sexta-feira, 25 de março de 2016

Tour pelo Sul do Brasil - Rio Grande do Sul

Palácio Piratini em Porto Alegre
Depois do Paraná e de Santa Catarina, o Rio Grande do Sul foi o último Estado visitado neste Tour pelo Sul do Brasil. Ser gaúcho é motivo de muito orgulho para cada um dos habitantes do Rio Grande do Sul. Mais dia menos dia, mesmo quem não é nascido no Estado, mas ali vive, começa a adquirir costumes como tomar chimarrão, preparar um bom churrasco, torcer para Internacional ou Grêmio, além de ceder a outras tradições locais. A posição geográfica reforça os laços com argentinos e uruguaios, ressaltados no cantarolar do sotaque, na dieta carnívora e até na adaptação a invernos rigorosos. O Rio Grande do Sul é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Sul e tem por limites o Estado de Santa Catarina ao norte, Argentina ao oeste e Uruguai ao sul, além do Oceano Atlântico ao leste. Todo o seu território está abaixo do Trópico de Capricórnio. É dividido em 497 municípios e sua área total é pouco maior que o Equador. Sua capital é Porto Alegre e as cidades mais populosas são: Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas e Santa Maria.

Interior do Palácio Piratini
Na época do Descobrimento do Brasil, a região que hoje forma o Rio Grande do Sul era habitada pelos índios Minuanos, Charruas e Caaguaras, que viveram há 12 mil anos a.C. Eram bons ceramistas e, na caça, usavam as boleadeiras, até hoje um dos instrumentos do peão gaúcho. Essas tribos viveram muito tempo sem contato com os brancos colonizadores. As disputas entre Portugal e Espanha sobre os limites de suas possessões na América fizeram com que a região só fosse ocupada no século XVII. Os padres jesuítas espanhóis foram os primeiros a se estabelecerem no local. As peculiaridades geográficas do atual Estado do Rio Grande do Sul, dividido em 11 diferentes regiões fisiográficas, influíram para retardar a ocupação da terra, a leste, pelo conquistador europeu. Considerado por Portugal uma Capitania somente em 1807, o território pertencia até então, pelo Tratado de Tordesilhas, aos espanhóis. Ao longo da história, a região foi palco de guerras, como a Cisplatina (1825-1828) e a do Paraguai (1864-1870). No intervalo entre as duas, aconteceram levantes que deram origem ao maior conflito civil do país, a Revolução dos Farrapos (1835-1845), de ideal separatista. 

Carro utilizado no desfile de posse do Governador
do Estado do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul é um Estado com vastas opções de turismo. As praias do litoral norte nas cidades de Capão da Canoa, Tramandaí e Torres são as mais conhecidas do Estado, esta última apresentando falésias. São três pedras que ficam na beira do mar, sendo que uma delas avança mar adentro em uma altura de 30 metros. No litoral sul destaca-se a Praia do Cassino, em Rio Grande, constando no Guiness Book como a maior praia do mundo. Também se destacam as praias da Laguna dos Patos, principalmente as praias de São Lourenço do Sul, Tapes e Pelotas (Praia do Laranjal). As serras atraem milhares de turistas todos os anos, no inverno e verão. As cidades de Gramado e Canela são conhecidas na época de Natal pela decoração das cidades, juntamente com os parques natalinos. No inverno, os turistas visitam essas cidades juntamente com Caxias do Sul, São José dos Ausentes e Cambará do Sul, devido às temperaturas baixas, muitas vezes negativas e com a possibilidade de queda de neve. 

Usina do Gasômetro às margens do Rio Guaíba
Nas serras do Estado, também está a maior concentração de produtores de vinho do país, na região conhecida como Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves e Garibaldi). Mais ao sul, na região de Campanha, está situada a segunda mais importante área produtora. As vinícolas gaúchas são premiadas internacionalmente, em razão da alta qualidade de seus vinhos e espumantes. Entre as belas paisagens do interior, as mais impressionantes estão nos arredores de Cambará do Sul, porta de acesso ao Parque Nacional de Aparados da Serra e à sua grande atenção, os cânions de Itaimbezinho, cujos desfiladeiros de 720 metros de profundidade e seis quilômetros de extensão são margeados por araucárias e da Fortaleza, os quais são dos maiores do Brasil. Em Gramado acontece o Festival de Cinema. Na conhecida como “Pequena Itália”, em que se localizam as cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi, podem-se encontrar as melhores vinícolas do Brasil. Ainda a oeste, se encontram as Missões Jesuíticas, na cidade de São Miguel das Missões e arredores.

