quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Cruzeiro Rumo ao Prata - São Francisco do Sul

Casarões antigos em São Francisco do Sul
Depois de Punta Del Este no Uruguai, embarcamos de novo rumo a São Francisco do Sul, no Estado de Santa Catarina, já no Brasil, última parada de nosso Cruzeiro Rumo ao Prata. A vocação de São Francisco do Sul para as grandes navegações remonta há mais de 500 anos. As facilidades de navegação fazem da cidade o destino ideal para receber cruzeiros marítimos e seus milhares de visitantes. Na cidade, os turistas contam com estruturas exclusivas, como o Estacionamento Turístico e o Terminal Marítimo de Passageiros. Feiras de artesanato, passeios e apresentações culturais oferecidas a estes turistas tornam a experiência inesquecível. São Francisco do Sul, ou “São Chico”, como é carinhosamente chamada, tem o charme dos casarios em estilo colonial português, além de suas praias, da Mata Atlântica preservada e da Baía de Babitonga, que encantam os milhares de turistas que visitam este pedaço do paraíso todos os anos.

Centro Histórico de São Francisco do Sul

Casarões do Centro Histórico de
São Francisco do Sul
Em tempos distantes, na época das grandes navegações, período que compreendeu o fim do século XV até o fim do século XVII, os europeus exploraram intensivamente o Oceano Atlântico em busca de novas rotas de comércio, além do interesse pela conquista de novos territórios. A Ilha de São Francisco do Sul, durante muito tempo foi o local de passagem, onde navegadores abasteciam suas embarcações. Reduto de índios Carijós, que pertenciam à grande nação Tupi-Guarani, a Ilha de São Francisco do Sul recebeu os primeiros europeus em 1504. Curiosamente, foi uma frota francesa, liderada por Binot Paulmier de Gonneville, que aportou na cidade. Brancos e índios conviveram pacificamente durante meses, quando a expedição voltou à Europa. Içá-Mirim, filho do Cacique Arosca, foi mandado junto com os navegadores com o objetivo de aprender as artes das armas e retornar em seguida. O retorno não aconteceu e Içá-Mirim montou família na França, sendo o primeiro índio brasileiro a pisar no continente europeu. A teoria de que São Francisco do Sul foi descoberta pelos franceses nunca foi provada. 


Rua do comércio de São Francisco do Sul

Casarões do Centro Histórico
em São Francisco do Sul
São Francisco do Sul é a cidade mais antiga de Santa Catarina e a terceira cidade mais antiga do Brasil. Colonizada pelos portugueses, espanhóis e açorianos, sua primeira ocupação, foi feita temporariamente por espanhóis em 1553. A sede do município está localizada às margens da Baía de Babitonga, ao norte da Ilha de São Francisco do Sul a uma distância de 14 quilômetros da barra. No início do século XVII, Gabriel Lara, “Alcaide Mor, Capitão Mor, Povoador da Vila de Nossa Senhora do Rosário da Capitania de Paranaguá”, com portugueses e vicentistas, procedentes de Paranaguá, fundou a Vila de Nossa Senhora da Graça do Rio São FranciscoPortugal, já liberta do jugo espanhol, interessa-se pela colonização do sul do Brasil. Em, 1658, Manuel Lourenço de Andrade, acompanhado por casais portugueses e paulistas chegou a São Francisco, com plenos poderes, concedidos pelo Marquês de Cascais, para povoar a terra, repartindo-a entre a sua comitiva e os que fossem chegando. Já em 1660 foi elevada à categoria de Vila e tornou-se Paróquia, recebendo seu primeiro vigário, o Padre Manuel dos Santos.


Casario de São Francisco do Sul

Arquitetura de São Francisco do Sul
Inicialmente, a Vila de São Francisco pertencia à Ouvidoria de São Paulo, passando em 1723 à jurisdição da Ouvidoria de Paranaguá. Após a criação da Ouvidoria de Santa Catarina, em 1729, iniciou-se um impasse que persistiu até 1831. Por questão de limites, São Francisco continuava pertencendo à jurisdição da Ouvidoria de Paranaguá, embora o governo civil e militar fosse exercido pela Ouvidoria de Santa Catarina. Tal impasse foi solucionado somente no ano de 1831, quando o governo imperial, por solicitação do Vice-Presidente da Província, Nunes Pires, determinou a anexação da Vila de São Francisco à jurisdição de Santa Catarina.

