quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos

Mosteiro dos Jerónimos
Junto à zona ribeirinha do Tejo, encontra-se a Freguesia de Belém, representante da cidade da época dos descobrimentos, quando grandes exploradores portugueses partiram em viagem ao redor do mundo. Durante este período, as riquezas do império abundavam e resultaram em alguns dos maiores monumentos já construídos na cidade. Belém é o melhor lugar para mergulhar na grandeza da realeza, com palácios, casas tradicionais e alguns dos melhores museus de Lisboa. Podem-se ver nesta zona duas construções classificadas pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade: o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Comece pelo Mosteiro dos Jerónimos, que data do início do século XVI. Este belo monastério exibe o melhor do estilo arquitetônico Manuelino, que combina elementos arquitetônicos góticos e renascentistas, com uma simbologia real e naturalista, que o tornam único, mas como a maioria dos pontos turísticos de Belém, fecha para visitação às segundas-feiras. O Mosteiro dos Jerónimos ou Real Mosteiro de Santa Maria de Belém encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1907 e, em 1983, foi classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, juntamente com a Torre de Belém. Em julho de 2007 foi eleito como uma das Sete Maravilhas de Portugal. Tem, desde 2016, o estatuto de Panteão Nacional.

Mosteiro dos Jerónimos

Portal Sul do Mosteiro dos Jerónimos

Portal Sul do
Mosteiro dos Jerónimos
Em 1496 Dom Manuel I pediu à Santa Sé autorização para construir um grande Mosteiro à entrada de Lisboa, perto das margens do Rio Tejo. A dedicação do Mosteiro à Virgem de Belém foi outro fator que influenciou a decisão régia. O Mosteiro dos Jerónimos veio a substituir a igreja que invocava Santa Maria de Belém, onde os monges da Ordem de Cristo davam assistência aos muitos marinheiros que por ali passavam. Por esta razão, Dom Manuel I escolheu os monges da Ordem de São Jerônimo, cujas funções eram rezar pela alma do rei e dar apoio espiritual aos que partiram da Praia do Restelo à descoberta de novas terras. As obras começaram em 1501 para comemorar o sucesso da viagem de Vasco da Gama às Índias, mas ficaram prontas somente no século seguinte. O Mosteiro custou o equivalente a 70 quilos de ouro por ano, suportados pelo comércio de especiarias. Por ter sido construído nos bancos de areia do Rio Tejo, a estrutura do Mosteiro não sofreu muitos danos com o terremoto de 1755.


Nave da Igreja de Santa Maria de Belém

Nave da Igreja de Santa Maria de Belém
É um monumento absolutamente fantástico e permite quer uma visita ao interior da Igreja de Santa Maria de Belém como também uma visita aos claustros do Mosteiro. É possível visitá-la tanto pela porta principal quanto por seu mezanino, de onde se pode observá-la do alto. Os detalhes da arquitetura do prédio são impressionantes, e seu tamanho e imponência vão-te deixar de boca aberta. Foi construído em calcário extraído de pedreiras não muito distantes do local de implantação. A Igreja apresenta uma planta em cruz latina, composta por três naves à mesma altura, coberta por uma extensa abóbada polinervada suportada por seis pilares. A Igreja, que é o ponto central do passeio, é uma das igrejas-salão mais importantes da Europa. Essa denominação de igreja-salão se dá a edifícios religiosos que possuem o teto com a mesma altura em todos os seus planos. A abóbada do cruzeiro cobre, sem apoios intermédios, uma largura de 30 metros, representando "a realização mais acabada da ambição tardo medieval de cobrir o maior vão possível com o mínimo de suportes". A profusão de ornatos atinge o seu auge neste vasto espaço. Na capela à esquerda do transepto está o túmulo do Cardeal-Rei Dom Henrique e os dos filhos de Dom Manuel I; na que se situa à direita encontra-se o túmulo de Dom Sebastião e dos descendentes de Dom João III. A igreja acolhe também os túmulos de Camões e Vasco da Gama.

