtrar a água, Gaudí preencheu o espaço entre as abóbadas com várias camadas de pedras de diâmetro cada vez menor, utilizando gravilha fina na última camada, que serve de pavimento à Praça.

Diversas estruturas do Parque, incluindo as abóbadas dos pavilhões da entrada, o teto da Sala Hipostila e o Banco Ondulante, são compostas por elementos pré-fabricados e posteriormente inovadores para a época. Igualmente inovador é o fato do Banco Ondulante e de muitas das superfícies da Sala Hipostila, da escadaria e dos pavilhões da entrada estarem cobertas por pedaços de cerâmica e vidro formando uma espécie de mosaico colorido, típico do modernismo catalão, conhecido como trencadís. O uso dos azulejos partidos é uma técnica decorativa da Catalunha, que Gaudí decidiu usar em resposta aos anúncios publicitários da época, feitos com azulejos. Diz-se que por indicação de Gaudí os trabalhadores tinham por hábito recolher os pedaços de cerâmica e vidro que encontrassem no lixo a caminho da obra, e tornou-se costume dos barceloneses empilhar junto ao Parque a cerâmica, louça e porcelana que se partia para ser reciclada na construção. Ainda assim, os registros do Parque indicam que foram trazidas grandes quantidades de mosaico de Valência, e uma revista da época comentou que não era todos os dias que se viam 30 homens a partir azulejos em pedaços e outros 30 a voltar a juntá-los.

Casa-Museu Gaudí
O Park Güell é um lugar mágico e peculiar que sempre surpreende seus visitantes. Uma visita a Barcelona nunca estaria completa sem um passeio pelo Park Güell. O Parque conta com duas partes visitáveis: uma paga (Zona Monumental) e outra de livre acesso. A parte paga é uma pequena área cercada, mas onde estão as grandes atrações do lugar. A entrada à Zona Monumental tem longas filas, por isso não é má ideia comprar o ingresso pela internet sem filas e obtendo um pequeno desconto. Quem vai até lá só para ver a vista incrível de Barcelona não precisa se preocupar e comprar a entrada, porque de vários pontos do Parque pode se ficar de queixo caído com a beleza que se vê de lá. Caminhar pelas trilhas e caminhos de terra batida do Parque é um programaço! Além da vista incrível da cidade, podem-se descobrir detalhes interessantes e ter um contato bem próximo com a natureza. Todos os caminhos que percorrem o Parque também foram projetados pelo mestre Gaudí. Para percorrer a Zona Monumental serão necessários entre 30 minutos (para os muito apressados) e uma hora e meia (para os mais calmos). Já para visitar a parte aberta do parque, calcule entre 30 minutos (para os muito apressados) e uma hora e meia (se você for subir nos ótimos mirantes e ficar por lá contemplando a cidade).

Artista sob os arcos do Viaduto da Jardineira

Artista sob os arcos do Viaduto da Jardineira
O principal caminho do Parque, chamado Caminho do Rosário, é ladeado por uma fileira de esferas de pedra como as contas de um rosário. Ainda na parte de acesso não paga do Parque, está a casa onde Gaudí morou durante 20 anos. Na casa chamada de Torre Rosa funciona desde 1963 a Casa-Museu Gaudí, cujo acervo inclui objetos pessoais e obras de Gaudí e de alguns dos seus colaboradores. Este Museu não fica na parte de acesso paga do Parque, mas a entrada desta atração é paga. Numa colina isolada num ponto alto do monte, Gaudí construiu ainda um monumento em forma de calvário, o Turó de les Tres Creus (Calvário das Três Cruzes). No topo do monte estão três cruzes, onde a cruz maior representa a de Jesus. Para chegar lá é necessário percorrer uma trilha pela mata e se indica usar sapatos adequados. Mas quem o faz não se arrepende. A vista é incrível.

Park Güell

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