domingo, 24 de abril de 2016

Aparecida - Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Matriz Basílica de
Nossa Senhora Aparecida
Conhecida como Basílica Velha, a Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida é ligada ao Santuário Nacional de Aparecida por uma passarela, a Passarela da Fé, de 389 metros de comprimento e 35 metros de altura. Para entrar na Passarela é bem fácil, tem placas indicativas por todos os lados, mas para facilitar, fica ao lado do enorme Campanário. A Matriz Basílica é considerada um símbolo de fé e religiosidade pelos romeiros que visitam Aparecida, sendo um dos locais mais visitados na cidade. A “Antiga Casa de Nossa Senhora Aparecida” (assim conhecida pelos peregrinos), enche nossos olhos de beleza histórica e cultural, construído em estilo barroco, esse importante templo religioso além de retratar as técnicas arquitetônicas do século XVIII e XIX contribui muito na lembrança de um Brasil Colonial, Os degraus de pedra da entrada do templo estão gastos e marcados pelos pés de milhões de fiéis que visitam o lugar todos os anos. Com dimensões menores que a do Santuário, é o ambiente ideal para quem deseja entender a fé e a história de Nossa Senhora. 

Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Praça Nossa Senhora Aparecida
A Basílica Velha foi o terceiro local religioso a abrigar a imagem original de Nossa Senhora Aparecida, encontrada pelos pescadores em 1717. Antes do início de sua construção, havia no mesmo local a chamada Capela do Morro dos Coqueiros, a primeira Igreja em honra à Virgem Aparecida autorizada pela Igreja Católica. Era de taipa e pilão. Antes disso, um primeiro oratório havia siso construído pelos pescadores, às margens do Rio Paraíba do Sul e abrigou a imagem até a construção da Capela do Morro dos Coqueiros. Esse centro de peregrinação, construído em 1745, pelo Padre José Alves Vilela, com 150 metros quadrados, ficou pequeno para o volumoso número de devotos que já visitavam a imagem de Nossa Senhora no século XVIII. Então, a partir de 1834, a pequena Capela passou por reformas e ampliações que estão sendo registradas nas diversas datas cravadas em suas imponentes paredes externas. Uma grande reforma foi realizada entre os anos 1760-1780 quando recebeu nova fachada com duas torres. Uma segunda grande reforma ocorreu entre os anos de 1824-1834. e, em 1878, passou a adquirir a arquitetura que a Basílica Velha mantém hoje. A inauguração da Igreja nova aconteceu 10 anos depois.

Entrada lateral da Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Lateral da Basílica Velha
Passados 10 anos da última reforma uma das torres não oferecia segurança. A Mesa Administrativa, que cuidava dos bens da Capela, pediu em julho de 1844, ao mestre pedreiro José Mello Costa que verificasse seu estado. Constatado o perigo, decidiram, em setembro deste mesmo ano, demolir a torre e construir outra, para o que foi autorizado pelo Juiz Provedor. Os trabalhos foram iniciados em novembro de 1844 com a ativação da Pedreira Cachoeira, situada no caminho que demandava a Cunha. O transporte das pedras foi iniciado em janeiro de 1845, pelo Padre Antônio Francisco de Oliveira, que possuía carros de bois e escravos para esse serviço. Como era difícil para os carros subirem a “Rua da Calçada”, atual Rua Monte Carmelo, decidiram, em fevereiro do mesmo ano, abrir outro caminho por trás do Morro da Capela, para facilitar o transporte.

Nave da Matriz Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Nave da Basílica Velha
De início pensava-se em demolir a torre que oferecia perigo, mas depois se decidiu pela demolição das duas torres e, posteriormente, a construção de uma nova fachada e de duas novas torres. A mudança nos planos ocorreu porque havia desejo de se construir uma igreja mais bela e mais condigna para abrigar a Imagem da Senhora Aparecida. A riqueza que o ciclo do café estava trazendo ao Vale do Paraíba fazia aumentar o fluxo de peregrinos. A mudança de planos trouxe certo atraso no início das obras. De fato, o portal da primeira torre, a da direita, traz esculpida a data de 1846. A torre da esquerda traz em seu portal a data de 1848. As duas torres da “Basílica Velha” são encimadas por um conjunto onde se pode ver uma esfera, uma cruz e um galo. O conjunto é obra do artista João Júlio Gustavo, que em setembro de 1859 recebeu o pagamento pela sua confecção e colocação no topo da primeira torre, que ficou pronta neste mesmo ano. Em fevereiro de 1862, decidiram carrear as pedras necessárias para a construção da segunda torre. O seu término, porém, se deu somente nos fins de janeiro de 1864. Finalmente, depois de 19 anos, a Capela ostentava sua artística e vistosa fachada com suas duas torres. Em novembro de 1893 a Matriz Basílica recebeu o título de Episcopal Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Decoração no teto da Basílica Velha

