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Casarões antigos em São Francisco do Sul |
Depois de Punta
Del Este no Uruguai, embarcamos de novo rumo a São Francisco do
Sul, no Estado de Santa Catarina, já no Brasil, última
parada de nosso Cruzeiro Rumo ao Prata. A
vocação de São Francisco do Sul para
as grandes navegações remonta há mais de 500 anos. As facilidades de navegação
fazem da cidade o destino ideal para receber cruzeiros marítimos e seus
milhares de visitantes. Na cidade, os turistas contam com estruturas exclusivas,
como o Estacionamento Turístico e o Terminal Marítimo de Passageiros.
Feiras de artesanato, passeios e apresentações culturais oferecidas a estes
turistas tornam a experiência inesquecível. São Francisco do Sul, ou “São
Chico”, como é carinhosamente chamada, tem o charme dos casarios em estilo
colonial português, além de suas praias, da Mata Atlântica preservada e
da Baía de Babitonga, que encantam os milhares de turistas que visitam
este pedaço do paraíso todos os anos.
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Centro Histórico de São Francisco do Sul |
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Casarões do Centro Histórico de São Francisco do Sul |
Em tempos
distantes, na época das grandes navegações, período que compreendeu o fim do
século XV até o fim do século XVII, os europeus exploraram intensivamente o Oceano
Atlântico em busca de novas rotas de comércio, além do interesse pela
conquista de novos territórios. A Ilha de São Francisco do Sul, durante
muito tempo foi o local de passagem, onde navegadores abasteciam suas
embarcações. Reduto de índios Carijós, que pertenciam
à grande nação Tupi-Guarani, a Ilha de
São Francisco do Sul recebeu os primeiros europeus em 1504. Curiosamente,
foi uma frota francesa, liderada por Binot Paulmier de Gonneville, que aportou na
cidade. Brancos e índios conviveram pacificamente durante meses, quando a
expedição voltou à Europa.
Içá-Mirim, filho do Cacique Arosca, foi mandado junto com os navegadores com o
objetivo de aprender as artes das armas e retornar em seguida. O retorno não
aconteceu e Içá-Mirim montou família na França,
sendo o primeiro índio brasileiro a pisar no continente europeu. A teoria de que São Francisco do Sul foi descoberta
pelos franceses nunca foi provada.
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Rua do comércio de São Francisco do Sul |
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Casarões do Centro Histórico em São Francisco do Sul
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São Francisco do Sul é a cidade mais antiga de Santa Catarina e a
terceira cidade mais antiga do Brasil. Colonizada pelos portugueses,
espanhóis e açorianos, sua primeira ocupação, foi feita temporariamente por
espanhóis em 1553. A sede do município está localizada às margens da Baía de
Babitonga, ao norte da Ilha de São Francisco do Sul a uma
distância de 14 quilômetros da barra. No início do século XVII, Gabriel Lara, “Alcaide
Mor, Capitão Mor, Povoador da Vila de Nossa Senhora do Rosário da
Capitania de Paranaguá”, com portugueses e vicentistas, procedentes de Paranaguá,
fundou a Vila de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco. Portugal, já liberta do jugo espanhol,
interessa-se pela colonização do sul do Brasil. Em, 1658, Manuel Lourenço de Andrade, acompanhado por casais
portugueses e paulistas chegou a São Francisco,
com plenos poderes, concedidos pelo Marquês
de Cascais, para povoar a terra, repartindo-a entre a sua comitiva e os que
fossem chegando. Já em 1660 foi elevada à categoria de Vila e tornou-se
Paróquia, recebendo seu primeiro vigário, o Padre Manuel dos Santos.
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Casario de São Francisco do Sul |
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Arquitetura de São Francisco do Sul |
Inicialmente, a Vila de São Francisco pertencia à Ouvidoria de São Paulo, passando em
1723 à jurisdição da Ouvidoria de
Paranaguá. Após a criação da Ouvidoria
de Santa Catarina, em 1729, iniciou-se um impasse que persistiu até 1831.
Por questão de limites, São Francisco
continuava pertencendo à jurisdição da Ouvidoria
de Paranaguá, embora o governo civil e militar fosse exercido pela Ouvidoria de Santa Catarina. Tal
impasse foi solucionado somente no ano de 1831, quando o governo imperial, por
solicitação do Vice-Presidente da
Província, Nunes Pires, determinou a anexação da Vila de São Francisco à jurisdição de Santa Catarina.
