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Hôtel National des Invalides |
Conhecer os museus da
cidade para mim é uma forma de se aprofundar na cultura local, de conhecer
melhor o lugar que visitamos. A qualidade dos museus de Paris e a importância dos seus acervos transcende o nível local.
Além de suas famosas paisagens e monumentos, Paris também é conhecida mundialmente por seus inumeráveis museus,
que abrigam algumas das mais importantes obras de arte e história da
humanidade. Paris e a
região Île-de-France possuem a maior oferta museográfica da França.
Há não menos de 100 museus em Paris
intramuros aos quais se devem ajuntar os mais de 110 museus da região. Mas além
do grande número é, sobretudo, na diversidade das coleções que a riqueza se
sobressai. Os museus estão sob diversos estatutos administrativos: os mais célebres
são os museus nacionais, isto é, pertencentes ao Estado francês. Outros dependem de
ministérios, como o Museu do Exército
(no Hôtel des Invalides) e o Museu Aeroespacial (no Aeroporto de Le Bourget) que pertencem
ao Ministério da Defesa.
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Hôtel National des Invalides visto da Torre Eiffel |
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Hôtel National des Invalides visto da Basilique du Sacré Coeur |
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Hôtel National des Invalides |
No oceano de telhados de Paris, um domo dourado constitui um dos
pontos de referência da paisagem parisiense. Trata-se do domo do prestigioso Hôtel National des Invalides. O Hôtel Nacional des Invalides, ou Palais des Invalides, é um complexo com
vários blocos, localizado no 7º Distrito
de Paris, na Rive Gauche, a margem
esquerda do Rio, perto do Sena e da Pont Alexandre III, cuja construção foi
ordenada por Louis XIV, o “Rei Sol”, em 1670, para dar abrigo aos inválidos
dos seus exércitos. O Rei Louis XIV precisou, tal como os seus predecessores Henrique
III e Henrique IV, de assegurar auxílio e
assistência aos soldados inválidos dos seus exércitos. Foi uma das primeiras “instituições previdenciárias”
do mundo.
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Hôtel National des Invalides |
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Portão de Entrada |
O objetivo original do Hôtel
des Invalides permaneceu por 100 anos e contribuiu para
que até quatro mil veteranos fossem recebidos simultaneamente que continuavam
ligados ao exército, agora retirados do combate, mas ainda servindo, tecendo
uniformes, calçados e outras tarefas. O Hôtel des
Invalides ainda acolhe presentemente uma centena de reformados e inválidos
dos exércitos franceses. A administração encarregada desta missão é o Instituto Nacional dos Inválidos (Institut
National des Invalides). Entre
as personalidades ilustres lá sepultadas encontra-se Napoleão Bonaparte, assim como o
coração de Sébastien Le Prestre
de Vauban, ilustre arquiteto militar francês, responsável pela poliorcética francesa, o qual criou, na época de Louis XIV, uma série de fortificações militares ao reino, tornando-o impenetrável. Situadas na Planície
de Grenelle, nessa época um subúrbio de Paris, as obras dos edifícios
principais foram confiadas a Liberal Bruant por
Louvois. Bruant concebeu uma organização em cinco pátios centrados num maior: o
"Pátio Real" (Cour Royale).
Os trabalhos efetuaram-se entre março de 1671 e fevereiro de1677, o que pode ser
classificado como rápido (os primeiros pensionistas foram albergados a partir
de outubro de 1674). A fachada
atrás do grande Pátio foi, entretanto, destruída, menos de um ano após a sua
conclusão, para deixar espaço às fundações da grande cúpula.
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Portão de Entrada do Hôtel National des Invalides |
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Hôtel National des Invalides na Planície de Grenelle |
A Igreja inicialmente
prevista por Bruant parece não ter agradado, pelo que a sua construção foi
confiada, a partir de março de 1676, a Jules Hardouin-Mansart, que trabalhava
igualmente nos pavilhões de entrada e nas enfermarias. A construção do edifício
religioso durou perto de 30 anos, só ficando concluída em agosto de 1706, data
da entrega das chaves ao “Rei Sol”. A esplendorosa edificação testemunhou
outros momentos importantes da história, como em 14 de julho de 1789, quando
foi invadida e teve milhares de rifles roubados para serem usados na Tomada da Bastilha. O edifício este,
de fato, duplicou, mesmo existindo uma continuidade arquitetônica: a nave
constitui a Igreja dos Soldados (Èglise des Soldats), sendo o coro, sob
a cúpula, qualificado como Igreja da
Cúpula (Èglise Du Dôme).
