segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Roma - Piazza Navona

Piazza Navona e Fontana del Nettuno
Se você for um turista matineiro, Roma pode revelar-se uma “outra cidade”. Cheia na maior parte do ano, muitas vezes é quase impossível até mesmo ser o protagonista das suas próprias fotos… porque cada espaço será dividido com outras pessoas que, assim como você, querem imortalizar a sua viagem. A Piazza Navona dá o melhor de si nas primeiras horas da manhã. Uma oportunidade única de observá-la antes que outros turistas cheguem ao local. Poucas cidades no mundo podem competir com Roma no que se refere à quantidade e beleza de praças monumentais. A Piazza Navona é uma das mais célebres praças barrocas de Roma localizada no Rione Parione. A Piazza Navona está perto de pontos turísticos como a Chiesa Santa Maria della Pace, da famosa e antiga Livraria Coliseum e do Panteão de Roma

Fontana del Nettuno na Piazza Navona

Piazza Navona
A origem desta Piazza vem da Roma Antiga. No mesmo local, entre 81 e 96 d.C., o Imperador Romano Tito Flávio Domiciano construiu um Estádio de 275 metros de comprimento por 106 metros de largura, que ficou conhecido como Circus Agonalis – ou Arena de Competição. Domiciano foi um dos três imperadores da Dinastia Flavia (ou Flaviana), a mesma que construiu o Coliseu. A sua forma assemelha-se à dos antigos estádios da Roma Antiga, seguindo a planificação do Estádio de Domiciano (também denominado entre os italianos de Campomarzio, em virtude da natureza rude e esforçada dos exercícios - manejo de armas - e desportos atléticos que aí se realizavam). A ideia do Imperador era criar uma versão romana das olimpíadas gregas. Os jogos esportivos eram chamados de Certamen Capitolino Iovi e incluíam até batalhas navais. No século III foi restaurado por Alexandre Severo.

Palazzo Pamphilj, Embaixada do Brasil em Roma

Palazzo Pamphilj, Embaixada do Brasil em Roma
Hoje a Piazza está no ponto exato do centro da Arena e as casas ao redor foram construídas sobre as arquibancadas, mantendo a delimitação original da área do Estádio de Domiciano, que tinha capacidade para 20 mil pessoas sentadas nas arquibancadas. Se você quer ver um pedacinho deste antigo Estádio Romano existe o Museu Stadio di Domiciano. Basta caminhar até a Via Zanardelli que fica atrás da Piazza Navona. Mesmo que não queira entrar no Museu, tem uma abertura por onde você pode observar uma parte das ruínas e fazer fotos. A configuração atual da Piazza foi definida entre 1600 e 1700. Desde então, nada foi alterado – o que torna o lugar ainda mais charmoso. Entre 1810 e 1839 eram realizadas corridas de cavalos na Piazza. No entanto, estas aparentemente não têm relação com as famosas corridas de cavalos de raça da Via Del Corso. Contudo, o que faz da Piazza Navona ser um dos espaços públicos mais belos de Roma é a combinação de três belas fontes, a Chiesa di Sant’Agnese in Agone e palácios renascentistas, como o Palazzo Pamphilj, sede da Embaixada Brasileira na Itália. O interior do Palazzo é enriquecido pela famosa Galeria Nacional de Arte Antiga, com os afrescos de Pietro da Cortona.

Palazzo Pamphilj e Chiesa di Sant’Agnese in Agone

Palazzo Pamphilj
Ao contrário do que acontece quando se visita o Coliseu, mesmo sabendo da história, é difícil imaginar lá gladiadores lutando contra leões ou entre si com espadas, escudos, lanças, montados em cavalos ou usando bigas. A Navona passou de fato a caracterizar-se como Piazza nos últimos anos do século XV, quando o mercado da cidade foi transferido do Capitólio para lá. Foi remodelada para um estilo monumental por vontade do Papa Inocêncio X, da Família Pamphilj e é motivo de orgulho da cidade de Roma durante o período barroco. Todas as melhorias na Piazza realizadas pelo Papa Inocêncio têm uma justificativa: foi um gesto em homenagem à Família Pamphilj. Não era incomum que os papas fizessem reformas em determinada área da cidade para honrar suas famílias; o Papa Urbano VIII já tinha feito o mesmo na Colina Quirinal para a glória da Família Barberini. A escolha da Piazza Navona para receber estas reformas ocorreu porque o Palazzo da família ficava em frente à Piazza. 

Chiesa di Sant’Agnese in Agone e
Fontana del Moro

Fontana dei Quattro Fiumi
A Fontana dei Quattro Fiumi, ao centro da Piazza, é composta por uma barreira de pedra que representa a terra, formando uma gruta – de onde surgem um leão e outros animais fictícios e um obelisco egípcio que representa o céu (recuperado do Circo Máximo na antiga Via Apia). Ao redor da gruta, estão as estátuas dos quatro rios: o Rio Nilo na África, o Rio Danúbio na Europa, o Rio Ganges na Ásia e o Rio da Prata na América, que simbolizam os quatro continentes. A lenda relacionada ao ríspido contraste entre Francesco Borromini e Gian Lorenzo Bernini, que conta que o gigante do Rio da Prata teria estendido a mão para defender-se da iminente queda da Igreja é infundada, pois a Fonte foi construída antes da finalização da fachada de Borromini. No subsolo da Igreja há um oratório medieval e as relíquias do Estádio de Domiciano. Ela foi construída entre os anos de 1647 e 1651 a pedido do Papa Inocêncio X. A criação da Fonte havia sido concedida a Borromini, mas acabou sendo realizada por Bernini, seu rival. A Fontana dei Quattro Fiumi ou Fonte dos Quatro Rios foi construída graças ao dinheiro recolhido com os impostos sobre o pão e outros produtos alimentares. Mais do que justo a considerar um patrimônio de todos os romanos!

