Júlio III fez algumas
reformas do Antiquário, mas seus
dois sucessores, Paulo IV e Pio IV, preferiram investir na decoração do Teatro do Belvedere e na Casina, adornando-os com estátuas
antigas. No período da Contrarreforma
a presença de estátuas pagãs no Vaticano
passou a ser considerada inadequada. O Papa Pio V removeu muitas obras, algumas
doadas ao Antiquário do Capitólio,
que mais tarde deu origem aos Museus
Capitolinos, e outras para o Duque
de Florença, o Cardeal de Augsburg
e o Arquiduque Maximiliano II. Pio V chegou a pensar em desfazer-se de toda a
coleção, e isso só não aconteceu por intervenção de alguns cardeais. Assim, o
Papa selecionou algumas peças que julgou aceitáveis, mas impôs que
permanecessem fora das vistas do público, ordenando que os nichos fossem
fechados por portas de madeira.
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
O interesse pelo
colecionismo só voltou a aparecer quando Clemente XI subiu ao trono papal em
1700. Aconselhado pelo antiquário Francesco Bianchini, o Papa organizou o Museu Eclesiástico no Belvedere, composto principalmente por
baixos-relevos e inscrições, reunidos para documentar a história primitiva da
Igreja. O Museu Eclesiástico teve
vida curta, dissolvido antes do fim do seu Pontificado, mas a ideia de um Museu Papal foi mantida viva pelos
responsáveis pela Biblioteca Vaticana
e sob Clemente XII (1730-1740) foi mantida na Galeria Clementina uma exposição de moedas com a aquisição da
coleção do Cardeal Alessandro Albani e de vasos etruscos com a coleção do
Cardeal Filippo Antonio Gualterio. O Papa seguinte, Bento XIV, era um erudito e
amante da arte, e adquiriu várias coleções importantes: a do Cardeal Gaspare
Carpegna, com vasos de porcelana, pinturas e relíquias das catacumbas; a de
Francesco Ficoroni, a do Padre Gori e a de Saverio Scilla, com grande número de
moedas pontifícias, e as de vasos de ouro reunidas pelo Senador Buonarroti e
pelo Cardeal Flavio Chigi. Para abrigar a rica coleção doada por Francesco
Vettori, o Papa decidiu criar o Museu
Cristão. Clemente XIII (1758-1789) reorganizou a coleção profana num espaço
especialmente construído no fim da Galeria
Clementina, nomeando-o Museu Profano,
com um acervo de moedas, relevos, marfins e bronzes. Nesta época as coleções
começaram a ser conhecidas pelo nome de Museus Vaticanos.
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
O estudo da Antiguidade continuava em alta e a
ciência da Arqueologia estava se consolidando. Muitas escavações eram
realizadas na Itália, e Roma se tornou o maior centro europeu
de comércio de antiguidades. A Igreja detinha o privilégio de adquirir, à sua
escolha, antes de outros colecionadores, um terço de todos os achados das escavações
no Lácio e em muitos casos adquiria
uma proporção maior, ao mesmo tempo em que o Papado buscava entre os nobres a
aquisição de peças suplementares. Clemente XIV (1769-1774) teve grande
preocupação em impedir que peças importantes encontradas nas escavações não
saíssem de Roma, preservando obras
de grande relevo como a Coleção Mattei,
os chamados Candelabros Barberini e
a Estátua de Meleagro de Escopas. O
contínuo afluxo de novas peças exigia mais espaços para guarda, e Clemente
incumbiu o arquiteto Alessandro Dori de remodelar o Palazzetto do Belvedere, criando a Galeria das Estátuas, a Sala
dos Bustos e a Sala dos Animais.