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Canhões nos jardins do Hôtel National des Invalides |
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Detalhe da Fachada |
A pintura circular no interior da cúpula representa Louis XIV
entregando a sua espada a Cristo na presença da Virgem Maria e dos Anjos. Esta
distinção foi posta em prática, em 1873, através de uma claraboia separando as
duas partes. O Hôtel des Invalides compreendia, então, outra igreja, uma
manufatura (confecção de uniformes e tipografia), um asilo ("Casa de Retiro" - Maison
de Retraite) e um hospital militar. As oficinas iniciais foram
rapidamente abandonadas para servir de quartos suplementares. Em julho
de 1804 teve lugar na Capela des
Invalides a primeira entrega das condecorações da Legião
de Honra, por Napoleão
Bonaparte, aos oficiais meritórios, numa faustosa cerimônia oficial.
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Pátio Real |
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Pátio Real |
A Capela
do Hôtel des Invalides, concebida para acolher os pensionistas dos Invalides, foi elevada à categoria de Cathédrale.
É a sede do Bispo Católico dos Exércitos.
A planta geral do edifício, criada por Jules
Hardouin-Mansart, é simples: uma cruz grega inscrita num plano quadrado. Cada
uma das fachadas é composta por duas ordens sobrepostas, sublinhadas por um
pórtico encimado por um frontão triangular. A cúpula está colocada sobre um
alto tambor, cujo segundo andar está ornado por altas janelas. É a este nível
que o grande rigor clássico da arquitetura evolui sensivelmente: a parte baixa
do tambor está rodeada por colunas geminadas cercadas por altas janelas
com lindeis curvos. Estas colunas não estão dispostas regularmente nos pontos
cardeais do edifício, uma vez que foram reagrupadas em grupos de dois por dois
para assegurar a estabilidade da cúpula. Pela mesma razão, pequenas volutas, à imagem da Salute de Veneza, foram dispostas sobre
esta coroa de colunas, na base da segunda parte do tambor.
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Canhões enfileirados no Pátio Real |
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Canhões enfileirados no Pátio Real |
A cúpula em forma oval, rodeada por potes de
fogo, está recoberta de ricos motivos dourados de troféus e perfurada com
óculos. Por fim, é encimado por um lanternim que não renegaria Boromini.
Trata-se de um pequeno pavilhão quadrado, com corte enviesado em relação à
fachada, com ângulos decorados por colunas sobre as quais foram dispostas
estátuas. O conjunto é por fim coroado por um obelisco afilado terminado por uma cruz. Com
uma base de estrutura quadrada encimada por frontões triangulares, passa
insensivelmente às formas complexas onde as curvas dominam: tambor, cúpula,
óculos, volutas. Podem ver-se, suspensas na abóbada segundo uma tradição antiga, as bandeiras e estandartes tomados ao inimigo.
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Canhões enfileirados no Pátio Real |
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Canhões enfileirados no Pátio Real |
Ao Norte, o Pátio prolonga-se para além
dos limites do edifício através de uma grande esplanada pública, ao longo da
qual se encontram as embaixadas da Áustria
e da Finlândia, a Gare de Orsay e o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Dois espaços cimentados nas
extremidades servem de espaço de entretenimento para os patinadores. Os Inválidos são um dos grandes espaços
livres de construção no interior de Paris. No final desta esplanada, o Rio Sena é
atravessado pela Pont Alexandre III,
atingindo-se assim o Petit Palais e o Grand Palais. O alinhamento dos canhões na esplanada é altamente
simbólico. Esses canhões estão, efetivamente, apontados ao Palais
de Élisée para lembrar ao seu
locatário que na França o soberano é o povo, e que este pode a
qualquer momento retomar as armas.
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Canhões enfileirados no Pátio Real |
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Cúpula dourada da Eglise du Dome |
A partir de 1777, a Galeria Real dos Planos-relevo (Galerie Royale des
Plans-relief) trocou o Palais Du Louvre pelo Hôtel des Invalides, onde se encontra atualmente. A esta galeria
juntou-se, em 1871, o Museu da Artilharia
(Musée
de l'Artillerie), cujas peças ornamentam os pátios e passeios do Palácio.
Para conservar o traço das tradições do exército, os seus troféus e objetos de
vida cotidiana dos soldados, foi criado em 1896 um Museu Histórico do Exército (Musée Historique de l'Armée).
Este viria a ser fundido com o da Artilharia
em 1905, formando o atual Museu do
Exército (Musée de l'Armée). Depois do final da Segunda
Guerra Mundial, durante a qual os Inválidos
esconderam uma rede de resistência em 1942, o Museu foi aumentado com a Ordem da Libertação (Ordre
de La Libération) e o Museu
de História Contemporânea (Musée d’Histoire Contemporaine).
