quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Roma - Fontana di Trevi

Fontana di Trevi
Um parque de diversões para apreciadores da história e arquitetura. Um tesouro inesgotável para amantes da arte e cultura. Uma metrópole eletrizante de trânsito caótico. Um agitadíssimo centro com tudo do melhor para boêmios, glutões e fashionistas. Roma consegue ser tudo isso e muito mais. A “Cidade Eterna” tem tantas atrações imperdíveis que aos visitantes sempre se recomenda voltar. Mesmo assim, joga a favor dos turistas o fato de a maioria das atrações mais procuradas se concentrarem em uma área perfeitamente viável para a exploração a pé. Porque se o Coliseu, a Fontana di Trevi e o Vaticano são obrigatórios, igualmente indispensável é saborear o prazer de cafés ou barezinhos, como bons romanos, enquanto nos embasbacamos com cada praça, monumento ou museu. Impossível falar das atrações de Roma e não incluir aquela que é a sua mais famosa fonte: a Fontana di Trevi. Claro que ela não é a única fonte linda de Roma. Na cidade de fontes como a Fontana dei Barcaccia (Piazza di Spagna), Fontana dei Quattro Fiumi (Piazza Navona), Fontana dei Triton (Piazza della Bocca della Veritá), só para citar algumas, ser considerada a mais famosa, é coisa para quem tem grandiosidade. E a Fontana di Trevi merece toda a fama e toda massa de turistas que se perde pelas ruelas ao seu redor para poder encontrá-la, e poder apreciar sua magnitude.

Fontana di Trevi
Nos anos áureos do Império Romano, as estruturas que alimentavam as cidades com água eram os famosos aquedutos, admirados pelos engenheiros até hoje. Era tradição na época fazer uma bonita fonte no ponto final de cada aqueduto, e por isso Roma está lotada de lugares assim. A história da Fontana di Trevi remonta à época da Roma Antiga. Era uma Fonte que estava situada no cruzamento de três ruas (tre vie), onde se formava um trivium (trevo), o que levou o sítio a ser chamado de Trebium. O local da Fontana marcava o ponto terminal do Aqueduto Acqua Vergine, um dos mais antigos abastecedores de água de Roma, que tinha sido encomendado pelo Imperador Otávio Augusto a Marcus Agripa, sendo as suas águas usadas para fornecer água para os banhos termais. As águas que circulam na Fontana têm dois nomes, Águas Virgens e Trevi. O "golpe de misericórdia" desferido pelos invasores Godos em Roma foi dado com a destruição dos aquedutos, durante as Guerras Góticas. Os romanos durante a Idade Média tinham de abastecer-se da água de poços poluídos, e da pouco límpida água do Rio Tibre, que também recebia os esgotos da cidade. 

Fontana di Trevi
O antigo costume romano foi reavivado no século XV, com o Renascimento. Em 1453, o Papa Nicolau II, determinou que fosse consertado o Aqueduto de Acqua Vergine, construindo ao seu final um simples receptáculo para receber a água, num projeto feito pelo arquiteto humanista Leon Battista Alberti. Apesar de ser naturalmente linda e chamar atenção devido à sua grandiosidade e aos detalhes, o que deu fama à Fontana foi o filme “La Dolce Vita” de Fellini, da década de 1960, que tem a famosa cena em que a protagonista americana entra na Fontana à noite. Em 1629, o Papa Urbano VIII achou que a velha Fontana era insuficientemente dramática e encomendou a Bernini alguns desenhos, mas quando o Papa faleceu o projeto foi abandonado. A última contribuição de Bernini foi reposicionar a Fontana para o outro lado da praça a fim de que esta ficasse defronte ao Palazzo Quirinale (assim o Papa poderia vê-la e admirá-la de sua janela). Ainda que o projeto de Bernini tenha sido abandonado, existem na Fontana muitos detalhes de sua ideia original. Dizem que sua inspiração veio também de outra fonte, a Fontana dell’acqua Paola. E realmente, ao se olhar para ela, consegue-se perceber a compatibilidade desta ideia. Esta Fontana fica na Colina Gianicolo, em Trastevere, e vale a pena ser visitada.