O Pátio também foi reformado, as portas de madeira dos nichos foram removidas e
foi construído um pórtico monumental. As obras de reorganização se estenderam à
Biblioteca Vaticana, com a
sistematização das coleções de epígrafes e papiros e redecoração dos seus
espaços.
|
Teto do Museu Pio-Clementino |
Pio IX (1775-1799)
deu continuidade às obras em uma escala ainda mais vasta, consolidando o que se
chamou Museu Pio-Clementino, que
pode ser considerado o núcleo inicial dos Museus
Vaticanos em sua forma moderna. Construiu duas novas alas e um complexo de
grandes galerias, incluindo uma nova Sala
dos Animais (com estatuária zoomórfica romana, extensamente restaurada no século
XVIII), a Sala das Musas (com esculturas
gregas, das quais são notáveis o grupo de Apolo
e as Musas e o Torso Belvedere, de
Apolônio de Atenas), a Sala da Rotunda
(cujo nome deriva da bela cúpula de cobertura, obra de Michelangelo Simonetti, contém
diversos mosaicos e estatuária, onde se destaca o Hércules Dourado) e a Sala
da Cruz Grega (com um grande mosaico instalado no centro, proveniente de Túsculo, e os sarcófagos de Constâncio Cloro
e Helena de Constantinopla), além de
interligar os edifícios e incrementar a decoração com mármores, afrescos e
estuques. Entre as aquisições mais preciosas de seu Pontificado estão os grupos
das Musas e dos Filósofos encontrados na Villa
de Cássio, o Apolo Sauróctono de
Praxíteles, o colossal Gênio de Augusto,
a Juno Sóspita achada na antiga Lanúvio, a Afrodite de Doidalsas, uma cópia do Discóbolo de Míron e o Mosaico
das Máscaras.
|
Teto do Museu Pio-Clementino |
Com a invasão de Roma em 1798 por Napoleão Bonaparte,
muitas obras foram confiscadas e levadas a Paris,
entre elas o Apolo Belvedere e o Grupo Laocoonte, desfalcando seriamente
o acervo papal. Pio VII (1800-1823) procurou compensar as perdas adquirindo
grande quantidade de outras peças, proibiu a saída de antiguidades dos Estados Pontifícios, fundou o Museu Chiaramonti e expandiu-o com o Braço Novo, construiu a Galeria Lapidária para lápides e
epígrafes antigas, e indicou o escultor Antonio Canova como Inspetor-Geral de Antiguidades e Belas
Artes, que conseguiu em 1816 trazer de volta para Roma a maior parte do espólio tomado por Napoleão, mas as coleções
de moedas e gemas haviam sido em sua maior parte dispersas. Também criou a Pinacoteca Vaticana, reunindo obras do Palácio Vaticano e dos Museus Capitolinos, afrescos antigos e
pinturas dispersas pelas igrejas e mosteiros dos Estados Pontifícios. Leão XII (1823-1829) adquiriu várias obras
importantes, entre elas estátuas da antiga Villa
de Adriano, relevos do Fórum de
Trajano, o Mársias de Míron, um
grupo de retratos da família imperial Júlio-Claudiana e o Mosaico dos Atletas encontrado nas Termas de Caracala, além de enriquecer a Pinacoteca e criar a Galeria
dos Candelabros.
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
Gregório XVI
(1831-1846) continuou a obra de seus antecessores, fundando o Museu Etrusco (1828) e o Museu Egípcio (1839) com achados em escavações
e com peças espalhadas em várias coleções públicas e estatais, e o Museu Gregoriano Profano de Latrão
(1844), com uma seleta de peças greco-romanas de caráter pagão que não foram
consideradas adequadas para permanecer em exposição nos recintos do Vaticano. Foi ampliado em 1854 sob Pio
IX (1846-1878) com a ramificação do Museu
Pio-Cristão, com esculturas, sarcófagos e outras obras de caráter cristão.
Importantes descobertas arqueológicas foram feitas durante seu Pontificado,
sendo incorporadas às coleções, como o Augusto
de Prima Porta, o Apoxiômenos de
Lísipo e um grande Hércules de
bronze. Mas quando a capital do Reino de
Itália foi transferida de Florença
a Roma em 1870, o Papado perdeu seu
privilégio sobre as aquisições arqueológicas, e a entrada de novos itens foi
muito reduzida, sendo as aquisições de importância superlativa a Coleção Falcioni e a Coleção Giacinto Guglielmi, ou de doações,
como a da Coleção Benedetto Guglielmi
e a Coleção Mario Astarita.
