quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Roma - Monte Palatino

Templo de Vênus e de Roma nas Ruínas do Palatino
Quem visita o Coliseu, geralmente também aproveita para conhecer as ruínas do Fórum Romano e do Palatino. Toda essa área arqueológica está incluída no mesmo bilhete, que é válido por dois dias consecutivos, com direito a entrar em uma atração somente uma vez. Não é obrigado visitar o Coliseu antes. Mas visitar primeiro o Fórum Romano e o Palatino, e utilizar as suas bilheterias, pode ser um bom truque para depois “saltar” a enorme fila do Coliseu. Depois de passar pelo Arco de Constantino, e percorrer a Via Sacra, a rua de pedras com antiga pavimentação romana, chegamos aos Fóruns Romanos que nos recepcionam com o enorme e imponente Arco de Tito. Tito Flavio Vespasiano foi um dos três imperadores em cuja dinastia foi construído o Coliseu.

Ruínas do Palatino e o Arco de Tito ao fundo
Roma é um local de grandiosas construções – mas também, de muitas belezas naturais. O Monte Palatino é a mais central e conhecida das Sete Colinas de Roma, mas, ao contrário do Capitólio e do Aventino, é vizinho do Rio Tibre, mas não está adjacente a ele. Ele tem uma elevação de 40 metros acima do Fórum Romano, para o qual tem vista em um dos seus lados. De outro, domina o vale ocupado pelo Circo Máximo (uma antiga arena para entretenimento). O Monte apresenta dois cumes distintos separados por uma elevação: o cume central, mais alto, era conhecido como Palatium e o outro, que fica perto da encosta de frente para o Fórum Boário e o Tibre, era chamado de Germalus. Antigamente, o Palatino estava ligado ao Esquilino por meio da elevação do Monte Vélia, nivelada quando foi construída a Via Dei Fori Imperiali na década de 1930.

Templo de Vênus e de Roma nas Ruínas do Palatino
Segundo a mitologia romana, Rômulo e Remo, abandonados pelo tio, foram amamentados por uma loba chamada Luperca, numa gruta do Palatino. Segundo esta lenda, o pastor Fáustulo encontrou os dois e, juntamente com sua esposa, Aca Larência, adotou os irmãos. Quando Rômulo, já adulto, decidiu fundar uma nova cidade, escolheu o Palatino. Roma tem suas origens no Monte Palatino e escavações comprovaram que pessoas já viviam no local desde o século X a.C. Arqueólogos que escavavam as ruínas do Palácio de Augusto encontraram uma caverna sob suas ruínas, possivelmente o Lupercal. Embora ela estivesse parcialmente destruída e soterrada, foi possível estimar que tivesse oito metros de altura e sete metros de comprimento, escondida a 16 metros dentro da rocha. O local era decorado com conchas e mosaicos de mármore colorido, e por esse motivo acredita-se que os romanos transformaram a caverna em que Rômulo e Remo foram encontrados em um santuário. Foi descoberta uma pequena vila de poucos habitantes circundada por paliçadas de onde era possível controlar o curso do Rio Tibre. Deste primeiro aglomerado se formou a chamada “Roma Quadrada”, que tem esse nome por causa da forma romboide dos cumes das colinas que a delimitaram. O Palatino também era o centro de cultos, como por exemplo, para Cibele, a personificação da terra fértil, uma deusa ambivalente que simboliza a força criativa e destrutiva da natureza.

Ruínas do Palatino vistas do Arco de Constantino
Segundo Lívio, depois da imigração dos Sabinos e Albanos para Roma, os romanos originais viviam no Palatino. Durante o Período Republicano, o Palatino foi sede de vários cultos da antiga religião romana. Particularmente importantes eram os cultos de Magna Mater (Cibele), importado da Ásia Menor na época da Segunda Guerra Púnica, o de Apolo e o de Vesta. Os santuários dos três foram construídos por Augusto perto de sua própria residência: Templo de Magna Mater, Templo de Apolo Palatino e Templo de Vesta. Ainda durante o Período Republicano, o Palatino abrigou a residência de vários importantes membros da aristocracia romana, incluindo Marco Valério Voluso, Cônsul em 505 a.C., Cneu Otávio, cônsul em 165 a.C. e ancestral de Augusto, Tibério Semprônio Graco, cônsul em 177 a.C. e pai dos dois famosos tribunos da plebe Tibério e Caio, Marco Fúlvio Flaco, cônsul em 125 a.C., Marco Lívio Druso, tribuno da plebe em 91 a.C., Cícero e seu irmão Quinto, Tito Ânio Milão, amigo de Cícero e assassino de Clódio, que possivelmente também vivia no Palatino, Quinto Hortênsio Hórtalo, orador cuja casa foi comprada por Augusto, o triunvirato Marco Antônio e Tibério Cláudio Nero, pai biológico do Imperador Tibério. Dentre tantas casas republicanas, foram recuperados restos apenas de algumas sob o Palácio Flávio, entre as quais a Casa dos Grifos e a Aula Isíaca, decoradas com importantes afrescos. 

