terça-feira, 25 de agosto de 2015

Férias de Fim de Ano - Antonina

As cores vibrantes da Praça Coronel Macedo,
em Antonina
Na volta para Curitiba passamos por Antonina, uma das mais antigas povoações do Estado do Paraná. Antonina é uma daquelas cidades que fazem os turistas se sentirem acolhidos e maravilhados. Abraçando a Baía onde repousam pequenos barcos, Antonina é uma daquelas descobertas que deixa a gente cheio de esperança. Tranquila como o mar que lhe traz vida, a cidade deve estar no seu roteiro quando visitar Morretes. Isso depois de fazer o passeio de trem que sai de Curitiba. Pode ser acessada pela BR-277, pela antiga Estrada da Graciosa, por ferrovia e através do porto, que foi recentemente reativado, onde também se localiza a sede do município. Localiza-se a 80 quilômetros da capital Curitiba. Os habitantes naturais do município de Antonina são denominados antoninenses ou capelistas. O nome de Antonina é uma homenagem prestada ao Príncipe da Beira Dom Antônio de Portugal em 1797.

Estação Ferroviária de Antonina
É uma cidade histórica cujos primeiros vestígios de ocupação humana na região foram encontrados nos diversos sambaquis existentes no município. Supõe-se que tribos nômades se deslocavam do planalto para o litoral nos meses mais frios do ano para viverem da pesca e coleta de mariscos. Existem evidências de dois grupamentos humanos distintos que frequentavam esta região: os primeiros, denominados ‘sambaquis’ e posteriormente os índios Carijós, raça mais evoluída que acabou por expulsá-los para se estabelecer no local. A efetiva ocupação deu-se em 1648 quando o Capitão Povoador parnaibano, sesmeiro da Nova Vila (Paranaguá), cedeu três sesmarias no litoral Guarapirocaba, primeiro nome de Antonina, as primeiras daquela porção litorânea. Foram, pois, estes os primeiros povoadores de Antonina.

Casa centenária de Antonina
Eram tempos de caça ao ouro, e este ciclo intensificou-se com a chegada de homens sequiosos pelo vil metal. Em 1712, Manoel do Valle Porto, depois Sargento-Mor, estabeleceu-se no Morro da Graciosa, pois havia recebido uma sesmaria localizada nesta região, e à frente de grande número de escravos iniciou o trabalho de mineração e agricultura. As primeiras roçadas devastaram a mata em frente à Ilha da Graciosa (atualmente Corisco), que comprovaram a fertilidade da terra, de grande valia para o povo do lugar. Com o passar dos anos, o povoamento do lugar foi se firmando, datando de setembro de 1714 a oficial povoação de Antonina. O Sargento-Mor conseguiu licença para a construção da primeira nave da Capela de Nossa Senhora do Pilar no povoado, que abrigava cerca de 50 famílias de fiéis, em tributo à Virgem Maria. Desde esta época os moradores da cidade ficaram conhecidos como “capelistas”. Existiam duas irmãs que possuíam uma venerada estampa de Nossa Senhora do Pilar a quem prestavam fervoroso culto. Todos os anos, para homenagear a Santa, elas promoviam várias celebrações de cunho religioso, o que fez com que o pequeno vilarejo se movimentasse, e no dia 15 de agosto (como é até hoje), a cidade recebesse inúmeros fieis que lotavam a imponente Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa construída no início do século XVIII.

Ruínas do Armazém Macedo na Baía de Antonina
Em 1797 o povoado vivia de mineração, pesca e agricultura de subsistência. Atos de violência e barbaridades de todo o tipo eram práticas comuns nessa época. Por causa disso, por ser distante de Paranaguá, e a nobreza capelista (os que viviam em torno da Capela Nossa Senhora do Pilar) pediram ao Governador de São Paulo, a elevação da freguesia em vila. Neste mesmo ano, em novembro, a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa foi elevada à categoria de Vila com a denominação de Antonina. Este ato solene foi realizado na presença da nobreza e do povo em geral, que assistiu ao levantamento do pelourinho e da lavratura do ato. Em janeiro de 1798 foi empossada a primeira Câmara de Vereadores de Antonina, e a primeira providência foi a reabertura da Estrada da Graciosa, no que foram ajudados por autoridades curitibanas. Em janeiro de 1857 Antonina tornou-se município da nascente Província do Paraná.

Baía de Antonina
Situado na Mesorregião Metropolitana de Curitiba, o município limita-se ao norte e a oeste com Campina Grande do Sul, ao sul e a oeste com Morretes, e ao leste com Paranaguá e Guaraqueçaba. A localização da cidade de Antonina na orla atlântica faz com que apresente clima quente e úmido. Frio no período do inverno e agradável no verão. Na Baía de Antonina destacam-se as Ilhas das Rosas, do Lessa, do Quamiranga, do Goulart e do Corisco. Na localidade de Cedro, há dois morros que se destacam: o do Pico Torto e da Divisa, com as altitudes de 847 e 817 metros, respectivamente.