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
No século XX, o
interesse aquisitivo se diversificou, foram criados museus etnológicos,
históricos e de arte moderna, e as coleções começaram a ser reorganizadas de
acordo com critérios museológicos mais aprimorados. Pio X estabeleceu em 1910 o
Lapidário Hebreu, com inscrições de
antigos cemitérios judeus de Roma
doados pelos Marqueses de Pellegrini-
Quarantotti. A Pinacoteca foi
instalada pelo Pio XI em um edifício especialmente construído para ela, e em
1926 foi fundado o Museu
Missionário-Etnológico. João XXIII reorganizou as coleções do Museu Gregoriano Profano, do Museu Pio-Cristão e do Lapidário Hebreu e as transferiu do Palácio de Latrão para o atual edifício
dentro do Vaticano, inaugurado em
1970. Em 1973 foi criada a Coleção de
Arte Religiosa Moderna e Contemporânea, sendo instalada nos Apartamentos Borgia. No mesmo ano foi
organizado o Museu Histórico do Vaticano,
com uma série de retratos papais expostos nos Apartamentos Papais de Latrão e uma seção de carruagens e
automóveis. Em 2000 foi inaugurada uma nova entrada para o complexo dos museus,
com instalações para vários serviços e onde são expostas obras de arte
especialmente criadas para o ambiente. No itinerário dos Museus Vaticanos estão incluídos os Palácios Vaticanos, onde se encontram outros espaços e coleções de
grande importância como a Capela Sistina,
as Salas de Rafael, a Galeria dos Mapas, a Galeria das Tapeçarias e os Apartamentos Borgia.
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
Muitos papas
pertenciam às famílias nobres romanas e colocaram as coleções privadas de arte
à disposição do público. Outros que também se originaram graças a coleções
privadas de famílias nobres foram os Museus
Capitolinos. Conhecer todo o acervo iniciado pelo Papa Julio II é uma
missão difícil, especialmente se o tempo for escasso, porém tours guiados e
guias em áudio pode ser uma excelente solução para aqueles que desejam visitar
os principais pontos do local. Apesar de serem vários
museus e salas, é difícil ficar perdido. Depois que a gente entra, as portas e
passagens estão estrategicamente abertas ou fechadas, induzindo os visitantes a
seguirem por um trajeto pré-estabelecido. Inclusive, é possível escolher um
percurso mais longo ou mais curto para realizar o passeio, dependendo do
interesse de cada um, ambos terminando na Capela
Sistina. Escolher o longo é muito mais proveitoso, visto que o turista
passará por inúmeras salas com obras de arte famosas e valiosíssimas. O curto é
voltado mais para quem só está interessado em ver a Capela Sistina.
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
Antes de iniciar o
percurso de visitação, logo de frente você vai ver um terraço, pouca gente
sabe, mas dali você vai ter uma vista incrível da cúpula e também de parte dos Jardins Vaticanos. Pode entrar e
aproveite para fazer lindas fotos. Durante a visita você vai reparar em
algumas obras uma plaquinha vermelha, escrito 100. Estas são as 100 obras mais
importantes dos Museus. Dê mais atenção a elas. O passeio começou pelo Museu Pio-Clementino, fundado no final
do século XVIII pelo Papa Clemente XIV (1769-1774) e depois reestruturado pelo
seu sucessor, o Papa Pio VI (1775–1799). Esta Galeria conta com a obra que deu
início aos Museus do Vaticano, a
histórica estátua helenística de Laocoonte
e seus filhos, figura grega esculpida por Agesandro que retrata a Guerra de Tróia, descoberta em 1506. Atualmente
compreende 54 salas de exposição e um pátio interno, com belíssimas peças
gregas e romanas. As principais são: Gabinete
dos Apoxiômetros (especialmente dedicado à exposição de uma importante
cópia romana de um atleta de Lísipo, no momento em que realiza a higiene após a
competição); Pátio Octogonal, Sala dos Animais, Galeria das Estátuas, Sala
das Musas, Sala da Rotunda, Gabinete de Máscaras e Sala da Cruz Grega.
