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Pantheon de Roma |
Dentro do labirinto de ruas estreitas em
Roma está um dos edifícios mais renomados
na história da arquitetura. Não é exagero afirmar que este é um dos lugares mais
extraordinários da Itália. O Pantheon de Roma foi
erguido em 27 a.C. por Marcos Vipsânio Agripa,
genro do Imperador César Augusto, por este motivo, o Pantheon é conhecido como Pantheon de Agripa. Foi construído como um templo dedicado a todos
os deuses do Panteão Romano. Muito
provavelmente, o templo pertencia a um santuário particular do Agripa que
incluía também termas, as primeiras públicas da cidade. Era, com muitas probabilidades,
um Augusteum, quer dizer, um santuário
dedicado à grandiosidade da dinastia do Augusto. No interior, de fato, o Agripa
fez dispor, ao longo das paredes, uma estátua do Júlio Cesar, tio e pai adotivo
do Augusto, e outras estatuas de deuses, entre as quais as de Marte e Vênus, os
antepassados divinos do Imperador.
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Pantheon de Roma |
Só os simulacros do
Augusto e do Agripa ficaram expostos externamente, nos nichos aos lados da
porta, porque, no ocidente romano, era proibido venerar como divindade um
imperador ainda em vida e, então, não era possível colocar no interior do
templo uma estátua dele. A intenção do Agripa era a de homenagear o império do
Augusto desde pouco nascido, construindo um templo onde, segundo o mito, Rômulo,
fundador de Roma, teria sido levado
ao céu por uma águia, tornando-se, assim, divindade. Uma águia com asas
abertas era uma das decorações do frontão, e hoje é ainda possível ver os
buracos de onde foi tirado o relevo de bronze representando a grande ave.
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Pantheon na Piazza della Rotonda |
Destruído por um incêndio devastador em 80 d.C., foi
reconstruído parcialmente pelo Imperador Domiciano. No entanto, quando um raio queimou
o Panteão mais uma vez em 110, a estrutura que o Imperador Adriano colocou em seu
lugar teve um projeto inteiramente novo. Mas
a verdadeira homenagem feita pelo Adriano ao cônsul Agripa foi a decisão de não
esculpir seu próprio nome no novo monumento. Ao contrário, ele colocou uma
escrita grandiosa na fachada (ainda hoje visível) só para lembrar a grandiosa e
mais antiga obra do Agripa. Este, fortemente influenciado
pelas suas viagens pela Grécia e pelo
Oriente, cria um local dedicado a todos
os deuses de forma a abraçar (e agradar) os novos povos sob dominação do Império Romano.
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O Pantheon e o Obelisco Egípcio |
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Pantheon na Piazza della Rotonda |
O Imperador Bizantino Phocas
deu o monumento ao Papa Bonifácio VIII em 608 d.C., que foi convertido em Basílica Cristiana passando a ser usado
então como uma Igreja. Ele foi dedicado a Santa Maria e os Mártires, sendo normalmente
chamado de Santa Maria della Rotonda,
e a Piazza em frente passou a ser chamada de Piazza della Rotonda. Desde o período da Renascença, o Pantheon foi
usado como uma tumba, abrigando os corpos do artista Raffaello, dos Reis Umberto
I de Savoia e Vittorio Emmanuelle II de Savoia, da Rainha Margherita de Savoia entre
outros. Isso significa que o Pantheon
nunca deixou de ser usado para fins religiosos em quase dois mil anos de existência.
É uma basílica menor da Igreja Católica
e foi diaconia até 1929. Missas são celebradas no local aos domingos e dias santos,
assim como casamentos.
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Pantheon na Piazza della Rotonda |
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Detalhes do Obelisco Egípcio |
É uma das mais bem
preservadas estruturas romanas
antigas e permaneceu em uso por
toda a sua história. Sua planta é circular com um pórtico de grandes colunas
coríntias de granito (oito na primeira fila e dois grupos de quatro na segunda)
suportando um frontão. Um vestíbulo retangular liga o pórtico à rotunda, que está
coberta por uma enorme cúpula de caixotões de concreto encimada por uma abertura
central (óculo) descoberta. Antigamente, a entrada do edifício era precedida
por uma escadaria, eliminada quando o nível do piso que leva ao pórtico foi
elevado em uma das reformas posteriores. O frontão era decorado com esculturas em relevo,
provavelmente banhadas em bronze.
As grandes portas de bronze da cela,
que no passado eram banhadas a ouro, são antigas, mas não são originais.
Pequenas demais para os batentes e estão ali desde o século XV.