Ruínas do Palatino e a Via Sacra
Contudo, o evento fundamental na história do Palatino foi o fato de Augusto, que nasceu no Palatino, ter escolhido o local como residência, comprando primeiro a casa de Hórtalo e depois ampliando a propriedade anexando outras vizinhas: a Casa de Augusto ficava no ângulo sudoeste da Colina e a Casa de Lívia, sua esposa, ficava ao lado. A partir de então, passou a ser natural que os outros imperadores também residissem no Palatino. Um depois do outro, os Palácios Imperiais de Tibério (Palácio Tiberiano, ampliado por Calígula), de Nero (Palácio Transitório e uma parte da Casa Dourada), dos Flávios (Palácio Flávio e o Palácio Augustano) e de Septimius Severo (Palácio Severiano e o Septizódio), foram construídos no Palatino.

Ruínas do Palatino e a Via Dei Fori Imperiali
Entre 375 e 379, os restos mortais de São Cesário, diácono e mártir de Terracina, foram transladados, com a ajuda do Papa Dâmaso I, possivelmente para um recinto no Palácio Augustano onde ficava a Villa Mills, hoje destruída. No interior do Palácio foi então construído um oratório chamado San Cesareo in Palatio, o primeiro local de culto cristão oficial construído no Palatino. A obra foi sinal óbvio da conversão dos imperadores romanos ao cristianismo, pois ele substituiu o larário doméstico dos antigos imperadores pagãos e assumiu a função de uma verdadeira capela palatina. Ali eram depositadas as imagens que os novos imperadores romanos, eleitos em Constantinopla enviavam a Roma (e também para as demais cidades do Império). No final do Período Imperial, o Monte Palatino estava completamente tomado por um único complexo de edifícios e jardins imperiais de uso exclusivo dos imperadores e de sua corte. A partir de então, a palavra “palatium” passou a indicar também o “palácio” por excelência, primeiro para indicar a residência imperial e depois, através de todas as línguas europeias, as residências de reis e monarcas.

Arco de Constantino e no alto a
 Chiesa San Bonaventura al Palatino
Do século XVI em diante, o Monte Palatino passou a ser propriedade da Família Farnese e foi ocupado pelos chamados “Jardins Farnesinos”, hoje conservados parcialmente sobre os restos do Palácio Tiberiano. Os Jardins Farnesinos são um dos primeiros Jardins Botânicos da história da Europa. No cume da Colina, entre o Palácio Flávio e o Augustano, foi instalada uma vila no final do século XVI conhecida como Villa Stati Mattei, adquirida por volta de 1830 pelo escocês Charles Mills, que criou no local uma incrível vila neogótica. No final do século XIX, um convento foi construído na Villa, demolido a partir de 1928 para permitir as escavações no local. No único edifício remanescente foi criado o Antiquário do Palatino, que expõe para os visitantes, descobertas relativas ao Palatino

Domus Flávia no Monte Palatino
O Monte abriga uma bela mistura de ruínas e verde, e para visitá-lo por completo é preciso ter tempo. Lá o visitante encontra atrações imperdíveis, como o Museu Palatino, com vários objetos das tumbas da Idade do Ferro e obras de arte dos edifícios imperiais estão expostos entre os monumentos. As obras mais importantes são as pinturas decorativas na Sala de Leitura Isiaca, a Casa de Lívia (residência do Imperador Augusto), entre várias outras. O local é hoje um grande museu ao ar livre, visitado durante o dia. Há algumas placas dizendo o que é cada ruína, mas é muito difícil de entender ou imaginar aquele lugar. Para entrar na Casa de Augusto há uma fila, que demora, porque só podem entrar poucas pessoas por vez. Mas vale muito a pena. Ali estão os afrescos pintados por volta de 30 a.C. que estão muito bem preservados. A casa é bem simples e ali morava Augusto antes de se tornar Imperador.

No Palatino existem bem menos ruínas que no Fórum Romano, e talvez por isso seja bem mais fáceis de visitar que as do Fórum Romano. Elas estão mais espalhadas e são consideravelmente enormes – a maioria era grandes palácios, lembra? E o Palatino tem outra coisa excelente: mirantes com vistas lindas de Roma. Existem vários, e virados para lados diferentes da cidade. Lá de cima da Colina do Palatino, é possível ter mais uma daquelas vistas lindas da cidade de Roma do alto. A entrada para o Palatino está localizada na Via di San Gregorio. Já a saída se dá pelo Fórum Romano. É necessário descer até ele e utilizar uma de suas saídas: ou pela lateral do Templo de Vênus e Roma ou ao lado do Arco de Septimius Severo. Quando for visitar ambos os sítios arqueológicos, aconselho começar pelo Palatino e depois seguir para o Fórum Romano. O Palatino fica num plano mais alto em relação ao Fórum. É muito mais fácil começar por cima e vir descendo, não é verdade? Além do mais, a Via di San Gregorio é uma subida muito mais amena do que a que vem por dentro do sítio arqueológico.

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