|
Cidade do Vaticano e Basílica di San Pietro |
O Vaticano ou Cidade do
Vaticano, oficialmente Estado da
Cidade do Vaticano é a sede da Igreja
Católica e uma Cidade-Estado soberana sem costa marítima cujo território
consiste em um enclave murado dentro da cidade de Roma, capital da Itália.
Com aproximadamente 44 hectares e com uma população de pouco mais de
800 habitantes, é o menor país do mundo, por área. Para cruzar o Vaticano de um lado ao outro, para cima
e para baixo, são só mil metros em uma direção e pouco mais de 800 metros na
outra. Partilha 3,2 quilômetros de fronteira com a Itália, mais precisamente com Roma.
É distinta da Santa Sé, que remonta
ao cristianismo primitivo sendo a principal Sé Episcopal de católicos romanos (latinos e orientais) de todo o
mundo. O termo Cidade do Vaticano é
referente ao Estado, enquanto Santa Sé
é referente ao Governo da Igreja
Católica efetuado pelo Papa e pela Cúria
Romana. A Cúria Romana é
efetivamente o Governo do Estado e a
gestão administrativa, pelo que o seu chefe, o Secretário de Estado, tem as incumbências equivalentes às de um
primeiro-ministro.
|
Cidade do Vaticano e Basílica di San Pietro |
|
Basílica di San Pietro e Obelisco do Vaticano |
|
Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro |
A maior parte dos
funcionários públicos são todos os clérigos católicos de diferentes origens
raciais, étnicas e nacionais. É o território soberano da Santa Sé (Sancta Sedes) e
o local de residência do Papa, referido como Palácio Apostólico. Ordenanças da Cidade do Vaticano são publicadas em italiano; documentos oficiais
da Santa Sé são emitidos
principalmente em latim. As duas entidades ainda têm passaportes distintos: a Santa Sé, como não é país, apenas trata
de questões de passaportes diplomáticos e de serviço; o Estado da Cidade do Vaticano cuida dos passaportes comuns. Em ambos
os casos, os passaportes emitidos são muito poucos. A defesa do país é da
responsabilidade da Itália, enquanto a segurança do Papa fica a cargo da Guarda
Suíça. A Santa Sé estabelece com
muitos Estados, tratados internacionais (concordatas), para assegurar direitos
dos católicos ou da Igreja Católica
naqueles Estados. Muitos foram assinados quando os Estados se laicizaram, como
forma de garantir direitos para a Igreja e permitir sua existência em tais
países.
|
Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro |
|
Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro |
|
Via Della Conciliazione e Basílica di San Pietro |
|
Piazza di San Pietro e Basílica di San Pietro |
É fundamentalmente
urbano e nenhuma das terras está reservada para agricultura ou outro tipo de
exploração de recursos naturais. A Cidade-Estado exibe um impressionante grau
de economia, nascida da necessidade extremamente limitada, devido ao seu
território. Assim, o desenvolvimento urbano é otimizado para ocupar menos de
50% da área total, ao passo que o resto é reservado para espaço aberto,
incluindo os Jardins do Vaticano. O
território possui muitas estruturas que ajudam a fornecer autonomia ao Estado
soberano, estes incluem: linhas ferroviárias (utilizadas principalmente para
transporte de mercadorias), heliporto, correios (Gabinete Filatélico e Numismático da Cidade do Vaticano), farmácia
(Farmácia do Vaticano), jornais (Acta Apostolicae Sedis e L’Osservatore Romano), estação de rádio
(Rádio do Vaticano), televisão (Centro Televisivo do Vaticano), quartéis
militares (Guarda Suíça e Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do
Vaticano), palácios e gabinetes governamentais, instituições de ensino
superior, cultural e de arte, e algumas embaixadas.
|
Piazza Obliqua vista da Piazza Retta |
O Tratado de Latrão, de 1929, que criou a Cidade Estado do Vaticano, a descreve como uma nova criação e não
como um vestígio dos muito maiores Estados
Pontifícios (756-1870), que anteriormente abrangiam a região central da Itália. A maior parte deste território
foi absorvida pelo Reino de Itália
em 1860 e a porção final, ou seja, a cidade de Roma, com uma pequena área perto dele, 10 anos depois, em 1870. Os
papas residem na área, que em 1929 tornou-se a Cidade do Vaticano, desde o retorno de Avignon em 1377. Anteriormente, residiam no Palácio de Latrão na Colina
Célio no lado oposto de Roma,
local que Constantino deu ao Papa Milcíades em 313. A assinatura dos acordos
que estabeleceram o novo Estado teve lugar neste último edifício, dando origem
ao nome Tratado de Latrão, pelo qual
é conhecido.
