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Basilique du Sacré Coeur |
A região de Montmartre,
imortalizada pelo filme da Amélie Poulain, que fica ao norte de Paris, no bairro 18, é uma das regiões
mais bucólicas e charmosas da cidade por causa de suas ruazinhas arborizadas,
seus pintores de rua, seus cafés e cabarés. Além disso, como fica no alto de
uma colina, oferece uma das mais lindas vistas da cidade. Em Montmartre fica também a famosa Basilique Du Sacré Coeur. Geralmente, os turistas
do mundo inteiro se limitam a visitar a igreja e a famosa Place des Tertres, ocupada por pintores de rua que fazem
caricaturas dos turistas e retratam a cidade. Mas tem muito mais coisa para ver
em Montmartre e você não deve se
limitar a este circuito turístico banalizado. Ande pelas escadas e ruelas do
bairro para descobrir o que realmente contribui para que Montmartre seja um dos bairros mais charmosos de Paris.
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Basilique du Sacré Coeur |
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Basilique du Sacré Coeur |
Montmartre, uma área
histórica da cidade é famosa pelos seus estúdios e clubes noturnos, como o Moulin Rouge. A zona de Montmartre e seu arredor é sem dúvida
uma das mais contrastantes zonas de Paris:
você encontra uma multidão formada por fiéis que visitam e frequentam a Basilique Du Sacré Coeur, clientes de bares e de sex shops da periferia de Moulin de La Galette, e um cenário de
belos terraços na Place des Abbesses.
Você encontrará também ruas e praças tranquilas, pequenos e encantadores museus
e um punhado de teatros. Esse é o tipo do bairro onde você tem que passear a pé
mesmo. Pegue o metrô apenas para chegar até ele ou quando for embora. E o resto
do percurso tente fazer caminhando, só assim você vai entender o que é sair de
um lugar sagrado e de repente se deparar com um cenário mais promíscuo, mas não
por isso vulgar e não recomendável para visitação, que é a zona do Moulin Rouge e seus sex shops.
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Basilique du Sacré Coeur |
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Lateral da Basilique du Sacré Coeur |
A colina de Montmartre é voltada à religiosidade há
muitos séculos. O cume já foi local de culto aos deuses gauleses, depois
abrigou um templo romano dedicado ao deus Marte. Tornou-se local de culto
cristão após o martírio de Saint Denis, o primeiro Bispo de Paris (no século III) e seus companheiros, que teria sido
decapitado na colina no século XII, depois recebeu a Église
Saint-Pierre de Montmartre, a mais antiga igreja de Paris e que ainda se pode visitar; finalmente ali foi construída a Basílica.
Foi lá que a Companhia de Jesus (Jesuítas) em 1534 foi fundada por Santo Inácio
de Loyola. No topo da Colina de
Montmartre, ao norte de Paris,
destaca-se a Basilique Du Sacré Coeur,
construída a partir de 1875 com mármore travertino branco trazido de Château-Landon.
Essa pedra exsuda constantemente calcita, o que permite que o edifício continue
branco apesar das chuvas e da poluição. Diferencia-se dos principais monumentos
pela cor e, sobretudo, pelo estilo, um misto de românico e bizantino que destoa
dos monumentos mais famosos de Paris,
góticos, renascentistas ou neoclássicos.
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Lateral da Basilique du Sacré Coeur |
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Detalhe da torre da Basilique du Sacré Coeur |
A solução decorativa
provocou muitas discussões e até hoje muitos a ridicularizam comparando-a
pejorativamente a um “bolo de noiva”. Mas é indiscutível que ela está em uma
posição das mais privilegiadas para oferecer um magnífico panorama de Paris. Essa constatação começa na
esplanada defronte à Igreja e se confirma plenamente na visão que se tem a
partir da cúpula, aberta para a visitação pública. Os parisienses são implicantes e exigentes. Eles acham o Centre George Pompidou orgânico – canos
parecendo tripas – as colunas do artista plástico Buren no Palais Royal fora do contexto e a Basilique Du Sacré Coeur horrorosa. Eles dizem que as suas formas redondas não são
elegantes e contrastam com a herança da Idade
Média, o estilo gótico da bela Notre-Dame
de Paris.
