Na
volta para Curitiba passamos por Antonina, uma das mais antigas
povoações do Estado do Paraná. Antonina é uma daquelas cidades que fazem os turistas se
sentirem acolhidos e maravilhados. Abraçando a Baía onde repousam pequenos barcos, Antonina é uma daquelas descobertas que deixa a gente cheio de
esperança. Tranquila como o mar que lhe traz vida, a cidade deve estar no seu
roteiro quando visitar Morretes. Isso depois de fazer o passeio de trem que sai de Curitiba. Pode ser acessada pela BR-277, pela antiga Estrada da Graciosa, por ferrovia e
através do porto, que foi recentemente reativado, onde também se localiza a
sede do município. Localiza-se a 80 quilômetros da capital Curitiba. Os habitantes naturais do município de Antonina são denominados antoninenses ou capelistas. O nome de Antonina
é uma homenagem prestada ao Príncipe da
Beira Dom Antônio de Portugal em
1797.
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Estação Ferroviária de Antonina
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É uma cidade histórica cujos primeiros vestígios de ocupação humana na região
foram encontrados nos diversos sambaquis existentes no município. Supõe-se que
tribos nômades se deslocavam do planalto para o litoral nos meses mais frios do
ano para viverem da pesca e coleta de mariscos. Existem evidências de dois
grupamentos humanos distintos que frequentavam esta região: os primeiros,
denominados ‘sambaquis’ e posteriormente os índios Carijós, raça mais evoluída
que acabou por expulsá-los para se estabelecer no local. A efetiva ocupação
deu-se em 1648 quando o Capitão Povoador
parnaibano, sesmeiro da Nova Vila (Paranaguá), cedeu três sesmarias no
litoral Guarapirocaba, primeiro nome
de Antonina, as primeiras daquela
porção litorânea. Foram, pois, estes os primeiros povoadores de Antonina.
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Casa centenária de Antonina
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Eram tempos de caça ao ouro, e este ciclo intensificou-se com
a chegada de homens sequiosos pelo vil metal. Em 1712, Manoel do Valle Porto,
depois Sargento-Mor, estabeleceu-se
no Morro da Graciosa, pois havia
recebido uma sesmaria localizada nesta região, e à frente de grande número de
escravos iniciou o trabalho de mineração e agricultura. As primeiras roçadas
devastaram a mata em frente à Ilha da
Graciosa (atualmente Corisco),
que comprovaram a fertilidade da terra, de grande valia para o povo do lugar. Com
o passar dos anos, o povoamento do lugar foi se firmando, datando de setembro
de 1714 a oficial povoação de Antonina.
O Sargento-Mor conseguiu licença
para a construção da primeira nave da Capela
de Nossa Senhora do Pilar no povoado, que abrigava cerca de 50 famílias de
fiéis, em tributo à Virgem Maria. Desde esta época os moradores da cidade
ficaram conhecidos como “capelistas”.
Existiam
duas irmãs que possuíam uma venerada estampa de
Nossa Senhora do Pilar a quem prestavam fervoroso culto. Todos os anos, para
homenagear a Santa, elas promoviam várias celebrações de cunho religioso, o
que fez com que o pequeno vilarejo se movimentasse, e no dia 15 de agosto (como
é até hoje), a cidade recebesse inúmeros fieis que lotavam a imponente Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar da
Graciosa construída no início do século XVIII.
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Ruínas do Armazém Macedo na Baía de Antonina |
Em 1797 o povoado vivia de mineração, pesca e agricultura de
subsistência. Atos de violência e barbaridades de todo o tipo eram práticas
comuns nessa época. Por causa disso, por ser distante de Paranaguá, e a nobreza capelista
(os que viviam em torno da Capela Nossa
Senhora do Pilar) pediram ao Governador
de São Paulo, a elevação da freguesia em vila. Neste mesmo
ano, em novembro, a Freguesia de Nossa
Senhora do Pilar da Graciosa foi elevada à categoria de Vila com a
denominação de Antonina. Este ato
solene foi realizado na presença da nobreza e do povo em geral, que assistiu ao
levantamento do pelourinho e da lavratura do ato. Em janeiro de 1798 foi
empossada a primeira Câmara de
Vereadores de Antonina, e a primeira providência foi a reabertura da Estrada da Graciosa, no que foram
ajudados por autoridades curitibanas. Em janeiro de 1857 Antonina tornou-se município da nascente Província do Paraná.
Situado na Mesorregião
Metropolitana de Curitiba, o município limita-se ao norte e a oeste com Campina Grande do Sul, ao sul e a oeste
com Morretes, e ao leste com Paranaguá e Guaraqueçaba. A localização da cidade de Antonina na orla atlântica faz com que
apresente clima quente e úmido. Frio no período do inverno e agradável no
verão. Na Baía de Antonina
destacam-se as Ilhas das Rosas, do Lessa, do Quamiranga, do Goulart e
do Corisco. Na localidade de Cedro, há dois morros que se destacam:
o do Pico Torto e da Divisa, com as altitudes de 847 e 817
metros, respectivamente.
