Basílica di San Pietro |
Ergueu-se no Vaticano, o menor Estado independente
do mundo, uma das construções mais suntuosas e famosas da história: a belíssima
Basílica di San Pietro, à frente da Piazza di San Pietro, onde São Pedro
foi crucificado. O local, que possui o título de maior e mais importante templo
da cristandade, foi fundado no ano 324, pelo Imperador Constantino, na Piazza
batizada também em homenagem ao apóstolo. A Basílica
tem uma área de 23 mil metros quadrados e comporta até 60 mil pessoas. A Basílica di San Pietro é uma igreja renascentista barroca localizada a oeste do Rio Tibre, perto da Colina Janículo e do Mausoléu de Adriano. Especificamente
classificada pela UNESCO, catalogada
e preservada como Patrimônio Mundial da
Humanidade, a Basílica di San Pietro
foi considerada o maior projeto arquitetônico da sua época e continua a ser um
dos monumentos mais visitados e celebrados do mundo.
Basílica de San Pietro |
Fachada da Basílica di San Pietro |
É através da Piazza di San Pietro que a Basílica é
abordada, onde se destacam duas estátuas de 5,55 metros de altura dos apóstolos
do século I, Pedro e Paulo. Apesar dos primeiros projetos desenvolvidos
repercutirem para uma estrutura de planta centralizada, o que é ainda
evidenciado na sua arquitetura, a Basílica é cruciforme, com uma alongada nave
de cruz latina. O espaço central é dominado tanto no interior como no exterior,
por um dos maiores domos do mundo. A Basílica
di San Pietro é uma das quatro basílicas
patriarcais de Roma, sendo as outras a Basílica de São João Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros. Contrariamente à
crença popular, San Pietro não é uma Catedral, uma vez que não é a sede de
um Bispo. Embora a Basílica di San Pietro não seja a sede oficial do Papado (que fica
na Basílica de São João de Latrão),
certamente é a principal Igreja que conta com a participação do Papa, pois a
maioria das cerimônias papais é realizada lá devido às suas dimensões, à
proximidade com a residência do Papa, e a localização privilegiada no Vaticano.
Fachada da Basílica di San Pietro |
Detalhe na fachada da Basílica di San Pietro |
O Imperador Constantino
entre 326 e 333 ordenou a construção da Antiga
Basílica de São Pedro. Desta Basílica nada restou, porém, através de
descobertas arqueológicas, descrições de peregrinos e desenhos antigos os
especialistas obtiveram as noções básicas da sua estrutura. Como em quase todas
as igrejas da antiguidade, seguiu-se o modelo da Basílica Cívica Romana: um salão retangular, dividido em nave
central e naves laterais, que oferecia espaço bastante para a congregação dos
fiéis. As cerimônias no altar eram realizadas na abside ao fim da nave central,
bem visíveis a todos. Um afresco do século XVI na Chiesa di San Martino ai Monti dá-nos uma ideia aproximada da
aparência interior, com a sua cobertura em madeira, porém é totalmente
desconhecido quais estátuas ou pinturas que a ela pertenciam. A Basílica atual foi
erguida sobre a antiga, o que exigiu que o edifício fosse orientado para oeste,
mas também que a necrópole antiga fosse aterrada, sendo construídas muralhas de
suporte para criar uma enorme base que servisse como alicerce. Na plataforma,
construiu-se então a Basílica, com nave central e quatro naves laterais,
ricamente adornadas com afrescos e mosaicos, e um grande átrio dianteiro,
demarcado com colunas. Várias vezes alterado e restaurado, o edifício de
Constantino, conhecido por Velha Igreja
de São Pedro, sobreviveu até o início do século XVI.
Nave Central da Basílica di San Pietro |
Nave Central da Basílica di San Pietro |
Durante o exílio dos
papas em Avignon, de 1309 a 1377, depois
de resistir a saques e incêndios ocorridos na cidade após a queda do Império Romano do Ocidente, a Igreja
ficou bastante deteriorada e perdeu-se grande parte de sua magnificência. O
desejo de uma igreja de grandiosidade apropriada para servir à cristandade,
assim como a transferência da Residência
Papal para o Vaticano, fez
nascer planos de uma igreja nova. O primeiro Papa a considerar uma reconstrução
ou pelo menos realizar radicais alterações na estrutura, foi Nicolau V em 1452.