Turistas jogando moedas na Fontana di Trevi
Muitas competições entre artistas e arquitetos tiveram lugar durante o Renascimento e o Período Barroco para redesenhar os edifícios, as fontes, e até mesmo a Scalinata di Piazza di Spagna (as Escadarias da Praça de Espanha). Em 1730, o Papa Clemente XII organizou uma nova competição na qual Nicola Salvi foi derrotado, mas efetivamente terminou por realizar seu projeto. Este começou em 1732 e foi concluído em 1762, logo depois da morte de Clemente, quando o Netuno de Pietro Bracci foi afixado no nicho central da Fontana. Salvi morrera alguns anos antes, em 1751, com seu trabalho ainda pela metade, que manteve oculto por um grande biombo. A Fontana foi concluída por Giuseppe Pannini, que substituiu as alegorias insossas que eram planejadas, representando Agripa e Trívia, as virgens romanas, pelas belas esculturas de Netuno e seu séquito.

Turistas jogando moedas na Fontana di Trevi
Considerada a mais bela Fonte do mundo, a Fontana di Trevi, literalmente traduzida como Fonte dos Trevos, é um dos mais sedutores monumentos de Roma. Sua beleza dimensional feita de água e pedra foi construída sobre o esplendor do barroco italiano. A beleza estética faz desta obra de arte um símbolo das esculturas que adquiriram uma mítica lendária, com linhas tênues entre o fulgor e o monumento, causando uma empatia romântica com todos os cidadãos do mundo, fazendo dele um triunfo do barroco. Um ponto que costuma atrapalhar o momento da visita é que a região sempre está cheia de gente tentando vender rosas insistentemente, mas basta ignorá-los para continuar desfrutando de um lugar tão especial.

Fontana di Trevi
Diante da Fontana, a primavera é eterna, Netuno rompe a paisagem e a pedra na qual foi esculpido, tornando viva a arquitetura. Vento, luz, sombras, pedra, água, juntam-se como se fosse formado um imenso mar, num cenário intenso e de uma dramaticidade singular. A Fontana di Trevi, com a sua paisagem espetacular e grandiosidade barroca, dá um toque romântico a Roma, às vezes perdido na concepção dos monumentos históricos intensos, como o Coliseu. É o ponto preferido dos casais apaixonados ou que se apaixonam na Cidade Eterna. É o ponto final da cidade, que se transforma no retorno. Reza a lenda que estrangeiros, forasteiros, turistas, quando visitam Roma, devem jogar uma moeda na Fontana para que possam retornar. O ritual é repetido por todos, que assim, garantem a esperança de um dia poder rever Roma, e, principalmente, poder rever a Fontana mais bela e romântica do mundo. As moedas nunca ficam na água por mais de sete dias. A Prefeitura as retira semanalmente e as doa para instituições de caridade. 

Fontana di Trevi
Reza a lenda que, no ano 19 a.C., alguns soldados sedentos procuravam por água, encontraram pelo caminho uma jovem romana virgem, que se apiedando deles, conduziu-os a uma fonte límpida, de água pura, localizada a cerca de 22 quilômetros da Roma Antiga. Através da lenda, surgiu o nome de Águas Virgens. No monumento atual da Fonte, a cena da lenda da jovem virgem e dos soldados está representada em escultura. Nos primórdios da história da Fonte, as suas águas foram levadas através de um pequeno aqueduto romano, diretamente ao local de banho de Marcus Vipsanius Agripa, um dos maiores estadistas e generais do Império Romano, a quem se deve a construção do Pantheon de Roma e dos seus principais aquedutos. Na Roma Antiga, graças aos aquedutos, belas fontes foram erguidas por toda a cidade, contribuindo para a arquitetura clássica e imponente da capital do maior império do mundo.

Fontana di Trevi
A Fontana, localizada no Rione de Trevi, no Bairro do Quirinal, no Centro Histórico de Roma, desenha a fantasia das suas águas e estátuas aninhadas no centro de um palácio, possuindo 20 metros de largura e cerca de 26 metros de altura. Verdadeira maravilha do mundo, seu esplendor começa quando nos aproximamos ao redor, ouvimos o som crescente das águas, e de repente, estamos diante de uma visão edênica da criação humana, contemplando uma das mais deslumbrantes vistas do planeta. O espaço da Fontana abre-se aos olhos do visitante, com a força da água a emanar das pedras, como se adquirisse vida e arrebatasse-nos para um cenário preso na beleza da arte do homem.