           Escadarias da Igreja Matriz Nossa Senhora 
do Pilar da Graciosa com uma linda 
vista da Baía de Antonina
Antonina pode surpreender qualquer pessoa com suas ruas simpáticas e cheias de história. O cenário bucólico do centrinho histórico é um dos cartões-postais da cidade. De frente para a Baía de Antonina, e contornado por uma cadeia de montanhas da Serra do Mar, o espaço é salpicado por coloridos sobrados coloniais e calçamentos em pedra, junto às ruínas do antigo porto, foi o que restou do auge da época em que se escoava erva-mate que vinha do interior do Paraná. Além da pitoresca cidade, o município possui muitas atrações nos arredores, como o Rio Cachoeira, local de prática de rafting, as descidas acontecem em um trecho de três quilômetros e duram cerca de uma hora e meia; a Estrada do Bairro Alto que leva a fazer caminhadas por trilhas e banho nas cachoeiras; já os adeptos do montanhismo se encontram no Pico do Paraná (ponto mais alto do Sul do Brasil, com 1962 metros de altitude). Por ali fica também a Usina Hidrelétrica Parigot de Souza, um túnel de pedra com mais de um quilômetro de extensão. A área é aberta a visitas, mas é preciso fazer agendamento na Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL). Menores de 10 anos não recebem autorização.

Igreja do Bom Jesus do Saivá
As construções antigas estão espalhadas pela cidade, algumas agrupadas em determinados pontos, outras mais isoladas, algumas bem conservadas, outras em ruínas, como o Armazém Macedo. O conjunto mais bonito fica junto à Praça Coronel Macedo, onde também está a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar (uma imponente igreja situada no ponto mais alto da cidade), tem também um coreto e um chafariz. E preste atenção às fachadas de algumas construções, com plaquinhas com letras de música. Com calçadas de pedra, Antonina tem patrimônio tombado, uma tentativa de preservar – além da história – a memória do lugar.

Estação Ferroviária de Antonina
A Estação Ferroviária de Antonina é uma bela construção da fase áurea do mate, pena que se encontra em estado de abandono. Foi construída em 1916, em estilo eclético, com detalhes requintados. Hoje abriga um espaço cultural e Centro de Apoio do Turismo e Esporte. Da fase de maior produtividade econômica – na segunda metade do século XX - Antonina preserva o Theatro Municipal, criado por artistas e patrocinado por homens ricos da cidade que acreditavam em seu crescimento. O Porto Barão de Tefé, um dos mais importantes portos do início do século XX, está situado na cidade, junto com o terminal da Ponta do Félix. Antonina, além de histórica e turística, é uma cidade festiva, realizando o carnaval de rua mais animado do Paraná e o Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná. Enquanto Morretes ferve aos domingos, Antonina se mostra pacata em meio a 300 anos de história e construções coloniais. Nos fins de semana (quando não há eventos), a maioria das lojas fecha e nem a reforma no Mercadão Municipal alavancou o turismo local.

Baía de Antonina
Mas, sem dúvida, o passeio de barco pela Baía é algo que jamais pode faltar no seu roteiro. Em apenas 30 minutos dá para conhecer a cidade a partir do mar: ver seu relevo, as moradias, o santuário e o trapiche, um píer onde você também pode fazer uma agradável caminhada. Deste píer saem os passeios de barco, que levam até algumas ilhas e praias. Entre as praias, se destacam: A Prainha, com águas claras e rasas; e a Ponta da Pita, formação rochosa que avança dentro da Baía em um local de lazer no Bairro Itapema. Há diversas opções de passeios que saem do trapiche. Um deles te leva para ver o manguezal da Mata Atlântica e para observar pássaros, em outro você pode ainda andar de caiaque pelo Rio Pequeno. E o melhor: é baratinho. Se você pegar um fim de tarde ensolarado vai presenciar a cidade paranaense mais fotogênica do litoral. É o típico caso em que os detalhes fazem a diferença.

Serra do Mar vista da Estrada da Graciosa
É em Antonina que começa ou termina a bela Estrada da Graciosa, estrada cênica que serpenteia a Serra do Mar rumo a Curitiba. A Estrada da Graciosa são 33 quilômetros de curvas, paralelepípedos e paisagens panorâmicas que descortinam encostas floridas, Mata Atlântica, picos e cachoeiras. De tão encantadora, a estrada inaugurada no final do século XIX é pontilhada por mirantes para que os viajantes possam apreciar o visual e tirar fotografias. Vale aproveitar as paradas também para comprar deliciosas balas de banana, além de cachaça e mel. 

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