A estrutura do
edifício, em estilo neoclássico, impressiona dada a reprodução da pureza e
magnificência gregas. Soufflot baseou-se no Pantheon Romano para o pórtico, que contém 22 colunas coríntias; a
cúpula, por sua vez, remonta à britânica Catedral de São Paulo (Londres)
e ao Dôme des Invalides. Tem
110 metros de comprimento e 84 metros de largura. A fachada exterior
impressiona. Ela se apoia em um frontão triangular da autoria de David d'Angers. Este frontão
representa a Pátria (centro) dando Liberdade e protegendo em seu lado
direito as Ciências – representadas
por muitos grandes cientistas, filósofos, escritores e artistas – e à sua
esquerda a História – representada pelos grandes personagens do Estado e
estudantes da Escola Politécnica. O
edifício, em forma de cruz grega,
é coroado por uma cúpula de 83 metros de altura, com uma claraboia
no topo. E é cenário para fotos maravilhosas.
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Pórtico do Pantheon |
O enorme domo do
edifício, recentemente reformado, é um dos marcos do skyline de Paris, e pode ser visto por toda a cidade.
Um elemento essencial da construção permanece
invisível para o visitante. Enquanto alguém pode pensar que apenas uma cúpula
suporta a claraboia e a cruz em seu topo, na realidade, três cúpulas estão
aninhadas uma dentro da outra: A cúpula externa é feita de pedra coberta com
tiras de chumbo, e não em uma moldura, como era tradicional na época (como em Saint-Louis-des-Invalides). Sua
implementação também é um verdadeiro feito técnico. De dentro, há uma cúpula em
caixão, aberta no centro por um óculo (abertura redonda). Esta cúpula repousa
na parte inferior do tambor, no nível da colunata externa, que contrasta o
conjunto. Entre essas duas cúpulas, externa e interna, é construída uma
terceira cúpula técnica intermediária em forma de meio ovo, que sustenta a
lanterna de pedra, que pesa mais de cinco toneladas. É na face interna dessa
cúpula que é pintada a L’Apothéose de
Sainte Geneviève de Antoine Gros, visível através do óculo da cúpula
interna. Esta cúpula intermediária não consiste em um manto de pedra contínua
como a cúpula externa: ela é perfurada por quatro arcos que permitem que as
cargas sejam baixadas da lanterna para os pilares. Os dias enquanto isso, deixava a luz das janelas na parte superior do tambor entre as duas cúpulas
inferiores para embelezar a pintura da Apoteose.
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A belíssima cúpula do Pantheon de Paris |
Esse
método de circulação de luz pode ser comparado com aquele adotado pelos
predecessores de Soufflot; por exemplo, o Pantheon
de Roma e seu oculus central
aberto, ou o Dôme des Inválidos de Paris, de
Hardouin-Mansart. Há também uma cúpula de envelope triplo na Catedral de Saint Paul, em Londres, projetada não muito tempo
atrás pelo arquiteto inglês Christopher Wren, mas com uma cúpula robusta. O
sistema de construção pode ser examinado no modelo feito por Rondelet: está exposto
na capela anexa ao edifício. A subida na
cúpula exige um pouco de esforço, já que é necessário subir uns 200 degraus.
Mas a vista compensa! De lá se vê o belo Jardin
Du Luxembourg, com a Torre Eiffel
logo atrás, o Les Invalides e ainda
a incrível Catedral de Notre-Dame à
direita. Infelizmente só é possível subir nesta cúpula durante o verão. A
subida acontece a cada meia hora com grupos de até 50 pessoas e visita dura 40
minutos. A grande vantagem é que raramente tem fila para entrar no Pantheon ou mesmo para subir a cúpula.
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Frontão do Pantheon de Paris |
Assim como a cúpula, o Pêndulo de Foucault é uma das
estruturas que mais chama atenção dentro do Pantheon. Este é um experimento com uma bola de metal que pende
diretamente do centro da bela cúpula e no meio do Pantheon, cercado por uma “cerca” de acrílico redonda. A função do
aparato é provar o movimento de rotação do planeta Terra. Em janeiro de 1851, o
físico francês Jean Bernard León Foucault fez em sua casa este mesmo
experimento, com a ajuda de um pêndulo de dois metros de comprimento, e que
permitiu balançar perto do solo. Quatro semanas depois, ele realizou mais um
teste no Observatório de Paris,
agora com um pêndulo de 12 metros de comprimento. E em março de 1851, com a
autorização de Louis Napoléon Bonaparte, que era um grande amante de
História e Ciências, ele colocou um pêndulo de 67 metros no meio do Pantheon para provar sua tese de Rotação da Terra. O Pêndulo fica
pendurado na vertical e ao ser movimentado, o estilete que fica preso na esfera
faz uma marca na fina camada de areia que está depositada no chão. E a cada
passagem da esfera a marca na areia aumenta progressivamente. Com esta
demonstração simples e direta, consegue-se provar o movimento da Terra. Hoje,
no local, encontra-se uma réplica do Pêndulo
de Foucault, e pode-se entender ao vivo como funciona o experimento. A
esfera metálica exposta mede 20 centímetros e pesa 28 quilos. Ela foi banhada
em ouro 24 quilates e está suspenso por um fio vertical de 67 metros de
comprimento, saindo do meio da cúpula.