Assim, o trabalho foi encomendado a Leon Battista Alberti e Bernardo Rossellino
(ambos arquitetos), que se encarregaram de projetar as modificações mais
importantes a cumprir. No seu projeto, Rossellino manteve o corpo longitudinal
das cinco naves com cobertura abobadada e renovou o transepto, com a construção
de uma abside mais ampla à qual acrescentou um coro. Esta nova intersecção
entre o transepto e a abside seria coberta por uma cúpula sobre o cruzeiro. Tal
configuração desenvolvida por Rossellino influenciou o projeto futuro de Donato
Bramante que visava uma completa reconstrução do edifício. Este, por sua vez,
veio a fazer uso de algumas partes do que já tinha sido construído para
concepção do seu novo projeto. O trabalho foi interrompido três anos depois com
a morte do Papa, quando as paredes apenas haviam alcançado um metro de altura.
Entretanto, o Papa ordenou a demolição do Coliseu
de Roma e, até ao momento da sua morte, 2.522 carradas de pedra tinham sido
transportadas para uso do novo edifício.
Nave Central da Basílica di San Pietro |
Detalhes do teto da Nave central da Basílica |
Cinquenta anos depois,
em 1505, sob a orientação do Papa Júlio II, as obras foram retomadas, com o
propósito de que o novo edifício fosse um marco importante e apropriado para
acomodar o seu túmulo. O Papa pretendia com a obra “engrandecer-se a si mesmo
nos ideais do povo”. Foi então celebrado um concurso para o projeto, existindo
atualmente, vários dos desenhos na época elaborados, na Galleria degli Uffizi, em Florença.
O projeto foi incumbido ao arquiteto Donato Bramante, que acabava de chegar de Milão, depois de este ganhar a
confiança do Papa que o escolheu em detrimento do Giuliano da Sangallo. No Pontificado
de Júlio II (1503 a 1513) decidiu-se afinal derrubar a igreja velha em abril de
1506. Os seus planos eram de um edifício centralmente planificado, com um domo
inscrito sobre o centro de cruz grega, inscrita num quadrado e coberta por
cinco cúpulas – onde a central seria a de maior dimensão em relação às abóbadas
das extremidades – e apoiada em quatro grandes pilares inspirados na Basílica de São Marcos, forma que
correspondia aos ideais da Renascença
pela semelhante relação com um mausoléu da Antiguidade.
Altar-Mor da Basílica di San Pietro |
Um método utilizado
para financiar a construção da Basílica
di San Pietro foi a concessão de indulgências em troca de contribuições
daqueles que com esmolas ajudaram na reconstrução da Basílica. O grande
promotor deste método de angariação de fundos foi Alberto de Mains que se viu
forçado a liquidar as dívidas à Cúria
Romana, contribuindo para o programa de reconstrução. Para facilitar,
Alberto nomeou o alemão Johann Tetzel, pregador da Ordem dos Dominicanos, cuja arte de propaganda e venda de
indulgências motivou um avultado escândalo. O agressivo marketing de Johann
Tetzel em promover esta causa foi mal encarado por alguns eclesiásticos, até
que um padre alemão agostiniano, Martinho Lutero, escreveu ao arcebispo
Alberto, argumentando contra essa “venda de indulgências”, que veio a ser
conhecido pelas “95 Teses” (Tetzel
seria inclusive punido por Leão X pelos seus sermões, que iam muito além dos
ensinamentos reais sobre as indulgências). Embora Lutero não negasse o direito
do Papa ou da Igreja de conceder perdões e penitências, exigia, no entanto, a
correção de abusos na prática. Isto se tornou um fator importante para o início
da Reforma Protestante, com o
nascimento do protestantismo.
