Cannes vista do Monte Le Suquet |
O próximo pacote de viagem a ser postado foi realizado por um sobrinho
que estava fazendo pós-graduação em Lyon, na França. Nos finais
de semana ele aproveitava para conhecer as cidades próximas. Então recebi dele
as fotos para contar a história de suas viagens, vamos falar sobre estas
cidades no Tour pela França. A Riviera Francesa compreende uma
área que vai de Toulon até a fronteira com a Itália, sendo
chamada também de Costa Azul, ou Côte d’Azur, em francês. Essa
região faz parte do litoral Sul da França e é banhada pelo Mar
Mediterrâneo, com suas águas de tons
deslumbrantes. A Côte d’Azur
definitivamente não tem esse nome por acaso. Sendo uma faixa conhecida por suas belezas naturais, a Riviera nos
apresenta cidades fascinantes e propícias ao turismo. Dentre os vários lugares
para conhecer na Riviera Francesa podemos destacar Nice, Mônaco
e Cannes. Cada uma com suas particularidades e características, fazendo
de um passeio por essa parte belíssima da França algo inesquecível.
Afinal, além da natureza, a região oferece uma gastronomia riquíssima e ótimos
roteiros de luxo para todos os gostos. Vale frisar que a Riviera Francesa
não possui uma definição exata das cidades que fazem parte de sua extensão
territorial. Por isso, muitas vezes, ela se confunde com a região de Provence.
Praia de Cannes, no Mar Mediterrâneo |
Há várias rotas para se seguir em uma visita pelo Sul da França.
Seja você um adepto da natureza, da aventura ou dos roteiros de luxo. As
distâncias entre as principais cidades da Riviera são pequenas, o que
facilita o deslocamento entre elas. Comecemos por Cannes que é uma
cidade do Dèpartement de Alpes-Maritimes. É
difícil até escolher a melhor parte, porque cada uma das cidadezinhas que
margeiam a costa nessa região do Sul da
França é um charme. Cannes é
puro glamour. É um destino turístico movimentado, por sediar anualmente o Festival de Cinema de Cannes, a vitrine
mundial de lançamentos do cinema, o maior evento mundial da categoria. E mais:
ainda reúne celebridades que desfilam pelo tapete vermelho e agitam a região
sempre no comecinho do verão europeu. Cannes
era originalmente um resort de inverno para os ingleses da alta sociedade. A
cidade é a segunda maior do país em número de hotéis e restaurantes estrelados
depois de Paris, abriga belezas
naturais e históricas, exibe cenários tipicamente hollywoodianos e, claro,
alguns dos eventos mais importantes do mundo.
Vieux Port |
Nas antigas línguas indo-europeias, Kan significa “pico”. Daí,
provavelmente, originou-se Cannoïs,
nome pelo qual a cidade era conhecida desde os tempos dos romanos, devido ao
fato de sua parte mais antiga estar localizada sobre o Monte Chevalier, que antigamente se chamava Le Suquet (palavra provençal que também significa “pico”), e hoje
abriga o bairro mais velho de Cannes,
o Vieux Cannes. Desde a Idade Média até o início do século XIX,
Cannes era uma pequena aldeia de
agricultores e pescadores. Contudo, invasões bárbaras, árabes e de soldados dos
mais variados exércitos tornaram a vida do vilarejo agitada até o século XVIII.
Em 1815, Napoleão, fugido do exílio da Ilha
de Elba, acampou nas dunas ao redor da cidade.
