sábado, 20 de fevereiro de 2016

Paris - Place de la Concorde

Place de La Concorde
A Place de La Concorde, no 8º arrondissement de Paris, é a maior Praça de Paris (84 mil metros quadrados). É a segunda maior Praça da França (a primeira é a Place de Los Quinconces, em Bordeaux). À beira do Rio Sena, ela é o elo majestoso entre La Défense, a Avenue Champs-Élysées, os Jardins des Tuileries e o Louvre. Praça histórica, ela também liga o Palais Bourbon (Assembleia Nacional), situado na Rive Gauche (margem esquerda do Rio) à Igreja La Madeleine, que fica na Rive Droite (margem direita do Rio). A cidade de Paris, na pessoa de seus vereadores e de seu prefeito, decidiu, em 1748, erigir uma Estátua Equestre do Rei Louis XV para festejar o restabelecimento do Rei após uma doença que o havia acometido em Metz. Foi lançado um concurso para encontrar o melhor local, concurso do qual participam 19 arquitetos, entre os quais Germain Boffrand e Jacques-Germain Soufflot. Um deles, Ange-Jacques Gabriel, propôs reservar uma esplanada simples de terra batida, sem função ou propósito, que se situava ao final do Jardin des Tuileries e que se chamava “Esplanade Du Pont-Tournant”, em referência a uma ponte de madeira que então cruzava o fosso próximo ao terraço das Tuileries. Apesar de fora do centro, o local poderia servir para a urbanização dos novos bairros que tendiam a ser construídos para o oeste da capital, no Faubourg Sainte-Honoré.

Place de La Concorde e o Obelisco de Luxor
O Rei era o proprietário da parte essencial desses terrenos, o que permitiu se realizar as desapropriações necessárias. Antes mesmo de a decisão ser oficialmente tomada, negociações foram iniciadas junto aos herdeiros do economista John Law, proprietários de terrenos marginais ao perímetro necessário à criação, no local, de uma praça real, inscrita na vasta cadeia de praças reais que iriam (em Rennes, Rouen, Bordeaux, Dijon, Nantes ou Montpelier) teatralizar a representação equestre do Rei Louis XV. Valorizada por fachadas desenhadas por Gabriel, a Place Louis XV parisiense tornou-se um intervalo arquitetônico entre as fundações do Palais des Tuileries e as folhagens verdes da Avenue Champs-Élysées

Place de La Concorde e o Obelisco de Luxor
Em 1753, um concurso foi aberto para o planejamento da Esplanada, reservado aos membros da Académie Royale d’Architecture (Academia Real de Arquitetura). Gabriel, diretor da Academia, em sua qualidade de Primeiro Arquiteto do Rei, foi encarregado de estabelecer um projeto, emprestando as melhores ideias propostas pelos concorrentes. Beneficiando-se do apoio de Madame de Pompadour, favorita do Rei, que supervisionou o conjunto dos trabalhos, o projeto foi aceito em 1755. O acordo entre a cidade de Paris, os representantes do Rei e os herdeiros de Law foi assinado em 1758. Em troca dos terrenos cedidos, os herdeiros receberam o edifício situado a noroeste da Place, assim como os terrenos de um lado e do outro da futura Rue Royale. Eles consentiram em pagar a construção das fachadas de todos os edifícios de sua propriedade.

Place de La Concorde

Começada por Edmé Bouchardon e acabada por Jean-Baptiste Pigalle, a Estátua Equestre de Louis XV foi inaugurada em junho de 1763, 15 anos após a ideia original. Ela foi colocada no centro da Esplanada, com a face voltada para o leste, na interseção da nova Rue Royale, que liga a Igreja da Madeleine ao Sena, do Jardin des Tuileries e da Avenue Champs-Élysées. O Rei está vestido à romana e coroado de louros. O pedestral, feito por Jean-François Chalgrin, é ornado por baixo relevos e, em cada ângulo, por uma estátua de bronze evocando as virtudes do Rei: a Força, a Justiça, a Prudência e a Paz. Em maio de 1770, a Place é palco de um acontecimento dramático: no momento em que um espetáculo de fogos de artifício acontecia em honra do casamento do delfim com a arquiduquesa Maria Antonieta da Áustria, 133 pessoas são mortas pisoteadas e sufocadas quando o pânico toma conta da Place, provocado por um incêndio desencadeado pela queda de um foguete. A Place só é totalmente acabada em 1772.