Palazzo Pamphilj e Fontana del Moro

Fontana del Nettuno
As duas outras fontes da Piazza foram obras projetadas por Giacomo della Porta. A Fontana del Nettuno foi construída em 1576. Ela representa Netuno, o deus romano dos mares, rodeado por ninfas do oceano; essas imagens, porém, só foram incluídas no design da fonte durante o século XIX. A Fontana del Nettuno, conhecida como Fontana de Calderari, foi construída em 1574. Por volta de 1878 foi lançado um concurso para harmonizar o monumento com a outra fonte finalizada por Bernini. Foram acrescentadas as esculturas intituladas “A Nereida com Querubins e Cavalos Marinhos” e “Netuno Luta Contra um Polvo”.

Fontana del Nettuno

Fontana del Moro
A Fontana Del Moro antes era conhecida como Fonte do Caracol e foi reelaborada por Bernini, durante o século XVII. Acredita-se que para esculpir o personagem o artista teria se inspirado na Estátua de Pasquino, que fica ali pertinho do Consulado Geral do Brasil em Roma. O nome da Fonte deriva da representação de um etíope (mouro) que luta com um golfinho. Outras estátuas, de tritões, são do século XIX. De frente para a Piazza Navona, também se encontra um dos museus mais importantes de Roma, o Museu de Roma no Palazzo BraschiA Piazza Navona, é um marco romano, com seus cafés e muitos artistas de rua, é uma parada obrigatória.

Fontana del Moro

Chiesa di Sant’Agnese in Agone
Também ao Papa Inocêncio X se deve a reconstrução da antiga Igreja dedicada a Santa Inês, como capela anexa ao Palazzo da família, localizada no local de martírio da santa. A lenda diz que, no lugar onde fica a Igreja, Santa Agnes teve suas roupas arrancadas; porém, enquanto rezava, seu cabelo cresceu cobrindo o corpo todo, e ela foi salva da desgraça de ser vista nua. Graças a isso, Santa Agnes é a protetora da castidade e das virgens contra o estupro. A prova dessa estreita ligação é a abertura no tambor da cúpula, que permitia ao pontífice assistir às celebrações diretamente de seu apartamento. Com formato de cruz grega, o projeto inicial foi realizado por Carlo Rainaldi, posteriormente seguido por Francesco Borromini – autor da grande fachada da Piazza. Borromini agregou uma grandeza vertical incomum na época, construindo um tambor bem alto, cercado por duas torres que emolduram a cúpula (alterando a fachada já iniciada com um arco). A fachada da Chiesa de Sant’Agnese in Agone foi restaurada em 1652, por uma solicitação do Papa Inocêncio X, com um desenho criado por Borromini; o processo de construção foi concluído somente em 1670.

Chiesa di Sant’Agnese in Agone

Piazza Navona
A Piazza Navona é uma das praças mais amadas pelos romanos, há séculos um local de diversão do povo e de aristocratas; é aqui que as crianças jogam bola e as famílias romanas se encontram com parentes e amigos. Nas noites de verão, quando o pôr do sol colore os telhados de vermelho, a Piazza Navona vira um dos lugares mais lindos para reunir as pessoas. O retângulo de céu sobre a Piazza escurece lentamente, enquanto as luzes amarelas vão se acendendo nas casas e nos restaurantes. Se quiser sentar e relaxar um pouco por lá, para só observar o mundo passar, pode ser uma boa pedida, pois é um lugar muito movimentado, porém em questão de qualidade e relação custo-benefício, há muitos outros restaurantes bem melhores, pois lá eles são mega turísticos e pouco autênticos. De dia, é frequentada por intelectuais e pintores, já de noite, é o destino preferido dos jovens e artistas de rua. Depois da guerra, muitos pintores e designers começaram a ir para a Piazza, armando cavaletes improvisados ​​para pintar, expor e vender seus trabalhos. Nos últimos tempos a Piazza tornou-se um ponto de encontro e de performances de artistas de rua.

Piazza Navona

Piazza Navona
Durante os anos, sempre foi um dos pontos de encontro preferidos dos romanos durante o Carnaval, no Natal e no Dia de Reis. É tradição iniciar a Feira de Natal em oito de dezembro, com barraquinhas repletas de presépios artesanais, inovações e, é claro, doces típicos. A Feira fica até a Festa da Epifania do Senhor, na noite entre cinco e seis, quando adultos e crianças se reúnem para participar da chegada da Befana (bruxinha). Não dá para perder a Piazza Navona no Natal, um espetáculo único.

Piazza Navona
Muitos turistas, ao planejar a própria viagem, se perguntam como chegar à Piazza Navona, pois não encontram nenhuma Estação de Metrô nos mapas nem nos guias de rua. Realmente, assim como outras praças famosas de Roma, a Piazza Navona não tem acesso pelo metrô, nem pela linha A, nem pela linha B. Porém, isso não quer dizer que o acesso seja difícil, pois a Piazza Navona é bem conectada aos serviços de ônibus de linha que transitam nas imediações. Não há um ônibus que desce direto na Piazza Navona (e nem poderia, visto que é um calçadão fechado). A Piazza fica quase atrás da Corso Vittorio Emanuele II (exatamente um dos pontos de maior acessibilidade para a Piazza). Se estiver hospedado no centro de Roma, você tem a possibilidade (que a meu ver, é a melhor), de ir para a Piazza Navona a pé. Não só é uma forma de passear, mas também terá a sensação de literalmente caminhar pela história. A Piazza Navona, assim como cada pedacinho do restante da cidade, está repleta de história e de arte.

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