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Detalhe da torre da Basilique du Sacré Coeur |
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Escadaria da Basilique du Sacré Coeur |
A Basilique Du Sacré-Cœur é um dos
monumentos mais conhecidos no mundo e é o segundo mais visitado de Paris, pois recebe dois milhões de
peregrinos ou turistas a cada ano. No entanto, poucos conhecem a tortuosa
história dessa Igreja e os múltiplos significados políticos, culturais e
religiosos que a envolvem, em grande parte escondidos pelo tempo. Esta Igreja
foi motivo de intermináveis controvérsias. Alguns
dizem que essa iniciativa surgiu como uma tentativa de pedir perdão a Deus
pelas faltas cometidas, visto que a França
vivia um período difícil como a Guerra Franco-Prussiana
(1870) e a relação desgastada entre o Vaticano
e os franceses, e atribuía estes a um castigo de Deus. Outros dizem que sua
construção foi uma forma de pagamento da promessa feita por Alexandre Legentil
e Hubert Rohault de Fleury, caso a França
sobrevivesse às investidas do exército alemão. Enquanto conservadores,
católicos devotos, reacionários e monarquistas a viam como monumento expiatório
diante dos “excessos” que vinham desde a Revolução
Francesa e culminou na Commune de Paris, para socialistas,
democratas e muitos republicanos radicais, a Basílica representava “uma permanente provocação à guerra civil”,
como foi proclamado durante apaixonados debates no Conselho Municipal em 1880.
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Escadaria da Basilique du Sacré Coeur |
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Detalhe da torre da Basílica |
Atendendo à
solicitação do novo Arcebispo apresentada em carta em março de 1873, a Assemblée Nationale aprovou uma lei em julho que definia a
obra como de “utilidade pública”. Alegava-se que seria dedicada ao “culto do Sagrado Coração de Jesus”, mas era voz
corrente que a Igreja serviria também de revanche contra os communards –
militantes da Comuna, que haviam executado o Arcebispo de Paris, Georges
Darboy. Os debates entre os deputados foram acalorados e agressivos e a
aprovação se deu por estreita maioria, 382 votos a favor e 354 contra. A
discussão ainda se arrastava em 1882 na Câmara
de Deputados, quando o Arcebispo Guibert defendeu a obra e Georges Clemenceau a acusou de estigmatizar a Revolução Francesa. O arquiteto Paul Abadie
projetou a Basílica depois de vencer um concurso com mais de 77 arquitetos, mas
ele morreu em 1884, logo após o início da obra. A lei que autorizava a construção
da Igreja acabou por ser derrubada, mas firulas técnicas permitiram o prosseguimento
da obra, que escapou de mais uma tentativa de interdição em 1897. Com grande
parte da obra concluída e servindo ao culto católico havia seis anos, a Igreja
tornou-se um fato consumado.
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Fachada da Basilique du Sacré Coeur |
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Fachada da Basilique du Sacré Coeur |
Os que se opunham
ferrenhamente à obra, não esqueciam os crimes cometidos pelos que haviam
massacrado a Comuna: os milhares sem nenhum julgamento, os últimos resistentes
que haviam sido soterrados vivos ali mesmo em Montmartre, quando foram dinamitadas as galerias subterrâneas das
minas de gesso para as quais haviam recuado durante a luta, e outras
barbaridades cometidas na tristemente célebre Semaine Sanglante, entre os dias 21 e 28 de maio de 1871. Mais de
70 projetos foram apresentados num concurso oficial. O vencedor, Paul Abadie, teve que respeitar
algumas imposições: o local, a limitação dos custos à verba de sete milhões de
francos, a inclusão de uma cripta e uma escultura monumental do Sagrado
Coração, no lado externo, que tivesse ampla visibilidade. A obra teve início em
1875, mas as ásperas disputas e as discussões apaixonadas a arrastaram até
1914. A Igreja só foi consagrada após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919, quando o tempo se encarregara de
atenuar os conflitos que o edifício havia atiçado.