Estátua na Place de La Concorde
No tempo da Revolução Francesa, a Place é o local de passagem obrigatório dos cortejos, sejam improvisados, sejam ritualizados pelo protocolo das festas. Ela foi um dos grandes locais de reunião no período revolucionário, sobretudo depois que nela se instalou a guilhotina. A partir de julho de 1789, antevéspera da Tomada da Bastilha, os bustos de Jacques Necker, Ministro das Finanças demitido, e de Louis Philippe II passam a ser exibidos nela pelos revoltosos; o Principe de Lambesc e seus dragões fazem uma carga contra os manifestantes. No dia seguinte, a multidão pilha as armas do Garde-Meuble (Guarda Móveis - que ficava localizado na Place, no edifício nordeste) para “ir à Bastilha”. Em outubro de 1789, a família real, trazida de Versailles para Paris pelo povo, faz sua entrada no Palais des Tuileries atravessando a Place Louis XV. Em agosto de 1792, já com o Rei deposto, a Estátua de Louis XV é arremessada de seu pedestal. A Place é então rebatizada Place de La Révolution

Obelisco de Luxor
A Place torna-se então o grande teatro sanguinário da Revolução, com a instalação da guilhotina. Ela é instalada aí, porém provisoriamente, em outubro de 1792, para a execução de ladrões de joias da Coroa no Guarde-Meuble. Ela reaparece em janeiro de 1793 para a execução de Louis XVI: ela é então instalada a meia distância da base da estátua derrubada de Louis XV e da entrada da Champs-Élysées. É finalmente em maio de 1793 que ela fixa sua morada na Place, para aí permanecer até junho de 1794, e, desta vez, entre o centro da Place e a entrada do Jardin des Tuileries. Das 2.498 pessoas guilhotinadas em Paris durante a Revolução, 1.119 o são na Place de La Révolution. Entre elas, ficaram gravados os nomes de Maria Antonieta, Charlotte Corday, Manon Roland, Filipe de Orleans, a Condessa Du Barry, Georges-Jacques Danton Guillaume-Chrétien de Lamoignon de Malesherbes e Antoine Lavoisier. O cadafalso é em seguida trnsferido para a Place Du Trône-Renversé (Praça do Trono Derrubado), atual Place de La Nation e só retorna à Place de La Révolution para a execução de Maximilien de Robespierre e seus amigos.

Fonte de Hittorff
Em agosto de 1793, a Estátua de Louis XV é substituída por uma efígie de gesso representando a Liberdade coberta por um barrete vermelho e tendo uma enxada na mão direita. Ela será retirada em junho de 1800. Além disso, cavalos ditos de Marly, obra de Guillaume Coustou, são instalados na entrada dos Champs-Élysées em 1795. Com o fim do Terror, o governo decide rebatizar a Place como Place de La Concorde (1795). Marcada pela lembrança sangrenta do Terror e da execução da família real, a Place de La Concorde propõe um problema político ao governo do século XIX. A Estátua da Liberdade, retirada sob o Consulado, e projetos pensando edificar uma Estátua de Carlos Magno e depois uma fonte, tendo sido abandonados, é finalmente Louis XVIII, quem imagina erigir no centro da Place um monumento à memória de seu irmão, o Rei decapitado Louis XVI; a estátua do Rei mártir, enquadrada por uma capela. Carlos X coloca a primeira pedra em maio de 1826. No mesmo ano, a Place de La Concorde é rebatizada Place Louis XVI (a inscrição ainda é visível no ângulo da Rue Boissy d’Anglais). Mas a estátua projetada não será jamais erguida, interrompida pela Revolução de Julho de 1830, que dá novamente à Place seu nome definitivo: Place de La Concorde

