Teatro Amazonas |
O Teatro Amazonas é um dos mais importantes
teatros do Brasil e o
principal cartão postal da cidade de Manaus.
Localizado no centro da cidade, no Largo
de São Sebastião, foi inaugurado em dezembro de 1896 para atender ao desejo
da alta sociedade amazonense da época, que queria que a cidade estivesse à
altura dos grandes centros culturais. A cidade necessitava de um lugar onde
pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção
do Teatro, assim, era uma exigência da época. A história do Teatro inicia em
1881, quando foi apresentado o projeto para a construção de uma casa de ópera
em alvenaria, na cidade de Manaus. A proposta foi aprovada pela Assembleia Provincial do Amazonas que iniciou as discussões sobre a construção do
edifício. O projeto arquitetônico foi escolhido pelo Instituto Português de Engenharia e
Arquitetura de Lisboa em 1883. Foram trazidos arquitetos, construtores, pintores e
escultores da Europa para realizar o
trabalho. Manaus estava no auge do Ciclo da Borracha e era embalada pela
riqueza provida da extração do látex amazônico, altamente valorizado pelas
indústrias europeias e americanas.
Lateral do Teatro Amazonas com sua cúpula colorida |
O estilo arquitetônico do Teatro é considerado tipicamente
renascentista com detalhes ecléticos, suas telhas foram importadas da Alsácia, adquiridas na Casa Koch Frères, em Paris, as paredes de aço de Glasgow, na Escócia e o mármore de Carrara
nas escadas, estátuas e colunas, da Itália.
A cúpula é coberta com 36 mil azulejos decorados, pintados nas cores da Bandeira Nacional do Brasil. A pintura
ornamental é da autoria de Lourenço Machado. A decoração interior veio da França no estilo Louis XV. Os 198
lustres do Teatro foram importados da Itália,
incluindo 32 com vidro de Murano.
Lateral do Teatro Amazonas
com sua cúpula colorida |
A Sala de Espetáculos
do Teatro tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a plateia e os
três andares de camarotes, do corredor decorado com características barrocas e
a pintura do teto, chamado "A Glorificação
das Bellas Artes da Amazônia",
de 1899, por Domenico de Angelis, o artista italiano que pintou também a Câmara de Audição. Os ornamentos sobre
as colunas do piso térreo, com máscaras em homenagem a famosos compositores
clássicos e dramaturgos, como Aristophanes, Molière, Rossini, Mozart, Verdi, Beethoven
e o escritor inglês William Shakespeare, dentre outros. Sobre o teto abobadado
estão apostas quatro telas pintadas em Paris
pela Casa Carpezot a mais
tradicional da época onde são retratadas alegorias à música, dança, tragédia e
uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes. Ainda no teto,
pinturas em detalhes de personagens da mitologia mundial, com ninfas, querubins
e cupidos. Outro fato curioso, destacado pelos guias, é a pintura
que retrata os pés da Torre Eiffel
de Paris, dando ao espectador a
impressão de estar embaixo da construção. No centro, prende-se um lustre dourado com cristais
venezianos, que desce ao nível das cadeiras para a realização de sua manutenção
e limpeza.
Bustos na varanda do segundo andar do Teatro Amazonas |
Destaca-se, ainda na Sala
de Espetáculos, a pintura do Pano de
Boca do palco, de autoria de Crispim do Amaral, que faz referência ao Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões. Em cima do Pano de
Boca, há a data de fundação do Teatro e o nome do governador que o construiu.
O palco possui 10,50 metros de largura, 6,40 metros de altura e 11,97 metros de
profundidade. O Urdimento tem 14 metros
de altura. A área útil total é de 123,29 metros quadrados. O
piso é feito de 12 mil peças de madeiras nobres talhadas na Europa, e são todos encaixados sem a
utilização de pregos. O Salão Nobre era
utilizado antigamente para grandes bailes e cerimônias oficiais. Hoje é utilizado
apenas para visitação. Tem capacidade para 200 pessoas. O Teatro possui diversos ambientes, concebidos com diferentes
materiais, daí ser considerado um espaço sobremaneira eclético.
Decoração em gesso no teto |
É a expressão mais significativa da riqueza na cidade durante
o Ciclo da Borracha, sendo tombado como Patrimônio Histórico Nacional em 1966. A cor do Teatro Amazonas, durante muito tempo,
foi fruto de controvérsia. Durante suas reformas, ele teve as cores rósea,
azul, amarelo e cinza. Atualmente, ele voltou a ser “rósea”, descrito pelos
guias como um tom entre cor-de-rosa e cinza. O Teatro
Amazonas, em Manaus, foi eleito um dos 15 teatros
mais deslumbrantes do mundo pelo site de entretenimento Thrillist. A lista selecionou exemplos de arte e arquitetura, e o
teatro brasileiro foi descrito como opulenta obra-prima. Com uma decoração muito nobre, o Teatro Amazonas já foi palco não somente de grandes peças teatrais,
mas também de shows internacionais como o da banda The White Stripes. Desde 1997, o Festival
Amazonas de Ópera é realizado no Teatro. Um de seus principais corpos artísticos é a Amazonas Filarmônica. Na plateia, almofadas confortáveis substituíram as antigas
cadeiras em madeira de lei de palha da Índia,
que hoje podem ser vistas apenas em alguns exemplares nos corredores do espaço,
a título de curiosidade. Há uma fileira de frisas e um camarote especial
disponível exclusivamente para o Chefe da Administração
Estadual de cada período.