Cúpula da Basílica di San Pietro |
Um século mais tarde o
edifício ainda não estava completado. A Bramante sucedeu como arquitetos,
Rafael, Giovanni Giocondo, Giuliano da Sangallo, Baldassare Peruzzi, Antonio da
Sangallo. O Papa Paulo III (pontificado de 1534-1549) em 1546 entregou a
direção dos trabalhos a Michelangelo Buonarroti. Este, aos 72 anos, deixou-se
fascinar pela cúpula, concentrando nela os seus valorosos esforços, apesar de
não ter conseguido completá-la antes de sua morte em 1564. Michelangelo foi considerado
o principal autor da Basílica tal qual a conhecemos e o principal arquiteto com
o qual o projeto foi acabado. A cúpula tornou-se um marco no estudo de engenharia
de estruturas. A cúpula situa-se acima do cruzeiro e é visível de toda a cidade
de Roma, dominando seus céus, e tem
diâmetro interno de 41,47 metros, um pouco menor que duas das três grandes cúpulas
que a precederam: a do Pantheon de
Agripa com 43,3 metros e a da Catedral
de Florença com 44 metros, contudo é mais imponente por ser significativamente
mais alta, com 132,5 metros. Graças aos seus planos e a um modelo de madeira,
seu sucessor, Giacomo della Porta, foi capaz de terminar a cúpula com ligeiras
modificações. O modelo segue o da famosa cúpula que Brunelleschi ergueu na Catedral de Florença, que cria
impressão de grande imponência. A diferença é que, ao contrário do que
Michelangelo havia planejado, não se trata de uma cúpula semicircular, mas
afunilada o que cria um movimento de impulso para cima até culminar na lanterna
cujas janelas, inseridas em fendas entre duas colunas, deixam a luz inundar o
seu interior. Terminada em 1590, ainda é uma das maravilhas da arquitetura
ocidental. Posteriormente, durante o Pontificado de Clemente VIII, foi
completada a construção da lanterna (a abertura que leva luz ao interior da Igreja)
e a cúpula foi coberta com folhas de chumbo. Em novembro de 1593 foi colocada
na cúspide da lanterna a grande esfera encimada por uma cruz, a obra de
Sebastiano Torrigiani. O panorama a partir da cúpula é magnífico, além de
ver a Piazza di San Pietro do alto
que é linda, avista-se o Castel
Sant’Angelo e o Rio Tibre. Mas
tem um problema, precisa subir 551 degraus. Tem também a possibilidade de
chegar até certo ponto usando um elevador, mas a entrada
da Basílica e a dica para não enfrentar filas é chegar cedo.
Cúpula da Basílica di San Pietro |
As paredes exteriores
da Basílica, com exceção da fachada principal são compostas por superfícies
planas separadas por pilastras. A primeira seção apresenta enormes nichos onde
esculturas de santos, encomendadas por João Paulo II foram colocadas, para
homenagear os santos e fundadores do nosso tempo, sobre estas se encontram as
grandes janelas que iluminam o interior do templo. Sobre o entablamento
abrem-se outras janelas de menor tamanho. Algumas das esculturas presentes no exterior
são as de Santa Teresa dos Andes da autoria de João Eduardo
Fernandes Cox; Santa Teresa de Jesus Jornet, Santa Mariana de Jesus, São
Josemaria Escrivá, trabalho de Romano Cosci, Genoveva Torres Morales, de
Alessandro Romano, Santa Maria Soledad Torres Acosta, Santa Brígida da Suécia; Santa Catarina de Siena; São Josep Manyanet i Vives; São
Gregório, o Iluminador; Santa Maria Josefa Sancho de Guerra; São Marcelino
Champagnat; Santa Rafaela Maria do Sagrado Coração, desenhada por Marco Augusto
Dueñas; e São Maron, do mesmo autor, que ocupou em 2011 o último nicho deixado
livre na Basílica.
Cúpula da Basílica di San Pietro |
Baldaquino da Basílica di San Pietro |
A fachada principal da Basílica, foi construída pelo
arquiteto Carlo Maderno entre 1607-1614, é precedida por uma escada com três
lances realizada por Gian Lorenzo Bernini ladeado por estátuas colossais
de São Pedro e São Paulo, esculpidas em 1847 por Giuseppe de Fabris e Adamo
Tadolini, respectivamente, para substituir algumas anteriores feitas por Paolo
Taccone e Mino Del Reame em 1461. Uma série de colunas de ordem colossal suporta
a cornija sobre a qual está gravado o nome do Papa Paulo V, enquanto embaixo
encontra-se o pórtico central com duas arcadas nas extremidades no qual tem
nove balcões. A partir daquele central, o maior, chamado “Loggia das Benções”, o Papa aparece aos fiéis reunidos na Piazza. Em
continuidade, existe um alto-relevo de Ambrogio Buonvicino feito em 1614,
intitulado “A Entrega das Chaves a São
Pedro”. Na parte superior da fachada encontra-se o ático, onde abrem oito
janelas decoradas com pilastra. Coroando o ático localiza-se a balaustrada onde
estão presentes estátuas de 5,7 metros: no centro está o Cristo Redentor, João
Batista à direita, acompanhado por 11 dos 12 apóstolos, exceto São Pedro. As
esculturas são (da esquerda para a direita): Judas Tadeu, Mateus, Filipe, Tomé,
Santiago Maior, João Batista, Cristo Redentor, André, João Evangelista,
Santiago Menor, Bartolomeu, Simão e Matias. Em cada lado existem dois relógios
feitos em 1785 por Giuseppe Valadier. Sob os relógios encontram-se dois dos
seis sinos da Basílica. A fachada foi restaurada por ocasião do Jubileu do ano 2.000.