Nossa Senhora Aparecida no altar-mor da Matriz
A Igreja recebeu do Vaticano, em 1908, o título de Basílica de Aparecida. Em 1982, foi oficialmente tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), como Monumento de Interesse Histórico, Religioso e Arquitetônico. A última reforma começou no ano de 2004 e foi concluída em fevereiro de 2015, onde foram reparados detalhes internos e externos da Matriz, além da recuperação de janelas e peças de mármore do presbitério e altar. Pisos, paredes e telhados também foram reformados. Quando visitamos Aparecida em 2016, a Basílica Matriz, mais conhecida como Basílica Velha, ainda encontrava-se parcialmente em reformas, tanto é que não conseguimos fotografar seu altar-mor. Que pena!

Nossa Senhora Aparecida 
no altar-mor da Matriz

Capela Menor no interior da Basílica Velha
A riqueza de detalhes no interior da Basílica impressiona. No interior da Igreja, o altar-mor e o retábulo foram esculpidos em mármore de Carrara, na Itália. As figuras, também em mármore que encimam o altar, representam as virtudes. Uma belíssima Imagem de Nossa Senhora Aparecida está localizada ao centro do altar-mor. O altar principal da Basílica Matriz de Aparecida guarda algumas relíquias de São Vicente Mártir, santo espanhol martirizado no século IV. As relíquias encontram-se na Igreja desde janeiro de 1910 e foram enviadas pela Santa Sé por causa da concessão do título de elevação à Basílica Menor, que ocorreu em 1908, a primeira Igreja no Brasil a receber tal reconhecimento. A concessão deste título honorífico manifesta o valor de um templo e de sua história cultural e religiosa e o fortalecimento do vínculo da Igreja com a Santa Sé e o Papa. 

Capela Menor no interior da Basílica Velha

Vitral na Capela Menor
O relicário exposto na Igreja guarda um fragmento de osso do santo e um pedaço de pedra manchado com o sangue derramado no momento de seu martírio. A imagem em tamanho natural apresenta o santo deitado e vestido como um “soldado de Cristo”. O envio de relíquias de santos para um templo que recebe este título é um costume da Igreja. É uma exigência da Igreja que os templos que recebem este título de Basílica tenham uma relíquia insigne, que tenha ligação direta com o santo e que seja reconhecida oficialmente pela Igreja. A relíquia de São Vicente foi exposta pela primeira vez em janeiro de 1910. O costume de venerar relíquias dos santos remete à tradição da Igreja Católica de preservar a memória de santos e mártires e data do início do cristianismo. As relíquias podem ser de fragmento do corpo ou objetos utilizados pelos santos.

Capela Menor no interior da Basílica Velha

Vitral na Capela Menor
Os púlpitos e as talhas ornamentadas foram esculpidos em bom cedro da Bahia, encomendados por Frei Monte Carmelo, bem como as seis imagens que se acham nos nichos da nave central. O belo órgão de tubo, que foi trazido da Alemanha, foi completamente restaurado e hoje é usado normalmente. O som de seus carrilhões emociona devotos e turistas sempre às 12 e às 18 horas. Na cornija do teto da Basílica Velha, estão gravados em telas pelo pintor alemão residente no Rio de Janeiro, Thomas Drindl, seis milagres: a pesca milagrosa, o milagre do escravo e da vela, da menina cega, do caçador agredido por uma grande onça, o menino salvo das águas do rio. A Imagem de Nossa Senhora Aparecida, encontrada no Rio Paraíba do Sul, ficou na Matriz Basílica até 1982, quando foi transferida em definitivo para a nova Basílica do Santuário Nacional. Hoje os visitantes podem ver e até tocar na réplica da imagem que está localizada atrás do altar principal. 

Vitral na Capela Menor
Na Trilha da Independência, em agosto de 1822, esteve presente nessa Basílica Velha, o Príncipe Regente Dom Pedro. Nestes 130 anos de acolhida aos devotos de Nossa Senhora Aparecida, a Basílica Velha foi destino de cinco Presidentes da República em exercício, que visitaram o local em ocasiões especiais, além da Princesa Isabel, da qual se tem dois registros históricos de sua visita. Na rua que dá acesso à Basílica Velha, há diversas feirinhas de artesanato, que vendem diversos produtos, desde imagens sacras a lembranças da cidade. São dezenas de lojinhas que ficam lado a lado em um “morro íngreme”. Muitas pessoas descem ladeira abaixo passando pelas lojas e seguindo rumo à Igreja de São Benedito, outro importante ponto turístico de Aparecida. Não deixe de visitar a Basílica Velha de Aparecida, um dos símbolos de fé e devoção na cidade. Você pode realizar esta visita no mesmo dia em que visitar o Santuário Nacional de Aparecida e chegar até lá pela Passarela da Fé.

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