Detalhes do teto da Igreja de Santa Maria de Belém

Capela Mor da Igreja de Santa Maria de Belém
A Capela-mor inicial, de Diogo Boitaca, foi demolida e substituída por outra, mandada construir em 1571, por Dona Catarina, mulher de Dom João III. Foi traçada por Jerônimo de Ruão, que aqui introduziu o estilo maneirista, estabelecendo um forte contraste com o corpo manuelino da Igreja. Nas arcadas abertas entre os pares de colunas laterais estão situados os túmulos de Dom Manuel I e de sua mulher, Dona Maria, de Dom João III e Dona Catarina. No Altar-mor encontra-se um retábulo do pintor Lourenço de Salzedo com cenas da Paixão de Cristo e a Adoração dos Magos. Anterior a 1551, o coro alto destinou-se, entre outras, às atividades fundamentais dos monges da Ordem de São Jerônimo (orações, cânticos e ofícios religiosos), visto a Sala do Capítulo ter permanecido inacabada até ao século XIX. O cadeiral monástico que ocupa o espaço a poente, foi projetado por Diogo de Torralva e executado por Diogo de Sarça (Diego de La Zarza) entre 1548 e 1550. Sobre a balaustrada ergue-se um 'Cristo Crucificado' (1550) do escultor Philippe de Vries (Filipe Brias). O conjunto de pinturas representando os apóstolos é de autor desconhecido. Anexa à Igreja destaca-se a ampla sala da sacristia, cuja abóbada irradia de uma coluna central. O mobiliário inclui um arcaz de madeira do século XVI, presumivelmente da traça de Jerônimo de Ruão, onde se conservam paramentos e alfaias litúrgicas. Sobre o espaldar dispõem-se 14 pinturas a óleo representando cenas da vida de São Jerônimo.

Capela Mor da Igreja de Santa Maria de Belém

Um dos altares laterais da Igreja
No Mosteiro dos Jerónimos devem destacar-se, pelo seu valor artístico e iconográfico, os "depoimentos fundamentais" que são os seus portais, orientados a sul e a poente (este último também é comumente denominado Portal Axial, por se localizar no eixo de simetria do edifício, em frente ao Altar-mor). Os dois portais devem ser lidos em conjunto "como um díptico esculpido à glória de Dom Manuel I". Construído ao longo de dois anos o Portal Sul é uma das peças mais ricas da arquitetura portuguesa do gótico tardio. A sua estrutura atinge os 32 metros de altura e mais de 12 metros de largura, apresentando-se como uma verdadeira «porta da cristandade» de características triunfais. Dos dois, este é o Portal mais complexo do ponto de vista iconográfico, contando com um total de 40 figuras, 38 alusivas à História Sagrada, uma à História de Portugal, além das armas nacionais, no baixo-relevo central da parte superior do tímpano. Na base do portal dispõem-se os 12 apóstolos; nos botaréus, os que vaticinaram o nascimento de Cristo (sibilas e profetas); ao centro, a Virgem com o Menino; a coroar o conjunto, quatro Padres ou Doutores da Igreja e, no topo, São Miguel, o Anjo Custódio do Reino. Mais abaixo, em posição central entre as duas portas de entrada, a Estátua do Infante Dom Henrique, antepassado do Rei Dom Manuel (laço de parentesco entre Dom Manuel e a Casa de Avis). Nos tímpanos figuram duas cenas da vida de São Jerônimo.