Marina no Vieux Port |
No início da década de 1830, a aristocracia francesa e estrangeira construiu
residências de férias na região, transformando
gradualmente a cidade em uma cidade turística. Mas a vida de Cannes mudaria mesmo alguns anos mais
tarde, em 1834. Em viagem para a Itália,
um aristocrata, Lorde Henri Brougham, foi obrigado a parar nas margens do Rio Var por causa de uma epidemia de
cólera que devastava a região. Ele errou o caminho e encontrou a única
hospedaria que existia na cidade. Eis que o rico homem se apaixona pelo lugar:
a beleza do porto, as ilhas próximas que brilhavam ao sol…Tudo o encantou. O
lorde mandou construir, então, uma suntuosa residência, o Château Éléonore, em homenagem à filha, onde passava os invernos,
acompanhado da fina flor da aristocracia inglesa. A
própria Rainha Vitória, após a morte de seu filho, o Príncipe Leopold, passou
quatro dias na cidade em luto. Já em 1870, Cannes contava com 35 hotéis e mais de 200 villas (casas de veraneio) e passou a ser
considerada a cidade dos ricos. É o nascimento do glamour que conhecemos hoje. A população da cidade de Cannes evoluiu relativamente nos últimos anos.
Anoitecer em Cannes |
Não há como negar que a maior atração
turística de Cannes é o seu Festival de Cinema, que acontece todos
os anos em maio, na primavera europeia, e atrai as principais estrelas do mundo
cinematográfico. Uma visita à Cannes pode se transformar em um grande
acontecimento, ainda mais se a sua viagem for durante o Festival. Já pensou
esbarrar com o seu artista de Hollywood
favorito por lá? Super Cannes ou La Californie são os bairros mais
badalados pelos famosos. Pode pesquisar. Nenhum dos seus astros
favoritos do cinema ostenta em seu currículo a gravíssima falha de nunca ter
estado em Cannes. Se Hollywood representa tudo o que a
sétima arte tem de mais grandioso, espetacular e pomposo, esta pequena cidade
que simboliza a Côte d’Azur se
encarrega de todo o glamour e a aura cool
do universo das películas desde 1946.
Hôtel de Ville - Prefeitura de Cannes |
Porém, a sétima arte está presente o ano
todo na cidade. Várias pinturas que remetem ao cinema recobrem as fachadas de
várias casas e estabelecimentos. Mas essa cidade multiforme, excêntrica, não
vive só de cinema. Atrai milhares de turistas e é um destino atraente e
interessante para todos os tipos de viajantes. Ela pode ser agradável o ano
inteiro, embora para muitos brasileiros seja um pouco frio no inverno, mas nada
insuportável, pois é bem mais quente do que Paris. Em maio, por causa do Festival, e no verão, a cidade fica
bem mais cara e lotada. A badalação atinge níveis estratosféricos na época do
evento, e no resto do ano a cidade fica mais tranquila, mas não menos
instigante. Então, se você não gosta de agitação, não é uma boa época para ir.
Em setembro, os preços estão mais baratos e a temperatura ainda é boa. Pode ser
uma opção. A associação entre a cidade e os festivais badalados é tão forte e
imediata que outros eventos concorridíssimos também são sediados anualmente na
cidade há décadas: o Festival Internacional de Criatividade, também conhecido como Cannes Lions, que premia com seus famosos Leões de Ouro os melhores da
publicidade desde 1954, e o Midem,
uma das maiores e mais importantes feiras de música, inaugurada em 1967.
Intercontinental Carlton Cannes |
Uma boa dica é pegar o
trenzinho turístico que dá a volta pela cidade, o Petit Train Touristique. São vários tipos de tour: o “History Tour”, o “La Croisette”, o “Cinema
Tour” e o “Big Tour“. É um mini
tour guiado com comentários em áudio sobre as lojas chiques, clubes, cassinos,
hotéis onde as celebridades costumam ficar, etc. Também dá para ver um pouco da
vida na cidade. E o ponto alto do passeio é literalmente alto: nesse passeio, o
trem sobe no Le Suquet, um morro com uma bela vista da cidade – e a parte mais antiga de Cannes. Conforme você vai subindo as
ladeiras de Le Suquet, a vida
bucólica vai se revelando. Ao caminhar pelas ruas de pedra e subir escadarias
em zigue-zague, vai passar por sobrados coloridos e decorados com luminárias. A
parte antiga da cidade é rica em arte e em deliciosos restaurantes. A rua
principal é a Saint Antoine, com
suas lindas casas com janelas pintadas de verde ou azul claro. A Place de La Castre, situada no alto do Monte Chevalier, é, desde os tempos dos
romanos, o lugar ideal para se ter uma visão panorâmica da região.
