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Arquitetura típica de Morretes |
Após a descida fascinante da Serra do Mar, chegamos a Morretes,
que fica a 35 quilômetros distante do mar. O calor era infernal, dava desânimo
andar pela cidade, fomos almoçar o Barreado,
que é o prato típico da região, no Restaurante
Casarão, que fica às margens do Rio
Nhundiaquara. A iguaria é preparada em panela de barro e
feita com pedaços de carne e farinha de mandioca. O cozimento dura entre três e
12 horas e o prato, de dar água na boca, é servido acompanhado por banana da
terra, arroz e laranja. Demos uma volta pelo centrinho para ver os casarões antigos
da cidade, que são bem preservados e hoje abrigam museus e espaços culturais, as
lojas de artesanato e só. Pegamos o ônibus de volta a Curitiba pela Estrada da
Graciosa (o nome já diz tudo).
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Instituto Mirtillo Trombini |
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Armazém do Artesanato |
No
centro, os destaques são as construções históricas bem-preservadas e que hoje
abrigam museus e espaços culturais. Mas tem também o Hotel
Nhundiaquara – que hospedou Dom Pedro II quando esteve por lá – e a Igreja Matriz, todas no melhor estilo
colonial para nos levar de volta ao passado. Aproveite ainda para visitar diversas lojas de artesanato, restaurantes,
sorveterias e cafés. Em Morretes
tudo lembra banana. O principal prato da cidade – o barreado – é servido com banana.
Os doces da sobremesa têm banana. Na chegada da Estação as barraquinhas vendem
banana frita em saquinhos. Até a cachaça tem cheiro e gosto de banana. Você tem
que provar. Para quem estiver com tempo, dá para aproveitar o Santuário
Nhundiaquara com suas piscinas naturais, cachoeiras e
trilhas. Esse parque, com 400 hectares de extensão, possui uma ótima
infraestrutura para lhe receber.
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Loja de Artesanato |
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Arquitetura típica de Morretes |
Nos
arredores, a natureza oferece uma gama de atividades radicais, como as
caminhadas pela Serra do Mar que
levam aos Saltos dos Macacos
e da Fortuna; os trekkings no Parque Estadual do Marumbi; e o boia-cross pelas águas geladas do Rio Nhundiaquara, que nasce no alto da Serra
do Marumbi e deságua em Antonina,
na Baía de Paranaguá. Os passeios
acontecem na localidade de Porto de Cima,
a seis quilômetros do centro, em um percurso que dura cerca de uma hora e meia,
até a Ponte Velha, ponte metálica
que une os dois lados do rio e complementa a paisagem. Morretes atrai muitos turistas e
especialmente moradores de Curitiba
e região aos finais de semana, atraídos pelos muitos restaurantes, paisagens
naturais e adeptos da prática de ecoturismo. As principais atrações urbanas se
concentram na rua que costeia o Rio
Nhundiaquara e seu entorno.
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Morretes |
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Ponte Velha |
Até o século XVI, a
região atual do município era território dos índios Carijós, etnia indígena que
ocupava a faixa litorânea brasileira desde Cananéia
até a Lagoa dos Patos. Com a
descoberta de jazidas de ouro, a região passou a ser ocupada por mineradores e
aventureiros provenientes da cidade de São
Paulo. Oficialmente o povoado de Morretes
foi fundado no início do século XVIII pelos jesuítas. Em meados do século XVIII
foi construída uma capela, dedicando-a a Nossa Senhora do Porto e Menino Deus
dos Três Morretes. Quando era Capelão de
Morretes, o padre Francisco Xavier dos Passos conseguiu, com a ajuda da
comunidade, reformar a antiga Capela de
Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes, tendo vários
beneméritos. Nesse tempo, a vida
social e cultural do lugar girava em torno das atividades da igreja.
