sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Roma - Campo Dei Fiori

Campo Dei Fiori
Nos finais de tarde de verão, com seus casarões dourados pela luz do sol, a Piazza Campo Dei Fiori se torna absolutamente irresistível. Ainda mais sabendo que alguns dos bares mais aconchegantes da cidade estão aqui, prontos para abastecerem a clientela – jovem, em sua maioria – com taças de vinho ou copos de cerveja gelada, na happy hour – que eles chamam de “aperitivo”. Campo dei Fiori (Campo de Flores) é uma pequena Piazza que passaria despercebida pelos turistas se não fosse por um detalhe: de segunda a sábado acontece ali a maior feira aberta de Roma. São comidinhas, flores, souvenires, massas e diversas outras coisas para comprar e trazer para o Brasil. Sim, as barraquinhas já são meio turísticas, com preços não tão baratos, mas ainda assim é mais autêntico do que comprar em uma loja de souvenires, além de que há coisinhas muito fofas que são ótimos presentes, como massas de vários sabores e produtos feitos à base de trufa. 

Estátua de Giordano Bruno
no Campo Dei Fiori
O lugar recebeu esse nome provavelmente porque durante muitos séculos a região permaneceu abandonada, inabitada. Pois é conhecido que a região frequentemente era atingida pelas cheias do Rio Tibre. Assim, durante muito tempo, quem passava por lá não via mais do que um campo de flores. A primeira construção na região na verdade foi uma igrejinha, que hoje em dia nem está mais no quadrado que forma o Campo dei Fiori. Mais tarde, a Família Orsini (uma dinastia italiana) se estabeleceu ali por volta do século XIII, e construiu o seu palácio. A Piazza, tal como ela é hoje, começou a tomar forma por volta do século XV, por ordem do Papa Calixto III. Depois da remodelação da região e da construção de vários edifícios importantes, foi construído o Palazzo della Cancelleria, que deu ares importantes ao lugar. O Campo dei Fiori se transformou em um lugar muito próspero, repleto de oficinas artesanais e albergues, e havia mercado de cavalos duas vezes por semana. Durante o período medieval, personalidades como nobres, cardeais e  comerciantes circulavam por ali. Mais tarde, a região já valorizada, foi pavimentada, ajudando na sua expansão e desenvolvimento. 

Estátua de Giordano Bruno no Campo Dei Fiori
No Renascimento, a Piazza era repleta de hotéis, pousadas e restaurantes e muitos deles pertenciam à Giovanna Cattanei (conhecida como Vannozza), uma cortesã e, pasmem, amante do Papa Alexandre VI. Bem na esquina da Piazza com a Via Del Gallo se encontra o prédio onde nasceu a terrível Lucrécia Borja, uma das filhas do próprio Alexandre VI. Uma parte do que hoje é a Piazza Farnese (a praça tranquila coladinha com o Campo dei Fiori) já fez parte do Campo dei Fiori. Olhando bem, em volta, percebe-se que a arquitetura é irregular. Os casebres e casarões nunca foram formalizados pelas leis municipais, crescendo desordenadamente, de modo que o visitante não vai ver uma continuidade entre os edifícios que circundam o Campo dei Fiori.

Estátua de Giordano Bruno no Campo Dei Fiori
Durante muitos séculos, apesar do nome bonitinho, o local foi usado para execuções públicas. O mais famoso a ser executado ali foi exatamente Giordano Bruno, que foi perseguido pela Inquisição por defender o sistema copernicano em que a Terra se move em torno do Sol. As ideias de Bruno foram consideradas perigosas e ele foi executado na fogueira, bem ali, no ano de 1600. Sua estátua que foi erguida em 1887, pelo escultor Ettore Ferrari, foi colocada ali, com a face soturna voltada para o Vaticano. Giordano Bruno é representado então como uma espécie de mártir dos livres pensadores, que morreu por defender suas ideais e pagou um preço caro por falar o que acreditava. Saibam que esse assunto é  coisa séria para os italianos, que incluíram a liberdade de manifestar o próprio pensamento na própria Constituição. Campo Dei Fiori foi a Piazza na qual foi exibida a sentença que condenou o pintor Caravaggio depois que ele assassinou um adversário. Antigamente, no lugar do monumento existia uma fonte que, na década de 1920, foi deslocada e ainda  se encontra na Piazza della Chiesa Nuova.

Palazzo della Cancelleria
Uma das coisas que você vai perceber é a ausência de qualquer sinal religioso nesta Piazza, numa terra onde você se depara com uma igrejinha em qualquer esquina, o que mais impressiona neste quadrado que forma a Piazza Campo dei Fiori é a ausência absoluta de qualquer edifício religioso. Em compensação tem diversos restaurantezinhos ao redor, ideal para uma pausa para o vinho. Fica ao leste do Rio Tibre no Rione Parione. Em 1869 o antigo mercado de flores da Piazza Navona foi transferido para o Campo dei Fiori. O Campo dei Fiori é um dos lugares agradáveis de Roma a serem explorados a pé ou por quem apenas deseja uma pausa entre um passeio e outro. No meio de tanta história que encontramos em Roma, Campo dei Fiori é um passeio que nos traz de volta ao presente, aos italianos simpáticos e galanteadores, ao colorido das barracas. O Campo dei Fiori fica a cerca de 25 minutos de caminhada do Coliseu. Uma corrida de táxi das proximidades do Pantheon até o local também não sai cara.

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