Mosteiro dos Jerónimos |
Junto
à zona ribeirinha do Tejo,
encontra-se a Freguesia de Belém, representante da cidade da
época dos descobrimentos, quando grandes
exploradores portugueses partiram em viagem ao redor do mundo. Durante este
período, as riquezas do império abundavam e resultaram em alguns dos maiores
monumentos já construídos na cidade. Belém
é o melhor lugar para mergulhar na grandeza da realeza, com palácios, casas
tradicionais e alguns dos melhores museus de Lisboa. Podem-se ver nesta zona duas construções classificadas pela
UNESCO como Patrimônio da Humanidade: o Mosteiro
dos Jerónimos e a Torre de Belém.
Comece pelo Mosteiro dos Jerónimos, que data do início do século XVI.
Este belo monastério exibe o melhor do estilo arquitetônico Manuelino, que
combina elementos arquitetônicos góticos e renascentistas, com uma simbologia
real e naturalista, que o tornam único, mas como a maioria dos pontos
turísticos de Belém, fecha para
visitação às segundas-feiras. O Mosteiro
dos Jerónimos ou Real Mosteiro de
Santa Maria de Belém encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1907 e, em 1983, foi classificado
como Patrimônio
Mundial pela UNESCO, juntamente com a Torre de Belém. Em julho de 2007 foi eleito como uma das Sete Maravilhas de Portugal. Tem, desde
2016, o estatuto de Panteão
Nacional.
Mosteiro dos Jerónimos |
Portal Sul do Mosteiro dos Jerónimos |
Portal Sul do Mosteiro dos Jerónimos |
Em
1496 Dom Manuel I pediu à Santa Sé
autorização para construir um grande Mosteiro à entrada de Lisboa, perto das margens do Rio
Tejo. A dedicação do Mosteiro à Virgem de Belém foi outro fator que influenciou a decisão régia. O Mosteiro dos Jerónimos veio a
substituir a igreja que invocava Santa Maria de Belém, onde os monges da Ordem
de Cristo davam assistência aos muitos marinheiros que por ali passavam.
Por esta razão, Dom Manuel I escolheu os monges da Ordem de São Jerônimo, cujas funções eram rezar pela alma do rei e
dar apoio espiritual aos que partiram da Praia
do Restelo à descoberta de novas terras. As obras começaram em 1501 para
comemorar o sucesso da viagem de Vasco da Gama
às Índias, mas ficaram prontas
somente no século seguinte. O
Mosteiro custou o equivalente a 70 quilos de ouro por ano, suportados pelo
comércio de especiarias. Por ter sido construído nos bancos de areia do Rio Tejo, a estrutura do Mosteiro não sofreu
muitos danos com o terremoto de 1755.
Nave da Igreja de Santa Maria de Belém
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Nave da Igreja de Santa Maria de Belém |
É um monumento absolutamente
fantástico e permite quer uma visita ao interior da Igreja de Santa Maria de Belém como também uma visita aos claustros
do Mosteiro. É possível visitá-la tanto pela porta
principal quanto por seu mezanino, de onde se pode observá-la do alto. Os detalhes da arquitetura do prédio
são impressionantes, e seu tamanho e imponência vão-te deixar de boca aberta.
Foi construído em calcário extraído de pedreiras não muito distantes do local
de implantação. A Igreja apresenta uma planta em cruz latina, composta
por três naves à mesma altura, coberta por uma extensa abóbada polinervada
suportada por seis pilares. A Igreja, que é o ponto central do passeio, é uma
das igrejas-salão mais importantes da Europa.
Essa denominação de igreja-salão se dá a edifícios religiosos que possuem o
teto com a mesma altura em todos os seus planos. A abóbada do cruzeiro cobre, sem apoios intermédios, uma
largura de 30 metros, representando "a
realização mais acabada da ambição tardo medieval de cobrir o maior vão
possível com o mínimo de suportes". A profusão de ornatos atinge o seu
auge neste vasto espaço. Na capela à esquerda do transepto está o túmulo do Cardeal-Rei Dom Henrique e os dos filhos de Dom Manuel I; na
que se situa à direita encontra-se o túmulo de Dom Sebastião e dos descendentes de Dom João III. A igreja acolhe também
os túmulos de Camões e Vasco da Gama.
