Campo Dei Fiori |
Nos finais de tarde de verão,
com seus casarões dourados pela luz do sol, a Piazza Campo Dei Fiori se torna absolutamente irresistível. Ainda
mais sabendo que alguns dos bares mais aconchegantes da cidade estão aqui,
prontos para abastecerem a clientela – jovem, em sua maioria – com taças de
vinho ou copos de cerveja gelada, na happy hour – que eles chamam de “aperitivo”. Campo dei Fiori (Campo de Flores) é uma pequena Piazza que passaria despercebida pelos turistas se não fosse por um detalhe: de
segunda a sábado acontece ali a maior feira aberta de Roma. São comidinhas, flores, souvenires, massas e diversas outras
coisas para comprar e trazer para o Brasil.
Sim, as barraquinhas já são meio turísticas, com preços não tão baratos, mas
ainda assim é mais autêntico do que comprar em uma loja de souvenires, além de
que há coisinhas muito fofas que são ótimos presentes, como massas de vários
sabores e produtos feitos à base de trufa.
Estátua de Giordano Bruno no Campo Dei Fiori |
O lugar recebeu esse
nome provavelmente porque durante muitos séculos a região permaneceu
abandonada, inabitada. Pois é conhecido que a região frequentemente era
atingida pelas cheias do Rio Tibre. Assim,
durante muito tempo, quem passava por lá não via mais do que um campo de
flores. A primeira construção na região na verdade foi uma igrejinha, que hoje
em dia nem está mais no quadrado que forma o Campo dei Fiori. Mais tarde, a Família
Orsini (uma dinastia italiana) se estabeleceu ali por volta do século XIII,
e construiu o seu palácio. A Piazza, tal como ela é hoje, começou a tomar forma
por volta do século XV, por ordem do Papa Calixto III. Depois da remodelação da
região e da construção de vários edifícios importantes, foi construído o Palazzo della Cancelleria, que deu ares
importantes ao lugar. O Campo dei Fiori
se transformou em um lugar muito próspero, repleto de oficinas artesanais e albergues,
e havia mercado de cavalos duas vezes por semana. Durante o período medieval, personalidades como nobres, cardeais e comerciantes circulavam
por ali. Mais tarde, a região já valorizada, foi pavimentada, ajudando
na sua expansão e desenvolvimento.
Estátua de Giordano Bruno no Campo Dei Fiori |
No Renascimento, a Piazza era repleta de hotéis, pousadas e restaurantes
e muitos deles pertenciam à Giovanna Cattanei (conhecida como Vannozza), uma cortesã
e, pasmem, amante do Papa Alexandre VI. Bem na esquina da Piazza com a Via Del Gallo se encontra o prédio onde
nasceu a terrível Lucrécia Borja, uma das filhas do próprio Alexandre VI. Uma
parte do que hoje é a Piazza Farnese
(a praça tranquila coladinha com o Campo
dei Fiori) já fez parte do Campo dei
Fiori. Olhando bem, em volta, percebe-se que a arquitetura é irregular. Os
casebres e casarões nunca foram formalizados pelas leis municipais, crescendo
desordenadamente, de modo que o visitante não vai ver uma continuidade entre os
edifícios que circundam o Campo dei
Fiori.
Estátua de Giordano Bruno no Campo Dei Fiori |
Durante muitos séculos,
apesar do nome bonitinho, o local foi usado para execuções públicas. O mais
famoso a ser executado ali foi exatamente Giordano Bruno, que foi perseguido
pela Inquisição por defender o
sistema copernicano em que a Terra se move em torno do Sol. As ideias de Bruno
foram consideradas perigosas e ele foi executado na fogueira, bem ali, no ano
de 1600. Sua estátua que foi erguida em 1887, pelo escultor Ettore Ferrari, foi
colocada ali, com a face soturna voltada para o Vaticano. Giordano Bruno é representado então como uma espécie de
mártir dos livres pensadores, que morreu por defender suas ideais e pagou um
preço caro por falar o que acreditava. Saibam que esse assunto é coisa
séria para os italianos, que incluíram a liberdade de manifestar o próprio
pensamento na própria Constituição. Campo Dei Fiori foi a Piazza na qual foi
exibida a sentença que condenou o pintor Caravaggio depois que ele assassinou um
adversário. Antigamente, no lugar do monumento existia uma fonte que, na década
de 1920, foi deslocada e ainda se encontra na Piazza della Chiesa Nuova.
Palazzo della Cancelleria |
Uma das coisas que você
vai perceber é a ausência de qualquer sinal religioso nesta Piazza, numa terra
onde você se depara com uma igrejinha em qualquer esquina, o que mais
impressiona neste quadrado que forma a Piazza
Campo dei Fiori é a ausência absoluta de qualquer edifício religioso. Em
compensação tem diversos restaurantezinhos ao redor, ideal para uma pausa para
o vinho. Fica ao leste do Rio Tibre
no Rione Parione. Em 1869 o
antigo mercado de flores da Piazza Navona
foi transferido para o Campo dei Fiori.
O
Campo dei Fiori é um dos lugares
agradáveis de Roma a serem
explorados a pé ou por quem apenas deseja uma pausa entre um passeio e outro.
No meio de tanta história que encontramos em Roma, Campo dei Fiori é
um passeio que nos traz de volta ao presente, aos italianos simpáticos e
galanteadores, ao colorido das barracas. O Campo
dei Fiori fica a cerca de 25 minutos de caminhada do Coliseu. Uma corrida de táxi das proximidades do Pantheon até o local também não sai
cara.
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