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Detalhes do Obelisco Egípcio |
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Óculo da cúpula |
O peso de 5.000 toneladas da cúpula de
concreto romano está concentrado
no anel de aduelas com 9,1 metros de diâmetro que forma o óculo e o impulso descendente da cúpula é
suportado por oito abóbadas de
berço na parede de 6,4 metros de
largura do tambor, assentado
sobre oito pilares. A espessura
da cúpula varia de 6,4 metros na base até 1,2 metros à volta do óculo. Sabe-se
que as forças de stress na cúpula foram substancialmente
reduzidas pelo uso de agregados rochosos progressivamente menos densos, como
pedaços de pedra pomes, nas
camadas superiores do domo. Câmaras escondidas criadas no interior da rotunda
formam uma sofisticada estrutura
em favos de mel, que reduziu o peso do teto, o que fez também a eliminação do
ápice da cúpula com a criação do óculo. O topo da parede da rotunda
apresenta uma série de arcos de tijolo para aliviar as forças de stress,
visíveis do lado de fora e construídos no interior da estrutura de tijolos da
parede. O Pantheon está repleto de
estruturas deste tipo, mas elas ficavam escondidas no interior pelo
revestimento de mármore e, no exterior, pelo revestimento de pedra ou estuque.
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Interior da Chiesa Santa Maria dei Martiri |
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Interior da Chiesa Santa Maria dei Martiri |
A altura do óculo e o diâmetro do
círculo interior são idênticos, 43,3 metros. Portanto, o interior caberia
exatamente dentro de um cubo e poderia abrigar uma esfera perfeita de 43,3 metros de diâmetro. Estas
dimensões fazem muito mais sentido quando expressas nas unidades de medida da Roma Antiga: a cúpula tem 150 pés
romanos; o óculo tem 30 pés de diâmetro; a porta tem 40 pés de altura.
Substancialmente maior que as cúpulas
anteriores, o Pantheon ainda detém o
recorde de maior cúpula de concreto não reforçado do mundo. Embora geralmente
apareça em desenhos como um edifício isolado, havia outro edifício anexo ao
fundo do Pantheon. Apesar de servir
como contraforte adicional à rotunda, não havia uma
passagem interior de um edifício para o outro.
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Altar Mor |
Mas, a sua beleza
principal reside no interior (principalmente porque a entrada é gratuita –
coisa rara por terras italianas!). O interior é abobadado e foi ornamentado no
século XVIII com pinturas de Giovanni Panini. O interior da cúpula provavelmente foi
desenhado para simbolizar a abóbada
celeste. O óculo no ápice e a porta de entrada são as únicas
fontes de luz natural no interior. No decorrer de um dia, a luz do óculo
passeia pelo espaço num movimento inverso ao de um relógio de sol. O óculo serve ainda
como sistema de resfriamento e ventilação do edifício; durante chuvas e
tempestades, um sistema de drenagem com 22 furos espalhados no piso remove a
água que escorre pela abertura. Um ligeiro
basculamento na superfície permite à água escorrer no chão do Pantheon de Roma e desaparecer
praticamente no mesmo instante que precipita.
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Altar-mor da Chiesa Santa Maria dei Martiri |
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Altar-mor da Chiesa Santa Maria dei Martiri |
Pelo interior, a cúpula é formada por caixotões, em cinco anéis de 28
unidades cada. Este espaçamento uniforme é difícil de conseguir e, presume-se, tem
um significado simbólico, seja numérico, geométrico ou lunar. Os atuais altares
e absides foram encomendados pelo Papa Clemente XI e projetados por Alessandro
Specchi. No Santuário na abside acima do Altar-mor
está um ícone bizantino do século VII da “Madona
com o Menino”. Com a maior cúpula europeia
até 1.436 (até que Brunelleschi criou a cúpula de Florença) o seu passado cristão permitiu a sua preservação ao longo
dos séculos, lamentando-se, no entanto a perda das esculturas de mármore que
adornavam o seu interior e grandes quantidades de bronze que foram fundidos
para construir o Dosel (da autoria
de Bernini) na Basílica de São Pedro.
Um pormenor interessantíssimo e que não passa despercebido ao olhar atento do
geógrafo é o “atolamento” que a cidade de Roma
sofreu ao longo dos séculos. A base do Panteão
de Roma original apresentava-se muito mais abaixo do que o nível atual das
ruas que circulam o edifício.
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Interior da Chiesa Santa Maria dei Martiri |
A visita ao Pantheon não costuma demorar mais que uma hora e o melhor horário
para ir ao local é mais cedo (para aqueles que desejam evitar a multidão). O
templo abre todos os dias da semana, e a entrada é gratuita. A linda Piazza
Della Rotonda, com suas fontes e o seu Obelisco Egípcio, merecem uma paradinha para algumas fotos
e, se o tempo ajudar, sente-se nos inúmeros restaurantes ao lado da Piazza,
apreciando esta paisagem única e, depois, permita-se ficar
perdido nas estreitas ruas que cercam o Pantheon. Impossível não ficar encantado.
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