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Escadarias da Igreja Matriz Nossa Senhora
do Pilar da Graciosa com uma linda
vista da Baía de Antonina
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Antonina pode surpreender qualquer pessoa com suas ruas simpáticas e
cheias de história. O
cenário bucólico do centrinho histórico é um dos cartões-postais da cidade. De
frente para a Baía de Antonina, e
contornado por uma cadeia de montanhas da Serra do Mar, o espaço
é salpicado por coloridos sobrados coloniais e calçamentos em pedra, junto às
ruínas do antigo porto, foi o que restou do auge da época em que se escoava
erva-mate que vinha do interior do Paraná.
Além da pitoresca cidade, o município possui muitas atrações nos arredores,
como o Rio Cachoeira, local de
prática de rafting, as descidas acontecem em um trecho de três quilômetros e
duram cerca de uma hora e meia; a Estrada
do Bairro Alto que leva a fazer caminhadas por trilhas e banho nas
cachoeiras; já os adeptos do montanhismo se encontram no Pico do Paraná (ponto mais alto do Sul do Brasil, com 1962 metros de altitude). Por ali fica também
a Usina Hidrelétrica
Parigot de Souza, um túnel de pedra com mais de um quilômetro
de extensão. A área é aberta a visitas, mas é preciso fazer agendamento na Companhia Paranaense de Energia Elétrica
(COPEL). Menores de 10 anos não
recebem autorização.
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Igreja do Bom Jesus do Saivá |
As construções antigas estão espalhadas pela cidade, algumas
agrupadas em determinados pontos, outras mais isoladas, algumas bem
conservadas, outras em ruínas, como o Armazém
Macedo. O conjunto mais bonito fica junto à Praça Coronel Macedo, onde também está a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar (uma imponente igreja
situada no ponto mais alto da cidade), tem também um coreto e um chafariz. E
preste atenção às fachadas de algumas construções, com plaquinhas com letras de
música. Com calçadas de pedra, Antonina tem patrimônio tombado, uma
tentativa de preservar – além da história – a memória do lugar.
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Estação Ferroviária de Antonina |
A Estação Ferroviária
de Antonina é uma bela construção da fase áurea do mate, pena que se
encontra em estado de abandono. Foi construída em 1916, em estilo eclético, com
detalhes requintados. Hoje abriga um espaço cultural e Centro de Apoio do Turismo e Esporte. Da fase de maior
produtividade econômica – na segunda metade do século XX - Antonina preserva o Theatro
Municipal, criado por artistas e patrocinado por homens ricos
da cidade que acreditavam em seu crescimento. O Porto Barão de Tefé, um dos mais
importantes portos do início do século XX, está situado na cidade, junto com o
terminal da Ponta do Félix. Antonina, além de histórica e
turística, é uma cidade festiva, realizando o carnaval de rua mais animado do Paraná e o Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná. Enquanto Morretes
ferve aos domingos, Antonina se
mostra pacata em meio a 300 anos de história e construções coloniais. Nos fins de semana (quando não há
eventos), a maioria das lojas fecha e nem a reforma no Mercadão Municipal
alavancou o turismo local.
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Baía de Antonina |
Mas, sem dúvida, o passeio de barco pela Baía é algo que
jamais pode faltar no seu roteiro. Em apenas 30 minutos dá para conhecer a
cidade a partir do mar: ver seu relevo, as moradias, o santuário e o trapiche,
um píer onde você também pode fazer uma agradável caminhada. Deste píer saem
os passeios de barco, que levam até algumas ilhas e praias. Entre as praias, se
destacam: A Prainha, com águas
claras e rasas; e a Ponta da Pita,
formação rochosa que avança dentro da Baía em um local de lazer no Bairro Itapema. Há diversas opções de
passeios que saem do trapiche. Um deles te leva para ver o manguezal da Mata Atlântica e para observar pássaros, em outro você pode ainda andar de caiaque
pelo Rio Pequeno. E o melhor: é
baratinho. Se você pegar um fim de tarde ensolarado
vai presenciar a cidade paranaense mais fotogênica do litoral. É o
típico caso em que os detalhes fazem a diferença.
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Serra do Mar vista da Estrada da Graciosa |
É
em Antonina que começa ou termina a
bela Estrada da Graciosa, estrada
cênica que serpenteia a Serra do Mar
rumo a Curitiba. A Estrada da Graciosa são 33 quilômetros
de curvas, paralelepípedos e paisagens panorâmicas que descortinam encostas
floridas, Mata Atlântica, picos e
cachoeiras. De tão encantadora, a estrada inaugurada no final do
século XIX é pontilhada por mirantes para que os viajantes possam apreciar o
visual e tirar fotografias. Vale aproveitar as paradas também para comprar
deliciosas balas de banana, além de cachaça e mel.
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