|
Escultura da deusa Ártemis |
Quando você sai do Museu Pio-Clementino, é automaticamente
induzido a subir uma escada até o andar de cima, onde está o Museu Gregoriano Etrusco. Fundado pelo
Papa Gregório XVI (1831–1846) em 1837, ele abriga peças datando do século IX ao
I a.C., com cerâmicas, bronzes, objetos em ouro e prata. Uma seção especial é
composta de vasos gregos (embora encontrados em necrópoles etruscas) e
italiotas (de cidades helenísticas do sul da Itália). Outra seção do Museu é o Antiquarium Romanum, com peças confiscadas das escavações
arqueológicas da Etrúria Meridional
(várias cidades da região do Lácio
nos arredores de Roma, como, por
exemplo, Cerveteri, Civitavecchia e Tarquinia) realizadas na época, com bronzes, cerâmicas, vidros e
elementos de arquitetura. Além das relíquias etruscas, encontramos também peças
mais “recentes”, da época do Império
Romano. As peças são expostas no antigo Palazzetto de Inocêncio VIII e em outro prédio anexo, ambos com
expressiva decoração original de afrescos de Federico Barocci, Taddeo Zuccari,
Santi di Tito e Niccolò Circignani.
|
Decoração no teto dos Museus Vaticanos |
De suas 22 salas de exposição
são especialmente importantes: Sala II
(com grandes afrescos de Federico Barocci e Federico Taddeo Zuccari, com cenas
da vida de Moisés e Aarão. Além da decoração esta sala abriga o núcleo mais
significativo da coleção gregoriana, com peças encontradas na Necrópole de Sorbo de Cerveteri); Sala IV (com diversos monumentos de
vários tipos como sarcófagos, urnas, relevos funerários, esculturas e
inscrições, de várias procedências e cobrindo um período de mais de cinco
séculos); Salas V e VI (com expressiva
coleção de terracotas votivas e uma reconstituição de um recinto sagrado
etrusco, com estatuária, altares e oferendas votivas); Salas VII e VIII (mostrando a rica reunião de objetos de joalheria
etrusca, com sua técnica refinada que não tinha paralelos na Antiguidade. Também mostra peças que já
fazem parte do Período Romano); Sala IX (dedicada à exposição de
coleção dos Marqueses Guglielmi de Vulci,
que foi em parte comprada e em parte doada. É uma coleção eclética com cerca de
800 itens etruscos e gregos que abrangem um largo intervalo de tempo entre a
arcaica civilização Villanova e a
fase helenística); Sala XII
(decorada por Daniele da Volterra e
seus discípulos, hoje abriga a Coleção
Falcioni, igualmente uma reunião eclética de objetos coletados sem um
critério lógico, mas que bem representa o colecionismo do século XIX. Possui
uma série de itens valiosos, com peças da civilização Villanova, vasos da Ática,
cerâmicas, bronzes e diversos outros objetos de joalheria antiga e moderna); Sala XIV (dedicada ao Antiquarium Romanum, uma seção mais ou
menos autônoma que foi formada com a seleção de diversas obras antigamente
misturadas às coleções etruscas e italiotas do Museu Etrusco); Sala XVI
(com antiguidades romanas e uma seção especial para os achados dentro dos
limites do Vaticano, uma área que é povoada desde o período do Império Romano, com uma série de
achados de tumbas, incluindo a do apóstolo Pedro); Salas XVII e XVIII (abrigando a Coleção de Vasos, também de caráter independente e que inclui uma
rica coleção de vasos gregos pintados descobertos durante escavações da Etrúria durante o século XIX, quando
este tipo de obra recebeu mais atenção dos especialistas e descobriu-se que
esta técnica é de origem grega e não etrusca, como até então se acreditava por
força da grande quantidade de peças encontradas em cidades etruscas); Sala XXII (com uma reunião de vasos
italiotas, produzidos em colônias gregas do sul da Itália e Sicília entre o
fim do século V e o IV a.C., com peças da Basilicata,
Pesto (Campânia), e Apúlia, e
uma seção comparativa com exemplares etruscos da mesma época).