Île Sainte Marguerite |
Vale visita à Eglise de Notre-Dame d’Espérance (Nossa Senhora da Esperança), construída em 1627, em estilo gótico,
e que foi por muito tempo lugar de peregrinação e ao Musée de La Castre, magnífica coleção de antiguidades, mas também
de telas de artistas locais que retratam a história da cidade. A coleção de arte etnográfica, composta de peças como
marionetes indonésias, sarcófagos etruscos e tábuas budistas tibetanas é
impressionante, mas a grande atração mesmo é a torre do século XII, a Tour Carrée, onde seus 109 degraus nos
levam para a vista mais bonita da cidade, do
mar, das praias, das colinas, dos telhados e das montanhas mais distantes. Depois
de curtir o ambiente, você pode voltar para baixo no mesmo trem – aproveitando
a adrenalina de
circular pelas ruas estreitas nesse veículo.
Île Sainte Marguerite |
Uma boa pedida de passeio é o La Croisette, o bairro dos milionários,
com seus palácios e lojas luxuosos. Logo de cara, no calçadão Boulevard de La Croisette, já é
possível sentir o impacto, de lá dá para observar os barcos ancorados nas águas
azul-turquesa do Mediterrâneo. O
nome vem de uma ponte do bairro, onde antigamente havia uma pequena cruz. É
cheio de palmeiras e o passeio preferido dos turistas. Para se ter uma ideia do
cosmopolitismo desse passeio, as bancas do bairro vendem jornais em 30 línguas
diferentes. Destaque, também, para o Casino
de Palm Beach e a Les Allées de La
Liberté. Essa rua cheia de árvores, no centro da cidade, é ótima para
caminhadas matinais. Todos os dias é palco para um mercado de flores e, aos
sábados, para uma feira de antiguidades. Numa de suas extremidades, fica o
elegante Hôtel de Ville (sede da Prefeitura
da cidade) datado do final do século XIX.
Île Sainte Marguerite |
Hollywood não é o único lugar
que você encontra uma calçada com impressões das mãos das estrelas do cinema
global. As centenas de milhares de pessoas que visitam esse cantinho francês
todos os anos, também podem apreciar a versão francesa da Calçada da Fama, o Chemin
des Etoiles. Você vai cruzar com Quentin Tarantino, Angelina Jolie,
Catherine Deneuve e outros pesos pesados da telona – ou pelo menos a impressão
das palmas de suas mãos e assinaturas na calçada – ao caminhar ao longo da
parte oeste do La Croisette, principalmente
ao redor do centro de convenções Palais
des Festivals et des Congrès (onde acontecem os principais eventos do Festival)
e da Esplanada Georges Pompidou. Se
for para o lado leste, o da praia mediterrânea, vai se deparar com mulheres
vestidas de Chanel e seus cachorrinhos minúsculos, além de outros tipos
característicos, reunidos nas areias douradas e restaurantes barulhentos da
orla. Do outro lado da rua, vale observar a grandiosidade da decoração Belle Époque e Art Déco de hotéis como o Intercontinental
Carlton Cannes que oferece os melhores drinks da cidade e o Hôtel Martinez, ambos favoritos das
celebridades. A praia em frente ao Le
Majestic, bem perto do Palais des
Festivals, também é dona de uma paisagem de tirar o fôlego. Aliás, durante
o Festival de Cinema, a escadaria do
Hotel vira palco das fotos mais compartilhadas nas redes sociais. Em termos de
cultura, o espaço La Malmaison
organiza mostras dos maiores artistas da Riviera.
