sábado, 30 de janeiro de 2016

Roma - Pantheon de Roma

Pantheon de Roma
Dentro do labirinto de ruas estreitas em Roma está um dos edifícios mais renomados na história da arquitetura. Não é exagero afirmar que este é um dos lugares mais extraordinários da Itália. O Pantheon de Roma foi erguido em 27 a.C. por Marcos Vipsânio Agripa, genro do Imperador César Augusto, por este motivo, o Pantheon é conhecido como Pantheon de Agripa. Foi construído como um templo dedicado a todos os deuses do Panteão Romano. Muito provavelmente, o templo pertencia a um santuário particular do Agripa que incluía também termas, as primeiras públicas da cidade. Era, com muitas probabilidades, um Augusteum, quer dizer, um santuário dedicado à grandiosidade da dinastia do Augusto. No interior, de fato, o Agripa fez dispor, ao longo das paredes, uma estátua do Júlio Cesar, tio e pai adotivo do Augusto, e outras estatuas de deuses, entre as quais as de Marte e Vênus, os antepassados divinos do Imperador. 

Pantheon de Roma
Só os simulacros do Augusto e do Agripa ficaram expostos externamente, nos nichos aos lados da porta, porque, no ocidente romano, era proibido venerar como divindade um imperador ainda em vida e, então, não era possível colocar no interior do templo uma estátua dele. A intenção do Agripa era a de homenagear o império do Augusto desde pouco nascido, construindo um templo onde, segundo o mito, Rômulo, fundador de Roma, teria sido levado ao céu por uma águia, tornando-se, assim, divindade. Uma águia com asas abertas era uma das decorações do frontão, e hoje é ainda possível ver os buracos de onde foi tirado o relevo de bronze representando a grande ave.

Pantheon na Piazza della Rotonda
Destruído por um incêndio devastador em 80 d.C., foi reconstruído parcialmente pelo Imperador Domiciano. No entanto, quando um raio queimou o Panteão mais uma vez em 110, a estrutura que o Imperador Adriano colocou em seu lugar teve um projeto inteiramente novo. Mas a verdadeira homenagem feita pelo Adriano ao cônsul Agripa foi a decisão de não esculpir seu próprio nome no novo monumento. Ao contrário, ele colocou uma escrita grandiosa na fachada (ainda hoje visível) só para lembrar a grandiosa e mais antiga obra do Agripa. Este, fortemente influenciado pelas suas viagens pela Grécia e pelo Oriente, cria um local dedicado a todos os deuses de forma a abraçar (e agradar) os novos povos sob dominação do Império Romano.

O Pantheon e o Obelisco Egípcio

Pantheon na Piazza della Rotonda
O Imperador Bizantino Phocas deu o monumento ao Papa Bonifácio VIII em 608 d.C., que foi convertido em Basílica Cristiana passando a ser usado então como uma Igreja. Ele foi dedicado a Santa Maria e os Mártires, sendo normalmente chamado de Santa Maria della Rotonda, e a Piazza em frente passou a ser chamada de Piazza della Rotonda. Desde o período da Renascença, o Pantheon foi usado como uma tumba, abrigando os corpos do artista Raffaello, dos Reis Umberto I de Savoia e Vittorio Emmanuelle II de Savoia, da Rainha Margherita de Savoia entre outros. Isso significa que o Pantheon nunca deixou de ser usado para fins religiosos em quase dois mil anos de existência. É uma basílica menor da Igreja Católica e foi diaconia até 1929. Missas são celebradas no local aos domingos e dias santos, assim como casamentos.

Pantheon na Piazza della Rotonda

Detalhes do Obelisco Egípcio
É uma das mais bem preservadas estruturas romanas antigas e permaneceu em uso por toda a sua história. Sua planta é circular com um pórtico de grandes colunas coríntias de granito (oito na primeira fila e dois grupos de quatro na segunda) suportando um frontão. Um vestíbulo retangular liga o pórtico à rotunda, que está coberta por uma enorme cúpula de caixotões de concreto encimada por uma abertura central (óculo) descoberta. Antigamente, a entrada do edifício era precedida por uma escadaria, eliminada quando o nível do piso que leva ao pórtico foi elevado em uma das reformas posteriores. O frontão era decorado com esculturas em relevo, provavelmente banhadas em bronze. As grandes portas de bronze da cela, que no passado eram banhadas a ouro, são antigas, mas não são originais. Pequenas demais para os batentes e estão ali desde o século XV. 

