Vienne é uma comuna no sudeste da França, situada no Dèpartement de Isère,
na região Auvergne-Rhône-Alpes, na confluência dos Rios Rhône e Gère.
É apenas a quarta maior cidade do Dèpartement de Isère. Seus habitantes
são chamados viennois, termo que
provém do antigo Condado de Vienne. Vienne é uma cidadezinha que
fica a 30 quilômetros de Lyon. Foi fundada pelos romanos no século !
a.C., e a cidade ainda respira essa história. A cidade é hoje um importante
sítio arqueológico, classificado como uma Cidade de Arte e História
(Ville d’Art et d’Histroire). Conta com 40 monumentos/sítios arqueológicos e
cinco museus. Vienne foi fundada como uma
aldeia céltica na margem esquerda do Rio
Rhône ao sul de Lyon e
chamava-se Allobroges. A cidade era chamada Viena Alóbrogo ou apenas
Viena durante o Período Romano.
 |
Vienne e o Rio Rhône |
A cidade propriamente dita
foi, porém, posteriormente fundada por Júlio César em 47 a.C. como uma colônia
romana, mas os Allobroges
conseguiram expulsá-los; os exilados fundaram então a Colônia de Lugdunum (hoje Lyon).
Foi para Vienne, no ano 7 d.C., que
o Imperador Augustus baniu o Rei Herodes Arquelau, para que a família herodiana
pudesse ter terras ali. Durante o início do Império, Vienne
recuperou todos os seus privilégios anteriores como uma colônia romana. Sob o
Imperador Augustus foi batizada “Colonia
Julia Augusta Florentia Vienna”. A capital provincial foi uma importante
sede inicial do Bispado, e diz a
lenda que o primeiro Bispo foi um discípulo de Paulo de Tarso. Já havia
cristãos na província no ano 177 quando as igrejas de Vienne e Lyon
endereçaram uma carta aos cristãos da Ásia
e da Frígia e mencionam o Diácono de Vienne (Eusébio de Cesaréia). No ano 257, Postumus foi
proclamado Imperador do Império Galo-Romano, que teve vida
curta. O primeiro Bispo histórico foi Verus, que esteve presente no Conselho de Arles em 314. Vienne foi um alvo durante o Período de Migração, foi tomado pelo Reino dos Borgonheses em 438, mas
retomado pelos romanos e mantido até 461.
 |
Hôtel de Ville |
Por volta de 450, os Bispos de Vienne tornaram-se
Arcebispos, vários dos quais desempenharam um importante papel cultural na
região. Os Arcebispos de Vienne e os
de Lyon disputavam o título de “Primaz de Todos os Gauleses” com base
nas datas de fundação das cidades em comparação com as datas de fundação dos
bispados. Em 534, os Francos
Merovingianos capturaram Vienne.
Foi então saqueada pelos lombardos em 558 e mais tarde pelos mouros em 737.
Quando o Rei da França dividiu a Borgonha em três partes em 843 pelo Tratado de Verdum, Vienne tornou-se parte da França.
Mais tarde Carlos II, o Calvo, Imperador
do Sacro Império Romano, cedeu Vienne ao Rei de Provence e em sua
morte em 887 foi sepultado na Cathédrale
de Saint Maurice. Em 933 tornou-se parte do Reino Borgonhês de Arles.
Em 1032 se reverteu ao Sacro Império
Romano, governada pelos Arcebispos
de Vienne. No Concílio de Vienne,
convocado em outubro de 1311, foi o 15º Conselho
Ecumênico da Igreja Católica Romana, o Papa Clemente V aboliu a Ordem dos Cavaleiros Templários por
instigação de Filipe IV da França. Em
1349, o delfim reinante vendeu seus direitos para a França, mas o Arcebispo ficou firme e Vienne não foi incluída nessa venda. Os arcebispos finalmente
entregaram seus poderes territoriais à França
em 1449. O Arcebispado de Vienne foi
suprimido em 1790 durante a Revolução
e terminado oficialmente 11 anos depois pela Concordata de 1801.
 |
Memorial de Guerra nas ruas de Vienne |
Hoje, a cidade é um
centro comercial e industrial regional especializado na indústria de alimentos.
O turismo é também uma parte importante da economia da cidade. Um conselho para
quem vai visitar Vienne: assim que
chegar vá até ao Office de Tourisme,
que fica perto da Estação de Trem e
bem ao lado do Rio Rhône. Lá tem o
mapa da cidade com todos os pontos importantes e eles também sugerem um caminho
a ser seguido que passa por quase todos os monumentos. O caminho é demarcado
por botões de metal presos ao chão, é bem simples e evita que os turistas se
percam. Vienne vale realmente uma visita. Entre os principais locais a
visitar são: o Teatro Romano, o Aqueduto, os Arcos do Fórum, o Templo Imperial d'Auguste et Livie, o Santuário
e o Complexo Monumental de Pipet (a
leste da cidade), a Pirâmide do Circo,
o Palais Miroir e o Sítio Arqueológico de Saint Romain em Gal.