Baldaquino da Basílica di San Pietro |
O pórtico (ou átrio) consiste
em cinco grandes entradas da Piazza para o nártex, e cinco portas
correspondentes que levam ao interior da Basílica. Entre elas estão quatro
placas de pedra com inscrições antigas e modernas, e no chão um revestimento
com brasões dos vários papas. Nas extremidades do pórtico existem dois
vestíbulos, que abrigam oito estátuas em nichos, e por fim, a direita está a Estátua Equestre de Constantino, e a
esquerda a Estátua Equestre de Carlos
Magno. A famosa Porta Santa, no
entanto, que é aberta apenas nos anos jubilares, é a última à direita e está
decorada com cenas do Antigo e do Novo
Testamento. A enorme fachada tem 114 metros de largura e 47 metros de
altura. A Basílica di San Pietro foi
consagrada em 1626. A maior parte de sua decoração interna foi criada por
Bernini, que trabalhou na Igreja durante 20 anos, ajudando também na construção
da linda Piazza di San Pietro
(1656-1667) com sua fantástica colunata. O teto foi decorado com relevos em
estuque de cenas da vida de São Pedro, e nas lunetas estão 38 relevos dos papas
santificados. As cinco portas que compõem a entrada da Basílica são: Porta da Morte, Porta do Bem e do Mal, Porta
de Filarete, Porta dos Sacramentos
e Porta Santa.
Capela da Confissão |
A Porta da Morte foi encomendada por João XXIII e adquire o seu nome
por ser a porta de saída dos cortejos fúnebres dos papas. Esta apresenta quatro
painéis: o primeiro é uma representação da Lamentação
de Cristo e a Assunção de Maria.
No segundo é representado os símbolos da Eucaristia,
o pão e o vinho. No terceiro aparece o tema da morte, onde são representados o Assassinato de Abel, a Morte de José, o Martírio de São Pedro, a Morte
de João XXIII, a Morte no Exílio de
Gregório VII e seis animais no ato da morte. No interior da Porta foi
marcada a mão do escultor e um momento do Vaticano II em que o primeiro cardeal
africano, Laurean Rugambwa, presta homenagem ao Papa. A Porta do Bem e do Mal foi trabalho de Luciano Minguzzi, realizado
entre 1970 e 1977. O artista doou o trabalho ao Papa Paulo VI (1963-1978) no
seu 80º aniversário. A Porta Filarete
ou Portão Central foi encomendado a
Averulino Antonio Filarete pelo Papa Eugênio IV, e construída entre 1439 e 1445.
Foi feita em bronze e dividida em duas folhas, cada uma das quais tem três
quadros sobrepostos. Nas imagens no topo está representado à esquerda Cristo Entronizado e à direita a Virgem Entronizada. Nos painéis centrais
estão representados São Pedro a entregar as chaves ao Papa Eugênio IV, e São
Paulo com uma espada e um jarro de flores. Os painéis embaixo apresentam o
martírio dos dois santos: à esquerda, a Decapitação
de São Paulo, e no lado direito a Crucificação
de São Pedro. Os painéis são emoldurados por medalhões com os perfis dos
imperadores, e entre eles frisos com episódios do Pontificado de Eugênio IV. No
interior existe uma incomum assinatura do autor. A Porta dos Sacramentos foi construída por Venanzo Crocetti e
inaugurada pelo Papa Paulo VI em setembro de 1965. Nela surge um anjo
anunciando os Sete Sacramentos. A Porta Santa foi feita em bronze por
Vico Consorti em 1950 e foi doada ao Papa Pio XII por católicos suíços para o
Jubileu daquele ano. Em duas placas existentes em ambos os lados da Porta
encontram-se o Escudo de Pio XII e a
Bula de Bonifácio VIII, que convocou
o primeiro Jubileu em 1300. Esta Porta permanece fechada e tapada com cimento
pelo lado de dentro. Somente o Papa tem permissão de abri-la e fechá-la nos Anos Santos, permanecendo aberta
durante todo o ano para o acesso dos fiéis, que podem adquirir indulgências. Em
novembro de 2015, o muro que a mantinha fechada foi derrubado cuidadosamente, e
extraído do seu interior um cofre com as chaves da Porta e outros documentos,
como preparativo para o início do Jubileu
da Misericórdia.