Detalhes do Obelisco Egípcio

Óculo da cúpula
O peso de 5.000 toneladas da cúpula de concreto romano está concentrado no anel de aduelas com 9,1 metros de diâmetro que forma o óculo e o impulso descendente da cúpula é suportado por oito abóbadas de berço na parede de 6,4 metros de largura do tambor, assentado sobre oito pilares. A espessura da cúpula varia de 6,4 metros na base até 1,2 metros à volta do óculo. Sabe-se que as forças de stress na cúpula foram substancialmente reduzidas pelo uso de agregados rochosos progressivamente menos densos, como pedaços de pedra pomes, nas camadas superiores do domo. Câmaras escondidas criadas no interior da rotunda formam uma sofisticada estrutura em favos de mel, que reduziu o peso do teto, o que fez também a eliminação do ápice da cúpula com a criação do óculo. O topo da parede da rotunda apresenta uma série de arcos de tijolo para aliviar as forças de stress, visíveis do lado de fora e construídos no interior da estrutura de tijolos da parede. O Pantheon está repleto de estruturas deste tipo, mas elas ficavam escondidas no interior pelo revestimento de mármore e, no exterior, pelo revestimento de pedra ou estuque.

Interior da Chiesa Santa Maria dei Martiri

Interior da Chiesa
Santa Maria dei Martiri
A altura do óculo e o diâmetro do círculo interior são idênticos, 43,3 metros. Portanto, o interior caberia exatamente dentro de um cubo e poderia abrigar uma esfera perfeita de 43,3 metros de diâmetro. Estas dimensões fazem muito mais sentido quando expressas nas unidades de medida da Roma Antiga: a cúpula tem 150 pés romanos; o óculo tem 30 pés de diâmetro; a porta tem 40 pés de altura. Substancialmente maior que as cúpulas anteriores, o Pantheon ainda detém o recorde de maior cúpula de concreto não reforçado do mundo. Embora geralmente apareça em desenhos como um edifício isolado, havia outro edifício anexo ao fundo do Pantheon. Apesar de servir como contraforte adicional à rotunda, não havia uma passagem interior de um edifício para o outro.

Altar Mor






Mas, a sua beleza principal reside no interior (principalmente porque a entrada é gratuita – coisa rara por terras italianas!). O interior é abobadado e foi ornamentado no século XVIII com pinturas de Giovanni Panini. O interior da cúpula provavelmente foi desenhado para simbolizar a abóbada celeste. O óculo no ápice e a porta de entrada são as únicas fontes de luz natural no interior. No decorrer de um dia, a luz do óculo passeia pelo espaço num movimento inverso ao de um relógio de sol. O óculo serve ainda como sistema de resfriamento e ventilação do edifício; durante chuvas e tempestades, um sistema de drenagem com 22 furos espalhados no piso remove a água que escorre pela abertura. Um ligeiro basculamento na superfície permite à água escorrer no chão do Pantheon de Roma e desaparecer praticamente no mesmo instante que precipita.

Altar-mor da Chiesa Santa Maria dei Martiri

Altar-mor da Chiesa Santa Maria dei Martiri
Pelo interior, a cúpula é formada por caixotões, em cinco anéis de 28 unidades cada. Este espaçamento uniforme é difícil de conseguir e, presume-se, tem um significado simbólico, seja numérico, geométrico ou lunar. Os atuais altares e absides foram encomendados pelo Papa Clemente XI e projetados por Alessandro Specchi. No Santuário na abside acima do Altar-mor está um ícone bizantino do século VII da “Madona com o Menino”. Com a maior cúpula europeia até 1.436 (até que Brunelleschi criou a cúpula de Florença) o seu passado cristão permitiu a sua preservação ao longo dos séculos, lamentando-se, no entanto a perda das esculturas de mármore que adornavam o seu interior e grandes quantidades de bronze que foram fundidos para construir o Dosel (da autoria de Bernini) na Basílica de São Pedro. Um pormenor interessantíssimo e que não passa despercebido ao olhar atento do geógrafo é o “atolamento” que a cidade de Roma sofreu ao longo dos séculos. A base do Panteão de Roma original apresentava-se muito mais abaixo do que o nível atual das ruas que circulam o edifício.

Interior da Chiesa Santa Maria dei Martiri
A visita ao Pantheon não costuma demorar mais que uma hora e o melhor horário para ir ao local é mais cedo (para aqueles que desejam evitar a multidão). O templo abre todos os dias da semana, e a entrada é gratuita. A linda Piazza  Della Rotonda, com suas fontes e o seu Obelisco Egípcio, merecem uma paradinha para algumas fotos e, se o tempo ajudar, sente-se nos inúmeros restaurantes ao lado da Piazza, apreciando esta paisagem única e, depois, permita-se ficar perdido nas estreitas ruas que cercam o Pantheon. Impossível não ficar encantado.

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