Na margem do Rio Gère encontram-se
vestígios das muralhas da antiga cidade romana.
 |
Festival de Jazz de Vienne no Teatro Romano |
Um dos monumentos mais
marcantes da cidade é o Teatro Romano.
Ele pode abrigar até 13 mil pessoas e em junho acontece lá o Festival de Jazz de Vienne. O evento
mais importante da cidade. Como todo bom Teatro
Romano a acústica é incrível, e do último degrau é possível ver
praticamente toda a cidade de Vienne.
No antigo Fórum podem-se ver dois
enormes arcos, que estão localizados no canto do “Jardim Arqueológico de Cibele”. Os dois arcos foram construídos com
calcário especialmente transportado do Sul
da França. Este edifício foi
construído durante o reinado do Imperador Tibério.
 |
Festival de Jazz de Vienne |
 |
Temple d'Auguste et Livie |
Dois importantes
monumentos romanos ainda estão em Vienne.
Um deles é o antigo Templo Imperial d'Auguste
et Livie. Ele é datado do século I a.C. e foi o centro da cidade romana,
onde era exercida todas as funções civis, administrativas e religiosas. Este
belo Templo – quase completamente intacto – está localizado no centro da cidade
e está rodeado de três lados por colunas coríntias e não é permitido entrar no
local. Só é permitido olhar do lado de fora para preservar o espaço. Os
critérios de estilos seguidos na sua construção permitem uma datação bastante
precisa por volta dos anos 20 a 10 a.C. Naquela época o Templo foi
provavelmente dedicado ao Imperador. Posteriormente a fachada e dois terços da
parte oriental do edifício foram reconstruídos e desta vez o Templo foi dedicado
também à Lívia, esposa de Augustus, que morreu em 29 d.C. e foi deificada no
início do reinado de Claudius. Este edifício retangular deve sua sobrevivência,
como a Maison Carrée em Nîmes, aos Decretos Teodosianos e mais tarde re-dedicado como “Notre-Dame de Vie” (durante o Reinado Revolucionário do Terror foi
usado para a Festa da Razão local). O
outro é o Plano de l’Aiguille, uma
pirâmide truncada que repousa sobre o pórtico com quatro arcos, do Circo Romano. Muitas teorias populares
foram lançadas quanto à intenção original dessa estrutura; existe até uma lenda
de Pôncio Pilatos fazendo dela seu túmulo.
 |
Jazz no Temple d'Auguste et Livie |
 |
Cathèdrale de Saint Maurice |
A antiga Cathèdrale de Saint Maurice é uma
mistura dos estilos românico e gótico, foi construída entre 1052 a 1533. É uma
basílica, com três corredores e uma abside, mas sem ambulatório ou transeptos.
Têm 96 metros de comprimento, 36 metros de largura e 27 metros de altura. A
parte mais marcante é a fachada oeste, que se ergue majestosamente de um
terraço sobre o Rio Rhône. É mais
bonita fora do que do lado de dentro. Sua decoração escultural foi seriamente
danificada pelos protestantes em 1562 durante as Guerras Religiosas. É a igreja principal da cidade. A antiga Igreja Românica de São Pedro pertencia
a uma antiga abadia beneditina e foi reconstruída no século IX, com altos
pilares quadrados e duas faixas de janelas nos corredores altos e um notável
pórtico. É um dos edifícios cristãos mais antigos da França, datado do século V, na forma de uma basílica e tendo uma
nave grande e bem construída. Ela também possui uma bela torre românica e um
portal sul magnificamente esculpido contendo uma esplêndida Estátua de São Pedro. Hoje, o prédio
abriga um Museu Lapidar que abriga
uma Cabeça de Juno e a bela Estátua de Tutela, a divindade
protetora da cidade. A Igreja Românica
de Saint André-le-Bas era a igreja de um segundo mosteiro beneditino, e tornou-se
a capela dos primeiros Reis da Provence.
Foi reconstruída em 1152, no estilo românico posterior.
 |
Jazz pelas ruas de Vienne |
Para quem vai à Vienne vale à pena atravessar a ponte
do Rio Rhône e ir até Saint Romain en Gal que fica do outro
lado. Lá tem o Museu Arqueológico
Gallo-Romains, onde tem um sítio arqueológico de uma cidade romana datada
entre 100 a.C. e 300 d.C. Inclui restos de vários tipos de construção e tem a Casa dos Deuses do Oceano, um Templo
enorme. O mosaico que estava nesse Templo, agora está dentro do Museu, com
vários outros mosaicos bem interessantes da época. Nesta região são produzidos
os vinhos Condrieu e Côte Rôtie e que são muito degustados nos Bar Au Vin como acompanhamento dos
embutidos da região. Outra visita interessante é a Destilaria Le Colombier que criou e produz a aguardente de pera
Williams desde 1933.
Nenhum comentário:
Postar um comentário