quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Genebra - Cathèdrale Saint Pierre

Cathèdrale Saint Pierre

A principal atração da Vieille Ville é impossível de ser ignorada, a Cathèdrale de Saint Pierre que domina a paisagem da cidade seja lá qual ângulo você olhar. É a mais antiga, tradicional e bonita da cidade e onde se tem uma vista panorâmica com o Lago e os Alpes. A Catedral tem origem no século IV e era chamada Saint-Pierre-ès-liens, em referência à Basílica de São Pedro de Roma, integrada num conjunto que compreendia também o Batistério. A Catedral dos anos 1000 ocupa um papel cada vez mais importante junto dos genebrinos e é o centro da vida de uma cidade que ocupa um lugar extremamente estratégico ao nível do comércio e militar, como prova o fato do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico Conrado II ir até ela sagrar-se Rei da Borgonha.

Torres da Catedral de Genebra
O atual edifício da Catedral foi levantado em sua maior parte entre 1150 e 1250, num estilo de transição entre o românico e o gótico. No interior, os capitéis das colunas da igreja perfazem o maior conjunto em estilo românico e gótico da Suíça, bem como vitrais idênticos aos exemplares do Renascimento encontrados no Musée d’Art et d’Histoire datado do século XIX. Do lado de fora, as modificações mais visíveis e importantes foram a construção da Torre Sul, a adição do portal e da Capela, a construção de um anexo em estilo gótico, a reconstrução da Torre Norte e a instalação do moderno campanário, em 1895. No século XVIII, com a queda de uma parte da estrutura, foi decidido substituir a fachada neoclássica por uma romanesca. De forma geral, o resultado é uma confusão de estilos: uma igreja romanesca com colunas neoclássicas, duas torres que não são idênticas e um campanário moderno se erguendo sobre a estrutura. Tente diferenciá-los enquanto admira a parte externa da Igreja.


Torres da Catedral de Genebra
Com a chegada da Reforma Protestante, o destino da Catedral muda radicalmente. Assim, em agosto de 1535, Guillaume Farel, indo de encontro à ordem dos magistrados, vai até lá pregar a Reforma a uma multidão imensa. Originalmente a Catedral era católica, e apesar de hoje em dia ainda operar como templo religioso cristão, a Cathèdrale de Saint Pierre tem uma importância muito maior – e no melhor estilo suíço de ser, a Igreja tem uma postura neutra, com um Museu da Reforma Religiosa, relembrando o papel da Suíça em apaziguar os conflitos religiosos da fé cristã no século XVI. Construída para o ritual católico, a Reforma com sua filosofia de austeridade modifica profundamente o interior do edifício, esvaziando-o dos ornamentos e tapando as decorações coloridas da Idade Média, salvando-se, porém os vitrais. Uma famosa pintura da Igreja, uma obra de Konrad Witz (1444) com uma representação da Baía de Genebra, como cenário da pesca milagrosa com Cristo e São Pedro, encontra-se atualmente depositado no Museu de Arte e História de Genebra. Os bancos de madeira, datados de século XV, sobreviveram à limpa feita pelos protestantes porque estavam em outra igreja naquele momento, a Chapelle des Florentins. Outros móveis também ficaram porque o custo para repô-los seria muito alto. A atual fachada neoclássica de meados do século XVIII substitui a precedente em estilo gótico.

Cathèdrale Saint Pierre

Entrada lateral da Catedral de Genebra
Em contraste com o visual simples da nave principal, há a deslumbrante Chapelle des Macchabées. O projeto começou em 1397, com os trabalhos tendo sido iniciados anos depois e concluídos em 1411. Jean Cardinal de Brogny foi o responsável pelo financiamento e desenho da Capela, que tinha como objetivo servir como última morada para ele e sua família. A tumba acabou por desaparecer e, provavelmente, ficava instalada no local onde hoje está o órgão da Capela. Construída em estilo gótico, após a Reforma a Capela foi transformada em depósito e, entre os séculos XVII e XIX, virou salas de aula. Depois de voltar a seus propósitos religiosos, o edifício passou por uma grande renovação a partir de 1878 com objetivo de trazer de volta as suas características originais. O órgão da Catedral foi construído em 1965 e a composição sonora inspira-se de órgãos norte-alemães do fim do século XVII e é de estilo neobarroco. A firma responsável pelo projeto foi a Metzler et Fils, de Dietikon, na Suíça. Já o desenho da caixa do órgão ficou sob a responsabilidade de Poul-Gerhard Andersen, de Copenhagen, na Dinamarca. A cadeira usada por João Calvino está exposta na Igreja, que tem visitação gratuita. Em 2009 a Catedral foi inscrita na lista de honra do Patrimônio Europeu.

