sábado, 15 de agosto de 2015

Curitiba - Teatro Paiol


Teatro Paiol
A primeira parada que fizemos pelo roteiro da Linha Turismo foi no Teatro Paiol. O nome se deve a uma rica e trágica história. Em meados de 1874 havia um armazém, dirigido por uma viúva que comercializava fogos de artifícios. E segundo relatos históricos houve uma grande explosão dando início a várias mudanças no local designado para esta função. O primeiro Paiol de Pólvora da cidade foi construído na esquina das Ruas Montevidéu e Getúlio Vargas. Não tardou e a cidade sofreu com mais uma explosão, desta vez na velha Estação Ferroviária, a tragédia deixou vítimas fatais. Dado o tamanho do impacto que esta tragédia provocou na população curitibana, o então comandante da 5ª Região Militar, determinou a mudança do Paiol para o Bacacheri. Devido à expansão da cidade e o eminente risco de explosões, Prefeitura e Exército chegaram num acordo, em 1906, onde os inflamáveis da Prefeitura teriam seu próprio depósito. Foi aí que se originou o Paiol de Pólvora, construído na Praça Guido Viara, onde funcionou até 1917. O seu formato circular foi planejado por causa do risco de uma nova explosão, sendo assim, os materiais sairiam na parte superior e não aos lados. Depois de ter sido um armazém de pólvora, virou um acervo para documentos da Prefeitura e materiais municipais, anos mais tarde virou uma usina de asfalto. 

Interior do Teatro Paiol
Na década de 1960, Curitiba estava crescendo em população, portanto, foi criado um plano de urbanização, que tinha como objetivo transformar a capital paranaense em questão urbana e cultural. Foi nessa proposta de aumento cultural que a ideia de transformar o Paiol em Teatro começou a ser cogitado pelas autoridades municipais. Foi por causa dele que começou o movimento de reciclar um local e dar uma designação cultural ao espaço. O Teatro Paiol em Curitiba é uma obra pioneira em reaproveitamento de espaços urbanos, tanto que impulsionou a criação da Fundação Cultural de CuritibaFCCEm uma época pré Ópera de Arame, Jardim Botânico ou Parque Tanguá, o Teatro foi a verdadeira logomarca de CuritibaA Biblioteca Augusto Stresser foi entregue ao Teatro na posse da primeira diretoria da fundação. Com a ajuda da Biblioteca, se tornou um local de pesquisa, de jogos, de palestras, dramatizações entre outros. O projeto, que transformou o antigo abrigo de pólvora em um importante cenário da cultura municipal, é de Abrão Assad, que manteve as características originais de formato tradicional romano.

Teatro Paiol no Bairro Prado Velho
O velho prédio foi inaugurado como Teatro em dezembro de 1971, com um show que marcou a presença de Vinicius de Moraes, Toquinho, Marilia Medalha e do Trio Mocotó. A cidade se preparava para o maior evento artístico até então realizado na capital paranaense, e eis que os grandes nomes da estreia resolveram fazer uma surpresa para a cidade, compuseram uma canção especialmente para o Teatro. O título da música era “Paiol de Pólvora” que mais tarde iria fazer parte da telenovela da Rede GloboO bem Amado”, mas que infelizmente acabou sendo censurada. Reza a lenda que Vinicius teria batizado o Teatro com uísque. A inauguração oficial do Teatro Paiol aconteceu poucos meses depois, em março de 1972 – quando a cidade completou 279 anos de sua fundação. Na primeira década de existência, o Paiol conquistou o gosto de artistas e espectadores, e já recebeu ao longo dos anos nomes como, Elis Regina, Marilia Pêra, Hugo Cardoso, Olivia Byington, Trio Quintina, Gonzaguinha, Zezé Motta, Djavan, Nana Caymmi, Hermeto Paschoal, Alaíde Costa, Leni Andrade, Elza Soares, Zizi Possi, Cida Moreira, Fátima Guedes e muitos outros. O Paiol sempre foi aberto aos músicos curitibanos. Desde o início, por ali passaram compositores, cantores e instrumentistas dos mais diversos estilos. 

Vista aérea do Teatro Paiol
Mas os anos dourados do Teatro Paiol não duraram muito tempo. Mesmo se tornando símbolo da Fundação Cultural de Curitiba, presente na logomarca da instituição, o Teatro passou por várias reformas ao longo da sua história e por inúmeras vezes esteve por um triz de ser esquecido, ter sua glória apagada pelo descaso das instituições que deveriam preservar essa que é uma história tão rica, única, e singular dentro do cenário artístico e cultural, não apenas de Curitiba, mas do país. Graças a sua gigantesca existência, há sempre uma comunidade disposta a lutar pela preservação da memória e desta linda história que este Teatro possui. Atualmente, o Teatro Paiol ainda figura como um importante centro cultural da cidade, com shows, palestras, peças de teatro, encontros e outros eventos. Sua acústica é muito boa e a proximidade com os músicos cria um ambiente acolhedor. O palco de cinco metros de diâmetro, a proximidade da plateia e o formato de arena são seus grandes atrativos, além da sua importância na história de CuritibaPossui capacidade de 225 espectadores (dois espaços para cadeirantes). O Teatro Paiol está localizado no Largo Professor Guido Viaro, no Bairro Prado Velho. O local oferece visitação gratuita, sem monitoria. Não abre às segundas-feiras e nos outros dias, somente à tarde.

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