Pintura que dá a impressão de estarmos sob a Torre Eiffel. |
Inaugurado em 2004, na abertura do VIII Festival Amazonas de Ópera, o Camarim Cenográfico fica instalado na Ala de Camarins e foi reconstruído similar aos encontrados no passado,
com as paredes forradas de tecido e vários objetos que usavam no final do século
XIX, assim como os móveis que fazem parte desde a sua inauguração. Quatro reformas
e uma manutenção rigorosa e permanente conseguem manter sólido o ambiente original.
Em 2008, o Teatro foi eleito uma das Sete
Maravilhas Brasileiras em dois concursos promovidos pela Revista Caras em parceria com o Banco HSBC e outro pelo Escritório de Design Goff.
Palco do Teatro visto dos camarotes e plateia em forma de ferradura |
O Teatro Amazonas é,
por excelência, o maior orgulho arquitetônico e histórico de Manaus. É, sem dúvida, o mais importante
prédio da cidade, não somente pelo seu inestimável valor arquitetônico, mas principalmente
pela sua importância histórica, uma prova viva da prosperidade e riqueza vividas
na fase áurea da borracha. Conhecê-lo é obrigatório e, quando pisamos em seu
interior, entendemos por que sua luxuosa decoração deslumbra até o mais
rigoroso dos visitantes, do turista ao morador local. Se tiver oportunidade,
visite mais de uma vez, porque há sempre um detalhe a mais para descobrir. E, o
melhor, é grátis para os amazonenses, bastando apresentar a Carteira de Identidade na bilheteria.
Pano de Boca do palco |
Mesmo um morador de Manaus,
que costume passar todos os dias ao lado do prédio, quando acessa o interior do
Teatro Amazonas dificilmente consegue
deixar de deslumbrar-se. Um turista vai sair do prédio desejoso de voltar, seja
para assistir a um concerto ou uma peça ou apenas para novamente circular nos corredores
e plateia. As visitas ao Teatro são feitas em grupos com hora marcada e acompanhamento
de um guia que vai contando toda a sua história. O tour dura em média 45 minutos.
O Teatro não abre aos domingos e podem-se comprar os ingressos pagando em Real ou Dólar, devido ao grande afluxo de turistas estrangeiros na região.
Salão Nobre |
Na visita guiada, você fica sabendo curiosidades da época da
borracha, como a de que os lugares no Teatro eram ocupados de acordo com o
poder aquisitivo das famílias. O local não era aberto ao público em geral, mas
frequentado apenas por pessoas com relevância social. Nas cadeiras da plateia
ficavam os “mais pobres” e conforme iam subindo os andares subia também a
posição na escala social. Os mais endinheirados ocupavam os balcões localizados
nas laterais do palco – considerado hoje os piores para assistir às apresentações
- já que a intenção não era ver, mas ser visto.
Hall de Entrada do Teatro Amazonas |
A visita monitorada também leva o turista para conhecer os
corredores do Teatro Amazonas, no
andar superior, até o Salão Nobre.
Originalmente, o Salão Nobre foi
construído para receber os frequentadores do Teatro durante os intervalos das
longas apresentações. O espaço é outra raridade artística. Na parede, nove
painéis produzidos pelo artista italiano Domenico de Angelis recriam elementos
da natureza amazônica, com desenhos de fauna, flora e literatura. Um dos mais
destacados é a pintura dos personagens Ceci e Peri, da ópera “Il Guarany”, de Carlos Gomes. Esta, por
sua vez, é inspirada no livro “O Guarani”,
de José de Alencar. O visitante é autorizado a se deslocar apenas nos trechos
atapetados para poupar a área com pisos feitos em marchetaria (pedaços de
madeira alinhados) e assim evitar algum tipo de dano. No espaço também se pode
ver bustos de várias personalidades das artes brasileiras, como os próprios
José de Alencar e Carlos Gomes. O Salão
Nobre dá para o terraço da frente do Teatro, que apresenta uma bela vista
do Largo de São Sebastião e da
Igreja do mesmo nome.
Pintura no teto do Salão Nobre |
Na visita guiada, você vê uma maquete do Teatro Amazonas feita com 30 mil peças de Lego. A maquete foi criada em 1960, na sede da Lego, na Dinamarca,
quando a fábrica homenageou vários monumentos históricos do mundo. A maqueta
foi enviada para a sede da Lego em Manaus e, em março de 2001, doada ao Teatro Amazonas. Também são visitadas
salas que expõem roupas usadas em óperas apresentadas no Teatro e instrumentos
musicais antigos. O gran finale da
visita é o acesso ao antigo Camarim dos
Artistas, no último pavimento do Teatro, um local que recria o ambiente da
época da borracha. Você vê móveis, objetos e roupas usadas naquela época. Como
o local é pequeno, são formados grupos de cinco pessoas para observar e
fotografar o ambiente. Na visita
ao local, conheça a lojinha de souvenir localizada dentro do Teatro e o café no
estilo Belle Époque, localizado ao
lado da bilheteria, que tem várias fotos antigas de Manaus e registros de visitantes ilustres.
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