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O Pêndulo de Foucault |
Mas o
interior do edifício impressiona ainda mais. Ao se entrar porta adentro, a
grandiosidade é mais evidente. Com seu enorme pé direito, o vasto volume é
decorado por colunas, esculturas e pinturas acadêmicas de Puvis de Chavannes,
Gros e Cabanel, entre outros nas paredes. Seu interior é o que chamam de
neoclassicismo, porque foi uma tendência dos arquitetos da época de
reproduzirem detalhes clássicos em um novo contexto. Aqui se observam a
reprodução das linhas puras e magnitude das construções gregas muitos séculos
depois em um novo ambiente. Esta parte térrea é a que mais chama atenção. Com
pisos decorados, inúmeras colunas, a incrível cúpula, tudo aqui é majestoso.
Percorrer suas laterais é um deleite para os olhos, já que nas suas paredes
estão pinturas monumentais retratando importantes momentos da história da França. Nestas pinturas, podem-se
distinguir diversos temas, mas não se deve deixar de observar o ciclo pintado
por Chavannes, contando a vida de Sainte Geneviève. E os ciclos que contam a
história do começo do cristianismo e o começo da monarquia na França. Chavannes começou a pintar o
lugar a partir de 1874, e pode-se dizer que ele foi o maior pintor de afrescos
do século XIX.
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Interior do Pantheon de Paris |
A cripta
cobre toda a superfície do edifício. De fato, consiste em quatro galerias, cada
uma sob cada braço da nave. No entanto, não é realmente enterrado como uma cova,
com janelas no topo de cada galeria, aberta ao exterior. Entra-se na cripta por
uma sala decorada com colunas dóricas (em referência ao Templo de Netuno em Paestum,
que Soufflot visitara durante sua viagem à Itália). Ao chegar ao
subsolo, entra-se numa câmara redonda de onde parte um sistema de corredores
com inúmeras capelas, onde estão as personalidades históricas. Na entrada delas
estão as placas com os nomes e terminal onde se pode consultar a biografia da
personalidade, com detalhes sobre sua vida e obra. As dimensões da cripta a
fazem parecer muito vasta. Os atuais 74 ocupantes não estão limitados, pois a capacidade total é de cerca de 300
lugares. Uma das hipóteses apresentadas para explicar isso seria que Louis XV
queria torná-lo um mausoléu para os Bourbons.
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Pinturas do Pantheon de Paris |
Ao passear pelos
corredores, é fácil reconhecer nomes famosos e importantes. Nomes como
Voltaire, Rousseau, Victor Hugo, Marie Curie, Émile Zola, Louis Braille, ou
Alexandre Dumas. E até mesmo o arquiteto do Pantheon, Jacques-Germain Soufflot. Apenas duas personalidades
foram enterradas diretamente após sua morte no Pantheon. Todos os outros foram removidos de outros lugares ou tem
túmulo figurativo aqui. Este é o caso de Jean Moulin, herói francês da
resistência, cujo corpo nunca foi encontrado. A escolha dos nomes dos indicados
para repousar aqui, é feita por cada presidente francês. Cada um deles pode
eleger alguns nomes durante sua gestão. Os membros da Assembleia Nacional podem fazer propostas, mas somente o presidente
decide quem será incluído. Mas nem todas as famílias dos designados aceitam
esta honraria, como é o caso de Albert Camus (escritor e filósofo), cuja família não aceitou a indicação para o Pantheon.
A primeira mulher a ser sepultada no Pantheon
de Paris foi Sophie Berthelot, não pelo que fez em vida, mas para a não
separar do marido, Marcellin Berthelot.
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La Convention Nationale |
Das grandes
personalidades francesas, duas que sempre são procuradas e não encontradas são
Napoleão Bonaparte e Charles de Gaulle. A grandiosidade do feito de ambos é
monumental, e eles têm tumbas majestosas e individuais em lugares especiais.
Napoleão está enterrado no Les Invalides,
ali perto, e Charles de Gaulle em sua cidade natal, Colombey-les-Deux-Églises. Mas o lugar tem uma história viva. E
muitas alas da cripta se encontram vazias. Elas estão à espera de futuras
personalidades que mereçam a honra de para aqui serem transladadas. As paredes
do Pantheon, também registraram mais
de mil nomes de figuras importantes na história da República. Na cripta, duas placas com os nomes das vítimas da Revolução de 1830 (a placa foi colocada
pelo Rei Louis-Philippe), e vítimas da Revolução
de 1848. Em 1927, uma placa com os
nomes dos escritores franceses mortos foi colocada durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O
próprio ato de homenagem foi repetido após a Segunda Guerra Mundial, para homenagear os escritores franceses
mortos entre 1939 e 1945.
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Pantheon de Paris |
O Pantheon é cheio de detalhes de história, e nada melhor que alguém
explicando os detalhes. As visitas guiadas são oferecidas em francês, inglês,
alemão, espanhol, italiano, russo, polonês, português e chinês. Este tour dura
em torno de uma hora e não é necessário agendar antecipadamente. Para aqueles
que desejam fazer uma visita por conta própria e aprender muito, é indicado
alugar um áudio-guia na bilheteria. O “tour de áudio” é relativamente longo,
com cerca de 90 minutos de explicações, mas é claro que se podem escolher as partes
e detalhes que quer se ouvir.
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