Detalhes do teto da Igreja de Santa Maria de Belém |
Capela Mor da Igreja de Santa Maria de Belém |
A Capela-mor inicial, de Diogo Boitaca, foi demolida e substituída
por outra, mandada construir em 1571, por Dona
Catarina, mulher de Dom João III. Foi traçada por Jerônimo de Ruão, que aqui
introduziu o estilo maneirista,
estabelecendo um forte contraste com o corpo manuelino da Igreja. Nas arcadas
abertas entre os pares de colunas laterais estão situados os túmulos de Dom Manuel I e de sua mulher, Dona Maria, de Dom João III e Dona
Catarina. No Altar-mor encontra-se
um retábulo do pintor Lourenço de Salzedo com cenas da Paixão de Cristo e a Adoração
dos Magos. Anterior a 1551, o coro alto
destinou-se, entre outras, às atividades fundamentais dos monges da Ordem de São Jerônimo (orações,
cânticos e ofícios religiosos), visto a Sala
do Capítulo ter permanecido inacabada até ao século XIX. O cadeiral
monástico que ocupa o espaço a poente, foi projetado por Diogo de Torralva e
executado por Diogo de Sarça (Diego de La Zarza) entre 1548 e 1550. Sobre a
balaustrada ergue-se um 'Cristo
Crucificado' (1550) do escultor Philippe de Vries (Filipe Brias). O
conjunto de pinturas representando os apóstolos é de autor desconhecido. Anexa
à Igreja destaca-se a ampla sala da sacristia,
cuja abóbada irradia de uma coluna central. O mobiliário inclui um arcaz de
madeira do século XVI, presumivelmente da traça de Jerônimo de Ruão, onde se
conservam paramentos e alfaias litúrgicas. Sobre o espaldar dispõem-se 14
pinturas a óleo representando cenas da vida de São Jerônimo.
Capela Mor da Igreja de Santa Maria de Belém
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Um dos altares laterais da Igreja |
No Mosteiro dos Jerónimos devem destacar-se, pelo seu valor artístico
e iconográfico, os "depoimentos fundamentais" que são os seus
portais, orientados a sul e a poente (este último também é comumente denominado
Portal Axial, por se localizar no
eixo de simetria do edifício, em frente ao Altar-mor). Os dois portais devem ser lidos em
conjunto "como um díptico esculpido
à glória de Dom Manuel I". Construído ao longo de dois anos o Portal Sul é uma das peças mais ricas
da arquitetura portuguesa do gótico tardio. A sua estrutura atinge os 32 metros
de altura e mais de 12 metros de largura, apresentando-se como uma verdadeira
«porta da cristandade» de características triunfais. Dos dois, este é o Portal mais
complexo do ponto de vista iconográfico, contando com um total de 40 figuras, 38
alusivas à História Sagrada, uma à História de Portugal, além das armas nacionais, no baixo-relevo central da
parte superior do tímpano. Na base do portal dispõem-se os 12 apóstolos; nos
botaréus, os que vaticinaram o nascimento de Cristo (sibilas e profetas); ao
centro, a Virgem com o Menino; a
coroar o conjunto, quatro Padres ou Doutores
da Igreja e, no topo, São Miguel, o Anjo
Custódio do Reino. Mais abaixo, em posição central entre as duas portas de
entrada, a Estátua do Infante Dom Henrique, antepassado
do Rei Dom Manuel (laço de parentesco entre Dom Manuel e a Casa
de Avis). Nos tímpanos figuram duas cenas da vida de São Jerônimo.