|
Piazza Obliqua vista da Piazza Retta |
|
Piazza Obliqua com a colunata dórica e o Obelisco Central |
A Cidade do Vaticano é um Estado eclesiástico ou
teocrático-monárquico, governado pelo Bispo
de Roma, o Papa. Tecnicamente é uma monarquia eletiva, não hereditária
(isto seria impossível, já que o Papa é celibatário). Pode-se considerar o Vaticano como uma autocracia, porque
todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) estão concentrados na
figura do Papa, que não possui qualquer órgão que fiscalize seus atos como
governante, e, por ser considerado sucessor de São Pedro, não deve prestação de
contas a ninguém, considerando-o um emissário de Deus na Terra. O Estado do Vaticano administra as
propriedades situadas em Roma e
arredores que pertencem à Santa Sé. Fora
da Cidade do Vaticano, o Estado
possui vários edifícios em Roma e Castel Gandolfo (a residência de verão
do Papa) que gozam de direitos extraterritoriais. O Estado do Vaticano, com o estatuto de Observador nas Nações Unidas, é reconhecido internacionalmente e
foi admitido membro de pleno direito das Nações
Unidas, em julho de 2004, mas abdicou voluntariamente do direito de voto.
|
Obelisco Central |
Vaticano é uma colina situada na região noroeste de Roma e não possui ligação com as Sete Colinas de Roma. Era o local dos oráculos muito antes da Roma pré-cristã. Nesta área
originalmente desabitada (o Ager
Vaticanus), do lado oposto do Rio
Tibre na cidade de Roma,
Agripina drenou o morro e arredores e construiu seus jardins no início do
século I. Durante o Período do Império,
o lugar atual do Vaticano estava
ocupado por um circo mandado construir pelo Imperador Calígula e concluído pelo
Imperador Nero, o Circus Vaticanus. O Obelisco
do Vaticano foi originalmente tomado por Calígula a partir de Heliópolis, Egito, para decorar a coluna de seu circo e é, portanto, o seu
último vestígio visível. Esta área tornou-se o local do martírio de muitos
cristãos, depois do Grande Incêndio de
Roma, em 64. A tradição antiga afirma que foi nesse Circo que São Pedro foi
crucificado de cabeça para baixo. Era um lugar um pouco afastado da
cidade, aonde se vinha para se divertir e ver as corridas de bigas, um
divertimento que era na época, tão popular como os nossos jogos de futebol.
|
Chafariz na Piazza di San Pietro |
Em frente ao Circo havia um cemitério, sendo separados pela Via Cornélia. Monumentos funerários,
mausoléus e túmulos, bem como pequenos altares a deuses pagãos de todos os
tipos de religiões politeístas, eram construídos até a construção da Basílica de Constantino de São Pedro,
na primeira metade do século IV. A partir de então a área começou a se tornar
mais populosa, mas a maioria apenas por habitações ligadas à atividade de São
Pedro. Os vestígios desta antiga necrópole foram trazidos à luz esporadicamente
durante renovações por vários papas ao longo dos séculos, aumentando sua
frequência durante o Renascimento,
até que foram sistematicamente escavadas por ordem do Papa Pio XII entre
1939-1941. Um palácio foi construído próximo ao local da Basílica já no
princípio do século VI durante o pontificado do Papa Símaco, que foi Papa no
período de 498-514. Os papas gradualmente passaram a ter um papel secular como
governadores de regiões próximas a Roma.
Eles governaram os Estados Pontifícios.
Durante um período de quase mil anos, que teve início no império de Carlos
Magno no século IX, os papas reinavam sobre a maioria dos estados temporais do
centro da Península Itálica,
incluindo a cidade de Roma, e partes
do sul da França. Pela maior parte
deste tempo o Vaticano não foi a
residência habitual dos papas, mas o Palácio
de Latrão, e nos últimos séculos, o Palácio
do Quirinal, enquanto a residência entre 1309-1377 foi em Avignon, na França. As terras tinham sido doadas em 756 por Pepino, o Breve, Rei dos Francos.
|
Chafariz na Piazza di San Pietro |
|
Palazzo Apostolico |
Durante o processo de unificação da Península, a Itália gradativamente absorveu os Estados Pontifícios. Em 1870, as tropas
do Rei Vittorio Emanuele entram em Roma
e incorporam a cidade ao novo Estado. Em março de 1871, Vittorio Emanuele II
ofereceu como compensação ao Papa Pio IX uma indenização e o compromisso de
mantê-lo como chefe do Estado do
Vaticano, um bairro de Roma onde
ficava a sede da Igreja. O Papa, porém, recusou-se a reconhecer a nova situação
e considerou-se prisioneiro do poder laico. Além disso, proibiu os católicos
italianos de votar nas eleições do novo Reino. Essa incômoda questão de
disputas entre o Estado e a Igreja, a chamada Questão Romana, só terminou em fevereiro de 1929 quando o Cardeal
Pietro Gasparri e o Primeiro-Ministro italiano Benito Mussolini assinaram o Tratado de Latrão, aceitando a proposta
que anteriormente havia sido negada pelo Papa Pio IX, pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, declarado Estado soberano, neutro e inviolável.