|
Gabinete das Estátuas do Museu Pio-Clementino |
Você será induzido a
descer novamente para o andar inferior, para visitar o Museu Gregoriano Egípcio, que traz relíquias provenientes do Antigo Egito, que já se encontravam no Vaticano e nos Museus Capitolinos. Também fundado pelo Papa Gregório XVI, dois
anos depois do Museu Gregoriano Etrusco,
contém peças egípcias encontradas nas escavações feitas em Roma. Os romanos tinham por hábito saquear peças e relíquias do Egito e trazê-las para a capital, a fim
de decorar suas casas e os espaços públicos. A fundação deste Museu deriva do
interesse pelo país demonstrado pelo Papado, uma vez que a região teve um papel
importante na tradição religiosa judaico-cristã. O Museu ocupa nove salas, um
terraço e uma ala com peças da Mesopotâmia,
Síria e Palestina. Dentre elas se destacam: Sala I (com estelas e estátuas com inscrições hieroglíficas,
dispostas em ordem cronológica. A decoração do ambiente é em estilo egípcio e
introduz o visitante à atmosfera antiga daquele país, e as peças em exibição
cobrem um período de mais de 25 séculos, desde o Antigo Reinado até a era cristã, com uma grande Estátua de Ramsés II no seu trono
instalado no centro deste espaço); Sala
III (uma reconstrução do Canopus
e do Serapeum da Villa Adriana em Tívoli,
uma das estruturas arquitetônicas mais interessantes da antiga propriedade
imperial, compondo originalmente um quadrilátero a céu aberto decorado com
colunas e arcadas em torno de um grande espelho de água, que reconstituía
simbolicamente o Mar Mediterrâneo e
as civilizações em seu entorno, indicadas com estatuária nos respectivos
estilos. Na reconstrução estão instaladas diversas estátuas monumentais, como a
de Osíris-Ápis nascendo do lótus,
quatro exemplares de Osíris-Antínoo
e um busto colossal de Ísis-Sótis-Deméter);
Sala V ou Hemiciclo (com um importante grupo de estatuária monumental, onde
se destacam as representações da Rainha
Tuia, esposa de Seti I e mãe de Ramsés II; a de Ptolomeu II Filadelfo, e a da Rainha
Arsínoe II); Sala VI (um pequeno
espaço com uma interessante coleção de pequenos objetos: ex-votos, talismãs,
oferendas zoomórficas, objetos litúrgicos, estatuetas de divindades e grupos
ilustrando cenas de mitos egípcios); Sala
VIII (dedicada a material proveniente da Mesopotâmia, Síria e Palestina pré-clássicas trazido por
expedições arqueológicas empreendidas por instituições católicas. Mostra
tabuletas, cilindros e selos com inscrições cuneiformes, e peças de
metalurgia).
|
Cortile della Pigna |
|
Cortile della Pigna |
Na saída do Museu Gregoriano Egípcio, nos deparamos
com uma escadaria (cujo teto e paredes são belíssimos), que nos levará direto
para um corredor cheio de estátuas e bustos. Antes de seguir em frente, você
verá à direita, uma porta que levará a um pátio interno, o Cortile della Pigna. O nome se refere a uma pinha de bronze,
gigante, situada no semicírculo de um dos prédios dos Museus. Ela pertencia a
uma fonte das Termas de Agripa, um
nobre político da Roma Antiga,
bisavô de Nero. Apesar de ter dado nome ao pátio, não é esta peça que mais
chama atenção de quem passa por ali. Bem no centro, há uma esfera dourada,
criada pelo artista italiano Arnaldo Pomodoro chamada “Sfera con Sfera”. Existem outras versões da mesma em vários lugares
do mundo, mas a do Vaticano é a mais
famosa. Neste Pátio há um pequeno restaurante, para quem quiser repor as
energias.
