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Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida |
Conhecida como Basílica Velha, a Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida é ligada ao Santuário Nacional de Aparecida por uma
passarela, a Passarela da Fé, de 389
metros de comprimento e 35 metros de altura. Para entrar na Passarela é bem
fácil, tem placas indicativas por todos os lados, mas para facilitar, fica ao
lado do enorme Campanário. A Matriz Basílica é considerada um
símbolo de fé e religiosidade pelos romeiros que visitam Aparecida, sendo um dos locais mais visitados na cidade. A “Antiga
Casa de Nossa Senhora Aparecida” (assim conhecida pelos peregrinos), enche
nossos olhos de beleza histórica e cultural, construído em estilo barroco, esse
importante templo religioso além de retratar as técnicas arquitetônicas do
século XVIII e XIX contribui muito na lembrança de um Brasil Colonial, Os degraus de pedra da entrada do templo
estão gastos e marcados pelos pés de milhões de fiéis que visitam o lugar todos
os anos. Com dimensões menores que a do Santuário, é o ambiente ideal para quem deseja entender a fé e a
história de Nossa Senhora.
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Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida |
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Praça Nossa Senhora Aparecida |
A Basílica
Velha foi o terceiro local religioso a abrigar a imagem original de Nossa
Senhora Aparecida, encontrada pelos pescadores em 1717. Antes do início de sua
construção, havia no mesmo local a chamada Capela
do Morro dos Coqueiros, a primeira Igreja em honra à Virgem Aparecida autorizada
pela Igreja Católica. Era de taipa e pilão. Antes disso, um primeiro
oratório havia siso construído pelos pescadores, às margens do Rio Paraíba do Sul e abrigou a imagem
até a construção da Capela do Morro dos
Coqueiros. Esse centro de peregrinação, construído em 1745, pelo
Padre José Alves Vilela, com 150 metros quadrados, ficou pequeno para o
volumoso número de devotos que já visitavam a imagem de Nossa Senhora no século
XVIII. Então, a partir de 1834, a pequena Capela passou
por reformas e ampliações que estão sendo registradas nas diversas datas
cravadas em suas imponentes paredes externas. Uma grande reforma foi realizada
entre os anos 1760-1780 quando recebeu nova fachada com duas torres. Uma
segunda grande reforma ocorreu entre os anos de 1824-1834. e, em 1878,
passou a adquirir a arquitetura que a Basílica Velha mantém hoje. A inauguração
da Igreja nova aconteceu 10 anos depois.
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Entrada lateral da Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida |
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Lateral da Basílica Velha |
Passados 10 anos da
última reforma uma das torres não oferecia segurança. A Mesa
Administrativa, que cuidava dos bens da Capela, pediu em julho de 1844, ao
mestre pedreiro José Mello Costa que verificasse seu estado. Constatado o
perigo, decidiram, em setembro deste mesmo ano, demolir a torre e construir
outra, para o que foi autorizado pelo Juiz Provedor. Os trabalhos foram
iniciados em novembro de 1844 com a ativação da Pedreira Cachoeira, situada no caminho que demandava a Cunha. O transporte das pedras foi
iniciado em janeiro de 1845, pelo Padre Antônio Francisco de Oliveira, que
possuía carros de bois e escravos para esse serviço. Como era difícil para os
carros subirem a “Rua da Calçada”,
atual Rua Monte Carmelo, decidiram,
em fevereiro do mesmo ano, abrir outro caminho por trás do Morro da Capela, para facilitar o transporte.
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Nave da Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida |
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Nave da Basílica Velha |
De início pensava-se em
demolir a torre que oferecia perigo, mas depois se decidiu pela demolição das
duas torres e, posteriormente, a construção de uma nova fachada e de duas novas
torres. A mudança nos planos ocorreu porque havia desejo de se construir uma
igreja mais bela e mais condigna para abrigar a Imagem da Senhora Aparecida. A
riqueza que o ciclo do café estava trazendo ao Vale do Paraíba fazia aumentar o fluxo de peregrinos. A mudança de
planos trouxe certo atraso no início das obras. De fato, o portal da primeira
torre, a da direita, traz esculpida a data de 1846. A torre da esquerda traz em seu portal
a data de 1848. As duas torres da “Basílica
Velha” são encimadas por um conjunto onde se pode ver uma esfera, uma cruz
e um galo. O conjunto é obra do artista
João Júlio Gustavo, que em setembro de 1859 recebeu o pagamento pela sua
confecção e colocação no topo da primeira torre, que ficou pronta neste mesmo
ano. Em fevereiro de 1862, decidiram carrear as pedras necessárias para a
construção da segunda torre. O seu término, porém, se deu somente nos fins de
janeiro de 1864. Finalmente, depois de 19 anos, a Capela ostentava sua
artística e vistosa fachada com suas duas torres. Em novembro de 1893 a Matriz
Basílica recebeu o título de Episcopal
Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
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Decoração no teto da Basílica Velha |
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Nossa Senhora Aparecida no altar-mor da Matriz |
A Igreja recebeu do Vaticano, em 1908, o título de Basílica
de Aparecida. Em 1982, foi oficialmente tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado
de São Paulo), como Monumento de
Interesse Histórico, Religioso e Arquitetônico. A última reforma
começou no ano de 2004 e foi concluída em fevereiro de 2015, onde foram
reparados detalhes internos e externos da Matriz,
além da recuperação de janelas e peças de mármore do presbitério e altar.
Pisos, paredes e telhados também foram reformados. Quando visitamos Aparecida em 2016, a Basílica Matriz, mais conhecida como Basílica Velha, ainda encontrava-se
parcialmente em reformas, tanto é que não conseguimos fotografar seu altar-mor.
Que pena!
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Nossa Senhora Aparecida no altar-mor da Matriz |
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Capela Menor no interior da Basílica Velha |
A riqueza de detalhes
no interior da Basílica impressiona. No interior da Igreja, o altar-mor e o retábulo
foram esculpidos em mármore de Carrara,
na Itália. As figuras, também em mármore
que encimam o altar, representam as virtudes. Uma belíssima Imagem de Nossa Senhora Aparecida está localizada
ao centro do altar-mor. O altar principal da Basílica Matriz de Aparecida guarda algumas relíquias de São
Vicente Mártir, santo espanhol martirizado no século IV. As relíquias encontram-se na Igreja desde
janeiro de 1910 e foram enviadas pela Santa
Sé por causa da concessão do título de elevação à Basílica Menor, que ocorreu em 1908, a primeira Igreja no Brasil a receber tal reconhecimento. A
concessão deste título honorífico manifesta o valor de um templo e de sua
história cultural e religiosa e o fortalecimento do vínculo da Igreja com a Santa Sé e o Papa.
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Capela Menor no interior da Basílica Velha
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Vitral na Capela Menor |
O relicário exposto na Igreja guarda um
fragmento de osso do santo e um pedaço de pedra manchado com o sangue derramado
no momento de seu martírio. A imagem em tamanho natural apresenta o santo
deitado e vestido como um “soldado de
Cristo”. O envio de relíquias de
santos para um templo que recebe este título é um costume da Igreja. É uma
exigência da Igreja que os templos que recebem este título de Basílica tenham
uma relíquia insigne, que tenha ligação direta com o santo e que seja
reconhecida oficialmente pela Igreja. A relíquia de São Vicente foi exposta
pela primeira vez em janeiro de 1910. O
costume de venerar relíquias dos santos remete à tradição da Igreja Católica de preservar a memória
de santos e mártires e data do início do cristianismo. As relíquias podem ser
de fragmento do corpo ou objetos utilizados pelos santos.
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Capela Menor no interior da Basílica Velha
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Vitral na Capela Menor |
Os púlpitos e as talhas
ornamentadas foram esculpidos em bom cedro da Bahia, encomendados por Frei Monte Carmelo, bem como as seis
imagens que se acham nos nichos da nave central. O belo órgão de tubo, que foi trazido da Alemanha, foi completamente restaurado e hoje é usado normalmente. O
som de seus carrilhões emociona devotos e turistas sempre às 12 e às 18 horas. Na
cornija do teto da Basílica Velha,
estão gravados em telas pelo pintor alemão residente no Rio de Janeiro, Thomas Drindl, seis milagres: a pesca milagrosa, o
milagre do escravo e da vela, da menina cega, do caçador agredido por uma
grande onça, o menino salvo das águas do rio. A
Imagem de Nossa Senhora Aparecida,
encontrada no Rio Paraíba do Sul,
ficou na Matriz Basílica até 1982,
quando foi transferida em definitivo para a nova Basílica do Santuário Nacional. Hoje os visitantes podem ver e até
tocar na réplica da imagem que está localizada atrás do altar principal.
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Vitral na Capela Menor |
Na Trilha da Independência, em agosto de 1822, esteve presente nessa Basílica Velha, o Príncipe Regente Dom Pedro.
Nestes 130 anos de acolhida aos devotos de Nossa Senhora Aparecida, a Basílica Velha foi destino de cinco Presidentes da República em exercício, que
visitaram o local em ocasiões especiais, além da Princesa Isabel, da qual se tem
dois registros históricos de sua visita. Na rua que dá acesso à Basílica Velha, há diversas feirinhas
de artesanato, que vendem diversos produtos, desde imagens sacras a lembranças
da cidade. São dezenas de lojinhas que ficam lado a lado em um “morro íngreme”.
Muitas pessoas descem ladeira abaixo passando pelas lojas e seguindo rumo à Igreja de São Benedito, outro
importante ponto turístico de Aparecida.
Não deixe de visitar a Basílica Velha de
Aparecida, um dos símbolos de fé e devoção na cidade. Você pode realizar
esta visita no mesmo dia em que visitar o Santuário
Nacional de Aparecida e chegar até lá pela Passarela da Fé.
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