quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Paris - Catacumbas de Paris

Catacumbas de Paris
Paris é conhecida como La Ville Lumière: um lugar cheio de beleza e charme que atrai multidões do mundo inteiro. Cenário de cartões-postais mundialmente conhecidos, como o Arco do Triunfo, o Museu do Louvre, a Torre Eiffel, a Avenida Champs-Elysées, a Catedral de Notre-Dame, entre outros. Paris é uma das cidades mais desejadas do mundo. Todo esse glamour, no entanto, esconde abaixo desta bela cidade uma escura  colmeia de túneis que guardam os restos mortais de seis milhões de seus antigos habitantes. Estas são as Catacumbas de Paris: uma rede de cavernas antigas, pedreiras e túneis que se estendem a centenas de milhas, e aparentemente alinhada com os ossos dos mortos. É considerado o maior ossuário do planeta. Para chegar até os túneis cheios de ossos é necessário descer 130 degraus em espiral, a 20 metros por debaixo da terra. A parte oficial tem uma extensão de aproximadamente dois quilômetros e estão abaixo das ruas de Denfert-Rochereau. Todo o percurso leva cerca de 45 minutos para ser realizado. A temperatura média é de 12º C. Se você é claustrofóbico, esqueça!! “Pare! Este é o Império da Morte”. É isso que você lê quando se aproxima de uma das principais entradas das Catacumbas de Paris, ponto turístico tradicional da cidade.

Catacumbas de Paris

Crânios organizados em
forma de coração
As Catacumbas de Paris têm suas origens nas pedreiras de calcário situadas nos arredores da cidade. Este recurso natural tem sido usado desde o tempo dos romanos, e forneceu material de construção de edifícios da cidade, assim como contribuiu para o seu crescimento e expansão. Este sistema de túneis é oficialmente designado "Les Carrières de Paris" (As Pedreiras de Paris ou Subterrâneos de Paris) e, embora o ossuário ocupe apenas uma parte dos túneis, todo o sistema chega a 400 quilômetros de extensão. Foi só depois da segunda metade do século XVIII, no entanto, que as antigas minas de calcário (agora sob a cidade como ela se expandiu ao longo dos séculos) foram transformadas em locais de sepultamento. Por volta do século XVIII, cemitérios parisienses, como Cimetière “des Saints-Innocents(o maior cemitério de Paris), foram tornando-se superpovoados, dando origem a enterros impróprios, sepulturas abertas e cadáveres jogados ao ar livre. Muito naturalmente as pessoas que viviam próximo desses lugares começaram a reclamar sobre o forte cheiro de carne em decomposição, além da propagação de doenças ao redor dos cemitérios, fazendo com que a água dos reservatórios locais fosse contaminada. O resultado era claro: mais pessoas doentes e, consequentemente, mais mortes.

Corredores das Catacumbas
Em 1763, um decreto foi emitido por Louis XV proibindo todos os enterros na capital. Na metade do século XVIII, a maior parte das igrejas de Paris possuía seu cemitério. A Igreja, porém, não quis mover os cemitérios, então se opuseram à sentença. Como resultado nada foi feito. Em 1785, o Conselho de Estado francês decidiu pela necessidade de reformular o sistema de cemitérios de Paris e pela imediata tomada de providências. Novos cemitérios foram construídos na periferia da cidade, mas restava a preocupação do que fazer com os cemitérios superlotados já existentes. A ideia de usar os túneis abandonados das pedreiras parisienses é creditada ao Chefe de Polícia.

Crânios
Em 1786 as antigas Pedreiras Tombe-Issoire foram abençoadas e consagradas pela igreja, transformando-se então nas Catacumbas de Paris. Sob orientação do Inspetor Geral dos Túneis de Paris, as primeiras ossadas transferidas saíram do Cemitério Saint-Nicolas-des-Champs. Elas foram transferidas à noite numa espécie de cerimônia feita de uma procissão de sacerdotes que cantava ao longo do caminho para as Catacumbas. Nas décadas seguintes os ossos dos mortos foram removidos dos cemitérios nos arredores de Paris para também serem enterrados nas Catacumbas. Além disso, a prática de enterrar os mortos recentes diretamente nas Catacumbas começou após a Revolução Francesa.

Decoração com crânios
Inicialmente, as ossadas foram jogadas de qualquer modo nas catacumbas. Somente na época do Império francês (a partir de 1810), que, as ossadas foram dispostas nos corredores das Catacumbas com certa criatividade artística. Ossos longos, como Fêmur e Tíbia, foram colocados à frente, formando verdadeiras paredes de ossos, adornados com os crânios em desenhos geométricos. Por trás destas paredes de ossos, foram depositados os ossos menores e mais irregulares. Desde o primeiro dia da transferência dos cemitérios, as Catacumbas de Paris tem sido um objeto de curiosidade até mesmo para a realeza. Em 1787 Lord of d’Artois, que se tornou Rei Charles X, foi até lá com algumas mulheres da corte. Em 1814 François I, o Imperador da Áustria, foi visitá-las e explorá-las enquanto estava em Paris. Em 1860 Napoleão III foi lá com seu filho. As paredes das Catacumbas também estão cobertas de pichações de namoro desde o século XVIII. Muitos, infelizmente já deixaram a sua marca neste lugar. Perto do final do século XVIII as Catacumbas tornaram-se uma atração turística e foram abertas ao público desde o ano de 1867.

