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Santuário Nossa Senhora do Pilar da Graciosa |
Desde
o início do século XVIII, a Vila de Antonina está intimamente ligada com
a Capela de Nossa Senhora do Pilar. O culto a esta deve-se, segundo a
tradição, pela devoção de três irmãs as quais celebravam terços e rezas à Nossa
Senhora do Pilar, festejada todos os anos no dia 15 de agosto, reunindo
mineiros, faiscadores e lavradores das regiões vizinhas ao sítio da Graciosa. A
tricentenária Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa
constitui marco fundamental para a história de Antonina: a fundação da
freguesia, em 1719. Manoel Valle Porto obteve a Provisão de Licença para
a construção da Capela com o Bispo do Rio de Janeiro, em setembro de
1714. Com a Capela-mor pronta, inaugurada em junho de 1715, seriam necessárias
outras providências como a criação do Curato. Foram feitas as solicitações pelo
Sargento-mor e pelos moradores da vila, inclusive os dos cubatões dos Três
Morretes, para o vigário de Paranaguá, e para o Bispo que atende a
solicitação do Cura, e ao mesmo tempo, baixa a provisão que cria a Freguesia
de Nossa Senhora do Pilar, em maio de 1719.
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Vitrais do Santuário Nossa Senhora do Pilar da Graciosa |
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Nave do Santuário Nossa Senhora do Pilar da Graciosa |
A
capela original atendia aos anseios de moradores que rendiam suas orações à sua
santa protetora e foi construída em uma bela colina às margens da baía, de onde
se tem uma vista privilegiada da cidade e de sua exuberante riqueza. A
conclusão do corpo da Matriz se deu com a celebração da benção da Igreja em
agosto de 1722. Para efetivar a construção da Capela, foi utilizada mão-de-obra
escrava, já que neste período, o Brasil caracterizava-se pelo sistema
escravocrata, e especificamente, Valle Porto, era o responsável pela
construção, como também, era senhor de numerosa escravatura. O costume lusitano
de construir capelas em elevações à beira mar era comum a diversas cidades com
vistas às necessidades de catequização, defesa e saúde. Com o tempo, a partir
da capela, símbolo maior da povoação, o casario iria surgindo no seu entorno.
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Vitrais do Santuário Nossa Senhora do Pilar da Graciosa |
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Altar do Santuário |
Ainda
é necessário ressaltar o fato de que o Sargento-mor doou parte de sua sesmaria
ao patrimônio da Igreja. Atualmente, o registro cartorário da propriedade está
em posse da Mitra Diocesana de Paranaguá, e devido a sua secularidade, o
título de transmissão apresentou-se por usucapião. O Padre Francisco de Borja,
que atuou no período de 1751 a 1760, ficou conhecido como um dos mais zelosos
curas da Igreja. Este padre foi quem organizou a documentação da Matriz,
resultando no que se conhece hoje por “Folhas Avulsas de Antigos Livros da
Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Antonina”. Ele também relatou sobre a Vila
de Antonina, nesta época, e como estava a Igreja: Em 1748 a Igreja somente
tinha o altar-mor onde além de venerada imagem da padroeira, estavam as de
Sant’Ana, São Benedito e do Senhor Crucificado. Somente a Capela-mor era
forrada por cima de taboado e por baixo ladrilhada de tijolos.
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Imagem do Senhor Crucificado |
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Oratório do Sagrado Coração de Jesus |
O
Padre Borja ainda realizou todo o levantamento de utensílios pertencentes à
Igreja, ornamentos das imagens e, pelas descrições, não havia torre, pois o
sino encontrava-se na sacristia. Já no século XX, no ano de 1923, a Matriz é
literalmente fechada devido ao seu estado de precariedade. As imagens dos
santos e seus respectivos altares foram transferidos para a Matriz provisória:
a Igreja de São Benedito. Em 1926 a Igreja passou pela primeira grande
reforma que se tem conhecimento. Segundo o padre da época, a Matriz estava
fechada, completamente abandonada. O interior da Igreja estava uma verdadeira
ruína, sem assoalho e forro, privada de altares, montões de pedra, tábuas e vigotas podres. Uma parte da parede achava-se aberta,
por onde entrava chuva. Na sacristia encontrava-se um armário com gavetas
demolidas e montão de tijolos, telhas e cal, cujo peso tinha afundado o
assoalho. O pátio da Matriz assemelhava-se a um matagal, abrigo de muitas
cobras venenosas.
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Pia de Água Benta do Santuário |
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Imagem de Santo Antônio |
A
segunda grande reforma que se tem referência foi em 1952. Nesta restauração, de
acordo com fontes orais, as esquadrias de madeira foram substituídas por
vitrais, o telhado ficou mais alto, o piso passou a ser cerâmico, as paredes
perderam seus afrescos, entre outras mudanças. A casa ao lado da Igreja,
construída pela Congregação Redentorista, já é mais recente, da década
de 1970. Teve por objetivo abrigar a Casa Paroquial e a Secretaria. Por
outro lado, acabou interferindo na paisagem do morro com a própria Igreja,
composição esta que serviu de inspiração e beleza para muitas pinturas,
fotografias e, mesmo até hoje, como cartão postal de Antonina. Sucessivas
reformas foram ampliando e sofisticando a edificação até que ela tomasse os
contornos atuais. Tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná, em 1999,
a tradicional Igreja de Nossa Senhora do Pilar foi elevada à condição de
Santuário pela Diocese de Paranaguá, em agosto de 2012.
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