Fontana di Trevi
Como um dos pontos turísticos mais famosos da capital, a Fontana di Trevi está sempre repleta de visitantes. A Fontana mundialmente conhecida e, na verdade a fachada de um prédio, o Palazzo Poli, ornamentada com estátuas e outros elementos. Ocupando parte da parede do Palazzo, que fica entre duas ruas paralelas, não é possível andar ao redor ou passar atrás dela. Ela também não é circular como a maioria das fontes, sendo, desta forma, uma estrutura ímpar. A Fontana tem detalhes interessantes e curiosos. Acima das quatro colunas estão as estátuas que representam as quatro estações. Podem-se ver as alegorias de prados exuberantes, presentes outonais, exuberância dos campos e a variedade de frutas colhidas (da esquerda para a direita). As inscrições são homenagens aos papas envolvidos na construção. E a Fontana di Trevi é coroada com o brasão de armas do Papa Clemente XII.

Fontana di Trevi
Olhando para a Fontana, se vê que ela tem o formato de um arco triunfal no centro. E este foi modelado de acordo com o Arco de Constantino, que fica em frente ao Coliseu. Quando se compara a Fontana e o Arco, lado a lado, consegue-se perceber bem esta “inspiração”. É como se o Arco estivesse incorporado ali. No centro, está represento Netuno que conduz uma carruagem em forma de concha, puxada por dois cavalos-marinhos montados por dois tritões, um mais velho e outro mais jovem. Olhe mais atentamente e você perceberá que um dos cavalos está calmo, enquanto o outro é bem selvagem: um símbolo das “mudanças de humor” do oceano. O tema da Fontana di Trevi é as forças da natureza que ameaçam o homem e seu trabalho. E Netuno faz parte das forças da natureza e das criaturas míticas que ameaçavam o povo. O grande chafariz posicionado em frente às esculturas simboliza o mar. Nos nichos à direita e à esquerda de Netuno estão as figuras dedicadas à Saúde e Fertilidade. Estas foram criadas por Fillippo della Valle e também fazem parte do tema. Elas são as representações figurativas da Salubridade e da Abundância (saúde e bem-estar).

Escultura de Netuno
Em cima dos nichos da Fertilidade e da Salubridade, estão dois relevos. No relevo da esquerda pode-se ver Marcus Agripa, explicando a construção da Fontana para Augusto, que ordena a construção dela. À direita está representada a virgem que liderou os soldados de Agripa até a nascente nas Montanhas de Sabine. As representações são muito bem feitas e as figuras parecem ter vida e seguir em direção ao espectador. Quase como um quadro vivo. Além disso, a água foi direcionada para gerar um barulho forte, e impressionar ainda mais quem observa a Fontana. Desta forma, o barulho dá “vida” às esculturas. 

Escultura de Netuno com as 
Estátuas da Abundância 
e da Salubridade







A Fontana di Trevi foi construída numa mistura de estilos barroco tardio e neoclássico, usando pedras de travertino de Tivoli e mármore de Carrara. À esquerda da Fontana, vê-se um grande vaso de travertino, cuja história curiosa tem origem na construção do monumento. Dizem que, enquanto a obra era realizada, os operários eram frequentemente importunados pelas críticas de um barbeiro que tinha sua barbearia na praça e estava sempre pronto a se intrometer na obra da Fontana. O arquiteto Nicola Salvi procurou ser paciente, mas não aguentou mais, decidiu mandar colocar esse grande vaso de travertino em frente à barbearia, de forma que o barbeiro não tivesse mais a vista da Fontana. E o vaso, que ainda está lá, é chamado pelos romanos de “naipe de copas” pela semelhança com a carta do baralho.

Palazzo Poli
É interessante saber que desde 2007 a Fontana não é mais alimentada pela água vinda da ainda ativa Aqua Virgo. Agora, uma bomba traz a água do sistema de abastecimento da cidade. A dica para os que desejam evitar a multidão, que se aglomera na Praça de mesmo nome, é visitar o local bem cedo ou tarde da noite. O mais impressionante de Roma são esses (muitos) pequenos momentos em que você anda por ruelas e becos bonitinhos e, meio que sem querer, esbarra com alguma maravilha que te faz tremer completamente. Com a Fontana é assim.




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