Capela lateral da Igreja de Santa Maria de Belém

Detalhes do Altar da Capela Mor
Embora em menor escala do que o Portal Sul, esta é a porta principal do Mosteiro dos Jerónimos, ocupando a posição fronteira ao Altar-mor. A zona superior do portal é ocupada por três nichos com cenas do nascimento de Cristo: Anunciação, Natividade e Adoração dos Magos. Nas zonas laterais destacam-se, entre representações de santos e figuras do apostolado, as estátuas orantes dos reis fundadores, com suas receptivas insígnias e seus santos patronos: do lado esquerdo Dom Manuel I e São Jerônimo; do lado direito, a rainha Dona Maria e São João Batista.

Túmulo de Vasco da Gama
O Claustro dos Jerónimos é o primeiro no seu gênero em Portugal, possuindo dois andares abobadados e uma planta quadrada, de cantos cortados, formando um octógono virtual. É considerado uma obra-prima da arquitetura mundial e constitui um depoimento estético de extraordinária beleza, cuja harmonia resultou da habilidade e delicadeza dos mestres que, em três campanhas sucessivas, se dedicaram à sua construção. O Claustro faz uma síntese de gêneros e estilos diversos, refletindo uma interpretação eficaz dos princípios do gótico tardio, do renascimento experimental, de caráter decorativo, e do renascimento maduro ou alto renascimento. Conjugando símbolos religiosos (entre os quais elementos da Paixão de Cristo), régios (escudo régio, esfera armilar, cruz da Ordem Militar de Cristo) e elementos naturalistas (cordas e motivos vegetais que coabitam com um imaginário ainda medieval, de animais fantásticos), a riqueza iconográfica dos elementos decorativos é notável. São raros os edifícios europeus desse tempo com uma carga decorativa tão rica e densa de significado. Na ala norte do Claustro inferior encontra-se o túmulo de Fernando Pessoa.

Museu Nacional de Arqueologia

Museu Nacional de Arqueologia
Para ocupar o Mosteiro foram escolhidos os monges da Ordem de São Jerônimo (daí a designação Mosteiro dos Jerónimos), comunidade religiosa que habitou nestes espaços até à extinção das ordens religiosas ocorrida no século XIX (1834). O Mosteiro foi então entregue a Real Casa Pia de Lisboa (instituição destinada ao acolhimento e educação de órfãos e à recuperação de mendigos e desfavorecidos e que ocuparia os espaços do Claustro até 1940); a Igreja passou a servir de Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria de Belém. Em todo este processo perdeu-se grande parte do valioso recheio do Mosteiro. O Mosteiro tem várias partes distintas, como um belo jardim, uma igreja e inúmeros salões.

Jardins do Mosteiro dos Jerónimos

Jardins do Mosteiro dos Jerónimos
As áreas do Mosteiro disponíveis para a circulação são seus enormes e lindos pátios, de onde é possível vislumbrar suas varandas compridas e altamente decoradas. Até mesmo o teto dessas varandas é lindamente adornado. Ao fim da visita, algumas salas foram disponibilizadas para compor uma linha do tempo das descobertas portuguesas juntamente com as linhagens de reis do país. E eis que lá reconhecemos rostos familiares com os de Dom Pedro I (Pedro IV em Portugal) e sua segunda esposa, Amélia.


Jardins do Mosteiro dos Jerónimos

Jardins da Praça do Império
O Museu Nacional de Arqueologia situa-se junto ao Planetário em Belém e faz parte do Mosteiro dos Jerónimos desde 1903. Ao longo da sua história, o Museu reuniu uma notável coleção dividida por uma variedade de centros de exposição dedicados à arqueologia, etnografia, numismática, epigrafia latina e pré-latina, escultura etc. Na Sala do Tesouro, os visitantes podem apreciar uma das mais importantes coleções de joalheria e a exposição das Antiguidades Egípcias revela-lhe os mistérios dos sarcófagos e das múmias... Ou talvez não. Após terminar a visita, siga para a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos, na margem do Rio Tejo, facilmente acessível através de uma passagem subterrânea, localizada na praça que fica de frente para o Mosteiro.

Esculturas nos Jardins da Praça do Império

Chafariz na Praça do Império

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