Uma das esculturas do interior da Basílica di San Pietro |
O interior abarca
dimensões descomunais quando comparado com outras igrejas. O espaço interior
está dividido em três naves separadas por pilares. A Nave Central, com 187 metros de comprimento e 45 metros de altura,
é coberta por abóbadas de berços. Entre 1962 e 1965 esta Nave sediou as sessões
do Concílio Vaticano II. É de
destacar o notável trabalho do chão de mármore que apresenta elementos da
antiga Basílica, como o disco de pórfiro vermelho egípcio onde Carlos Magno se
ajoelhou no dia da sua coroação. A Nave
Central possui uma área de 10 mil metros quadrados de mosaico, resultado do
trabalho de inúmeros artistas dos séculos XVII e XVIII, como Pietro de Cortona, Giovanni de Vecchi, Cavallier
D’Arpino e Francesco Trevisani. Nos arcos encontram-se as Estátuas das Virtudes. Nos pilares da esquerda, começando pela
porta, a autoridade eclesiástica, a justiça divina, a virgindade, a obediência,
a humildade, a paciência, a justiça e a fortaleza. À direita, a partir do altar,
a caridade, a fé, a inocência, a paz, a constância, a misericórdia
e a força. Nos pilares os nichos
albergam as 39 esculturas dos principais santos. Nos pilares à direita, estão
as Estátuas de Santa Teresa de Jesus de 1754; Santa Madalena Sofia Barat de
1934; São Vicente de Paulo de 1754; São João Eudes de 1932; São Filipe Néri de
1737; São João Batista La Salle de 1904; a antiga Estátua de Bronze de São Pedro de 1300; e São João Bosco de 1936.
Nos pilares à esquerda: São Pedro de Alcântara de 1713; Santa Lúcia Filipini de
1949; São Camilo de Lellis de 1753; São Luís Maria Grignion de Montfort de
1948; São Inácio de Loyola de 1733; Santo António Maria Zaccaria de 1909; São
Francisco de Paula de 1732; São Pedro Fourier de 1899.
Nave da Epístola com a Capela da Pietà ao fundo |
A Nave da Epístola situa-se no lado direito. A primeira Capela abriga
a Pietà de Michelangelo. Hoje a obra
é protegida por uma parede de vidro à prova de balas, que se tornou necessária
após o ataque de vandalismo de 1972. Ao longo da Nave encontram-se os Monumentos Funerários de Leão XII, obra
de Giuseppe de Fabris; e a Rainha Cristina da Suécia, de Carlo Fontana. Abaixo se encontra a Capela de São Sebastião, presidido por um mosaico alusivo ao
martírio do santo, obra de Pietro Paolo Cristofari que se baseou numa pintura
de Domenico Zampieri; o teto é decorado com mosaicos de Pietro da Cortona. Sob o altar estão preservados
desde maio de 2011, os restos mortais do Papa João Paulo II, atrás de uma laje
de mármore. Na Capela foram também preservados Monumentos Funerários de Pio XI e Pio XII, feitos durante o século
XX. Podem-se observar também as lembranças dirigidas a Inocêncio XII, de
Filippo della Valle (1746), o Monumento Funerário
da Condessa Matilde de Canossa, protetora do Papado na Idade Média, de Gian Lorenzo Bernini (1633). Em seguida encontra-se
a Capela do Santíssimo Sacramento,
protegida por uma porta projetada por Francesco Borromini. Nesta Capela está
preservado o Santíssimo Sacramento.
Ao lado do cibório de bronze e do lápis-lazúli onde preside o altar, existem
duas estátuas de anjos, iluminados por enormes lâmpadas a óleo que ardem
continuamente. A Capela foi projetada por Carlo Maderno para conectar a
Basílica atual com o corpo da antiga. É caracterizada por um telhado mais baixo
do que o corpo da Basílica, de modo a que se feche com uma plataforma que
oculta a diferente elevação da cobertura. Nela estão presentes dois monumentos:
Gregório XIII, de Camillo Rusconi em 1723, e o Gregório XIV. A partir daqui
começa o Deambulatório que circunda
o espaço ao redor da cúpula.