|
Palazzo Apostolico |
|
Guarda Suíça |
O orçamento do Estado
do Vaticano inclui os rendimentos dos Museus
Vaticanos e dos correios e é apoiado financeiramente pela venda de selos,
moedas, medalhas e lembranças turísticas; por taxas de admissão aos museus; e
por publicações vendidas. Não há outro lugar no mundo com tanto valor artístico
e intelectual concentrado como no Arquivo
Secreto do Vaticano, na Biblioteca
Apostólica Vaticana, e nos acervos de arte (pintura, escultura e arte
sacra) das igrejas romanas. Os rendimentos e padrões de vida dos trabalhadores
são comparáveis aos dos colegas que trabalham na cidade de Roma. Outras indústrias incluem a impressão, a produção de mosaicos
e a fabricação de uniformes dos funcionários. O Instituto para as Obras de Religião, também conhecido como o Banco do Vaticano e pela sigla IOR, é um banco situado no Vaticano que realiza atividades
financeiras em todo o mundo. Tem um caixa eletrônico com instruções em latim,
possivelmente, o único do tipo no mundo. O país mantém um canal de donativos
conhecido como Óbolo de São Pedro,
no qual o doador remete os fundos diretamente ao Vaticano. Através de um acordo com a Itália, representando a União
Europeia, a unidade monetária do Vaticano
é o Euro. O Estado tem a sua própria
concepção de moedas e notas de Euros,
que têm aceitação na Itália e em
outros países da Zona do Euro. O Vaticano não tem uma casa de emissão
própria, de forma que a Itália faz a
cunhagem das moedas para o país.
|
Guarda Suíça |
|
Guarda Suíça |
|
Obelisco do Vaticano |
A cultura do Vaticano
é obviamente correspondente à cultura da Igreja
Católica e o seu expoente são as obras de arquitetura como a Basílica di San Pietro, a Arquibasílica de São João de Latrão, a Piazza di San Pietro, a Capela Sistina e a coleção dos Museus do Vaticano. O Palácio onde reside o Papa tem 5.000 quartos, 200 salas de
espera, 22 pátios, 100 gabinetes de leitura, 300 casas de banho e dezenas de
outras dependências destinadas a recepções diplomáticas. Dos fogões do Vaticano saíram tentações como os ovos
beneditinos (um capricho de Bento XI), a lagosta com trufa branca (habitual nas
coroações do Renascimento), a mousse
de faisão ao molho Chaudfroid (prato preferido de Pio V) ou o marsipan de água
de rosas (uma iguaria da Idade Média).
A arquitetura do Vaticano, o canto
gregoriano cantado pelo Coro da Capela
Sistina, além das vestimentas e símbolos utilizados pelo Papa, pelos
Cardeais e pelos soldados da Guarda
Suíça, são considerados como uns dos principais resquícios da cultura
medieval na atualidade. Ir a Roma e
não conhecer o Vaticano é um pecado.
Não no sentido religioso da palavra, mas uma falta grave no âmbito turístico.
Conhecer a menor nação do mundo, o Estado
da Cidade do Vaticano, com aproximadamente meio quilômetro quadrado, é mais
que uma experiência religiosa: é uma oportunidade de ver grandes tesouros
culturais da Humanidade.
|
Piazza de San Pietro e Colunata Dórica |
A Biblioteca Apostólica Vaticana e as coleções dos Museus Vaticanos são da mais alta
importância histórica, científica e cultural. Em 1984, o Vaticano foi adicionado pela UNESCO
para a lista dos Patrimônios Mundiais;
é o único que consiste em um Estado inteiro. Além disso, é o único local
registrado na UNESCO como um centro
monumental no “Registro Internacional
dos Bens Culturais sob Proteção Especial” de acordo com a Convenção para a Proteção dos Bens
Culturais em Caso de Conflito Armado de Haia, assinada em 1954. No
território do Vaticano existem
vários edifícios de origem muito antiga. Contudo, existem propriedades que não
estão na Cidade do Vaticano, mas
que, em virtude do Tratado de Latrão
assinado entre a Santa Sé e a Itália, estão sujeitas à
extraterritorialidade com isenção de impostos e expropriação.
