sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tour pela Europa I - Vaticano

Cidade do Vaticano e Basílica di San Pietro
O Vaticano ou Cidade do Vaticano, oficialmente Estado da Cidade do Vaticano é a sede da Igreja Católica e uma Cidade-Estado soberana sem costa marítima cujo território consiste em um enclave murado dentro da cidade de Roma, capital da Itália. Com aproximadamente 44 hectares e com uma população de pouco mais de 800 habitantes, é o menor país do mundo, por área. Para cruzar o Vaticano de um lado ao outro, para cima e para baixo, são só mil metros em uma direção e pouco mais de 800 metros na outra. Partilha 3,2 quilômetros de fronteira com a Itália, mais precisamente com Roma. É distinta da Santa Sé, que remonta ao cristianismo primitivo sendo a principal Sé Episcopal de católicos romanos (latinos e orientais) de todo o mundo. O termo Cidade do Vaticano é referente ao Estado, enquanto Santa Sé é referente ao Governo da Igreja Católica efetuado pelo Papa e pela Cúria Romana. A Cúria Romana é efetivamente o Governo do Estado e a gestão administrativa, pelo que o seu chefe, o Secretário de Estado, tem as incumbências equivalentes às de um primeiro-ministro.

Cidade do Vaticano e Basílica di San Pietro

Basílica di San Pietro e Obelisco do Vaticano


Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro
A maior parte dos funcionários públicos são todos os clérigos católicos de diferentes origens raciais, étnicas e nacionais. É o território soberano da Santa Sé (Sancta Sedes) e o local de residência do Papa, referido como Palácio Apostólico. Ordenanças da Cidade do Vaticano são publicadas em italiano; documentos oficiais da Santa Sé são emitidos principalmente em latim. As duas entidades ainda têm passaportes distintos: a Santa Sé, como não é país, apenas trata de questões de passaportes diplomáticos e de serviço; o Estado da Cidade do Vaticano cuida dos passaportes comuns. Em ambos os casos, os passaportes emitidos são muito poucos. A defesa do país é da responsabilidade da Itália, enquanto a segurança do Papa fica a cargo da Guarda Suíça. A Santa Sé estabelece com muitos Estados, tratados internacionais (concordatas), para assegurar direitos dos católicos ou da Igreja Católica naqueles Estados. Muitos foram assinados quando os Estados se laicizaram, como forma de garantir direitos para a Igreja e permitir sua existência em tais países.

Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro

Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro

Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro

Piazza di San Pietro e Basílica di San Pietro
É fundamentalmente urbano e nenhuma das terras está reservada para agricultura ou outro tipo de exploração de recursos naturais. A Cidade-Estado exibe um impressionante grau de economia, nascida da necessidade extremamente limitada, devido ao seu território. Assim, o desenvolvimento urbano é otimizado para ocupar menos de 50% da área total, ao passo que o resto é reservado para espaço aberto, incluindo os Jardins do Vaticano. O território possui muitas estruturas que ajudam a fornecer autonomia ao Estado soberano, estes incluem: linhas ferroviárias (utilizadas principalmente para transporte de mercadorias), heliporto, correios (Gabinete Filatélico e Numismático da Cidade do Vaticano), farmácia (Farmácia do Vaticano), jornais (Acta Apostolicae Sedis e L’Osservatore Romano), estação de rádio (Rádio do Vaticano), televisão (Centro Televisivo do Vaticano), quartéis militares (Guarda Suíça e Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano), palácios e gabinetes governamentais, instituições de ensino superior, cultural e de arte, e algumas embaixadas. 

Piazza Obliqua vista da Piazza Retta
O Tratado de Latrão, de 1929, que criou a Cidade Estado do Vaticano, a descreve como uma nova criação e não como um vestígio dos muito maiores Estados Pontifícios (756-1870), que anteriormente abrangiam a região central da Itália. A maior parte deste território foi absorvida pelo Reino de Itália em 1860 e a porção final, ou seja, a cidade de Roma, com uma pequena área perto dele, 10 anos depois, em 1870. Os papas residem na área, que em 1929 tornou-se a Cidade do Vaticano, desde o retorno de Avignon em 1377. Anteriormente, residiam no Palácio de Latrão na Colina Célio no lado oposto de Roma, local que Constantino deu ao Papa Milcíades em 313. A assinatura dos acordos que estabeleceram o novo Estado teve lugar neste último edifício, dando origem ao nome Tratado de Latrão, pelo qual é conhecido. 