Paredes de crânios nos corredores
Durante a Segunda Guerra Mundial, membros da Resistência Francesa utilizaram assiduamente os túneis de Paris. Os alemães também se serviram dos túneis, chegando a construir bunkers e casamatas nas suas galerias. Na segunda metade do século XX, como sempre, os subterrâneos de Paris foram usados por grupos das mais diversas ideologias. Grupos de ativistas políticos, religiosos, artistas, aventureiros, usuários de drogas, e vários outros se serviram dos subterrâneos para seus propósitos, o que ocorre ainda hoje.

Decoração com crânios e fêmur
Os subterrâneos de Paris também foram utilizados para passagens de cabos telefônicos, de TV por assinatura e acesso à Internet. Entretanto, devido a inúmeros casos de vandalismo e dificuldades de acesso, tais cabos foram transferidos para tubulação específica mais superficial e protegida. A parte dos subterrâneos ocupada pelo ossuário continua reservada e é aquela à qual os turistas têm acesso com total segurança. Com a especulação imobiliária e necessidade de reforço do subsolo para segurança das edificações, uma média de cinco quilômetros da rede de túneis existente tem sido bloqueada anualmente por estruturas de cimento.

Lápide indicando de qual cemitério foram retirados
esses ossos
As Catacumbas são uma parte bem sinistra de Paris. Elas são tranquilas, escuras, úmidas e transmitem certo ar de melancolia. Você nunca vai saber quem é quem, se o crânio que você está olhando pode ser alguém que morreu de peste ou de um rico aristocrata. Nunca se sabe. Embora as Catacumbas de Paris estejam abertas ao público em geral nos dias de hoje, o acesso é limitado a apenas uma pequena parte dos túneis. Aliás, desde 1955 é ilegal tentar acessar as outras partes das Catacumbas. No entanto, em 2004 a polícia parisiense foi designada para fazer um exercício de treinamento em uma parte previamente inexplorada das Catacumbas de Paris, embaixo do Palais de Chaillot, próximo à Torre Eiffel. Entrando nas Catacumbas através de um dreno os policiais se depararam com um cartaz que dizia “Local em construção, sem acesso”, além de uma câmera que transmitia imagens daqueles que passavam por ali.

Ossos e mais ossos
Quando os policiais pegaram a câmera uma gravação de cães latindo foi acionada. Ao seguir pelos túneis mais uma surpresa: as Catacumbas foram invadidas ilegalmente por exploradores urbanos parisienses, conhecidos como “cataphiles”. Alguns dos espaços sequer foram restaurados e mesmo assim se tornaram em locais de grande criatividade. Uma destas cavernas subterrâneas, por exemplo, foi transformada em um anfiteatro secreto, portando uma tela de cinema gigante, equipamentos de projeção, assentos e um punhado de filmes, desde clássicos a filmes mais recentes. A área ao lado do “cinema” também foi modificada, transformando-se em um bar totalmente abastecido e em um restaurante. Este seria, talvez, onde os frequentadores desse submundo secreto faziam um lanche e tomavam uns drinques entre uma sessão e outra.

Mais crânios

Entrando nas Catacumbas de Paris

A descoberta deixou a polícia surpresa ao encontrar todos esses aparatos, uma instalação profissional de linhas de eletricidade e mais três de telefone. E, ao voltarem três dias depois, na companhia de peritos do Conselho Francês de Energia Elétrica para tentar descobrir de onde a energia estava vindo, os cabos tinham sido cortados e um papel havia sido deixado no chão. “Não tentem nos encontrar”, dizia o bilhete. Estima-se que mais de 300 “cataphiles” entram nas Catacumbas a cada semana através de entradas secretas. Os que não são “cataphiles” e turistas, no entanto, muitas vezes não são bem-vindos a essas reuniões. Essa é uma história real e pode ser encontrada em diversos jornais e sites de notícias, embora um ou outro aspecto varie de acordo com a fonte consultada. Há quem diga que a descoberta foi por acaso, durante uma operação de rotina do esquadrão de Polícia especializado em patrulhar o Subterrâneo de Paris. Por outro lado, os donos do cinema garantem que a descoberta só foi possível porque um ex-membro do grupo deu com a língua nos dentes.


Interior das Catacumbas de Paris

Organização dos ossos
Desde o seu início, como uma pedreira de calcário, para a sua utilização no enterro dos mortos no século XVIII, e ao papel que desempenha hoje na vida dos “cataphiles” e no turismo, as Catacumbas de Paris se tornaram uma característica importante da “Cidade Luz”, mesmo que ainda tenham alcançado tamanha fama dos demais pontos turísticos. Mas não é qualquer um que se dispõe a entrar em cavernas com ossadas por todos os lados. Embora a exploração sistemática dos túneis subterrâneos possa trazer luz aos demais caminhos das Catacumbas, isso seria bastante criticado pela maioria da sociedade. Afinal de contas, o segredo dos túneis das Catacumbas e a oportunidade de fugir da agitação da cidade movimentada que fica logo em cima, são conceitos atraentes para os “cataphiles”. E eles provavelmente não iriam abrir mão de seu submundo tão facilmente. Você pode chegar às Catacumbas de metrô ou ônibus. Abre todos os dias, com exceção de segunda-feira e paga-se para entrar. Apesar de ser um local inusitado, as Catacumbas estão cada vez mais conhecidas. A fila para entrar pode ter uma espera de até duas horas, dependendo do horário e da época. As visitas são limitadas a 200 pessoas no local.

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