Capela lateral da Igreja de Santa Maria de Belém |
Detalhes do Altar da Capela Mor |
Embora em menor escala do que o Portal Sul, esta é a porta principal do
Mosteiro dos Jerónimos, ocupando a
posição fronteira ao Altar-mor. A
zona superior do portal é ocupada por três nichos com cenas do nascimento de
Cristo: Anunciação, Natividade e Adoração dos Magos. Nas zonas laterais
destacam-se, entre representações de santos e figuras do apostolado, as
estátuas orantes dos reis fundadores, com suas receptivas insígnias e seus
santos patronos: do lado esquerdo Dom Manuel I e São Jerônimo; do lado direito,
a rainha Dona Maria e São João Batista.
Túmulo de Vasco da Gama |
O Claustro
dos Jerónimos é o primeiro no seu gênero em Portugal, possuindo dois andares abobadados e uma planta quadrada,
de cantos cortados, formando um octógono virtual. É considerado uma obra-prima
da arquitetura mundial e constitui um depoimento estético de extraordinária
beleza, cuja harmonia resultou da habilidade e delicadeza dos mestres que, em
três campanhas sucessivas, se dedicaram à sua construção. O Claustro faz uma
síntese de gêneros e estilos diversos, refletindo uma interpretação eficaz dos
princípios do gótico tardio, do renascimento experimental, de caráter
decorativo, e do renascimento maduro ou alto renascimento. Conjugando símbolos
religiosos (entre os quais elementos da Paixão
de Cristo), régios (escudo régio, esfera armilar, cruz da Ordem Militar de Cristo) e elementos
naturalistas (cordas e motivos vegetais que coabitam com um imaginário ainda
medieval, de animais fantásticos), a riqueza iconográfica dos elementos
decorativos é notável. São raros os edifícios europeus desse tempo com uma
carga decorativa tão rica e densa de significado. Na ala norte do Claustro
inferior encontra-se o túmulo de Fernando
Pessoa.
Museu Nacional de Arqueologia |
Museu Nacional de Arqueologia |
Para ocupar o Mosteiro
foram escolhidos os monges da Ordem de São Jerônimo (daí a designação Mosteiro dos Jerónimos), comunidade religiosa que habitou nestes
espaços até à extinção das ordens
religiosas ocorrida no século XIX
(1834). O Mosteiro foi então entregue a Real Casa Pia de Lisboa (instituição destinada ao acolhimento
e educação de órfãos e à recuperação de mendigos e desfavorecidos e que
ocuparia os espaços do Claustro até 1940); a Igreja passou a servir de Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria de Belém. Em todo este
processo perdeu-se grande parte do valioso recheio do Mosteiro. O Mosteiro tem
várias partes distintas, como um belo jardim, uma igreja e inúmeros salões.
Jardins do Mosteiro dos Jerónimos |
Jardins do Mosteiro dos Jerónimos |
As áreas do Mosteiro
disponíveis para a circulação são seus enormes e lindos pátios, de onde é
possível vislumbrar suas varandas compridas e altamente decoradas. Até mesmo o
teto dessas varandas é lindamente adornado. Ao fim da visita, algumas salas
foram disponibilizadas para compor uma linha do tempo das descobertas portuguesas
juntamente com as linhagens de reis do país. E eis que lá reconhecemos rostos
familiares com os de Dom Pedro I (Pedro IV em Portugal) e sua segunda esposa, Amélia.
Jardins do Mosteiro dos Jerónimos |
Jardins da Praça do Império |
O Museu Nacional de Arqueologia situa-se junto ao Planetário em Belém e faz parte do Mosteiro
dos Jerónimos desde 1903. Ao longo da sua história, o Museu reuniu uma notável
coleção dividida por uma variedade de centros de exposição dedicados à
arqueologia, etnografia, numismática, epigrafia latina e pré-latina, escultura etc. Na Sala do Tesouro, os
visitantes podem apreciar uma das mais importantes coleções de joalheria e a
exposição das Antiguidades Egípcias
revela-lhe os mistérios dos sarcófagos e das múmias... Ou talvez não. Após
terminar a visita, siga para a Torre de
Belém e o Padrão dos Descobrimentos,
na margem do Rio Tejo, facilmente
acessível através de uma passagem subterrânea, localizada na praça que fica de
frente para o Mosteiro.
Esculturas nos Jardins da Praça do Império |
Chafariz na Praça do Império |
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