|
Cortile della Pigna |
|
Pinacoteca Vaticana |
Depois que Napoleão, já
exilado e doente, “bateu as botas”, as pinturas que tinham sido levadas de Roma acharam seu caminho de volta para
os aposentos papais. Foi nessa época, em 1817, que surgiu a ideia de criar um
espaço para exibir as pinturas. Mas foi só no Pontificado de Pio XI, em 1932,
que a Pinacoteca Vaticana foi inaugurada
em um prédio especial, projetado por Luca Beltrami, resolvendo o antigo
problema de exposição e armazenagem adequada da coleção de quase 500 peças
reunidas pelo Papado desde 1790. As obras ocupam 18 salas e compreendem um
período que vai desde o gótico até o século XIX. A Pinacoteca conta com quadros dos maiores nomes, entre eles: Giotto,
Fra Angelico, Melozzo da Forli, Perugino, Raffaello, Leonardo da Vinci, Reni,
Ticiano, Veronese, Possin, Botticelli, Caravaggio e Crespi. A obra “A Transfiguração”, de
Rafael Sanzio representa Cristo aparecendo para os apóstolos, é considerada uma
das mais importantes do pintor italiano. Rafael estava trabalhando nesta obra
quando morreu, aos 37 anos, deixando a conclusão da pintura para seus
aprendizes.
|
“A Transfiguração” de Rafael Sanzio |
|
Pinacoteca Vaticana |
Voltando pela mesma
porta, você irá encontrar um imenso corredor lotado de estátuas e bustos dos
famosos imperadores romanos como Júlio César, Vespasiano, Augusto e outros, o Museu Chiaramonti. O nome foi dado em
homenagem ao Papa Pio VII (1800–1823), da Família
Chiaramonti, que organizou uma coleção de estátuas, frisos e sarcófagos no
início do século XIX e criou leis (que serviram de base para as atuais) que
protegem as relíquias achadas no território italiano, para que não sejam
levadas do país. Tudo para evitar o que aconteceu na época de Napoleão
Bonaparte, que confiscou várias peças dos Museus e as levou para França. Foi Antônio Canova o
responsável por trazer tudo de volta, anos depois. O corredor de repente
termina numa grade que veda o restante do caminho.
|
"A Coroação da Virgem Maria" de Rafael Sanzio |
|
Pinacoteca Vaticana |
Dali para frente é a
chamada Galeria Lapidaria que contém
mais de 5.000 inscrições e tabuletas de túmulos pagãos e cristãos de antigos cemitérios
hebraicos de Roma, principalmente
aquele localizado na Via Portuense. A
maior em seu gênero em todo o mundo, mas é uma coleção fechada ao público e apenas
estudiosos a ela tem acesso, através de uma autorização especial. Um pouco
antes de chegar à grade que fecha a Galeria
Lapidaria, virando à direita, está o Braccio
Nuovo do Palácio dos Museus dos Vaticanos,
construído por Raffaelle Stern entre 1817 e 1822, um corredor perpendicular
contendo várias estátuas gregas e outras romanas, com uma cópia do Dorífero de Policleto, dois pavões de bronze
dourado da era Adriana, uma representação antropomórfica do Rio Nilo procedente do antigo Templo de Ísis junto ao Pantheon. No piso foram instalados mosaicos
retirados das ruínas de uma antiga Villa romana situada na Via Ardeatina. Colunas da Antiguidade
também foram incorporadas à decoração. Dentre suas peças se encontra a famosa Estátua de Augusto de Prima Porta, encontrada
na Villa de Augusto, talhada em
mármore e tinha a roupa pintada.
|
Pinacoteca Vaticana |
O Museu Missionário-Etnológico foi fundado no encerramento da Exposição Missionária Universal daquele
ano. Até 1963, estava instalado em Latrão,
sendo transferido para sua locação atual no Vaticano em 1973. O núcleo inicial da coleção – cerca de 40 mil peças
– foi selecionado entre mais de 100 milhares de propostas de doação oferecidas ao
Papa, de missões de todo o mundo e das 400 dioceses representadas na grande amostra.