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Basilique du Sacré Coeur vista da Torre Eiffel |
A Basilique Du Sacré Coeur também desafia
as leis da física com seus fundamentos colossais. Para construir a Basílica,
foi necessário cavar muito fundo na terra, com 83 poços cada um com 38 metros
subterrâneos para garantir que edifício fosse sólido – o que faz alguns afirmar
que a Basílica está apoiando a colina, conhecida por ter uma estrutura mais
fraca. A arquitetura da basílica é inspirada na arquitetura romana bizantina e influenciou
outros edifícios religiosos do século XX.
A Basílica tem o formato de cruz grega, ornada com quatro cúpulas, a mais alta
com 83 metros de altura. O teto da abside central é decorado com um enorme
mosaico, o maior na França, cuja
instalação durou de 1900 a 1922. Os vitrais foram postos em 1903 e em 1920,
destruídos durante bombardeios em 1944 e restaurados após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946.
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Escadarias de Montmartre |
Grande parte da arte
escultural que decora a Igreja é da autoria de Hippolyte Jules Lefevre, incluindo
o altar e duas esculturas equestres, no exterior do edifício, que representam o
Rei Louis IX, mais conhecido como
São Luís, e a heroína Jeanne
d’Arc. O órgão é de autoria de Aristide Cavaillé-Coll e pertencia ao Barão Albert
de L’Espée, um grande apreciador do instrumento. Após a morte do Barão e venda
do seu castelo, o órgão permaneceu guardado por 10 anos até que foi transferido
para a Basílica, onde foi inaugurado em 1919 por Charles-Marie Widor, Marcel Dupré e Abel
Decaux. No campanário, possui um sino de três
metros de diâmetro com mais de 26 toneladas.
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Paris vista da Basilique du Sacré Coeur |
Andar
por Paris é
se sentir em outra época. A capital da França é rodeada por lindas
construções que fazem qualquer turista perder o fôlego. Entre as campeãs da
arquitetura estão as igrejas. O interior da Basilique du Sacré Coeur é tão bonito
quanto seu exterior, mas fotos são proibidas. Ainda
que seja a Catedral de Notre-Dame a
ostentar o título oficial de maior monumento religioso de Paris, a Sacré Coeur
pode surpreender pela sua beleza e por ser um dos melhores pontos a oferecer
uma acurada visão panorâmica da cidade. Depois de visitar a Sacré Coeur, aproveite o visual da
cidade de Paris que se tem a partir
do terraço lá no alto. Com alguns binóculos presos ao chão para você observar a
cidade "mais de perto" e com uma bela vista para a Torre Eiffel.
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Paris vista da Basilique du Sacré Coeur |
Se
sua passagem pela cidade for no verão, deixe para ir à Basílica no final do
dia. Aproveite para assentar em suas escadas enquanto ambulantes vendem cerveja, um
artista canta músicas internacionais (inclusive brasileiras) e outro faz
malabarismos com uma bola de futebol. Tudo isso tendo Paris como cenário. Será inesquecível. Depois, desça as escadarias
em direção a Place Saint-Pierre,
pare na metade do caminho, volte-se para trás e tenha uma formidável vista da Igreja.
Aí então, termine as escadas e quando cruzar os portões e atravessar a rua
entre na Rue de Steinkerque, e logo
a sua esquerda, aproveite para experimentar um delicioso e quentinho crepe
francês. Lá encontrará também diversas lojas de souvenires. O acesso até a Basilique Du Sacré Coeur pode ser feito por escadas rolantes. Outro jeito é
subir pela parte de trás da colina, por suas ruas curvas e mais inclinadas.
Para chegar à Basílica, é preciso subir 234 degraus. É cansativo, mas tem
várias plataformas para descansar e apreciar a vista à medida que se vai subindo,
embora seja lá no alto que a paisagem fica ainda melhor. Você também pode
utilizar o Funicular de Montmarte,
transporte que entrou em funcionamento em 1900.
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