O acesso mais conhecido
à Cidade do Vaticano, o menor Estado
independente do mundo, é pela Piazza di
San Pietro, cercada pelas colunas dispostas em elipse e encimadas por cerca
de 140 santos. A Piazza
di San Pietro é outro projeto de Gian Lorenzo Bernini e foi feita no século
XVII. Foi desenhada em estilo clássico, mas com adições do barroco. O estilo clássico pode ser apreciado na colunata
dórica que enquadra a entrada trapezoidal para a Basílica e a grande área oval
que a precede. A parte oval da Piazza reflete o estilo barroco, próprio da época
da Contrarreforma. Quase todos os
visitantes que chegam ao Estado do
Vaticano visitam primeiro a Piazza, uma das melhores criações de Bernini. Quando
em 1656 Bernini recebeu o encargo do Papa Alexandre VII de aperfeiçoar a Piazza
diante da Basílica di San Pietro,
esta era enorme, retangular, com piso de terra. Levava ao bairro vizinho do Borgo e não tinha adornos. Por
exigência do Papa, os peregrinos deveriam ser capazes de entrar e olhar o
balcão central do qual o Papa dava, e ainda dá, sua bênção "urbi et
orbi" (à cidade e ao mundo).
|
Colunata Dórica e ao fundo o Palazzo Apostolico |
Bernini desenhou sua obra-prima
imaginando dois espaços abertos conjuntos. O primeiro, a Piazza Obliqua, tem forma de uma
elipse rodeada por colunatas (quatro enormes fileiras de altas colunas dóricas.
As colunas são 284, no total, e as pilastras, 88) que se abrem como num grande
abraço maternal e simbolizam a Igreja
Mãe. Há um corredor largo, entre elas, pelas quais passam automóveis, e duas
aberturas mais estreitas para pedestres. O pavimento tem pedras brancas que
marcam o caminho até o Obelisco Central,
montado sobre quatro leões de bronze. Tradicionalmente, o Obelisco representa o
elo entre a antiguidade e a cristandade, pois se diz que as cinzas de César
descansam em sua base e uma relíquia da Santa Cruz está escondida no topo. Dos
dois lados, há duas fontes em bronze, com bases de granito. Os alinhamentos perfeitos da rua e dos prédios que levam
à Piazza fazem um corredor enorme que desemboca no Obelisco Central.
|
Inscrição na base do Obelisco Central |
O Obelisco
do Vaticano que podemos ver na atualidade no centro da Piazza di San Pietro provém do antigo circo: ele foi trazido do Egito para decorar a parede central da
pista, em redor da qual tinham lugar as corridas. O Obelisco não sairá do seu
lugar durante mais de 1500 anos, até que o Papa Sisto V, conseguira onde os
seus quatro predecessores falharam: em 1586, após um trabalho de titãs e um
deslocamento de 300 metros, o Obelisco ocupa doravante a posição central da Piazza di San Pietro. Roma volta a descobrir a sua antiga
glória perante um símbolo da cristandade triunfante. Nós, como simples
turistas, olhamos para este Obelisco e esta Piazza com respeito e admiração.
Basta imaginar que foi provavelmente na base do Obelisco do Vaticano que São Pedro foi crucificado de cabeça para
baixo no tempo de Nero. O Obelisco
Central tem 40 metros de altura, incluindo a base e a cruz do topo. Bernini
complementou a colocação do Obelisco com uma
fonte em 1675. Foi preciso mais
de 900 homens para erguê-lo. Um pormenor interessante, o Obelisco foi
transformado em gnomon de relógio solar em 1817. Adicionaram-se algumas pedras no
lugar da sombra da ponta do Obelisco ao meio-dia à entrada do sol em cada signo
do zodíaco. São pequenos detalhes que fazem toda a diferença.
|
Piazza Retta |
O segundo espaço, a Piazza Retta, imediatamente a
seguir e bem frontal à Basílica di San
Pietro, é um espaço trapezoidal que aumenta ao encostar-se à Piazza,
diminuindo assim numa ilusão de ótica a amplidão da fachada. O edifício à
direita abriga o Palazzo Apostólico, que leva à "Scala Regia", a escadaria
cerimonial desenhada por Bernini. Na Piazza, o
Papa celebra a Missa Pontifícia nas
maiores festas da Igreja. Cento e quarenta estátuas (santos e mártires,
papas e fundadores de ordens religiosas) saúdam os peregrinos da balaustrada
das colunas, que tem 17 metros de largura. O brasão e as inscrições evocam o Papa Alexandre VII, que encomendou a
obra. A Guarda Suíça é mais
simpática do que a britânica, talvez por usar roupas bem mais coloridas que os
comandados da Rainha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário