quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Paris - Pantheon de Paris

Pantheon de Paris
Os monumentos mais célebres de Paris datam de épocas diversas. Eles com frequência se encontram ou no centro ou nas margens do Rio Sena. Apesar de não ser tão famoso quanto outros monumentos de Paris (como o Arco do Triunfo, a Notre-Dame, a Torre Eiffel e a Sacré Coeur) o Pantheon é um dos mais bonitos edifícios da cidade e certamente vale a visita. O Pantheon de Paris é um monumento em estilo neoclássico situado no Mont Sainte Geneviève, no 5º arrondissement de Paris, em pleno Quartier Latin. À sua volta dispõem-se alguns edifícios de importância, como a Igreja de Saint Étienne Du Mont, a Biblioteca Sainte Geneviève, a Universidade de Paris 1 (Pantheon-Sorbonne), a Prefeitura do 5º arrondissement e o Liceu Henrique IV. Da Rue Soufflot consegue-se uma perspectiva favorável do Pantheon de Paris, a partir do Jardin Du Luxembourg. O Pantheon de Paris foi o primeiro lugar de onde se podia ver Paris do alto.

Pantheon e Rue Soufflot
O Pantheon é, indubitavelmente, monumental. Iniciadas em 1764, as obras do edifício foram encomendadas pelo monarca Louis XV, o qual, após recuperar-se de uma grave doença, ordenou ao arquiteto Jacques-Germani Soufflot a construção de uma basílica em tributo à Sainte Geneviève (padroeira de Paris), em substituição à antiga Abadia de Sainte Geneviève ali existente. A Abadia foi fundada em 507 pelo Rei Clóvis, o primeiro rei cristão francês, para abrigar sua tumba. Sainte Geneviève foi enterrada lá em 512. O projeto ambicioso pretendia rivalizar com a Basílica de São Pedro, em Roma. As fundações começaram a ser escavadas em 1758, mas, devido a dificuldades financeiras e à morte de Soufflot em 1780, a sua construção foi retardada. Foi finalmente retomada por um associado de Soufflot, Jean-Baptiste Rondelet. Foi concluído em 1790, mas em 1791, a Assembleia Nacional francesa votou que o edifício, que ainda não havia sido consagrado como igreja, servisse como um templo para abrigar os corpos de homens ilustres do país.

Pantheon de Paris
Entre 1791 e 1793 o prédio passou por uma remodelação pelas mãos de Quatremère Quincy, que lhe deu sua aparência atual, substituindo-se os baixos-relevos religiosos por obras que destacam as virtudes humanas. Durante os quase 100 anos entre o Primeiro Império Francês, com Napoleão I até o advento da Terceira República Francesa, o lugar mudou diversas vezes de função. O prédio serviu tanto para fins religiosos como patrióticos, dependendo do regime político no poder, e voltou a ser igreja por duas vezes. Até que na Terceira República, com o funeral de Victor Hugo (escritor) em 1885, a Assembleia Nacional decidiu que o edifício deveria finalmente, servir de necrópole para as mais grandiosas individualidades de França. Ser sepultado no Pantheon simboliza a honra que o país carrega por cada um dos nomes ali presentes. 

Pórtico do Pantheon
A estrutura do edifício, em estilo neoclássico, impressiona dada a reprodução da pureza e magnificência gregas. Soufflot baseou-se no Pantheon Romano para o pórtico, que contém 22 colunas coríntias; a cúpula, por sua vez, remonta à britânica Catedral de São Paulo (Londres) e ao Dôme des Invalides. Tem 110 metros de comprimento e 84 metros de largura. A fachada exterior impressiona. Ela se apoia em um frontão triangular da autoria de David d'Angers. Este frontão representa a Pátria (centro) dando Liberdade e protegendo em seu lado direito as Ciências – representadas por muitos grandes cientistas, filósofos, escritores e artistas – e à sua esquerda a História – representada pelos grandes personagens do Estado e estudantes da Escola Politécnica. O edifício, em forma de cruz grega, é coroado por uma cúpula de 83 metros de altura, com uma claraboia no topo. E é cenário para fotos maravilhosas. 

Pórtico do Pantheon
O enorme domo do edifício, recentemente reformado, é um dos marcos do skyline de Paris, e pode ser visto por toda a cidade. Um elemento essencial da construção permanece invisível para o visitante. Enquanto alguém pode pensar que apenas uma cúpula suporta a claraboia e a cruz em seu topo, na realidade, três cúpulas estão aninhadas uma dentro da outra: A cúpula externa é feita de pedra coberta com tiras de chumbo, e não em uma moldura, como era tradicional na época (como em Saint-Louis-des-Invalides). Sua implementação também é um verdadeiro feito técnico. De dentro, há uma cúpula em caixão, aberta no centro por um óculo (abertura redonda). Esta cúpula repousa na parte inferior do tambor, no nível da colunata externa, que contrasta o conjunto. Entre essas duas cúpulas, externa e interna, é construída uma terceira cúpula técnica intermediária em forma de meio ovo, que sustenta a lanterna de pedra, que pesa mais de cinco toneladas. É na face interna dessa cúpula que é pintada a L’Apothéose de Sainte Geneviève de Antoine Gros, visível através do óculo da cúpula interna. Esta cúpula intermediária não consiste em um manto de pedra contínua como a cúpula externa: ela é perfurada por quatro arcos que permitem que as cargas sejam baixadas da lanterna para os pilares. Os dias enquanto isso, deixava a luz das janelas na parte superior do tambor entre as duas cúpulas inferiores para embelezar a pintura da Apoteose.

A belíssima cúpula do Pantheon de Paris
Esse método de circulação de luz pode ser comparado com aquele adotado pelos predecessores de Soufflot; por exemplo, o Pantheon de Roma e seu oculus central aberto, ou o Dôme des Inválidos de Paris, de Hardouin-Mansart. Há também uma cúpula de envelope triplo na Catedral de Saint Paul, em Londres, projetada não muito tempo atrás pelo arquiteto inglês Christopher Wren, mas com uma cúpula robusta. O sistema de construção pode ser examinado no modelo feito por Rondelet: está exposto na capela anexa ao edifício. A subida na cúpula exige um pouco de esforço, já que é necessário subir uns 200 degraus. Mas a vista compensa! De lá se vê o belo Jardin Du Luxembourg, com a Torre Eiffel logo atrás, o Les Invalides e ainda a incrível Catedral de Notre-Dame à direita. Infelizmente só é possível subir nesta cúpula durante o verão. A subida acontece a cada meia hora com grupos de até 50 pessoas e visita dura 40 minutos. A grande vantagem é que raramente tem fila para entrar no Pantheon ou mesmo para subir a cúpula.

Frontão do Pantheon de Paris
Assim como a cúpula, o Pêndulo de Foucault é uma das estruturas que mais chama atenção dentro do Pantheon. Este é um experimento com uma bola de metal que pende diretamente do centro da bela cúpula e no meio do Pantheon, cercado por uma “cerca” de acrílico redonda. A função do aparato é provar o movimento de rotação do planeta Terra. Em janeiro de 1851, o físico francês Jean Bernard León Foucault fez em sua casa este mesmo experimento, com a ajuda de um pêndulo de dois metros de comprimento, e que permitiu balançar perto do solo. Quatro semanas depois, ele realizou mais um teste no Observatório de Paris, agora com um pêndulo de 12 metros de comprimento. E em março de 1851, com a autorização de Louis Napoléon Bonaparte, que era um grande amante de História e Ciências, ele colocou um pêndulo de 67 metros no meio do Pantheon para provar sua tese de Rotação da Terra. O Pêndulo fica pendurado na vertical e ao ser movimentado, o estilete que fica preso na esfera faz uma marca na fina camada de areia que está depositada no chão. E a cada passagem da esfera a marca na areia aumenta progressivamente. Com esta demonstração simples e direta, consegue-se provar o movimento da Terra. Hoje, no local, encontra-se uma réplica do Pêndulo de Foucault, e pode-se entender ao vivo como funciona o experimento. A esfera metálica exposta mede 20 centímetros e pesa 28 quilos. Ela foi banhada em ouro 24 quilates e está suspenso por um fio vertical de 67 metros de comprimento, saindo do meio da cúpula.

O Pêndulo de Foucault

Mas o interior do edifício impressiona ainda mais. Ao se entrar porta adentro, a grandiosidade é mais evidente. Com seu enorme pé direito, o vasto volume é decorado por colunas, esculturas e pinturas acadêmicas de Puvis de Chavannes, Gros e Cabanel, entre outros nas paredes. Seu interior é o que chamam de neoclassicismo, porque foi uma tendência dos arquitetos da época de reproduzirem detalhes clássicos em um novo contexto. Aqui se observam a reprodução das linhas puras e magnitude das construções gregas muitos séculos depois em um novo ambiente. Esta parte térrea é a que mais chama atenção. Com pisos decorados, inúmeras colunas, a incrível cúpula, tudo aqui é majestoso. Percorrer suas laterais é um deleite para os olhos, já que nas suas paredes estão pinturas monumentais retratando importantes momentos da história da França. Nestas pinturas, podem-se distinguir diversos temas, mas não se deve deixar de observar o ciclo pintado por Chavannes, contando a vida de Sainte Geneviève. E os ciclos que contam a história do começo do cristianismo e o começo da monarquia na França. Chavannes começou a pintar o lugar a partir de 1874, e pode-se dizer que ele foi o maior pintor de afrescos do século XIX.


Interior do Pantheon de Paris
A cripta cobre toda a superfície do edifício. De fato, consiste em quatro galerias, cada uma sob cada braço da nave. No entanto, não é realmente enterrado como uma cova, com janelas no topo de cada galeria, aberta ao exterior. Entra-se na cripta por uma sala decorada com colunas dóricas (em referência ao Templo de Netuno em Paestum, que Soufflot visitara durante sua viagem à Itália). Ao chegar ao subsolo, entra-se numa câmara redonda de onde parte um sistema de corredores com inúmeras capelas, onde estão as personalidades históricas. Na entrada delas estão as placas com os nomes e terminal onde se pode consultar a biografia da personalidade, com detalhes sobre sua vida e obra. As dimensões da cripta a fazem parecer muito vasta. Os atuais 74 ocupantes não estão limitados, pois a capacidade total é de cerca de 300 lugares. Uma das hipóteses apresentadas para explicar isso seria que Louis XV queria torná-lo um mausoléu para os Bourbons.

Pinturas do Pantheon de Paris
Ao passear pelos corredores, é fácil reconhecer nomes famosos e importantes. Nomes como Voltaire, Rousseau, Victor Hugo, Marie Curie, Émile Zola, Louis Braille, ou Alexandre Dumas. E até mesmo o arquiteto do Pantheon, Jacques-Germain Soufflot. Apenas duas personalidades foram enterradas diretamente após sua morte no Pantheon. Todos os outros foram removidos de outros lugares ou tem túmulo figurativo aqui. Este é o caso de Jean Moulin, herói francês da resistência, cujo corpo nunca foi encontrado. A escolha dos nomes dos indicados para repousar aqui, é feita por cada presidente francês. Cada um deles pode eleger alguns nomes durante sua gestão. Os membros da Assembleia Nacional podem fazer propostas, mas somente o presidente decide quem será incluído. Mas nem todas as famílias dos designados aceitam esta honraria, como é o caso de Albert Camus (escritor e filósofo), cuja família não aceitou a indicação para o Pantheon. A primeira mulher a ser sepultada no Pantheon de Paris foi Sophie Berthelot, não pelo que fez em vida, mas para a não separar do marido, Marcellin Berthelot.

La Convention Nationale
Das grandes personalidades francesas, duas que sempre são procuradas e não encontradas são Napoleão Bonaparte e Charles de Gaulle. A grandiosidade do feito de ambos é monumental, e eles têm tumbas majestosas e individuais em lugares especiais. Napoleão está enterrado no Les Invalides, ali perto, e Charles de Gaulle em sua cidade natal, Colombey-les-Deux-Églises. Mas o lugar tem uma história viva. E muitas alas da cripta se encontram vazias. Elas estão à espera de futuras personalidades que mereçam a honra de para aqui serem transladadas. As paredes do Pantheon, também registraram mais de mil nomes de figuras importantes na história da República. Na cripta, duas placas com os nomes das vítimas da Revolução de 1830 (a placa foi colocada pelo Rei Louis-Philippe), e vítimas da Revolução de 1848. Em 1927, uma placa com os nomes dos escritores franceses mortos foi colocada durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O próprio ato de homenagem foi repetido após a Segunda Guerra Mundial, para homenagear os escritores franceses mortos entre 1939 e 1945.

Pantheon de Paris
O Pantheon é cheio de detalhes de história, e nada melhor que alguém explicando os detalhes. As visitas guiadas são oferecidas em francês, inglês, alemão, espanhol, italiano, russo, polonês, português e chinês. Este tour dura em torno de uma hora e não é necessário agendar antecipadamente. Para aqueles que desejam fazer uma visita por conta própria e aprender muito, é indicado alugar um áudio-guia na bilheteria. O “tour de áudio” é relativamente longo, com cerca de 90 minutos de explicações, mas é claro que se podem escolher as partes e detalhes que quer se ouvir. 

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