Praça do Comércio vista do Castelo de São Jorge |
No mapa está escrito: Praça
do Comércio, mas os lisboetas só a conhecem como Terreiro do Paço. A
Praça do Comércio, antigamente Terreiro do Paço, é uma praça da Baixa
de Lisboa situada junto ao Rio Tejo, na zona que foi o local do Palácio
dos Reis de Portugal durante cerca de dois séculos e que hoje está
parcialmente ocupada por alguns departamentos governamentais. É uma das maiores
praças da Europa, com cerca de 36 mil metros quadrados. É considerada um
símbolo histórico do poder político de Portugal.
Arco Triunfal da Rua Augusta na Praça do Comércio |
Arco Triunfal da Rua Augusta |
Em 1511, o Rei Dom
Manuel I transferiu a sua residência do Castelo de São Jorge para este
local junto ao Rio. Em 1580, Filipe I de Portugal mandou erigir um novo Paço,
cujas obras foram comandadas por Filippo Terzi e Juan Herrera. Em dezembro de
1640 a antiga Praça assistiu ao fim da União Ibérica com a prisão da Duquesa
de Mântua e a morte do Secretário de Estado Miguel de Vasconcelos que foi
atirado de uma janela do Palácio para o Terreiro. No terremoto de 1755,
onde hoje se encontram os edifícios que constituem o Terreiro do Paço,
existia o Palácio Real, em cuja biblioteca estavam guardados 70 mil
volumes e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de Ticiano, Rubens e
Correggio. Tudo foi destruído. O precioso Arquivo Real com documentos
relativos à exploração oceânica, entre os quais, por exemplo, numerosas cartas
do Descobrimento do Brasil e outros documentos antigos também foram
perdidos. Na reconstrução, coordenada por Eugénio dos Santos, a Praça tornou-se
o elemento fundamental do plano do Marquês de Pombal. O nome da Praça
do Comércio pertence já à época de Pombal e traduz uma nova ordem social
que o Ministro de Dom José I entendeu privilegiar e valorizar: a classe
comercial, financeira e burguesa que tanto contribuiu para a reconstrução da
sua cidade.
Arco Triunfal da Rua Augusta |
Arco Triunfal da Rua Augusta na Praça do Comércio |
Os edifícios que envolvem a Praça foram, durante décadas, utilizados por diferentes ministérios e outras instituições públicas. Hoje a sua utilização está dividida entre departamentos governamentais, atividades culturais e promocionais, hotéis, restaurantes e cafés. É num dos edifícios da Praça que se encontra o famoso Café Martinho da Arcada, fundado em 1782, o mais antigo de Lisboa, famoso por ser onde está a mesa dedicada a Fernando Pessoa. Várias das obras do autor foram escritas ali mesmo.
Arco Triunfal da Rua Augusta |
Em fevereiro de 1908, o
Rei Dom Carlos e seu filho, o Príncipe Real Dom Luís Filipe foram assassinados
quando passavam na Praça. Na Revolução de 1910, a Praça assistiu o
desembarque da Marinha no Cais das Colunas para ocupar locais
estratégicos da cidade. Em outubro de 1910, na Praça do Município
junto ao Terreiro, foi proclamada a República. Após a Revolução de
1910 os edifícios foram pintados de cor-de-rosa. Contudo, voltaram
recentemente à sua cor original, o amarelo. Em fevereiro de 1957, a Rainha
Elisabeth II do Reino Unido desembarcou no Cais das Colunas, na sua
visita a Portugal. Durante o regime do Estado Novo, alguns dos
discursos do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar foram proferidos à
janela dos ministérios. Em abril de 1975 a Praça assistiu a um dos episódios da
Revolução que derrubou o governo de Marcello Caetano e o Estado Novo. Em
maio de 2010 o Papa Bento XVI celebrou uma missa na Praça com cerca de 280 mil
pessoas.
Arco Triunfal da Rua Augusta e a Estátua Equestre de Dom José I |
A fisionomia da Praça
do Comércio é formada por um conjunto de edifícios instalados em três dos
seus lados e está aberta do lado sul, com as duas torres quadradas, olhando o Tejo.
Foi durante muito tempo a entrada nobre de Lisboa e, nos degraus de
mármore do Cais das Colunas, vindos do Rio, desembarcaram e foram
recebidos chefes de Estado e outras figuras de destaque. No centro geométrico da
Praça, vê-se a Estátua Equestre de Dom José I, erigida em junho de 1775
por Joaquim Machado de Castro, o principal escultor português do século XVIII. No
dia da inauguração, o Rei assistiu discretamente ao ato de uma das janelas do
edifício da Alfândega. As festas duraram três dias e incluíram um
gigantesco banquete para todo o povo de Lisboa. Foi a primeira estátua
equestre (de cavalaria) de Portugal e uma das primeiras do mundo a ser
fundida em suas dimensões de uma só vez. No pedestal, do lado do Rio, a efígie
de Pombal (retirada quando o Ministro caiu em desgraça e recolocada pelos
Liberais em 1834) está encimada pelo Escudo Real. Os grupos escultóricos
de cada lado do pedestal representam o Triunfo, que conduz um cavalo, e a Fama,
que conduz um elefante, numa alusão aos domínios portugueses de além-mar. Na
parte posterior do pedestal, um baixo-relevo alegórico representa os diversos
contributos para a reconstrução de Lisboa.
Rua Augusta |
Rua Augusta vista da Praça do Comércio |
No lado norte da Praça,
encontra-se o Arco Triunfal da Rua Augusta, a entrada para a Baixa.
O Arco Triunfal da Rua Augusta foi criado pelo arquiteto Santos de
Carvalho para celebrar a reconstrução da cidade depois do grande terremoto, mas
não com a forma e o tamanho que tem atualmente. Em 1815 um concurso foi aberto
para escolher quem seria o arquiteto responsável por finalizar a obra com o
coroamento. A parte superior do Arco aborda esculturas de Célestin Anatole
Calmels, em que a Glória está coroando o Gênio e o Valor, enquanto a
parte inferior possui esculturas de Vitor Bastos, que representam Vasco da
Gama, Nuno Álvares Pereira e o Marquês de Pombal. A escultura lateral
esquerda representa o Rio Tejo e a lateral direita representa o Rio
Douro. No topo do Arco é possível ler uma inscrição em latim sobre as
virtudes do descobrimento de novas terras e culturas na época do Império
Português. Sua construção terminou em 1873.
Rua Augusta e o Arco Triunfal |
Estátua Equestre de Dom José I na Praça do Comércio |
Numa entradinha do lado
direito do Arco estão a bilheteria e um elevador. Depois da primeira viagem,
uma escadaria leva ao relógio e seu maquinário, além de uma breve exposição de
fatos sobre o monumento. Dali ao mirante segue-se mais um lance de escadas,
desta vez em caracol, com um simpático semáforo para que ninguém tenha de
descer de ré no meio do caminho. Lá de cima, é possível não apenas ter uma
linda vista da cidade, mas também ter noção do tamanho das estátuas de Celestin
Anatole Calmeis. O monumento não foi projetado para receber visitas, portanto,
a visita ao Arco não é acessível para pessoas com restrições de mobilidade.
Praça do Comércio e o Rio Tejo |
A área serviu como parque de estacionamento até a década de 1990, mas hoje este vasto espaço é usado para eventos culturais e espetáculos. Hoje, basta escolher um dos simpáticos restaurantes e cafés da Praça para observar, sem pressa, o movimento. Perto da Praça, na margem do Rio, está a Estação Fluvial Cais do Sodré, de onde saem as excursões pelo Tejo e os barcos que cruzam o Rio.
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