Nave do Evangelho |
A Nave do Evangelho está localizada à esquerda. A primeira Capela é a
Capela do Batismo, desenhada por
Carlo Fontana e decorada com mosaicos de Baciccio realizados mais tarde por
Francesco Trevisani. O mosaico atrás do altar é uma reprodução da pintura de
Carlo Maratta presente na Basílica Santa
Maria Degli Angeli e dei Martiri. Por trás desta Capela estão as tumbas
funerárias que contêm os Túmulos de
Maria Clementina Sobieski, obra de Pietro Bracci de 1742, e a obra da Família Stuart, de Antonio Canova em
1829, com os Túmulos do Rei Jaime
Francisco Eduardo Stuart e dos seus filhos Carlos Eduardo Stuart e o
Cardeal Henrique Benedito Stuart. Segue-se a Capela da Apresentação, em cujo altar se encontra o corpo de São
Pio X. Nas paredes estão os Monumentos
de João XXIII e Bento XV, realizados no século XX. A seguir o Túmulo de São Pio X, de 1923, e a Tumba de Inocêncio VIII, realizado por
Antonio Pollaiuolo no século XV. Por último está a Capela do Coro, presidida pelo Altar
da Imaculada Conceição. A Capela é idêntica à Capela do Santíssimo Sacramento, localizada ao lado da Epístola, tendo, portanto, a mesma
configuração. Na última coluna antes de passar para o Deambulatório estão os Monumentos
de Leão XI, e de Inocêncio XI, obra de Alessandro Algardi em 1644.
Pilares centrais da Basílica di San Pietro |
O Deambulatório é o espaço em torno dos quatro pilares de sustentação
da cúpula e é o coração da Igreja tal como Michelangelo tinha projetado. Na
coluna correspondente à Nave da Epístola
está o Altar de São Jerônimo, com o Túmulo do Papa João XXIII, sobre o qual
se encontra um grande mosaico com pintura de Domenichino. O espaço entre a Capela do Santíssimo Sacramento e o
cruzeiro abriga a Capela Gregoriana,
coberta por uma abóbada que forma uma das duas cúpulas menores. Aqui está o Monumento de Gregório XVI, obra de Luis
Amici em 1848-1857. Ao lado deste, na parede norte, situa-se o Altar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
onde se encontram as Relíquias de São
Gregório de Nazianzo. Ao lado fica o Altar
de São Basílio, decorado por um mosaico do século XVIII, onde repousam os
restos mortais de Josafat Kuncewicz e, de frente para ele, a Tumba do Papa Bento XIV. Uma vez
atravessado o transepto surge-nos o Altar
de Navicella, e em frente o Monumento
de Clemente XIII, obra de Antonio Canova em 1787-1792. Seguido dos Altares de São Miguel Arcanjo, da Santa
Petronilha e de São Pedro e a Ressurreição de Tabitha. Na parede oeste o Monumento de Clemente X, obra de Mattia
de Rossi, no final do século XVII. Ao sul do Deambulatório encontra-se, na coluna da cúpula, um altar presidido
por um mosaico com o famoso quadro da Transfiguração
de Rafael, cujo altar onde se encontra o corpo do Beato Inocêncio XI. A Capela
adjacente, similar à Gregoriana, é a Capela
Clementina; nela se encontram os Monumentos
Funerários de São Gregório Magno e de Pio VII, obra de Bertel Thorvaldsen
em 1831, o único artista não católico que trabalhou na Basílica. Em seguida
localiza-se o Altar da Mentira
decorado com um mosaico do século XVIII. De frente para o mesmo, a Estátua de Pio VIII, obra de Pietro
Tenerani em 1866, com uma porta que leva à Sacristia
Maior da Basílica. Do outro lado do transepto está o Monumento Funerário do Papa Alexandre VII, uma obra notável de Gian
Lorenzo Bernini representando o Papa em profunda oração, onde a morte é
representada por um esqueleto que segura uma ampulheta acima de uma porta que
simboliza a entrada para a vida após a morte. Em frente está o Altar do Sagrado Coração de Jesus, com
mosaicos de 1930. Posteriormente, a Capela
de Nossa Senhora do Pilar, onde se encontram os altares dedicados à Virgem
do Pilar e ao Papa Leão I (Leão Magno), com um magnífico altar em mármore por
Alessandro Algardi depois da Expulsão de
Átila feita entre 1645-53. Finalmente, antes do Presbitério, está o Altar de
São Pedro curando um paralítico, do século XVIII, e o Túmulo do Papa Alexandre VIII.