Torres
O Rio Grande do Sul apresenta uma rica diversidade cultural. De uma forma sucinta, pode-se concluir que a cultura do Estado tem duas vertentes: a gaúcha propriamente dita, com raízes nos antigos gaúchos que habitavam o Pampa; a outra vertente é a cultura trazida pela imigração europeia, efetuada por colonos portugueses, espanhóis e imigrantes alemães e italianos. A primeira é marcada pela vida no campo e pela criação bovina. A cultura gaúcha nasceu na fronteira entre a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Os gaúchos viviam em uma sociedade nômade, baseada na pecuária. Mais tarde, com o estabelecimento das fazendas de gado, eles acabaram por se estabelecer em grandes estâncias espalhadas pelos Pampas. O gaúcho era mestiço de índio, português e espanhol, e a sua cultura foi bastante influenciada pela cultura dos índios Guaranis, Charruas e pelos colonos hispânicos.

Gramado
No século XIX, o Rio Grande do Sul começou a ser colonizado por imigrantes europeus. Os alemães começaram a se estabelecer ao longo do Rio dos Sinos, a partir de 1824. Ali estabeleceram uma sociedade baseada na agricultura e na criação familiar, bem distinta dos grandes latifundiários gaúchos que habitavam os Pampas. Até 1850, os alemães ganhavam facilmente as terras e se tornavam pequenos proprietários, porém, após essa data, a distribuição de terras no Brasil tornou-se mais restrita, impedindo a colonização de ser efetuada nas proximidades do Vale dos Sinos. A partir de então, os colonos alemães passaram a se expandir, buscando novas terras em lugares mais longes e levando a cultura da Alemanha para diversas regiões do Rio Grande do Sul. A colonização alemã se expandiu nas terras baixas, parando nas encostas das serras. Quem colonizou as serras do Rio Grande do Sul foi outra etnia: os italianos. Imigrantes vindos da Itália começaram a se estabelecer nas Serras Gaúchas a partir de 1875. A oferta de terras era mais restrita, pois a maior parte já estava ocupada pelos gaúchos ou por colonos alemães. Os italianos trouxeram seus hábitos e introduziu na região a vinicultura, ainda hoje a base da economia de diversos municípios gaúchos.

Macieiras na Serra Gaúcha
O Estado possui rico acervo arquitetônico e dispõe de inúmeros monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), entre os quais se destacam a Igreja de São Sebastião, em Bagé, construída em 1863 e onde repousam os restos mortais de Gaspar da Silveira Martins; o Forte Inacabado de Dom Pedro II, em Caçapava do Sul; o Palácio do Governo Farroupilha (hoje Museu Farroupilha), o Quartel-General Farroupilha e a Casa de Giuseppe Garibaldi, em Piratini; a Catedral de São Pedro, em Rio Grande; as Ruínas do Povo e da Igreja de São Miguel, em Santo Ângelo; os casarões, a Catedral, o Theatro 7 de Abril (o mais antigo em funcionamento no Brasil), o Teatro Guarany, Catedral no Centro, a Igreja do Porto, os Casarões na Praça Coronel Pedro Osório, o Mercado Central e as Charqueadas em Pelotas; a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Viamão.