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A arquitetura típica de Morretes requer muitas janelas |
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Restaurante Casarão |
No período de 1811 a 1832, o comércio sobrepujou todas as
demais atividades em Morretes. E nem só o comércio, mas também a indústria, em
particular a indústria de beneficiamento de erva-mate, de que foram pioneiras pessoas abastadas de Paranaguá, que instalaram em diversos pontos do município engenhos de beneficiamento do mate, quase todos
movidos à força hidráulica. Em 1823, foi construído um grande teatro de madeira e,
nele, foram levados à cena, por jovens morretenses, peças teatrais de grande
importância, inclusive uma comédia do famoso escritor da Grécia Antiga, Esopo. Em março de 1841, Morretes
foi elevada à categoria de município, com território desmembrado de Antonina. Em outubro de 1843, foi criado um Batalhão da Guarda Nacional. Morretes enviou para a Guerra do Paraguai, em 1865, uma companhia de guerra de 70 soldados. Em maio de 1869, Morretes
foi elevado à categoria de cidade, com sua denominação alterada para Nhundiaquara. Em abril de 1870, voltou a denominar-se Morretes.
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Coreto da Praça Lamenha Lins em Morretes |
A partir desta época, o lugar teve grande crescimento, com o
setor comercial tornando-se ponto de referência obrigatória aos viajantes de
serra acima e rio abaixo. O progresso do povoado provocou certa rivalidade com Paranaguá, que chegou ao cúmulo de
proibir os comércios de fazendas secas de lojas em Morretes, por ordem do Ouvidor
da Capitania no ano de 1780. No ano seguinte, a proibição foi
revogada por ordem do Governador-Geral
da Capitania. No passado disputava-se o acesso de Curitiba ao litoral através
de uma briga antiga entre Antonina, Morretes e Paranaguá.
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Praça Lamenha Lins em Morretes |
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Igreja São Benedito |
Com a chegada dos trilhos de aço da Estrada de Ferro Paraná ao litoral, no final do século XIX, Morretes decaiu vertiginosamente: seu
comércio foi altamente prejudicado, parando os engenhos de erva-mate e afetando
toda a estrutura sócio-econômico-cultural do município. A partir de então, operou-se
uma reação, reconquistando o município, aos poucos, sua importância no contexto
do Estado do Paraná. A Colônia Agrícola
Nova Itália, que era dividida em 12 núcleos coloniais, foi fundada em abril
de 1878. Nela, foram estabelecidas 543 famílias, num total de 2296 pessoas.
Mais tarde, muitos colonos deixaram o lugar e se transferiram para outras
colônias, motivados principalmente pela inadaptação ao clima de Morretes. O Distrito de Porto de Cima é um dos mais importantes pontos de referência histórica, não
só para o povo morretense, mas para todo o Paraná.
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Rio Nhundiaquara com ponte de ferro |
A cidade de Morretes está situada na zona
fisiográfica do litoral paranaense, estendendo-se da encosta da Serra do Mar
para o leste e
limitando-se ao oeste com os municípios de São José dos Pinhais, Piraquara e Quatro Barras; ao norte com o município
de Campina Grande do Sul; ao
nordeste com o município de Antonina
e a Baía de Paranaguá; ao leste com Paranaguá e ao sul e sudeste com o
município de Guaratuba. A
fronteira ocidental de Morretes fica
a cerca de 35 quilômetros do mar. Todas as divisas estaduais são formadas
por acidentes geográficos, ao norte e oeste pelos espigões das Serras dos Órgãos, da Graciosa, do Marumbi e da Farinha Seca,
ao sudeste pelas Serras da Igreja,
das Canavieiras e da Prata. Ao Sudeste, é o Rio Arraial, numa altitude de cerca de 800
metros, que forma o limite do município. Com Antonina e Paranaguá,
são as lagoas. Possui também uma das maiores elevações do Paraná, o Pico do Marumbi,
que tem 1.539 metros de altura.
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Rio Nhundiaquara com ponte de ferro |
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