Uma das esculturas do interior da Basílica di San Pietro |
O transepto norte
estende-se até o Palácio Apostólico
e foi projetado e construído por Michelangelo, que ampliou o Deambulatório que os seus antecessores
haviam projetado, acrescentando alguns altares constituídos por grandes
janelas. No transepto a norte, existem três altares dedicados a São Venceslau,
São Erasmo, e no centro o dos santos mártires Processo e Martiniano. O
transepto sul é semelhante ao anterior, onde se encontram os altares dedicados
a São José, no centro, e os da Crucificação
de São Pedro e São Tomé. Ao longo do transepto, nos recantos das colunas
são colocadas estátuas de santos e santas fundadores de ordens religiosas e
congregações. No transepto direito: São Bonfiglio Monaldi; São José Calasanz;
São Paulo da Cruz; São Bruno; Santa Luísa de Marillac; São Pedro Nolasco; Santa
Maria Eufrásia Pelletier; e São João de Deus. No transepto esquerdo: São
Guilherme de Vercelli; São Norberto de Xanten; Santa Ângela de Merici; Santa
Juliana Falconieri; Santa Joana Antida Thouret; São Jerônimo Emiliano; Santa
Francisca Cabrini; São Caetano de Thiene.
Túmulo de Alessandro VII |
O Presbitério apresenta uma estrutura semelhante à das extremidades
do transepto. No seu centro encontra-se a Cátedra
de São Pedro. É uma obra monumental, um relicário concebido por Gian
Lorenzo Bernini, contendo uma cadeira que remonta da época paleocristã, que
segundo consta foi usada por São Pedro; a cadeira foi baseada nas esculturas
dos Quatro Padres da Igreja. Este
conjunto está iluminado por um vitral com uma pomba simbolizando o Espírito Santo. À esquerda da cadeira
encontra-se a Estátua de Paulo III,
projetada por Giacomo della Porta. Enquanto isso, no lado direito está o Túmulo de Urbano VIII, projetado por
Benini em 1627, o monumento baseia-se numa representação de uma estátua do Papa
no ato da bênção; a flanquear o sarcófago estão as figuras da Caridade e da Justiça e no centro, um esqueleto inscreve o epitáfio. Nas colunas
encontram-se as Esculturas de São Domingos
de Gusmão (1706); São Francisco Caracciolo (1834); São Francisco de Assis
(1727); e São Afonso Marida de Ligório (1839). Por sua vez, nos pilares da
cúpula encontram-se as Esculturas de São
Bento de Núrsia (1735); Santa Francisca romana (1850); São Francisco de
Sales (1845); e São Elias (1727). O órgão da Basílica está localizado entre o Deambulatório e o Presbitério que foi construído por Antonio Tamburini em 1962. Tem dois
corpos que estão localizados nos braços do Deambulatório
partindo do Presbitério.
Monumento a Pio VII |
O Altar Papal situa-se no cruzeiro sob a cúpula, enquadrado pelo
monumental Baldaquino de São Pedro,
trabalho de Gian Lorenzo Bernini, construído entre 1624 e 1633. O Altar foi
feito de bronze retirado do Pantheon de
Roma e possui uma altura de 30 metros. É suportado por quatro colunas
salomônicas com imitação do Templo de
Salomão e do Tabernáculo da
antiga Basílica, cujas colunas foram recuperadas e colocadas como adornos nos
pilares da cúpula de Michelangelo. No centro, sob o Baldaquino, encontra-se um bloco paralelepípedo de mármore branco,
rodeado por um enorme espaço sob a cúpula (o Altar Papal), e sobre ele um crucifixo feito de bronze e um
conjunto de sete castiçais, onde apenas o Papa pode celebrar a Eucaristia em ocasiões solenes. Ele foi
colocado verticalmente sobre o Túmulo de
São Pedro e consagrado em junho de 1594 pelo Papa Clemente VIII. Este Altar
é conhecido por Altar da Confissão,
estando situado no lugar conhecido como Confessio,
o túmulo do apóstolo que com o seu martírio confessou sua fé. Nos pilares que
sustentam a cúpula estão quatro esculturas que enfrentam o Altar, encomendadas
por Urbano VIII, são elas: São Longino, de Gian Lorenzo Bernini em 1639; Santa
Helena de Andrea Bolgi, em 1646; Santa Verônica, de Francesco Mochi em 1632;
Santo André, de François Duquesnoy em 1640. Sobre cada uma das estátuas existe
uma varanda fechada atrás da qual estão presentes relicários: na de São
Longino, a Relíquia da Lança Sagrada;
na de Santa Helena encontra-se parte da Vera
Cruz; na de Santa Verônica é preservado o tecido com o rosto impresso de
Cristo; em Santo André, irmão de São Pedro, foi preservado o crânio do apóstolo
que, no entanto, Paulo VI ofereceu-o aos ortodoxos como um gesto de boa
vontade. Na parte superior de cada pilar existem quatro mosaicos que
representam os evangelistas com a sua respectiva representação iconográfica.