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Mercado de São Francisco do Sul |
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As cores fortes de São Francisco do Sul |
A evolução da cidade
exigia uma melhoria no meio de ligação entre a Ilha de São Francisco e o continente, uma vez que a ponte rotativa
do Canal do Linguado apresentava
problemas na estrutura. Após vários estudos, os diretores da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande
mandaram alterar o Canal, iniciando-se as obras em abril de 1934. Cerca de 400
homens trabalharam durante os 18 meses de aterramento do Canal do Linguado (o que causou um grande impacto ambiental no
escoamento da Baía da Babitonga e
passagem dos animais marinhos pelo lugar), concluído finalmente em outubro de
1935. Juntamente com o aterramento do Canal, teve início à construção da Rodovia São Francisco-Joinville. Foram
empregados 58.895 metros cúbicos de pedras britadas, extraídos do Morro do Linguado através de força
muscular de centenas de trabalhadores e dos 6.005 quilos de dinamite explodidas
no decorrer da construção do aterro.
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Mercado de São Francisco do Sul |
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As Cariocas |
Passeando pelo centro da cidade, é possível notar
várias homenagens ao navegador francês. Já a colonização portuguesa está
exposta no casario, nas antigas Cariocas
que ainda jorram água potável (ao todo havia cinco, hoje existe apenas três.
Uma que apresenta azulejos portugueses, uma em estilo colonial e outra que até
hoje mantém sua construção original) e nas festas e tradições locais, as quais
externam a religiosidade da população. O passado indígena está guardado no Sambaqui da Praia da Saudade. Prédios quase tão antigos quanto à cidade encontram-se distribuídos
pelas ruas de São Francisco do Sul,
criando um ar melancólico, trazendo saudades de um tempo que já passou e não
volta, deslumbrando turistas que deixam transparecer a emoção em seus rostos ao
desfrutarem da beleza visual da Ilha de
São Francisco. Essas inúmeras casas e sobrados eram construídos com os
materiais mais abundantes daquela época: pedras, areia, argamassa de conchas e óleo de baleia. Engenhosos frutos da
soberba arquitetura colonial açoriana, que por muitas gerações tem sido o lar
de tradicionais famílias francisquenses, tombados como patrimônios históricos, são um pequeno
pedaço da história da colonização do sul do Brasil.
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As Cariocas |
São Francisco do Sul é um dos
destinos turísticos mais visitados de Santa Catarina. A cidade respira história em seu conjunto urbanístico e
arquitetônico, com mais de 400 imóveis tombados pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN). São casarões de
distintas cores, justapostos uns aos outros, com grandes portas e janelas.
Embora o menor país da Península Ibérica tenha predominância no processo migratório da cidade, destacam-se
ainda influências espanhola, africana e francesa. O
rico conjunto arquitetônico, adornado pela Baía de Babitonga, merece ser
apreciado com calma, em passeios a pé. Um destino para
quem busca tanto o agito quanto uma atmosfera calma interiorana.
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As Cariocas |
A Baía de Babitonga é a maior baía navegável de Santa Catarina, composta por 24 ilhas em sua extensão. Possui um
potencial náutico imensurável, já que além das belas paisagens e da rica fauna
e flora, suas águas abrigam as embarcações de ventos fortes e tempestades. Na
alta temporada, diariamente passeios de barco partem do trapiche central do Centro Histórico com destino a suas
ilhas. No caminho ainda é possível avistar golfinhos que animam os grupos que
são presenteados de alegria com suas aparições. Muitos estudiosos se dirigem
até este espaço para estudar sua fauna que além de ser composta por diversos
animais, muitos deles estão sujeitos à extinção, como é o caso dos golfinhos
conhecidos como Toninha, além do boto cinza, os meros e os caranguejos-uçá. A
natureza na Ilha de São Francisco é
bem generosa, praias e baías exuberantes que convidam ao banho, surfe, pesca e
passeios de barco.
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Em direção ao Porto de São Francisco do Sul |
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Pôr do sol na Baía de Babitonga |
São Francisco do Sul mantém um
dos melhores e mais tradicionais carnavais do Estado de Santa Catarina,
com programações que agradam aos mais diferentes gostos. O Baile Municipal, os desfiles das escolas de samba que abrilhantam
as ruas do Centro Histórico, os
blocos carnavalescos e as atrações nas praias reúnem milhares de pessoas em
torno de um só objetivo: a alegria.
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