Desde então o acervo vem sendo ampliado por novas doações, das quais foram importantes
a do Museu Borgiano para a Propagação da
Fé, a coleção numismática chinesa do Padre Giuseppe Kuo, os retratos de indígenas
esculpidos por Ferdinand Pettrich, a coleção de objetos pré-históricos da Escola Britânica de Arqueologia em Jerusalém,
e a rica coleção de objetos cerimoniais reunida pelo Padre Kirschbaum em Nova Guiné. A coleção atual conta com mais
de 80 mil itens, organizados em dois grandes grupos: um com objetos ligados às várias
religiões do mundo, e outra com obras resultantes da evangelização. O Museu Gregoriano Profano ou Museu Profano Lateranense foi fundado em
1844 em Latrão possui um acervo de estátuas,
baixos-relevos e mosaicos da era romana. Em 1854, foi ampliado com a criação do
Museu Pio-Cristão ou Museu Cristiano, com uma coleção de sarcófagos
e estatuária paleocristãos. Mais tarde foram criados espaços para receber
monumentos provenientes de escavações em Óstia
e outros locais.
|
Pinacoteca Vaticana |
|
Pinacoteca Vaticana |
|
Pinacoteca Vaticana |
Depois, um longo
corredor, que contém três Museus consecutivos (galerias, na verdade), cuja
arquitetura é tão bela que chega a rivalizar com as relíquias ali expostas,
pela atenção do visitante. O primeiro é a Galeria
dos Candelabros. Contém uma série de peças gregas e romanas, principalmente
estátuas, mosaicos e, é claro, os objetos que deram o nome ao Museu: os grandes
candelabros achados em Otricoli, no
século II. Embora as peças expostas sejam magníficas, o destaque mesmo é o
teto. Lindo! Continuando pelo corredor, entramos no segundo Museu dessa ala: a Galleria degli Arazzi, com uma coleção
de tapetes dos séculos XVI e XVII. Presos nas paredes estão vários tapetes
decorados com cenas da vida de Cristo à esquerda e da vida do Papa Urbano VIII
(1623–1644) à direita. Todos feitos por alunos do artista renascentista Rafael,
são lindíssimos e merecem o destaque. São verdadeiras obras de arte.
|
Teto da Galleria delle Carte Geografiche |
Continuando pelo
corredor, chegamos a esta terceira Galeria, a mais deslumbrante, a Galleria delle Carte Geografiche (Galeria dos Mapas). Ela contém 40
gigantescos mapas pintados nas paredes pelo cartógrafo Ignazio Dantino, no
século XVI, representando as possessões da Igreja na época do Papa Gregório
XIII (1572–1585) e um teto em abóbada de berço ricamente decorado em estilo renascentista.
Mas, na verdade, ninguém dá muita atenção aos mapas. O motivo? O magnífico teto,
que é lindíssimo! E ainda tem uma iluminação propícia, que ajuda a ficar mais
bonito. Não é raro encontrar as pessoas ali com o rosto virado para cima e a
boca aberta, tirando milhares de fotos. Imperdível!
|
Teto da Galleria delle Carte Geografiche |
|
Mapa representando a Península Itálica |
|
Teto do Aposento do Papa Pio V |
Seguindo em frente,
logo após as Galerias, encontramos o antigo Aposento do Papa Pio V (1566–1572). Hoje, expõe uma série de
tapetes decorados, semelhantes aos que estão na Galeria das Tapeçarias. A sala anexa, que faz parte dos aposentos,
é a Sala Sobieski, com vários
afrescos. O principal deles o do pintor polonês Jean Matejko, que retratou a “Vitória do Rei Jan III Sobieski sobre os
turcos”. Seguindo agora para esquerda, chegamos à Sala Imaculada Conceição, cheia de belos afrescos. O Papa Pio XI
(1846–1878) proclamou o dogma da Imaculada Conceição em 1854 nesta sala. Em
comemoração, contratou o pintor Francesco Podesti, um dos mais renomados da
época, para decorar a Sala utilizando este evento como tema. É espetacular! As
pinturas são belíssimas e já nos prepara para as salas seguintes, que são ainda
melhores.