Mercado de São Francisco do Sul

As cores fortes de São Francisco do Sul
A evolução da cidade exigia uma melhoria no meio de ligação entre a Ilha de São Francisco e o continente, uma vez que a ponte rotativa do Canal do Linguado apresentava problemas na estrutura. Após vários estudos, os diretores da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande mandaram alterar o Canal, iniciando-se as obras em abril de 1934. Cerca de 400 homens trabalharam durante os 18 meses de aterramento do Canal do Linguado (o que causou um grande impacto ambiental no escoamento da Baía da Babitonga e passagem dos animais marinhos pelo lugar), concluído finalmente em outubro de 1935. Juntamente com o aterramento do Canal, teve início à construção da Rodovia São Francisco-Joinville. Foram empregados 58.895 metros cúbicos de pedras britadas, extraídos do Morro do Linguado através de força muscular de centenas de trabalhadores e dos 6.005 quilos de dinamite explodidas no decorrer da construção do aterro.

Mercado de São Francisco do Sul

As Cariocas
Passeando pelo centro da cidade, é possível notar várias homenagens ao navegador francês. Já a colonização portuguesa está exposta no casario, nas antigas Cariocas que ainda jorram água potável (ao todo havia cinco, hoje existe apenas três. Uma que apresenta azulejos portugueses, uma em estilo colonial e outra que até hoje mantém sua construção original) e nas festas e tradições locais, as quais externam a religiosidade da população. O passado indígena está guardado no Sambaqui da Praia da Saudade. Prédios quase tão antigos quanto à cidade encontram-se distribuídos pelas ruas de São Francisco do Sul, criando um ar melancólico, trazendo saudades de um tempo que já passou e não volta, deslumbrando turistas que deixam transparecer a emoção em seus rostos ao desfrutarem da beleza visual da Ilha de São Francisco. Essas inúmeras casas e sobrados eram construídos com os materiais mais abundantes daquela época: pedras, areia, argamassa de conchas e óleo de baleia. Engenhosos frutos da soberba arquitetura colonial açoriana, que por muitas gerações tem sido o lar de tradicionais famílias francisquenses, tombados como patrimônios históricos, são um pequeno pedaço da história da colonização do sul do Brasil.

As Cariocas
São Francisco do Sul é um dos destinos turísticos mais visitados de Santa Catarina. A cidade respira história em seu conjunto urbanístico e arquitetônico, com mais de 400 imóveis tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). São casarões de distintas cores, justapostos uns aos outros, com grandes portas e janelas. Embora o menor país da Península Ibérica tenha predominância no processo migratório da cidade, destacam-se ainda influências espanhola, africana e francesa. O rico conjunto arquitetônico, adornado pela Baía de Babitonga, merece ser apreciado com calma, em passeios a pé. Um destino para quem busca tanto o agito quanto uma atmosfera calma interiorana. 

As Cariocas
A Baía de Babitonga é a maior baía navegável de Santa Catarina, composta por 24 ilhas em sua extensão. Possui um potencial náutico imensurável, já que além das belas paisagens e da rica fauna e flora, suas águas abrigam as embarcações de ventos fortes e tempestades. Na alta temporada, diariamente passeios de barco partem do trapiche central do Centro Histórico com destino a suas ilhas. No caminho ainda é possível avistar golfinhos que animam os grupos que são presenteados de alegria com suas aparições. Muitos estudiosos se dirigem até este espaço para estudar sua fauna que além de ser composta por diversos animais, muitos deles estão sujeitos à extinção, como é o caso dos golfinhos conhecidos como Toninha, além do boto cinza, os meros e os caranguejos-uçá. A natureza na Ilha de São Francisco é bem generosa, praias e baías exuberantes que convidam ao banho, surfe, pesca e passeios de barco.


Em direção ao Porto de São Francisco do Sul

Pôr do sol na Baía de Babitonga
São Francisco do Sul mantém um dos melhores e mais tradicionais carnavais do Estado de Santa Catarina, com programações que agradam aos mais diferentes gostos. O Baile Municipal, os desfiles das escolas de samba que abrilhantam as ruas do Centro Histórico, os blocos carnavalescos e as atrações nas praias reúnem milhares de pessoas em torno de um só objetivo: a alegria.

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