Piazza Obliqua vista da Piazza Retta

Piazza Obliqua com a colunata dórica e o
Obelisco Central
A Cidade do Vaticano é um Estado eclesiástico ou teocrático-monárquico, governado pelo Bispo de Roma, o Papa. Tecnicamente é uma monarquia eletiva, não hereditária (isto seria impossível, já que o Papa é celibatário). Pode-se considerar o Vaticano como uma autocracia, porque todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) estão concentrados na figura do Papa, que não possui qualquer órgão que fiscalize seus atos como governante, e, por ser considerado sucessor de São Pedro, não deve prestação de contas a ninguém, considerando-o um emissário de Deus na Terra. O Estado do Vaticano administra as propriedades situadas em Roma e arredores que pertencem à Santa Sé. Fora da Cidade do Vaticano, o Estado possui vários edifícios em Roma e Castel Gandolfo (a residência de verão do Papa) que gozam de direitos extraterritoriais. O Estado do Vaticano, com o estatuto de Observador nas Nações Unidas, é reconhecido internacionalmente e foi admitido membro de pleno direito das Nações Unidas, em julho de 2004, mas abdicou voluntariamente do direito de voto.



Obelisco Central
Vaticano é uma colina situada na região noroeste de Roma e não possui ligação com as Sete Colinas de Roma. Era o local dos oráculos muito antes da Roma pré-cristã. Nesta área originalmente desabitada (o Ager Vaticanus), do lado oposto do Rio Tibre na cidade de Roma, Agripina drenou o morro e arredores e construiu seus jardins no início do século I. Durante o Período do Império, o lugar atual do Vaticano estava ocupado por um circo mandado construir pelo Imperador Calígula e concluído pelo Imperador Nero, o Circus Vaticanus. O Obelisco do Vaticano foi originalmente tomado por Calígula a partir de Heliópolis, Egito, para decorar a coluna de seu circo e é, portanto, o seu último vestígio visível. Esta área tornou-se o local do martírio de muitos cristãos, depois do Grande Incêndio de Roma, em 64. A tradição antiga afirma que foi nesse Circo que São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. Era um lugar um pouco afastado da cidade, aonde se vinha para se divertir e ver as corridas de bigas, um divertimento que era na época, tão popular como os nossos jogos de futebol. 


Chafariz na Piazza di San Pietro
Em frente ao Circo havia um cemitério, sendo separados pela Via Cornélia. Monumentos funerários, mausoléus e túmulos, bem como pequenos altares a deuses pagãos de todos os tipos de religiões politeístas, eram construídos até a construção da Basílica de Constantino de São Pedro, na primeira metade do século IV. A partir de então a área começou a se tornar mais populosa, mas a maioria apenas por habitações ligadas à atividade de São Pedro. Os vestígios desta antiga necrópole foram trazidos à luz esporadicamente durante renovações por vários papas ao longo dos séculos, aumentando sua frequência durante o Renascimento, até que foram sistematicamente escavadas por ordem do Papa Pio XII entre 1939-1941. Um palácio foi construído próximo ao local da Basílica já no princípio do século VI durante o pontificado do Papa Símaco, que foi Papa no período de 498-514. Os papas gradualmente passaram a ter um papel secular como governadores de regiões próximas a Roma. Eles governaram os Estados Pontifícios. Durante um período de quase mil anos, que teve início no império de Carlos Magno no século IX, os papas reinavam sobre a maioria dos estados temporais do centro da Península Itálica, incluindo a cidade de Roma, e partes do sul da França. Pela maior parte deste tempo o Vaticano não foi a residência habitual dos papas, mas o Palácio de Latrão, e nos últimos séculos, o Palácio do Quirinal, enquanto a residência entre 1309-1377 foi em Avignon, na França. As terras tinham sido doadas em 756 por Pepino, o Breve, Rei dos Francos.

Chafariz na Piazza di San Pietro

Palazzo Apostolico
Durante o processo de unificação da Península, a Itália gradativamente absorveu os Estados Pontifícios. Em 1870, as tropas do Rei Vittorio Emanuele entram em Roma e incorporam a cidade ao novo Estado. Em março de 1871, Vittorio Emanuele II ofereceu como compensação ao Papa Pio IX uma indenização e o compromisso de mantê-lo como chefe do Estado do Vaticano, um bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja. O Papa, porém, recusou-se a reconhecer a nova situação e considerou-se prisioneiro do poder laico. Além disso, proibiu os católicos italianos de votar nas eleições do novo Reino. Essa incômoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja, a chamada Questão Romana, só terminou em fevereiro de 1929 quando o Cardeal Pietro Gasparri e o Primeiro-Ministro italiano Benito Mussolini assinaram o Tratado de Latrão, aceitando a proposta que anteriormente havia sido negada pelo Papa Pio IX, pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, declarado Estado soberano, neutro e inviolável.