Forte em Île Sainte Marguerite |
Com suas marinas
lotadas de mega iates branquíssimos e as ruas da orla entupidas de Ferrari e
Mercedes, o badalado balneário da Riviera
Francesa a princípio dá a impressão de ser uma cidade em que andar a pé é
ofensa aos moradores e prova cabal de falta de glamour, mas a verdade é que os
calçados fazem sucesso por ali - e não só os sofisticados usados pelas
celebridades para atravessar o tapete vermelho do Festival de Cinema. Seja passeando no famoso calçadão à beira-mar
conhecido como La Croisette,
explorando as ruazinhas do bairro histórico de Le Suquet, se aventurando nas trilhas de uma ilha vizinha ou
sacudindo o esqueleto numa pista de dança, você vai precisar de pelo menos
alguns pares. Sorte é que há muitas opções nas vitrines da Rue d'Antibes, outro passeio essencial para se fazer na cidade, é o
que os franceses consideram um "must". Minha dica é escolher um hotel bem
localizado, onde você possa fazer o máximo das atividades a pé: o trânsito em Cannes é caótico e realmente não há
necessidade de carros para conhecer seus principais pontos turísticos. Como em
muitas cidades francesas, as ruas são bem estreitas e a quantidade de pessoas e
carros é maior do que a cidade consegue comportar. Sem contar que muitos hotéis
não possuem estacionamento próprio (estamos na Europa, lembra?), e os preços dos estacionamentos de rua são trés cher, como diriam os
franceses. É impressionante, o quanto você aprende prestando atenção em
pequenos detalhes do cotidiano de uma cidade.
Forte em Île Sainte Marguerite |
Um passeio bacana para quem está em Cannes é ir de barco até as Îles de Lérins. A Île Sainte Marguerite é
pequena e tem trilhas legais, dá para fazer um tour de bicicleta ou visitar o Museu do Mar e o Fort Royal, fica a 20 minutos de barco de Cannes, enquanto a outra, île
Saint-Honorat, tem um monastério com monges que levam turistas para
conhecer capelas simpáticas e provar os vinhos produzidos por eles. A caminhada ao ar livre na Île Saint-Honorat, a menor das duas Îles de Lerins, é imperdível. A balsa
que sai da Marina do Vieux Port,
depois de Quai Laubeuf, vai deixá-lo
20 minutos depois no litoral rústico da Ilha, cujos habitantes são os monges da
Abbaye de Lerins. Percorrer todo o
perímetro leva de duas a três horas, mas é possível ver cavernas, promontórios,
flores selvagens, vinhas (onde os monges cultivam as uvas para fazer vários
tipos de vinhos) e as ruínas de capelas de pedra de centenas de anos. O
destaque é a abadia medieval abandonada no lado sul, uma construção em estilo
gótico com ar misterioso que parece recém-saído de uma história de terror. O passeio pelas Ilhas pode incluir uma visita
ao belo Museu Picasso, que fica em
um castelo em Antibes, entre Cannes e Nice, outra cidade da Côte
d’Azur. Joia da arquitetura abriga mais de 240 trabalhos de Pablo Picasso,
muitos feitos lá mesmo pelo pintor.
Île Sainte Marguerite |
Mesmo que não pretenda
levar para casa frutos do mar, pescados frescos ou produtos provençais vale
passear pelo Marché Fortville. É uma
ótima pedida para experimentar produtos típicos como o socca, uma espécie de crepe feito com farinha de grão-de-bico. Antes
conhecida por ser cobiçada por príncipes e princesas, Cannes é uma cidade que vale a pena visitar. Seus restaurantes,
cafés, praias, hotéis… os casos dos artistas que por lá já passaram geram uma
fascinação quase que mágica em quem tem a oportunidade de conhecer e aprecia o
charme especial que o lugar tem a oferecer.
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