Vitrais da Cathèdrale Saint Pierre

Os arcos da Catedral de Genebra
Um dos passeios complementares é a visita ao Site Archéologique de la Cathèdrale, proveniente das escavações realizadas entre 1976 e 2006. Iniciados na Chapelle des Macchabées, os trabalhos se expandiram para um vasto programa de pesquisa dentro e ao redor da Catedral, revelando informações do surgimento da cidade e seu desenvolvimento urbano ao longo de séculos. Quem quiser pode ainda desembolsar alguns Francos Suíços para subir as torres da Catedral, com vista para o Lago (aliás, tudo se paga na Europa), são 157 degraus que levam ao cimo da Torre Norte. Você pode adquirir o bilhete apenas para a Torre ou escolher o Espace Saint-Pierre, que inclui esse passeio, o Sítio Arqueológico e o Musée de la Réforme. Com o tíquete em mãos, basta se dirigir até a catraca, ler o código de barras e iniciar a escalada por uma escada em espiral. Eventualmente, você chegará a um piso onde terá a opção de seguir para Tour Sud ou para a Tour Nord. Na Torre Sul podem ser vistos cinco sinos de diferentes datas, pesos, diâmetros e notas, chamados: Accord, Collavine, Espérance, Eveil e Rappel. Os sinos tiveram um papel importante na sociedade, pois serviam não apenas para chamar os fiéis para a celebração dos cultos, mas também para convocar o Conselho Geral da cidade, emitir alertas para a proteção da cidade e outras funções.

Coro da Cathèdrale Saint Pierre
Subindo mais um pouquinho nessa mesma Torre, chega-se a um espaço que funcionou como Salle du Guet (Quarto de Vigia) entre 1527 e 1911 e como Poste d’Observation (Posto de Observação) entre 1939 e 1945. Trata-se de uma ampla sala com piso e móveis de madeira e pequenas janelas de onde se pode ter uma vista da cidade. Algumas curiosidades são a presença de um vaso sanitário em um dos cantos e um sinalizador que avisa ao visitante quando ele deve esperar porque está subindo outra pessoa (sinal vermelho) e quando o caminho está liberado para a descida (sinal verde). Já na Torre Norte o destaque fica para a vista proporcionada. Como você pode caminhar na parte externa, não há restrições de ver as coisas através de pequenas janelas ou por trás de grades. É possível dar uma volta e observar as montanhas ao fundo, os prédios que compõem o Centro Histórico, a parte mais moderna da cidade e a arquitetura da própria Catedral. Pode ser que as pessoas com medo de altura sintam alguma vertigem porque a mureta não é muito alta. Essa visão superior permite observar detalhes da Catedral que não seriam possíveis da rua, como o formato arredondado das telhas, os arcos e as torres, as pequenas janelas destinadas a permitir a entrada de luz sem comprometer a segurança, os trabalhos nas pedras e outras coisas. Também é possível ver de perto a grande estrutura verde, cheia de detalhes pitorescos, que fica entre as Torres Norte e Sul.

Coro da Cathèdrale Saint Pierre
Dali também se tem uma boa vista do Lac Léman. Observe como se destaca na paisagem o Jet d’Eau, bem próximo ao porto. É importante se programar porque a última entrada deve ser feita 30 minutos antes do horário de fechamento, mas recomendo ir com mais tempo para não fazer nada com pressa. São muitos degraus e é natural que você queira dar uma paradinha no meio da subida para recuperar o fôlego. Além disso, as Torres são diferentes, então vale a pena passar nas duas antes de descer para o saguão principal da Igreja e dar o passeio pela Catedral por encerrado.

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