Palazzo Apostolico

Guarda Suíça
O orçamento do Estado do Vaticano inclui os rendimentos dos Museus Vaticanos e dos correios e é apoiado financeiramente pela venda de selos, moedas, medalhas e lembranças turísticas; por taxas de admissão aos museus; e por publicações vendidas. Não há outro lugar no mundo com tanto valor artístico e intelectual concentrado como no Arquivo Secreto do Vaticano, na Biblioteca Apostólica Vaticana, e nos acervos de arte (pintura, escultura e arte sacra) das igrejas romanas. Os rendimentos e padrões de vida dos trabalhadores são comparáveis aos dos colegas que trabalham na cidade de Roma. Outras indústrias incluem a impressão, a produção de mosaicos e a fabricação de uniformes dos funcionários. O Instituto para as Obras de Religião, também conhecido como o Banco do Vaticano e pela sigla IOR, é um banco situado no Vaticano que realiza atividades financeiras em todo o mundo. Tem um caixa eletrônico com instruções em latim, possivelmente, o único do tipo no mundo. O país mantém um canal de donativos conhecido como Óbolo de São Pedro, no qual o doador remete os fundos diretamente ao Vaticano. Através de um acordo com a Itália, representando a União Europeia, a unidade monetária do Vaticano é o Euro. O Estado tem a sua própria concepção de moedas e notas de Euros, que têm aceitação na Itália e em outros países da Zona do Euro. O Vaticano não tem uma casa de emissão própria, de forma que a Itália faz a cunhagem das moedas para o país.

Guarda Suíça

Guarda Suíça

Obelisco do Vaticano
A cultura do Vaticano é obviamente correspondente à cultura da Igreja Católica e o seu expoente são as obras de arquitetura como a Basílica di San Pietro, a Arquibasílica de São João de Latrão, a Piazza di San Pietro, a Capela Sistina e a coleção dos Museus do Vaticano. O Palácio onde reside o Papa tem 5.000 quartos, 200 salas de espera, 22 pátios, 100 gabinetes de leitura, 300 casas de banho e dezenas de outras dependências destinadas a recepções diplomáticas. Dos fogões do Vaticano saíram tentações como os ovos beneditinos (um capricho de Bento XI), a lagosta com trufa branca (habitual nas coroações do Renascimento), a mousse de faisão ao molho Chaudfroid (prato preferido de Pio V) ou o marsipan de água de rosas (uma iguaria da Idade Média). A arquitetura do Vaticano, o canto gregoriano cantado pelo Coro da Capela Sistina, além das vestimentas e símbolos utilizados pelo Papa, pelos Cardeais e pelos soldados da Guarda Suíça, são considerados como uns dos principais resquícios da cultura medieval na atualidade. Ir a Roma e não conhecer o Vaticano é um pecado. Não no sentido religioso da palavra, mas uma falta grave no âmbito turístico. Conhecer a menor nação do mundo, o Estado da Cidade do Vaticano, com aproximadamente meio quilômetro quadrado, é mais que uma experiência religiosa: é uma oportunidade de ver grandes tesouros culturais da Humanidade. 

Piazza de San Pietro e Colunata Dórica
A Biblioteca Apostólica Vaticana e as coleções dos Museus Vaticanos são da mais alta importância histórica, científica e cultural. Em 1984, o Vaticano foi adicionado pela UNESCO para a lista dos Patrimônios Mundiais; é o único que consiste em um Estado inteiro. Além disso, é o único local registrado na UNESCO como um centro monumental no “Registro Internacional dos Bens Culturais sob Proteção Especial” de acordo com a Convenção para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado de Haia, assinada em 1954. No território do Vaticano existem vários edifícios de origem muito antiga. Contudo, existem propriedades que não estão na Cidade do Vaticano, mas que, em virtude do Tratado de Latrão assinado entre a Santa Sé e a Itália, estão sujeitas à extraterritorialidade com isenção de impostos e expropriação.

Colunata Dórica
O acesso mais conhecido à Cidade do Vaticano, o menor Estado independente do mundo, é pela Piazza di San Pietro, cercada pelas colunas dispostas em elipse e encimadas por cerca de 140 santos. A Piazza di San Pietro é outro projeto de Gian Lorenzo Bernini e foi feita no século XVII. Foi desenhada em estilo clássico, mas com adições do barroco. O estilo clássico pode ser apreciado na colunata dórica que enquadra a entrada trapezoidal para a Basílica e a grande área oval que a precede. A parte oval da Piazza reflete o estilo barroco, próprio da época da Contrarreforma. Quase todos os visitantes que chegam ao Estado do Vaticano visitam primeiro a Piazza, uma das melhores criações de Bernini. Quando em 1656 Bernini recebeu o encargo do Papa Alexandre VII de aperfeiçoar a Piazza diante da Basílica di San Pietro, esta era enorme, retangular, com piso de terra. Levava ao bairro vizinho do Borgo e não tinha adornos. Por exigência do Papa, os peregrinos deveriam ser capazes de entrar e olhar o balcão central do qual o Papa dava, e ainda dá, sua bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo).

Colunata Dórica e ao fundo o Palazzo Apostolico
Bernini desenhou sua obra-prima imaginando dois espaços abertos conjuntos. O primeiro, a Piazza Obliqua, tem forma de uma elipse rodeada por colunatas (quatro enormes fileiras de altas colunas dóricas. As colunas são 284, no total, e as pilastras, 88) que se abrem como num grande abraço maternal e simbolizam a Igreja Mãe. Há um corredor largo, entre elas, pelas quais passam automóveis, e duas aberturas mais estreitas para pedestres. O pavimento tem pedras brancas que marcam o caminho até o Obelisco Central, montado sobre quatro leões de bronze. Tradicionalmente, o Obelisco representa o elo entre a antiguidade e a cristandade, pois se diz que as cinzas de César descansam em sua base e uma relíquia da Santa Cruz está escondida no topo. Dos dois lados, há duas fontes em bronze, com bases de granito. Os alinhamentos perfeitos da rua e dos prédios que levam à Piazza fazem um corredor enorme que desemboca no Obelisco Central.

Inscrição na base do Obelisco Central
O Obelisco do Vaticano que podemos ver na atualidade no centro da Piazza di San Pietro provém do antigo circo: ele foi trazido do Egito para decorar a parede central da pista, em redor da qual tinham lugar as corridas. O Obelisco não sairá do seu lugar durante mais de 1500 anos, até que o Papa Sisto V, conseguira onde os seus quatro predecessores falharam: em 1586, após um trabalho de titãs e um deslocamento de 300 metros, o Obelisco ocupa doravante a posição central da Piazza di San Pietro. Roma volta a descobrir a sua antiga glória perante um símbolo da cristandade triunfante. Nós, como simples turistas, olhamos para este Obelisco e esta Piazza com respeito e admiração. Basta imaginar que foi provavelmente na base do Obelisco do Vaticano que São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo no tempo de Nero. O Obelisco Central tem 40 metros de altura, incluindo a base e a cruz do topo. Bernini complementou a colocação do Obelisco com uma fonte em 1675. Foi preciso mais de 900 homens para erguê-lo. Um pormenor interessante, o Obelisco foi transformado em gnomon de relógio solar em 1817. Adicionaram-se algumas pedras no lugar da sombra da ponta do Obelisco ao meio-dia à entrada do sol em cada signo do zodíaco. São pequenos detalhes que fazem toda a diferença.

Piazza Retta
O segundo espaço, a Piazza Retta, imediatamente a seguir e bem frontal à Basílica di San Pietro, é um espaço trapezoidal que aumenta ao encostar-se à Piazza, diminuindo assim numa ilusão de ótica a amplidão da fachada. O edifício à direita abriga o Palazzo Apostólico, que leva à "Scala Regia", a escadaria cerimonial desenhada por Bernini. Na Piazza, o Papa celebra a Missa Pontifícia nas maiores festas da Igreja. Cento e quarenta estátuas (santos e mártires, papas e fundadores de ordens religiosas) saúdam os peregrinos da balaustrada das colunas, que tem 17 metros de largura. O brasão e as inscrições evocam o Papa Alexandre VII, que encomendou a obra. A Guarda Suíça é mais simpática do que a britânica, talvez por usar roupas bem mais coloridas que os comandados da Rainha.

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