Relevo que retrata o Papa Leão I expulsando Átila |
A Sacristia Maior refere-se a um edifício externo à Basílica,
localizado na parte sul, que se conecta com o templo através de dois corredores
sobre arcos que acedem a Basílica atravessando o Túmulo de Pio VIII e a Capela
do Coro. Em 1715, foi realizado um concurso para a construção da Sacristia,
onde o vencedor foi o projeto de Filippo Juvarra, cuja maquete de madeira está
ainda preservada nas arrecadações da Basílica. Porém, devido ao seu elevado
custo a execução desse complexo foi impossibilitada. Em 1776, o Papa Pio VI
encomendou a Carlo Marchionni a realização do atual edifício, concluído em
1784. O trabalho final foi bastante criticado, especialmente pelo estudioso
Francesco Milizia, que inclusive forçou Marchionni a deixar a cidade. A
Sacristia apresenta uma planta octogonal e é coberta por uma cúpula. É ladeada
por vários edifícios entre os quais a Sacristia
dos Cânones e dos Beneficiários, a Casa
do Capítulo e do Tesouro.
As Grutas do Vaticano foram criadas a partir da elevação entre a nova e
a velha Basílica. Possui a forma de uma igreja subterrânea com três naves e têm
sido usadas como local para sepultar vários papas. O acesso realiza-se através de
uma escadaria dupla cercada por uma elegante balaustrada sobre a qual ardem 99 velas.
A escada parte da frente do Altar Papal
e termina atrás do Confessionário de São
Pedro, obra de Carlo Maderno. Antes do Mosaico
de Cristo Pantocrator encontra-se o cofre que reúne os pálios. Dentro do cofre
estão restos da tumba de mármore de São Pedro construída pelo Imperador Constantino.
Na parte inferior encontra-se a bola de bronze, com o nome “catarata” que era a entrada a partir da construção
da primeira Basílica para o Túmulo de São
Pedro. O Papa Pio XII, recém-eleito em 1939, concedeu a pesquisa arqueológica
que em 10 anos trouxe à luz o primeiro andar da Basílica de Constantino e mais tarde, os restos de uma necrópole romana
que ocupava a encosta da Colina do Vaticano,
tendo sido enterrada pelos construtores da primeira Basílica. A existência desta
área subterrânea confirma a crença de que o local do sepultamento de São Pedro está
localizado no sítio onde foi erguido um monumento em memória do apóstolo, e em seguida
a Basílica. Durante a escavação, entre 1953 e 1957, foi encontrado um nicho onde
foi possível reconhecer uma gravação incompleta em grego com o nome de Pedro, dentro
estavam alguns ossos embrulhados num pano roxo e fios de ouro. Esta descoberta foi
anunciada por Pio XII convencido que os restos mortais eram do corpo de São Pedro.
Estes restos mortais foram colocados no porão, na posição original, que se localizam
exatamente sob o Altar Papal, o Baldaquino e a cúpula.
Capela de João Paulo II |
Todo o esforço da
espera na fila é recompensado assim que se entra na Basílica di San Pietro. A sensação é indescritível diante da beleza
do lugar. Quem se interessar pode fazer um tour guiado ao local,
com opções em inglês, espanhol e até português e que inclui o transporte até o Vaticano. Antes de entrar na Nave Central
da Basílica é onde oferecem o áudio guia para explanação dos ambientes, das
obras de arte e da história de tudo o que se vê. Um dos pontos mais
visitados, no local, é o Túmulo do Papa
João Paulo II (Capela de São
Sebastião), além dos túmulos de vários outros papas - localizados nas
grutas, abaixo da Catedral. Ao sair da Basílica
é preciso entregar o áudio guia e tem a opção de ir para a direita, onde é a
saída e está o Correio do Vaticano,
ou seguir pela esquerda e ir para a entrada da cúpula. A Basílica di San Pietro abre diariamente, a entrada é gratuita, mas
não são permitidos visitantes trajando saias acima do joelho, shorts, blusas
sem manga e decotes (muita atenção com isso, pois a fiscalização na porta é bem
rígida).
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