Luminária da Place de la Concorde
Em 1831, o Vice-Rei do Egito, Mehmet Ali, oferece à França os dois obeliscos que marcam a entrada do Palácio de Ramsés II em Tebas, atual Luxor, em reconhecimento ao papel do francês Champollion, primeiro tradutor de hieróglifos. O primeiro chegou a Paris em dezembro de 1833, o segundo nunca chegou. É Louis Felipe I quem decide erigi-lo na Place de La Concorde onde “ele não lembrará nenhum acontecimento político”. A operação, verdadeira proeza técnica, se realiza em outubro de 1836, sob a direção do Engenheiro da Marinha Apollinaire Lebas, na presença de mais de 200 mil pessoas. O Rei e a família real, incertos quanto ao sucesso da operação, preferiram assisti-la dos salões da Guarde-Mueble, e só apareceram sobre o balcão para colher os aplausos da multidão no momento preciso em que o monólito se colocou na vertical. Ao contrário do que muitos pensam essa não é mais uma conquista das batalhas napoleônicas. Esta obra-prima de granito rosa tem 33 metros de altura e pesa 230 toneladas. Está erigido sobre uma base de nove metros e coberto por uma pequena pirâmide dourada com mais de três metros e meio. Os hieróglifos que o cobrem celebram a glória do Faraó Ramsés II. A pequena pirâmide, que serve de ponta ao obelisco, foi acrescentada em maio de 1998, feita de bronze e folhas de ouro. O Obelisco situa-se sobre a linha do Eixo Histórico de Paris que vai do Arc de Triomph ao Arc de La Défense, passando pelo Jardin des Tuileries e pela Avenue Champs Élysées. O Obelisco serve também de quadrante solar, graças às linhas traçadas no solo ao seu redor.

Fonte de Hittorff e Obelisco de Luxor
Entre 1836 e 1846, a Place foi transformada pelo arquiteto Jacques-Ignace Hittorff, conservando o princípio imaginado por Gabriel. Ele junta ao projeto duas fontes monumentais – a Fontaine des Mers (Fonte dos Mares) e a Fontaine des Fleuves (Fonte dos Rios) – de um lado e outro do Obelisco e circunda a Place por lampadários e colunas rostais. A Place deseja ser, assim, celebração ao gênio naval da França, em referência à presença, em um dos edifícios construídos por Gabriel, do Ministério da Marinha. As duas fontes – inauguradas em primeiro de maio de 1840 pelo Prefeito Rambuteau – celebram Navegação Fluvial (Fonte Norte, com figuras sentadas representando os Rios Rhin e Rhône e as colheitas de uva e trigo) e a Navegação Marítima (Fonte Sul, com o Mediterrâneo, o oceano e a pesca). As colunas rostais levam proas de navio, que evocam igualmente o emblema da Cidade de Paris. As fontes acrescentadas por Hittorff são inspiradas pelas da Basílica de São Pedro em Roma. Aproveite sua passagem por este importante marco histórico para tirar algumas fotos com o Obelisco e com as bonitas fontes douradas. Estátuas alegóricas de oito cidades francesas desenham o contorno do octógono imaginado por Gabriel. A estátua evocando Strasburg é coberta de negro a partir de 1871, data da anexação da Alsácia-Lorena à Alemanha. Em 1854, os fossos, que Hittorff havia conservado, são cobertos para melhor adaptar a Place à circulação.

Place de La Concorde
A Place tem como decoração numerosas estátuas e mobiliário urbano, como por exemplo, Les Chevaux de Marly à entrada dos Champs Élysées, e é animado pelos bouquinistas (vendedores de livros usados) no cais do Rio Sena. Do outro lado, o Hôtel de Crillon acolhe personalidades mundialmente conhecidas e abriga o célebre Maxim’s. Na extremidade norte, dois largos edifícios em pedra idênticos fecham a perspectiva. Divididos pela Rue Royale, estas estruturas estão entre os maiores exemplos da arquitetura do século XVIII. O prédio situado a leste da Rue Royale era, desde sua origem, pertencente inteiramente à Coroa. 

Place de La Concorde
Hoje a Place voltou a ter clima festivo e recebe dezenas de noivas em busca da foto perfeita e de turistas encantados com as maravilhas de Paris. A Place de La Concorde é um lugar super legal e uma divisão de duas partes completamente diferentes da cidade, os jardins do Louvre e a Avenue Champs-Élysées. A principal particularidade da Place de La Concorde é que ela é delimitada pelo «vazio» em três lados (contrariamente à maior parte das praças que são delimitadas por edifícios de todos os lados): os Champs-Élysées, o Jardin des Tuileries e o Rio Sena. Quando chega à noite, a Place de La Concorde toda iluminada resplandece como uma joia da “Cidade Luz”.

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