|
Decoração na entrada dos Apartamentos Borgia |
Logo em seguida, estão
as famosas Salas de Rafael, um grupo
de quatro aposentos decorados entre 1508 e 1524 pelo grande pintor renascentista
e seus auxiliares. É um dos pontos altos dos Museus. Rafael foi um dos maiores
artistas do Renascimento e nesta Galeria
está um de seus afrescos mais famosos, “A
Escola de Atenas”, bem ali, pintado na parede. As Salas de Rafael faziam parte do Palácio Apostólico. Descendo as escadas, chegamos a um conjunto de
aposentos, conhecidos como Apartamentos
Borgia. Consiste nos aposentos de Rodrigo Borgia, o Papa Alexandre VI
(1492–1503), decorado no final do século XV por Pinturicchio. A Coleção de Arte Religiosa Moderna e Contemporânea
que conta com mais de 600 obras em escultura, pintura e gravura de mestres recentes
como Klee, Chagall, Kandisnky e Gauguin, coletadas a partir do Pontificado de Paulo
VI, está instalada nestes aposentos. O Papa que o sucedeu, Julio II
(1503–1513), era seu desafeto. Quando Rodrigo Borgia morreu, o novo Pontífice
fechou os aposentos do rival e mandou construir os próprios na mesma posição, só
que no andar de cima, e contratou Rafael para decorar suas paredes e tetos. Daí
surgiu as Salas de Rafael. Os Apartamentos Borgia ficaram abandonados
até o século XIX, quando então foram reabertos para expor obras de arte
religiosa moderna.
A Sala de Constantino era reservada para recepções e cerimônias oficiais,
e foi completada somente após a morte de Rafael por seus discípulos, com os desenhos
preparatórios deixados por ele. Seu nome deriva de Constantino, que reconheceu o
cristianismo e o livrou das perseguições. Os painéis ilustram quatro episódios do
triunfo da fé cristã: “A Visão da Cruz”,
a “Batalha de Constantino Contra Mazzenzio”,
“O Batismo de Constantino” e “A Doação de Constantino”. A decoração é completada
por retratos de papas e figuras alegóricas. O teto pintado é obra de Tommaso Laureti.
A Sala de Heliodoro era usada antigamente
para audiências privadas. A decoração segue um programa político em torno dos movimentos
de libertação italiana do domínio francês, e ilustra cenas do Antigo Testamento e da História Antiga, com as composições principais
da “Missa de Bolsena”, a “Libertação de São Pedro”, o “Encontro de Leão, o Grande, com Átila”, e
a “Expulsão de Heliodoro do Templo”. Cenas
secundárias foram pintadas por Luca Signorelli, Bramantino, Lorenzo Lotto e Cesare
da Sesto. A Sala da Segnatura conta com
os mais famosos afrescos de Rafael, que inauguram a Alta Renascença na Itália:
“A Disputa do Santíssimo Sacramento”,
ilustrando a “Verdade Sobrenatural”, a
“Escola de Atenas”, referindo-se à “Verdade Racional”, as “Virtudes”, expressando o “Bem”, e o “Parnaso com Apolo e as Musas” representando a “Beleza”. Esta Sala era usada pela mais alta corte pontifícia, presidida
pelo próprio Papa. A Sala do Fogo no Burgo
também foi usada por Júlio II para reuniões da Segnatura, sendo decorada por Perugino. Mais tarde Leão X passou a usá-la
para suas refeições e foi redecorada por Rafael, ilustrando as aspirações políticas
de Leão X através de cenas da vida de dois papas anteriores com o mesmo nome: Leão
III (“A Coroação de Carlos Magno” e “A Justificação de Leão III”) e Leão IV (“Fogo no Burgo” e a “Batalha de Óstia”), mas em todas as cenas o retrato do Papa é o de Leão
X.
Nenhum comentário:
Postar um comentário