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Cúpula dourada da Eglise du Dome |
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Cúpula dourada da Eglise du Dome |
Os
museus são maravilhosos, imperdíveis mesmo para aqueles que acham que um quadro
de Picasso ou as esculturas de Rodin são muito mais interessantes do que
armaduras e canhões. Logo na entrada há um grande pátio central com uma coleção
de canhões antigos dispostos lado a lado. Dentro, as exposições são organizadas
cronologicamente. Começamos pela Idade
Média, época do antigo regime. Vimos uma grande parte da seção onde estão
armas e armaduras antigas do século XII ao XVII. Imagine centenas e centenas de
armaduras, das diferentes épocas, de diferentes guerras, de diversos países, de
reis, de soldados e de cavalos… Em seguida, passamos pelas armas: espadas,
punhais, espingardas, canhões, revolveres etc. O que mais impressiona é a
riqueza da decoração das armas antigas. Enquanto hoje as armas são apenas o que
são (armas para matar), antigamente eram objetos pessoais ornamentados com
tanto cuidado que mais pareciam amuletos da sorte. A maioria das peças é de armas
e uniformes. Os uniformes são tão elaborados que nem parecem que eram usados na
guerra. Muitos são também de outros exércitos, como os do exército alemão
(prussiano) da época da Guerra Franco-Prussiana.
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Nave da Cathèdrale de Saint-Louis-des-Invalides |
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Nave da Cathèdrale de Saint-Louis-des-Invalides |
Um dos destaques fica
por conta de objetos pessoais que pertenceram a Napoleão. Aliás, tem uma seção
que é só dele no Museu. Ali estão uniformes, joias, pinturas… uma peça nos surpreendeu. Junto à sela e à águia que
representava Napoleão no campo de batalha está o próprio cavalo dele empalhado.
Ele está meio abatido, não é bem a imagem que temos do tão famoso cavalo branco
de Napoleão, todo grande e musculoso, mas não deixa de ser impressionante ver
de perto esse quase ”personagem” histórico. Dois quadros famosos retratam o
grande herói nacional francês em momentos bem distintos da sua vida: o auge
como Imperador dos Franceses e a
decadência como prisioneiro inglês exilado. Descemos até o pátio central e
procuramos pela Tumba de Napoleão. O
lugar é enorme e é muito fácil se perder lá dentro. Além dos pavilhões onde
estão as exposições, no centro do complexo de Les Invalides está a Cathèdrale
de Saint-Louis-des-Invalides, ainda de uso exclusivo dos moradores do Hôtel des Invalides, fechada ao turismo.
Ao lado está a Église Du Dôme (Igreja da Cúpula) que serve como Panteão Militar.
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Altar da Cathèdrale de Saint-Louis-des-Invalides |
Nesse Panteão Militar estão os restos mortais
de vários importantes militares franceses desde a época da monarquia, passando
pela época revolucionária, pela época imperial e também marechais e generais
das duas grandes guerras mundiais. Mármore e muitos detalhes fazem o lugar
luxuoso. Os túmulos são todos diferentes uns dos outros, mas sempre muito
decorados e pomposos. No centro de todos eles se encontra a Tumba de Napoleão Bonaparte, se não o
mais importante, ao menos o mais vitorioso militar francês de todos os tempos.
A Tumba de Napoleão fica exatamente
embaixo da grande cúpula dourada, em um plano inferior ao do piso da Igreja, de
modo que quando chegamos, temos que nos curvar diante dele para vê-lo. Podemos
descer até o nível da cripta e, entrando por uma porta ladeada por duas figuras
de homens esculpidas em mármore preto, ficar bem de frente para o túmulo. Suas
cinzas foram guardadas em um sarcófago de quartzito vermelho da Finlândia, com pedestais em mármore
negro de Sainte-Luce. Rodeando o
sarcófago se encontram 12 esculturas de mulheres, as ”Vitórias”, representando as campanhas militares de Napoleão. No
chão em volta do sarcófago estão inscritas oito vitórias célebres lideradas por
ele. Ornando as paredes da cripta estão 10 baixos-relevos que contam as
principais façanhas civis de Napoleão como governante da França (e não foram poucas). Neles Napoleão é sempre representado
vestindo uma túnica clássica, ao estilo greco-romano.
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Órgão da Cathèdrale de Saint-Louis-des-Invalides |
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Órgão da Cathèdrale de Saint-Louis-des-Invalides |
Seguimos para as alas
da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, que é um banho
de história para a meninada. Os uniformes são incríveis, a beleza e a riqueza dos detalhes
das roupas e ornamentos impressionam. É um Museu bastante interessante e mostra
o quanto o lado militarista francês foi (e ainda é) importante para a
construção do sentimento nacional e como o exército deles foi (e ainda é)
poderoso. A entrada é válida para os seguintes setores: Museu da Armada, Le Dome
e a Tumba de Napoleão, o Monumento a Charles de Gaulle, o Museu de Mapas e o Museu da Ordem da Liberação. Em
todas as salas há quadros informativos, mapas, maquetes e reproduções de
documentos históricos. A cantina do complexo não atende somente ao Museu, mas
também aos moradores e visitantes do Hôtel
des Invalides, o lugar é bem grande e tem muita variedade para escolher. Em
1989, por ocasião do bicentenário da Revolução
Francesa, o domo do Palais des Invalides
de Paris foi restabelecido com cuidado e recebeu novo revestimento dourado com
550 mil folhas de ouro (mais de 10 quilos de ouro). Foi a quinta vez desde a sua
criação.
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