Campos do Rio Grande do Sul
Dentre as festas religiosas do Estado, destaca-se, na capital, a Procissão Fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira de Porto Alegre, em dois de fevereiro; a Festa do Divino, celebrada na Igreja do Espírito Santo; e a Procissão de Corpus Christi. Ainda na capital, realizam-se exposições anuais de animais e produtos derivados (agosto), a Semana Farroupilha (setembro) e a Exposição Estadual de Orquídeas (dezembro); em Santana do Livramento e São Borja realizam-se exposições agropecuárias (outubro); em Caxias do Sul, a famosa Festa da Uva (fevereiro); e em Gramado, a Festa das Hortênsias (bienal) e a Feira Nacional de Artesanato (anual); em todas as cidades da Campanha Gaúcha realizam-se rodeios (reunião de gado para contagem, cura e venda); em Pelotas acontece a Festa Nacional do Doce (Fenadoce), a maior feira de doces do Brasil, o evento acontece entre os meses de junho e julho no Centro de Eventos Fenadoce; em Rio Grande acontece a Festa do Mar, voltada aos frutos do mar, pescados em geral, acontecendo normalmente na época da Páscoa, bem como a FEARG, voltada ao artesanato, comércio e etnias locais, e a Festa de Iemanjá, realizada em fevereiro, recebendo umbandistas, fiéis e simpatizantes de várias cidades do Estado e até de outros países.

Videiras na Serra Gaúcha
Em várias cidades do Estado acontecem eventos literários conhecidos por Feira do Livro, destacando-se as de Passo Fundo, Praia do Cassino e, principalmente, a de Porto Alegre. Em Santa Rosa, realiza-se a Fenasoja que atrai muitos visitantes de fora do país. Já em Ijuí - terra das culturas diversificadas, realiza-se a ExpoIjuí, conhecida festa que reúne as mais diversas etnias do Estado, são 12 atualmente. A Califórnia da Canção Nativa é um evento musical considerado como patrimônio cultural do Estado. Ocorre a cada ano em diversas cidades, com a final no mês de dezembro em Uruguaiana. Danças típicas do Estado são o bambaquerê (espécie de quadrilha), e congada (auto popular), a chimarrita (fandango), a jardineira (dança figurada e cantada, de pares soltos) e a quebra-mana (dança sapateada e valsada). Nas zonas de colonização alemã, realizam-se os kerbs, bailes populares que duram em geral três dias. O evento “Grito do Nativismo Gaúcho” de Jaguari tem sua origem no próprio contexto histórico do movimento dos festivais nativistas do Rio Grande do Sul. O Festival ocorre anualmente no Clube de Caça e Pesca de Jaguari (CAPEJAR) no mês de janeiro.

Cânions em Cambará do Sul
A cidade se destaca em diversos esportes. O futebol é o popular entre os porto-alegrenses, que se orgulham de contar com dois campeões mundiais de clubes, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e o Sport Club Internacional. Os dois protagonizam uma das mais clássicas rivalidades do futebol mundial, disputada no chamado Clássico Gre-Nal. A qualidade de seus grandes Estádios, a Arena do Grêmio e o Beira-Rio, respectivamente, foi reconhecida internacionalmente e possibilitou que a cidade fosse escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo FIFA de 2014. Geralmente o Campeonato Gaúcho é vencido por um desses times. O Rio Grande do Sul possui atualmente oito times de futebol pertencentes às divisões do Campeonato Brasileiro de Futebol: Grêmio; Internacional; Caxias; Juventude; Lajeadense de Lajeado e Ypiranga. O Sport Club Rio Grande do município de Rio Grande é o mais antigo do Brasil e atualmente joga o Campeonato Gaúcho da Segunda Divisão. O Rio Grande do Sul também é referência nacional e mundial na prática do futsal, ginástica artística, judô e patinação artística. Em Erechim, no norte do Estado, é realizada a única etapa no Brasil do Campeonato Sul-Americano de Rally de Velocidade pela CODASUR.

Estádio do Beira-Rio

Arena do Grêmio
A cozinha típica tem como prato principal o Churrasco com sal grosso (pedaços de carne cortados de modo especial, colocados em espetos e postos a assar em churrasqueira). O Churrasco pode ser feito no forno de chão, na churrasqueira e em diversos lugares, é consumido com muita frequência pelos gaúchos mesmo em dias de semana, e geralmente nos fins de semana pelas pessoas da região sudeste. A bebida típica é o chimarrão (chá de erva-mate quente e amargo servido por meio de uma bomba). Já o Chimarrão não tem hora para ser consumido, e o seu sabor é semelhante a um chá, porém mais forte e de sabor menos adocicado. O vinho e o curtido de cachaça com butiá são outras das bebidas preferidas dos gaúchos.

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